Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Rafaela Pamplona Farmacologia Médica Introdução ▪ Estuda a ação de substâncias químicas (drogas) em contato com o corpo ▪ A droga exerce efeitos, que estão relacionados ao mecanismo de ação, podendo ser benéfico ou adverso/maléfico ▪ O efeito adverso está relacionado aos agentes tóxicos, alvo de estudo da toxicologia ▪ O efeito benéfico, com intenção terapêutica, é chamado de fármaco, alvo de estudo da farmacologia Substâncias químicas (drogas) ↓ Corpo efeito benéfico efeito adverso/ maléfico ↓ fármaco ↓ agente tóxico ↓ farmacologia ↓ toxicologia ▪ Conceitos importantes - Droga: toda e qualquer substância química que gere uma alteração biológica, podendo ser benéfica ou não - Fármaco: toda e qualquer substância química bem definida, com efeitos conhecidos, seu uso é sempre voltado para o efeito benéfico. Pode apresentar efeitos tóxicos, estando normalmente relacionados a quantidade e a duração do uso - Medicamento: formulação química o princípio ativo (fármaco) + outras substâncias (veículo/excipiente) - Remédio: é tudo que pode promover uma ação benéfica. Ex.: fisioterapia, conversa, bebida, chocolate etc. “todo medicamento é um remédio, mas nem todo remédio é um medicamento” - Veneno: fármaco cuja ação é quase que exclusivamente deletério - Toxina: veneno de origem biológica, produzidos por animais ou plantas, além de mercúrio, chumbo etc. - Placebo: toda simulação que gera ação benéfica ▪ Propriedades Gerais da Farmacologia - Natureza dos fármacos Formas de apresentação: comprimidos, cápsulas, soluções, suspensões, gases, aerossóis etc. Grau de ionização: fármacos são ácidos (↓pKa) ou bases fracas (↑pKa), definidos através do pKa. De acordo com o pH do meio o fármaco pode sofrer ionização, o que dificulta sua absorção ↳ Fármacos ácidos se tornam ionizados em pH básico, sendo melhor absorvidos em meios ácidos ↳ Fármacos básicos se tornam ionizados em pH ácido, sendo melhor absorvidos em meios básicos bases fracas se acumulam em pH ácido, enquanto ácidos fracos se acumulam em pH básico Em casos de intoxicação, deve-se forçar a eliminação do fármaco na urina, ou seja, fazer com que esse fármaco se acumule na urina Metais: ferro, lítio, metais pesados - Tamanho da molécula do fármacos Substâncias pequenas mesmo que hidrossolúveis apresentam fácil absorção e transporte pelas membranas Quanto maior, maior é a dificuldade de entrar em determinados compartimentos corporais Ex.: lítio (pequeno) X alteplase (grande) - Lipossolubilidade A membrana citoplasmática é uma dupla camada fosfolipídica que permite a passagem seletiva de substâncias Substâncias lipofílicas tendem a atravessar a membrana com mais facilidade - Chave-fechadura: há a necessidade de “encaixe” adequado ao sitio de ação da célula alvo. O formato da molécula de um fármaco deve permitir a aglutinação a seu sítio receptor por meio de ligações covalentes, forças eletrostáticas ou ligações de hidrogênio. Em excelentes condições, o fármaco e o seu receptor devem encaixar perfeitamente. - Mobilidade pelos compartimentos corporais: principais compartimentos são: intracelular, extracelular e intravascular Para o fármaco poder transitar entre a membrana (lipofílica) ↳ Tamanho: pequeno, pois drogas de maior peso molecular tem maior dificuldade em atravessar a membrana ↳ Carga elétrica: apolar. Quanto mais carga mais difícil passar entre a membrana - Afinidade dos fármacos e a ligação com os receptores Difusão pelos compartimentos corporais: drogas mais lipossolúveis tendem a atravessar a membrana mais facilmente 2 Rafaela Pamplona Célula alvo (chave fechadura) Ligações químicas ↳ Ligações covalentes: AAS e Cicloxigenase → lig irreversível ↳ Forças eletrostáticas e ligações de hidrogênio Formato dos fármacos – conformação tridimensional ↳ Acoplamento do fármaco com o receptor na célula alvo ↳ Fenômeno da quiralidade ou esteriosomerismo: moléculas com a mesma formula química que se apresentam tridimensionalmente diferentes, consequentemente características químicas diferentes. Ex.: talidomida ▪ Interação fármaco – corpo - FarmacoCinética: organismo (corpo) → droga Vias de administração Absorção Distribuição Biotransformação/metabolismo Eliminação/excreção - FarmacoDinética: droga → corpo Local de ação Mecanismo de ação Efeitos dose de fármaco administrada absorção concentração do fármaco na circulação sistêmica fármaco metabolizado ou excretado eliminação fármaco em tecidos de distribuição concentração do fármaco no sítio de ação ↓ efetividade efeito farmacológico resposta clínica toxicidade Vias de Administração ▪ Escolha da via de administração - Efeito local ou sistêmico - Forma farmacêutica do medicamento - Idade do paciente - Conveniência - Obediência do paciente ao regime terapêutico ▪ Principais vias de administração - Oral - Sublingual ou bucal - Parenteral - Intravenosa, intramuscular, intrarterial, intrarticular, intraóssea, intraperitoneal, subcutânea , peridural, intratecal - Tópica - Transdérmica - Intraocular - Retal - Vaginal - Intrauterina - Intrapeniana - Intrarespiratória ▪ Administração Oral - Uso interno ou enteral Efeito local no TGI Absorção no TGI → sangue ou linfa - Absorção Na boca Estômago Intestino delgado Intestino grosso Reto ▪ Administração Sublingual - Início de ação - Enteral ou parenteral - Biodisponibilidade ▪ Administração Via Retal - Ação local ou sistêmica - Via alternativa Crianças, deficientes mentais, comatosos, náuseas e vômitos - Supositórios - Excipientes 37ºC, não ser irritante, atóxico, compatível Manteiga de cacau 20 - 30 min Artéria retal superior - Enemas 3 Rafaela Pamplona ▪ Administração Via Parenteral - Vantagens Pacientes inconscientes ou com náusea e vômito Fármacos ineficazes por outra via Rápido início de ação – EV Prolongar a liberação Adesão ao tratamento Alimentação - Desvantagens Treinamento Assepsia correta Dor Dificuldade de reversão dos efeitos → alergia e toxicidade Alta frequência de administração Via intravenosa - 100% Biodisponível - Não possui processo de absorção - Veias do braço, perna, pés e cabeça (lactentes) - Infusão: drogas com meia-vida curta Via intramuscular - Aplicada em músculos esqueléticos Cuidado com nervos e vasos Regiões glútea, deltoide, lateral da coxa Suspensões aquosas (1,5 ml – 5ml) - Depósito do músculo - Particularidades: idade e condição física (idoso e criança) Via subcutânea - Injeção de pequenos volumes (<2ml) - Variação no local de injeção - Subcutânea X Intradérmica - Mais estabilidade com drogas - Hidrossolúveis Via tópica e transdérmica - Tópica - Transdérmica ▪ Administração Via Respiratória - Indicado em doenças broncopulmonares e anestesiologia - Vantagens Administração localizada e início de ação rápido Redução de efeitos adversos sistêmicos - Eficácia depende Concentração das partículas que irão atingir a superfície respiratória Patologia pulmonar Distribuição das partículas pela árvores pulmonar Clearance mucociliar - > 5 µm: vias aéreas superiores - < 2 µm: facilmente eliminadas pelo ar expirado - Ideal: entre 2 e 5 µm - Diâmetro aerodinâmico da massa Via intranasal - Atingem a corrente sanguínea - Alternativa para Drogas instáveis do TGI Alto metabolismo hepático - Congestão rebote ▪ Administração na Orelha - Orelha externa: uso tópico - Orelha média: uso de droga comefeito sistêmico - Orelha interna Antibióticos Antiinflamatórios, Corticoides ▪ Outras vias de Administração Via Vaginal: efeitos locais Via intrauterina: DIU Via uretral e peniana: disfunção erétil Via oftálmica Via intraóssea Via intracárdica 4 Rafaela Pamplona Farmacocinética ▪ Estuda os processos cinéticos do fármaco, ou seja, o movimento do fármaco no organismo ▪ Avalia os processos de absorção, distribuição, metabolismo (biotransformação) e excreção Objetivo ▪ Alcançar o efeito terapêutico - Penetrar no local de ação em concentração adequada ▪ Para que ocorra o efeito - Transporte pelos líquido corporais (membranas biológicas) - Resistir à degradação metabólica Coeficiente de Partição (CP) ▪ Permeabilidade a substâncias lipossolúveis - Afinidade por lipídios ▪ CP: Relação entre as concentrações do PA na fase lipídica e na fase hidrofílica ▪ Hidrossolubilidade é necessária - Distribuição em meio aquoso ▪ Classificação - Baixo CP: pequena penetração - Médio CP: ótima penetração - Alto CP: não saem da membrana, totalmente dissolvidos Processos farmacocinéticos ▪ Transporte através de membranas - Difusão simples A favor do gradiente de [ ] Sem gasto de energia Coeficiente de difusão Coeficiente de partição - Difusão através de poros/difusão aquosa Substâncias hidrossolúveis Baixo peso molecular Células endoteliais Albumina não atravessa Importante nos tecidos renal e hepáticos - Difusão facilitada A favor do gradiente de [ ] Sem gasto de energia Utiliza um carreador para transportar a molécula - Transporte Ativo Contra o gradiente de [ ] Com gasto de energia: ATP ou lig energéticas Passível de competição ▪ Velocidade de transporte - Espessura e área permeável da membrana - Tamanho e forma molecular - Coeficiente de partição lipídio/água - pKa da substância e pH do meio O pH do meio determina o grau de dissociação em uma solução. A passagem através da membrana dependerá da lipossolubilidade e quantidade de forma não ionizada Absorção dos Fármacos ▪ Conceito e fatores determinantes - Passagem do fármaco de seu local para o plasma Fatores que afetam a absorção gastrointestinal ↳ 75% dos fármacos são absorvidos em 1-3 horas ↳ Motilidade gastrointestinal ▫ Estase gástrica – enxaqueca ▫ Fármacos – metoclopramida ▫ Diarreia ↳ Fluxo esplâncnico ▫ Alimentos – propranolol (absorção aumentada) ▪ Biodisponibilidade - O corpo humano desenvolveu obstáculos aos microrganismos que procuram invadi-lo. Esses mecanismos também precisam ser superados pelos fármacos para que a quantidade do fármaco disponível para determinado órgão alvo seja alta o suficiente para que o fármaco seja eficaz 𝐵𝑖𝑜𝑑𝑖𝑠𝑝𝑜𝑛𝑖𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 𝑞𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑓á𝑟𝑚𝑎𝑐𝑜 𝑞𝑢𝑒 𝑎𝑙𝑐𝑎𝑛ç𝑎 𝑎 𝑐𝑖𝑟. 𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑚𝑖𝑐𝑎 𝑞𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑓á𝑟𝑚𝑎𝑐𝑜 𝑎𝑑𝑚𝑖𝑛𝑖𝑠𝑡𝑟𝑎𝑑𝑜 5 Rafaela Pamplona - Fatores que influenciam Via de administração Forma química Tipo de transportador Enzimas gastrointestinais e hepáticas - Para passar da luz intestinal para a corrente sanguínea Penetrar na mucosa intestinal Resistir a inativação de enzimas hepáticas e intestinais Distribuição dos Fármacos ▪ Após administrado e absorvido, o fármaco é distribuído podendo alcançar o local de ação. Para atingir o local de ação - Substância deve Atravessar a parede vascular Atravessar a membrana celular Estar no estado apolar - Equilíbrio da distribuição Rapidamente em tecidos bem perfundidos. Ex.: coração, cérebro e fígado Lentamente em tecidos mal perfundidos. Ex.: ossos, unhas, dentes e tecido adiposo ▪ Transporte pelo sangue e pela linfa para os tecidos ▪ Compartimentos líquidos - Padrão de distribuição Permeabilidade através das barreiras teciduais Ligação dentro do compartimento Participação do pH Coeficiente de partição Permeabilidade capilar Volume de distribuição (Vd) ▪ Ligação com proteínas plasmáticas - Deslocamento por afinidade: as moléculas são transportadas na sua forma livre ou ligadas a proteínas plasmáticas. Ex.: albumina Concentração do fármaco livre: moléculas na forma livre são farmacologicamente ativas e capazes da atravessar a membrana 6 Rafaela Pamplona Concentração da fármaco-proteína: moléculas ligadas as proteínas plasmáticas são inativas e só saem da circulação quanto “liberadas” Afinidade por ligação: fármacos com alto grau de ligação a proteínas precisam de uma concentração plasmática total mais elevada fármaco albumina glicoproteína ácida fármaco fármaco albumina glicoproteína ácida fármaco Fatores que influenciam na ligação a proteínas plasmáticas: competição entre fármacos, condições patológicas (disfunção renal), concentração da droga, idade do paciente e afinidade entre a droga e as proteínas plasmáticas ▪ Volume de distribuição (Vd) - É definido como o volume necessário para conter a quantidade total de fármaco (Q) no organismo, na mesma concentração presente no plasma (Cp) 𝑉𝑑 ( 𝐿 𝐾𝑔 ) = 𝑑𝑜𝑠𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑠𝑎𝑛𝑔𝑢í𝑛𝑒𝑎 (𝐶𝑝) - Volume no qual o fármaco teria que se dissolver, a fim de atingir um equilíbrio com o plasma sanguíneo - Depende do fármaco e do paciente - Vd pequeno → maior parte no plasma ▪ Barreiras - Hematoencefálica: não capacidade de penetrar no cérebro, espessura do vaso cerebral Substâncias que penetram ↳ Drogas apolares ↳ Lipossolúveis ↳ Baixo peso molecular ↳ Elevado coeficiente de partição óleo/água Ex.: anestésicos, analgésicos e tranquilizantes - Placentária: conjunto de tecidos entre a circulação materna e fetal Capacidade de metabolizar fármacos Plasma fetal é ligeiramente mais ácido que o materno (pH – 7,0 x 7,4), oferecendo risco de aprisionamento iônico para fármacos básicos Substâncias que penetram ↳ Drogas lipossolúveis (= lipofílicas) ↳ Baixo peso molecular (<1000 Da) Metabolismo ou Biotransformação ▪ É a conversão química, são um conjunto de reações enzimáticas que transformam o fármaco em um composto diferente para que possa ser excretado ▪ É o processo de interação entre o organismo e a droga ”A droga modifica a função orgânica (efeito) e o organismo transforma a droga (metabolismo)” ▪ Metabolito: é o produto gerado na biotransformação - Pode ter menor atividade farmacológica que a droga original - Pode ter alta atividade ou atividade tóxica - Geralmente são mais hidrossolúveis, o que permite melhor excreção Fígado ▪ É um órgão depurador, ou seja, biotransformador ▪ Quando o fármaco chega com sua estrutura química compatível com a sua ação ao passar pela ação de enzimas pode gerar metabólitos ativos, inativos ou tóxicos, alterando a estrutura do fármaco mas sem que haja um comprometimento da forma ativa, ou seja, sem que haja a perda da capacidade de interação do fármaco com seu sítio de ação e desencadear a sua atividade intrínseca ao ganhar a via sistêmica ▪ Quando o fármaco gera metabólitos inativos, diz-se que o efeito de primeira passagem foi comprometedor, e quanto maior for o número de moléculas inativadas, mais o fígado compromete a biodisponibilidade do fármaco 7 Rafaela Pamplona ▪ O fármaco também pode passar ileso pelo fígado, podendo sofrer biotransformação apenas em outro órgão ou no próprio compartimento vascular ▪ O fármaco também pode ser administrado na sua forma inativa e ao passar pelo fígado, sofrendo ação de enzimas, torne-se um metabólito ativo e caia,nessa forma, na via sistêmica (como o que ocorre com as pró-drogas) - O fármaco pode entrar ativo e ser desativado pelo fígado - O fármaco pode passar ativo ou inativo pelo fígado e continuar, após passar por ele, de maneira intacta - O fármaco pode entrar inativo no fígado (pró-droga) e ser ativado no mesmo para só depois agir em seu sítio alvo ▪ Metabolismo de primeira passagem: é a metabolização das drogas no fígado antes de atingirem o local de ação, havendo perda de parte da atividade farmacológica ▪ Desintoxicação de substâncias exógenas - Geralmente CYP 450: Toxinas, carcinogênicos, medicamentos - Reações de fase I Catabólicas Inserção de um grupo funcional reativo Compostos mais reativos - Reações de fase II Anabólicas Compostos inativos ↳ Exceção: metabólito do minoxidil ▪ Reações de Fase II - Conjugação É necessário um “gancho” para a ligação de um grupo substituinte ~ Gliguronil ~ Glicil ~ Glutationa – grupo sulfidrila ~ Acetil ~ Metil - Formação de um conjugado inativo e mais polar ▪ Inativação: formação de produtos inativos ▪ Metabólito ativo de droga ativa: formação de produtos mais ativos ▪ Ativação de droga inativa: pró-fármaco ▪ Ausência de metabolismo: anestésico gerais inalatórios Metabolização 1 – Droga ativa metabolização metabólito inativo 2 – Droga ativa metabolização metabólito ativo (igual atividade) 3 – Droga ativa metabolização metabólito ativo (menor atividade) 4 – Droga ativa metabolização metabólito ativo (maior atividade) 5 – Droga ativa pró-droga metabolização metabólito ativo ▪ Fatores que interferem no metabolismo - Fatores Genéticos: metabolismo mais lento ou mais rápido Acetiladores lentos Metabolizadores fortes e fracos - Idade: feto < recém-nascido < criança < adulto < idoso - Sexo: hormônios femininos X masculinos - Nutrição: carência proteica X atividade enzimática 8 Rafaela Pamplona Indução Enzimática Inibição Enzimática - Patologias: Viroses causam depressão da atividade enzimática no fígado Malária, hanseníase e pneumonia podem comprometer a biotransformação Excreção ▪ Processo em que a droga volta para a circulação sanguínea e é eliminada através dos rins, pulmões, bile, suor, lagrimas saliva, leite materno, secreção nasal etc. ▪ Eliminação da substância ▪ É a saída do fármaco (inalterado ou metabólitos) do organismo, através dos rins, sistema hepatobiliar ou pulmão Excreção Renal - principal ▪ Filtração glomerular - Fármacos livres (não ligados a albumina) difundem-se através das fendas capilares para o espaço de Bowman como parte do filtrado glomerular (poros de 70nm) - Não influenciam no filtrado: lipossolubilidade e pH - Influenciam no filtrado: velocidade de filtração e a ligação do fármacos a proteínas ▪ Secreção tubular proximal - ativa - Do sangue para a urina por transporte ativo Competição pelo transporte ↳ Penicilina + Probenecida - Os fármacos que não foram transferidos para o filtrado glomerular saem dos glomérulos - A secreção ocorre primeiramente nos túbulos proximais por dois mecanismos de transporte ativo (requerem transportador) que exigem energia Para ânions: formas desprotonadas de ácidos fracos Para cátions: formas desprotonadas de bases fracas ▪ Reabsorção tubular distal - passiva - O fármaco neutro pode se difundir para fora do lúmen e retornar à circulação sistêmica - Substâncias lipossolúveis sofrem reabsorção e escapam da urina - Influência do pH da urina na excreção A manipulação do pH da urina, para aumentar a forma ionizada, pode ser feita para minimizar a extensão da retrodifusão, aumentando a depuração de um fármaco indesejável ↳ Prisão iônica: ácidos fracos podem ser eliminados alcalinizando a urina, enquanto a eliminação de bases fracas pode ser aumentada por acidificação da urina Ex.: paciente apresentando dose excessiva de fenobarbital (ác fraco) pode receber bicarbonato, que alcaliniza a urina e mantém o fármaco ionizado, diminuindo a reabsorção. Se a dosagem excessiva é com uma base fraca, como a anfetamina, a acidificação da urina com NH4CI leva à protonação do fármaco (se torna ionizado) e aumenta a sua excreção renal Papel da biotransformação de fármacos A maioria dos fármacos é lipossolúvel e, sem modificação química, se difundiria para fora do lúmen tubular renal. Para minimizar essa reabsorção, os fármacos são modificados em metabólitos mais polares, principalmente, pelo fígado, usando dois tipos de reações: as de Fase 1 (acréscimo de grupos hidroxila ou a remoção de grupos bloqueadores das hidroxilas, carboxilas, ou grupo amino) e as de Fase 2 (conjugação com sulfato, glicina ou ácido glicurônico para aumentar a polaridade do fármaco. Os conjugados são ionizados, e as moléculas carregadas não conseguem difundir para fora do lúmen renal) 9 Rafaela Pamplona Excreção pelo TGI ▪ Produtos do metabolismo hepático e eliminação biliar ▪ Diretamente do sangue para o intestino - Difusão passiva Excreção Pulmonar ▪ Substâncias gasosas e voláteis - Bafômetro ▪ Excreção é inversamente proporcional à solubilização Outras vias de excreção ▪ Lagrima, saliva, suor, leite materno ▪ Fatores que influenciam na velocidade e na via de excreção - Via de administração - Afinidade por elementos do sangue e outros tecidos – apenas o fármaco livre pode ser excretado - Frequência respiratória - Função renal Parâmetros Biológicos ▪ Meia vida (T½) - Tempo para a [agente] seja reduzida 50%, após a completa absorção ▪ Depuração ou Clearance (Cl) - Capacidade do organismo em eliminar o agente - Remoção completa da substância de um volume sanguíneo por unidade de tempo - Fígado e rins - Creatinina: a concentração plasmática de creatinina varia inversamente com a TFG e constitui um indicador prático da integridade da filtração dos rins Sofre filtração glomerular completa ▪ Estado de equilíbrio ou “Steady state” - Ocorre quando a taxa de eliminação equivale a taxa de biodisponibilidade - Equilíbrio entre a quantidade de droga eliminada e a quantidade que chega ao local de ação, mantendo a concentração plasmática da droga constante 10 Rafaela Pamplona Farmacodinâmica ▪ Estuda os princípios gerais de ação dos fármacos ▪ Descreve as ações dos fármacos no organismo e as influências das suas concentrações na magnitude das respostas ▪ A maioria dos fármacos exercem seus efeitos interagindo com receptores presentes na superfície ou dentro da célula ▪ O complexo fármacorreceptor (FR) inicia alterações na atividade bioquímica ou molecular da célula por meio do processo de transdução de sinal fármacos + macromoléculas-alvo especializadas do organismo ↓ mudanças bioquímicas e fisiológicas ↓ efeito Ligação Fármaco-célula ▪ Interação química entre fármaco e tecido ▪ Especificidade → afinidade ↑ afinidade ↑ especificidade no alvo ↓ efeitos adversos ▪ Proximidade do fármaco com os constituintes celulares - As moléculas dos fármacos precisam exercer alguma influência química sobre um ou mais constituintes das células para produzir uma resposta farmacológica Alvos farmacológicos: são os pontos de ligação, geralmente representados por moléculas proteicas ▪ Alvos proteicos para ligação de fármacos - Principais tipos de proteínas reguladoras que atuam como alvos farmacológicos primários Receptores Enzimas Moléculas carregadoras (transportadoras) Canais iônicos Receptores Farmacológicos ▪ Receptor: é a unidade macromolecular sintetizada pelo organismo na qual se destina a ligação de substâncias endógenas, mas também pode se ligar a substâncias exógenas (estrutura química semelhante)e promover alterações biológicas ▪ Alvo farmacológico: macromoléculas moléculas (enzimas, receptores, moléculas transportadoras, canais iônicos) que interagem com os fármacos para produzir seus efeitos ▪ Os receptores são componentes-chave de comunicação química ▪ Alto grau de especificidade: para que o fármaco seja útil como instrumento terapêutico, precisa agir de modo seletivo sobre células e tecidos específicos ▪ Nenhum fármaco age com especificidade total: classes individuais de fármacos ligam-se apenas a certos alvos, e alvos individuais só reconhecem determinadas classes de fármacos ↓ potência de um fármaco ↑ dose necessária ↑ probabilidade de outros pontos de ação ↑ efeito colateral Interação Fármacorreceptor ▪ A ocupação de um receptor por um fármaco pode ou não resultar na ativação desse receptor ▪ Afinidade: tendência do fármaco em se ligar aos receptores ▪ Eficácia: tendência do fármaco em ativar os receptores - Agonistas: “ativam” os receptores, há mudança na conformação - Antagonistas: se combinam com o mesmo ponto sem causar ativação e bloqueiam o efeito dos agonistas sobre aquele receptor. Não há mudança na conformação e apresentam eficácia zero ▪ Eficiência: capacidade do fármaco de produzir um efeito ▪ Efetividade: efeito terapêutico em condições “reais”, da população, podendo ser influenciada pela adesão ao tratamento e a presença de comorbidades ▪ Relação entre concentração e efeito de fármaco - Curva concentração X efeito → in vitro - Curva dose X resposta → in vivo Permitem estimar a resposta máxima que o fármaco é capaz de produzir (Emáx) e a concentração ou dose necessária para produzir 50% da resposta máxima (EC50 ou ED50) Os parâmetros Emáx, EC50 e a inclinação são uteis para comparar potência e eficácia de fármacos diferentes que produzem efeitos qualitativamente similares ↳ Potência (EC50): quantidade de fármaco necessária para produzir um efeito de uma dada intensidade. O mais potente é o que precisa de menor quantidade para obter 50% do efeito ↳ Eficácia (Emáx): habilidade do fármaco de provocar a resposta farmacológica quando interage com um receptor. Depende do número de complexos fármacorreceptor e da eficiência do acoplamento desde a ativação do receptor até a resposta celular 11 Rafaela Pamplona ▪ Conceitos em terapia - Janela terapêutica é a faixa de doses (concentrações) de um fármaco que produz um resposta terapêutica, sem efeitos adversos inaceitáveis (toxicidade), pode ser quantificada pelo Índice terapêutico (IT): fornece um único número que quantifica a margem de segurança relativa de um fármaco numa população. É a relação da dose que produz toxicidade com a dose que produz o efeito eficaz ou clinicamente desejado em uma população 𝐼𝑇 = 𝑑𝑜𝑠𝑒 𝑞𝑢𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑧 𝑒𝑓𝑒𝑖𝑡𝑜 𝑡ó𝑥𝑖𝑐𝑜 (𝐷𝑇50) 𝑑𝑜𝑠𝑒 𝑞𝑢𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑧 𝑟𝑒𝑠𝑝𝑜𝑠𝑡𝑎 𝑡𝑒𝑟𝑎𝑝ê𝑢𝑡𝑖𝑐𝑎 (𝐷𝐸50) ↑ IT = larga janela terapêutica ↓IT= pequena janela terapêutica ▪ Para a maioria dos fármacos a ligação e ativação são processos reversíveis e dinâmicos ATIVAÇÃO NÃO ATIVAÇÃO presença de resposta tecidual não gera resposta tecidual agonista antagonista Ausência de agonismo e atividade constitutiva ou intrínseca A maioria dos receptores metabotrópicos apresenta atividade constitutiva. Isto é, atividade na ausência de ligante de baixa frequência Os receptores podem apresentar uma estabilidade inerente ao estado ativado, existindo uma atividade intrínseca (“tônus”) do sistema receptor, mesmo na ausência de um ligante endógeno ou de um agonista exógeno administrado Agonista: possuem grande afinidade ao seu receptor e, ao se ligar a este, exercem uma consequência: desencadeia uma cascata de eventos (atividade intrínseca) que promove uma determinada ação. Existem três tipos diferentes de agonistas ▪ Agonista pleno: desencadeia um efeito máximo, ocupando o número máximo de receptores ativos (e apenas estes) para desencadear o seu efeito. Este tipo de agonista impede também que os receptores ativos se tornem inativos - Receptores de reserva: agonistas plenos eram capazes de desencadear respostas máximas em taxas de ocupação muito baixas, frequentemente inferiores a 1%. Mecanismo altamente eficiente, uma vez que um dado número de complexos agonista- receptor, que corresponde ao nível de resposta biológica, pode ser alcançado com uma concentração inferior de hormônios ou de neurotransmissores do que se houvesse disponibilidade de menos receptores. Assim, é possível uma economia na secreção de hormônios ou transmissores, à custa da disponibilização de mais receptores ▪ Agonista parcial: desencadeia um efeito parcial, uma vez que tem afinidade tanto por receptores ativos (que realizam efeito biológico) quanto por receptores inativos (que não realizam efeito), diferentemente dos receptores agonistas plenos, que só se ligam a receptores ativos Usado para tratamento de dependente para controle da síndrome de abstinência, como se desmamasse o paciente. Durante a dependência o SNC ativa o sistema de recompensa em que o neurotransmissor é a dopamina, gerando a necessidade de repetir o comportamento, quando a liberação é exagerada se inicia o processo de dependência ▪ Agonista inverso: atua de modo a abolir a atividade constitutiva (intrínseca) do receptor livre (não ocupado), inativando os receptores. Agonista pleno atua nos receptores ativando os receptores, enquanto o agonista inverso atua inibindo a atividade dos receptores constitutivos. 12 Rafaela Pamplona Agonista inverso e antagonista competitivo atuam reduzindo a atividade (potência) do receptor. O agonista inverso desativa os receptores que estão constitutivamente ativos na ausência do agonista, enquanto o antagonista competitivo não exerce nenhum efeito na ausência do agonista Antagonista: apresentam afinidade pelo receptor, mas não desencadeiam uma resposta intrínseca a partir do seu sítio de ação. O seu objetivo é impedir a própria atividade intrínseca, ou seja, impede a ligação da substância endógena ▪ Antagonista de receptor: liga-se ao sítio ativo ou alostérico de um receptor. Podem ser divididos em reversível e irreversível Competitivo no sitio ativo: liga-se ao sítio ativo do receptor, competindo com a ligação do agonista a esse sítio. Pode ser reversível (ligações fracas) ou irreversível (ligações fortes). Quando a ligação é fraca o aumento da concentração do agonista aumenta a velocidade de dissociação do complexo receptor+antagonista Não competitivo no sítio ativo: liga-se irreversivelmente ao sítio ativo do receptor, impedindo a ligação do agonista a esse sítio. Bloqueio da cadeia de eventos que leva a resposta do agonista Ex.: verapamil e nifedipino impedem o influxo de Ca2+ cetamina bloqueia canais NMDA Não competitivo alostérico: impede a ativação do receptor, mesmo quando o agonista está ligado ao sítio ativo. ↳ Bloqueia, de forma irreversível, algum ponto a cadeia de eventos que leva a resposta do agonista. ↳ Há diminuição da resposta máxima ↳ A diferença entre antagonistas competitivos e não- competitivos: antagonistas competitivos reduzem a potência do agonista, enquanto os antagonistas não-competitivos diminuem a eficácia do agonista ▫ O antagonista competitivo compete continuamente pela sua ligação ao receptor, diminuindo efetivamente a afinidade do receptor pelo seu agonista, sem limitar o número de receptores disponíveis ▫ O antagonista não-competitivo remove receptores funcionais do sistema, limitando, assim, o número de receptores disponíveis ▪ Antagonista sem receptor: não se liga ao receptor do agonista, entretanto inibe a capacidade do agonista de iniciar uma resposta Químicos: quando substâncias se combinam em solução, inativando o agonista específico ao modificá-lo ou sequestrá-lo, de modo que o agonista fica incapaz de se ligar ao receptor e de ativá-lo Ex.: tetraciclina com leite (afinidade a íons bi ou trivalentes) dimercaprol com metais pesados (tratar intoxicações) infliximabe com fator de necrose tumoral Fisiológicos: ativa ou bloqueia algum receptor que medeia uma resposta fisiologicamente oposta à do receptor do agonista Ex.: histamina X omeprazol Histamina é estimula da secreção de HCl Farmacocinético: quando uma substância reduz a concentração de fármaco ativo em seu sitio de ligação, interferindo na absorção, distribuição, metabolismo ou excreção Ex.: ↓ vel. de absorção: adrenalina X anestésico todos os anestésicos locais são vasodilatadores ↑ vel. de degradação: varfarina X fenobarbital ↑ vel. de excreção: mudança de pH da urina Dessensibilização ou Taquifilaxia e Tolerância ▪ Diminuição do efeito do fármaco com a administração repetida ou contínua - Dessensibilização e taquifilaxia: desenvolve em poucos minutos 13 Rafaela Pamplona - Tolerância: diminuição mais gradual, horas, dias ou semanas - Refratariedade: perda da eficácia terapêutica - Resistência: aplicada a microrganismos, quando há perda da eficácia terapêutica dos fármacos antimicrobianos ou antineoplásicos ▪ Mecanismos que levam a taquifilaxia - Alteração em receptores: se liga no receptor, mas não ativa a cascata - Translocação de receptores: diminuição gradual do número de receptores na superfícies das células por endocitose - Depleção de mediadores: a anfetamina age liberando aminas das terminações nervosas esgotando seus depósitos - Aumento da degradação metabólica do fármaco: administração continua da mesma dose leva a redução progressiva da concentração plasmática devido ao aumento da degradação metabólica, levando a tolerância - Adaptação fisiológica: mecanismos homeostáticos podem levar a tolerância. Ex.: diminuição dos efeitos colaterais Aspectos Moleculares ▪ Alvo para ação dos fármacos - Receptores: canal iônico controlado por ligante, acoplados a proteína G, ligados a quinase e nucleares - Enzimas - Canais iônicos - Transportadoras (moléculas carregadoras) ▪ Receptores - Principais tipos de receptores: 4 superfamílias 1. Canais iônicos controlados por ligantes Receptores ionotrópicos Canal regulado por ligante com função de alterar a condução iônica Ação rápida, em milissegundos OBS.: canais iônicos ativado por voltagem NÃO são receptores! Altamente seletivos Mecanismo: Ligação do agonista ao receptor Abertura do canal Entrada do íons (cátion ou ânion) Efeito celular (despolarização ou hiperpolarização) Ex.: receptor GABAA, glutamato (NMDA), de ATP (P2X) e receptor nicotínico da ACh 2. Receptores acoplados a proteína G Receptores metabotrópicos ou heptaelicoidais Ação em segundos Receptores extracelulares que atravessam a membrana e possuem regiões intracelulares que ativam a Proteína G, responsável por ativar a produção de segundos mensageiros (efetores: enzima amplificadora ou canais iônicos – Ca2+ ou K+) Mecanismo: ligação do agonista ao receptor Fosforilação da proteína G (GDP → GTP) A proteína G ativa vai em busca do efetor Interação com efetor (canal iônico ou enzima) Efeito celular Agonista se desliga do receptor A proteína G é desfosforilada (GTP → GDP) A proteína G inativa volta ao estado de repouso no receptor 14 Rafaela Pamplona Classificação da proteína G de acordo com sua ação G0 inibe canais de Ca2+ Gq ativa a fosfolipase C Gs ativa a adenil ciclase e os canais de Ca2+ Gi inibi a adenil ciclase e ativa canais de K+ Enzima amplificadora Converte Em Adenilato – ciclase ATP AMPc Fosfolipase C Fosfolipídios de membrana IP3 (↑Ca 2+) e DAG (ativa PKC) Proteína G Receptor/localização Via efetora Gs β-adrenérgico, histamina, 5-HT ↑ adenil ciclase Gi α2-adrenérgico,5-HT, opioides, AChM2 ↓ adenil ciclase ↑ canais de K+ Gdf (família Gs) neurônios olfatórios ↑ adenil ciclase G0 cérebro, coração, hipófise, pâncreas ↑ canais de Ca2+e K+ Gq AChM1/M3 e 5-HT1c ↑ PLC (↑IP3 e DAG) receptor β2 5-HT (5-HT1D) brônquios SNC ↑ AMPc ↓ AMPc dilatação vasoconstrição ex.: Salbutamol ex.: sumatriptano 3. Receptores relacionados e ligados a quinases Ação lenta, horas depois Receptores no lado extracelular da membrana que ativam enzimas no lado intracelular Mediadores proteicos - Receptores tirosina quinase: fator de crescimento, insulina - Serina/treonina quinase: fator de transformação de crescimento - Receptores de citocinas: ativa a JaK - Acoplados a guanilil ciclase: receptor para “peptídeo natriurético atrial” As enzimas são proteínas cinases (tirosina cinase) e guanilil ciclases ↳ Guanilil ciclase é uma enzima amplificadora que converte GTP em GMPc Mecanismo: ligação do agonista ao receptor Dimerização Autofosforilação Sítios de ligação (fosfato) Ligação das proteínas do citoplasma Ativação da cascata das quinases Efeito celular 15 Rafaela Pamplona 4. Receptores nucleares Receptor intranuclear (citoplasma ou núcleo) Receptores para hormônios tireoidianos, esteroides, vitamina D, ácido retinóico Ligação a regiões especificas do DNA e atuação de cofatores A ativação do receptor gera ativação de um gene estimulando o núcleo a produzir novo RNAm, que atuara como molde para a síntese de novas proteínas Resposta celular lenta, horas depois Mecanismo: entrada do agonista na célula Ligação do agonista ao receptor (A-R) O complexo A-R entra no núcleo Interação com o RNAm (transcrição genica) Leitura do RNAm pelo ribossomo (citoplasma) Formação de uma proteína Efeito celular ▪ Canais iônicos - Através da liga a própria proteína canal ou ao sítio alostérico Ex.: anestésicos agem nos canais de Na+ dependentes de voltagem Ex.: Benzodiazepínicos sedativos se ligam a uma região do complexo receptor-cloreto GABAA (um canal ativado por ligante) que é diferente do local de ligação de GABA, facilitando a abertura do canal através do neurotransmissor inibitório GABA Fármacos vasodilatadores da classe di-hidropiridina inibem a abertura dos canais de cálcio tipo L Sulfonilureias utilizadas para tratar diabetes atuam no canal K+ sensível ao ATP das células β pancreáticas, aumentando a secreção de insulina - Através de ação indireta que envolve a proteína G e outros intermediários - Através da alteração do nível de expressão dos canais iônicos na superfície celular Ex.: Gabapentina reduz a incorporação de canais de cálcio do tipo N na membrana plasmática ▪ Enzimas Enzima Inibidor Substrato falso acetilcolinesterase neostigmina fisostigmina organofosforados ciclooxigenase aspirina xantina oxidase alopurinol enz. conversora de angiotensina (ECA) captopril dopa-descarboxilase carbidopa metildopa ▪ Transportadores Transportador Inibidor Substrato falso transportador da colina hemicolínico captação da noradrenalina 1 antidepressivos tricíclicos anfetamina cotransportador de Na+/K+/Cl- (alça de Henle) bomba de prótons (gástrica) omeprazol 16 Rafaela Pamplona Transmissão Colinérgica e Anticolinérgicos Anatomia e Fisiologia ▪ Sistema Nervoso Autônomo (SNA) - Condução das informações do SNC para o resto do corpo exceto para inervação motora do ME Simpático: toracolombar → estado de luta ou fuga ▫ Porção pré-ganglionar curta, gânglio próximo a medula (paravertebral) e nervo pós-ganglionar longo ▫ Fibras tem como características serem adrenérgicas (noradrenalina) Parassimpático: craniossacral → estado de digestão e repouso ▫ Porção pré-ganglionar longa, gânglio próximo ao órgão efetor e nervo pós-ganglionar curto ▫ Fibras tem como características serem colinérgicas (acetilcolina) Sistema nervoso entérico: recebe estímulos do parassimpático e simpático, porém pode agir isoladamente ▫ Funções motoras e secretoras do intestino - Contração e relaxamento das musculatura lisa de vaso e visceral - Todas as secreções exócrinas e algumas endócrinas - Metabolismo energético: fígado e músculo esquelético Princípio de Ação dos Fármacos ▪ Ações muscarínicas e nicotínicas da acetilcolina (ACh) - Efeito muscarínico se assemelha aos efeitos da estimulação parassimpática Vasodilatação Redução da frequência cardíaca - Maiores doses de ACh causam bloquei muscarínico, produzindo efeito nicotínico que se assemelha aos efeitos da estimulação simpática Ativação simpática Adrenalina Receptores Colinérgicos Receptores Nicotínicos ▪ Canais iônicos regulados por ligantes 17 Rafaela Pamplona ▪ Classificação - Receptores Musculares: junção neuromuscular - Receptores ganglionares: transmissão nos gânglios parassimpáticos e simpáticos - Receptores do SNC: maior parte pré-sinapticamente, facilitando ou inibindo a ação de outros mediadores. Ex.: glutamato e dopamina Receptores Muscarínicos ▪ Metabotrópico - acoplados a proteína G ▪ Subtipos - M1 ou neural ↑ IP3 e DAG (despolarização) - M2 ou cardíaco ↓ AMPc (inibição), ↓ condutância ao Ca2+, ↑ condutância ao K+ - M3 ou ganglionar – glandulares e músculo liso ↑ IP3 (estimulação) - M4 – SNC gânglios autônomos - M5 – SNC Receptores muscarínicos ímpares – M1, M3 e M5 Acoplam-se a proteína Gq para ativar a fosfolipase C (PLC) Excitatório Receptores muscarínicos pares – M2 e M4 Acoplam-se a proteínas Gi para inibir a adenilato ciclase, inibindo AMPc intracelular Inibitório Fármacos Colinomiméticos ▪ Afetam os receptores colinérgicos Agonistas muscarínicos ▪ Pilocarpina - Colírio usado no tratamento de glaucoma - Atravessa a membrana conjuntiva - Efeito dura 1 dia - Receptor M3 ▪ Betanecol - Esvaziamento da bexiga - Tratamento de retenção urinária - Estimular o TGI - Receptor M3 18 Rafaela Pamplona - Efeitos adversos Antagonistas Muscarínicos ▪ Parassimpatolíticos - Ipratrópio (berotec ou atrovent) Broncodilatador Tratamento de asma - Escopalamina (buscapan) Usada o tratamento de cinetose (náusea/enjoo) e cólica Relaxamento da musculara lisa Receptor M3 - Pirenzepina Úlcera péptica Receptor M1 - Darifenacina Tratamento da incontinência urinária - Tropicamida Oftalmológico – midríase e ciclopegia Receptor M3 - Atropina Antagonista não seletiva Intoxicação colinérgica Parada cardíaca - Efeitos adversos Fármacos Ganglionares ▪ Atuam especificamente nos receptores dos gânglios autônomos parassimpáticos e simpáticos ▪ Estimulantes: agonistas nicotínicos - Agem nos receptores ganglionares, neurais e na placa motora terminal - Por serem agonistas nicotínicos estimulam gânglios simpáticos e parassimpáticos, causando efeitos complexos SN Simpático: taquicardia, ↑ PA SN Parassimpático: ↑ secreção brônquica, sudorípara, salivar Efeitos variáveis sobre as secreções gastrointestinais - Fármacos Nicotina (agonista pleno) Vareniclina (agonista parcial): agonista sintético usado no tto da dependência de nicotina ▪ Bloqueadores - Mecanismos Interferência da liberação de ACh na junção neuromuscular Despolarização prolongada da membrana Interferência na ação pós-sináptica da ACh - Implicação clínica: diminuição dos receptores neuronais ou iônicos associados Efeitos complexos: hipotensão, diminuição das secreções, perda de reflexos cardiovasculares, paralisia gastrointestinal, comprometimento da micção Trimetafano*: causa hipotensão controlada durante a anestesia, diminuindo sangramentos Bloqueadores Neuromusculares ▪ Relacionado aos receptores nicotínicos muscular ▪ Índios bacia amazônica usavam veneno (curare) extremidade das flechas, que provocava paralisia e morte da caça com ausência de sintomas de intoxicação e morte de quem consumia ▪ 1850: Claude Bernard mostrou efeito periférico (entre junção nervosa e muscular) ▪ 1906: Langley sugere interação com “substância receptiva” na placa motora ▪ Junção neuromuscular ▪ Potencial da placa motora - Receptor nicotínico é do tipo iônico que abre os canais de sódio 1- Com a chegada do impulso, ocorre a abertura dos canais de cálcio 19 Rafaela Pamplona 2- Fusão da vesícula com a membrana, libera ACh na fenda sináptica 3- A ACh encontra o receptor nicotínico muscular (canal iônico de sódio) 4- A entrada de sódio despolariza a célula, que ativa os canais de sódio voltagem dependente 5- A entrada de mais sódio despolariza o rético sarcoplasmático, onde o cálcio está armazenado 6- Liberação de cálcio do reticulo sarcoplasmático, que no citoplasma, começa a interagir com actina e miosina 7- Contração muscular ▪ Classes dos bloqueadores musculares - Não despolarizantes: substâncias que bloqueiam os receptores de acetilcolina, impedindo a despolarização da célula. Antagonista longa duração → cirurgia toracoabdominal - Despolarizantes: substâncias que hiperestimulam os receptores de acetilcolina, provocando dessensibilização. Agonista – succinilcolina, curta duração → intubação ▪ Uso clínico - Relaxamento cirúrgico: procedimentos intrabdominais e intratorácicos - Intubação traqueal - Controle da ventilação: redução da resistência da parede torácica (aumento da complacência) - Tratamento de manifestações motoras das convulsões - Adjuvante na anestesia – ação periférica ▪ Não despolarizantes – BNMND - Antagonistas competitivos reversível dos receptores nicotínicos - Revertido por anticolineterásicos ou estimulação tetânica - Altas doses bloqueiam diretamente o canal - Farmacocinética Polares: difícil absorção Via EV Ionizadas (Vd limitado) Duração de ação proporcional a via de eliminação - Dose, inicio de ação e duração dos bloqueadores neuromusculares ▪ Farmacologia clínica - Paralisia muscular esquelética ▫ Não altera o nível de consciência nem a percepção de dor ▫ Ordem de paralisação (mais volumosos demoram mais a serem bloqueados e retorna primeiro) 1ª fraqueza motora 2ª fraqueza flácida ▫ Latência dos efeitos: Rocurônio: 1-2 min 20 Rafaela Pamplona ▪ Despolarizantes Succinilcolina Agonistas: dor muscular no pós-operatório devido a fase I Fase I – Despolarizante ▫ Fasciculações perceptíveis no paciente ▫ Despolarização da placa motora disseminada ▫ Contração desorganizada e generalizada ▫ Membranas permanecem despolarizadas - Fase II – Dessensibilizante ▫ Exposição contínua ▫ Repolarização → Dessensibilização ▫ Bloqueio adicional do canal - Farmacocinética Polares Via EV Ação ultracurta (5-10 min) devido a semelhança estrutural com a ACh é degradada rapidamente pela colinesterase plasmática ▫ BchE: Butirilcolinesterase – enzima que cataboliza a ACh liberada no processo de neurotransmissão ▫ Ação prolongada em pacientes com variantes anormais da enzima ▪ Farmacologia clínica - Paralisia muscular esquelética Após administração ▫ Fasciculações no tórax e abdome ▫ Paralisia braço perna e pescoço → leve fraqueza facial ▫ Fraqueza músculos respiratórios ~ Início de ação rápido (<1 min) ~ Duração de 8 min – BchE - Efeitos apenas de BNM despolarizantes Hipercalemia → parada cardíaca▫ Cuidado em pacientes suscetíveis: possuem localização extrajuncional de receptores ↳ Pcts queimados, lesão nervosa (fibromialgia) e insuficiência renal Elevação da pressão intraocular ▫ Contração de miofibrilas ▫ Não é CI em cirurgia oculares Elevação da pressão intragástrica Dores Musculares Alergias Efeitos Cardiovasculares ▫ Vecurônio, pipecurônio, Doxacurônio, Cisatracúrio, rocurônio e rapacurônio → pouco ou nenhum efeito CV ▫ Ação autonômica e histamínica → pré-medicação ▫ Pancurônio → aumento moderado FC → DC, sem ação RVS ↳ Ação simpática ▫ Succionilcolina → Bradicardia ↳ Estimulo M2 → Infusão: pré-tratamento com atropina Anticolinesterásicos ▪ Capazes de inibir a AchE Efeitos inversos!! Anticolinérgico: bloqueia a acetilcolina Anticolineterásico: bloqueia a acetilcolinesterase, aumentando a ação da ACh, estimulando mais seus receptores ▪ Usados como gases de guerra: Tabum e Sarin ▪ Atualmente – medicamentos: Fisiostigmina, Piridostigmina, Rivastigmina, Neostigmina ▪ Farmacocinética - Lipossolúveis: boa absorção Permite intoxicação por várias via: respiração > TGI > cutânea ▪ Farmacologia básica - Ligação com receptor - Ligação com a acetilcolinesterase - Ação dos anticolinesterásicos: independente do sítio de ligação (centro aniônico ou centro esteárico) não há degradação da ACh ▪ Os inibidores da AChE são divididos de acordo com o tempo de ação, que está relacionado ao tipo de ligação 21 Rafaela Pamplona - Anticolinesterásico de ação ultracurta: 5 a 10min Edrofônio - Anticolinesterásico de ação curta: 6h Neostigmina - Anticolinesterásico de ação média: 6-18h Fisiostgmina, Rivastigmina, Galantamina → tto Alzheimer Carbamatos (“chumbinho”) - Anticolinesterásico de ação longa (ligação covalente): acima 18h Inseticidas (paration) – organofosforados (tóxico) Reativação: Pralidoxima Fármaco: Ecotiopato (tto glaucoma), Donepezila (tto Alzheimer) Após 48h de bloqueio a enzima sofre oxidação, uma espécie de envelhecimento, não voltando a funcionar ▪ Usos clínicos - Edrofônio – ação ultracurta Diagnóstico de miastenia gravis Reversão da ação dos BNMND em término de cirurgia, porém com risco de intoxicação, pois possui ação ultracurta, sendo necessária a aplicação de mais doses - Neostigmina – ação curta Tratamento de miastenia gravis Íleo paralítico ou atonia da bexiga Reversão da ação dos BNMND em término de cirurgia (EV ou IM) - Rivastigmina, Galantamina, Donepezila – ação média e longa Melhora a memória – tto da doença de Alzheimer - Ecotiopato* – ação longa Diminui a pressão intraocular – tto *Glaucoma refratário, por ser menos específico que a pilocarpina ▪ Manifestações clínicas – sinais de intoxicação - Aparece com 50% da AChE inibida - Tempo da manifestação depende da via e da dose - 1ª Manifestações muscarínicas Miose, sudorese, lacrimejamento, cólicas, sialorreia, bradicardia, dificuldade respiratória, vasodilatação, incontinência urinaria e fecal - 2ª Manifestações nicotínicas Fasciculação, cãibras, hipertensão arterial, taquicardia, insuficiência respiratória Sinal de gravidade ▪ Tratamento para síndrome colinérgica - Inicialmente – suporte Suporte para respiração Canular veia periférica Atropina – bloqueio reversível dos receptores muscarínicos do M1 o M5, competição por sítios de ligação da ACh Diazepam se convulsões - Segundo passo – descontaminação Lavagem → não induzir vômito Carvão ativado: intoxicação for por via oral, pode ser usado até 2h para reduzir a absorção Pralidoxima – apenas para intoxicação por organofosforado, é um reativador da acetilcolinesterase, sendo útil apenas nas primeiras 48h devido ao processo de “envelhecimento da enzima” - Prognóstico Depende da agilidade do atendimento A recuperação pode levar mais de 20 dias Os receptores nicotínicos são canais regulados por ligante que necessitam da ligação direta de duas moléculas de acetilcolina para a sua abertura. Os receptores muscarínicos são receptores acoplados à proteína G, que se ligam à acetilcolina e iniciam uma sinalização através de diversas vias intracelulares. 22 Rafaela Pamplona Transmissão Adrenérgica e Antiadrenérgica ▪ Origem - Catecolaminas: Noradrenalina (norepinefrina): neurotransmissor liberado pelas terminações sinápticas Adrenalina (epinefrina): hormônio secretado pela suprarrenal Dopamina: precursor metabólico da norepinefrina e epinefrina, também transmissor/neuromodulador no SNC Isoprenalina (isoproterenol): derivado sintético da norepinefrina, ausente no organismo Classificação dos Receptores Adrenérgicos ▪ Subdivisão dos receptores α: α1 – Gq (estimulatória - FLC) pós-sináptico α2 – Gi (inibitória - Adenilciclase) pré e pós-sináptico β: β1 Gs (estimulatória - Adenilciclase) pós-sináptico β2 β3 ▪ Relação estrutura-atividade dos simpaticomiméticos - A noradrenalina (+central) e a adrenalina (+periférica) atuam nos mesmos receptores e com efeitos semelhantes, diferindo apenas na potência de acordo com o sistema de atuação - Noradrenalina: tem afinidade para receptores α - Adrenalina: tem afinidade para receptores α e β - A cadeia lateral o β-hidroxi confere afinidade para os receptores – α e β - Substituição dos grupos amino reduz a afinidade para os α - Aumento do volume dos grupos substituintes no grupo amino aumenta a seletividade para β - A perda de 1 grupo OH da catecolamina aumenta a lipofilidade Potência do agonista ▪ Receptores α - Noradrenalina > adrenalina > isoproterenol ▪ Receptores β - Isoproterenol > adrenalina > noradrenalina α: α1 – Gq vaso periférico músculo liso esfíncter olho α2 – Gi neurônios pré-sinápticos pâncreas β: β1 – Gs coração céls justaglomerulares – rins β2 – Gs pulmão parede da bexiga e intestino vasos profundos fígado β3 – Gs lipócitos 23 Rafaela Pamplona Síntese, Armazenamento, Liberação e Recaptação ▪ Sintetizadas a partir da tirosina – precursor ▪ Tirosina é hidroxilada e vira DOPA ▪ DOPA sofre descarboxilação e vira dopamina (DA) - Dopamina já pode ser substrato da enzima de degradação (MAO), para evitar é rapidamente armazenada em vesículas ▪ Dopamina é β-hidroxilada e convertida em noradrenalina (NA) - Se for no neurônio: termina o processo de síntese - Se for na suprarrenal: sofre ação enzimática, sendo convertida em adrenalina ▪ Potencial de ação abre os canais de Ca2+, que promovem a fusão da vesícula, liberando NA - Ligação com receptores pré-sinápticos = feedback negativo - Ligação com receptores pós-sinápticos = efeito ▪ Não há degradação de NA na fenda sináptica, sendo necessária sua recaptação pelo transportador NET (transportador de norepinefrina), responsável pelo retorno ao neurônio pré-sináptico - Enzima MAO (monoamino-oxidase) é responsável pela degradação da NA - Quando captada pelo órgão efetor, a enzima COMT é responsável pela degradação da NA ▪ Etapa limitante da reação: conversão de tirosina e DOPA, ação da enzima tirosina-hidroxilase. Sendo possível diminuir a produção de noradrenalina e adrenalina através dessa inibição enzimática ↳ α-metiltirosina inibe a tirosina-hidroxilase, a enzima que limita a velocidade no processo de síntese das catecolaminas Terminação Adrenérgica e Local de Ação dos Fármacos ▪ Os fármacos que atuam sobre a síntese, o armazenamento, a liberação e a recaptação de norepinefrina e epinefrina e cujos alvos consistem nos receptores pós-sinápticos desses transmissores são frequentemente utilizados no tratamentoda hipertensão, da depressão, do choque, da asma, da angina e de muitos outros distúrbios Fármacos ▪ Interação com - Receptores adrenérgicos: agonistas e antagonistas - Transporte de monoaminas - Enzimas que metabolizam catecolaminas ▪ Receptores adrenérgicos - Musculatura lisa α1: contração β2: relaxamento: NO 24 Rafaela Pamplona - Coração β1 Efeito ionotrópico e cronotrópico (+) Aumento do débito cardíaco e aumento do consumo de O2 α1: Hipertrofia cardíaca - Metabolismo β1: Glicogenólise e gliconeogênese β3: Lipólise - Outros Efeitos Musculatura esquelética: tremores Agonistas Alfa Adrenérgicos ▪ Fenilefrina; Oximatazolina, Nafazolina - Agonista α1: vasoconstrição Usado na congestão nasal ▫ Ação sistêmica ~ Aumento da pressão venosa central Aumento ~ Aumento da resistência vascular periférica da P.A. ~ Barorreceptores: resposta reflexa ▪ Clonidina - Agonista α2 (pré-sináptico – feedback negativo) Tratamento de hipertensão Profilaxia da enxaqueca Agonistas Beta Adrenérgicos ▪ Dobutamina - Agonista β1: vasoconstrição Choque cardiogênico – específica para receptor cardíaco ▪ Salbutamol (berotec), Fenoterol, Salmeterol, Terbutallina - Agonista β2 Asma: broncodilatação Trabalho de parto prematuro: inibindo contrações prematuras ▪ Adrenalina - Atua em todos os receptores β - Reações anafiláticas – antagonista fisiológico da histamina, sendo vasoconstritora e broncodilatadora - Combinação com anestésicos locais, aumentando tempo de ação Antagonistas Alfa Adrenérgicos ▪ Não seletivos (α1 e α2) – Fentolamina e fenoxibenzamina* - Vasodilatação, taquicardia e DC aumentados reflexa - Tratamento pré-cirúrgico de feocromocitoma Tumor benigno na suprarrenal que aumenta a liberação de adrenalina ▪ Seletivos α1 - Prazosina, Terazosina, Doxazosina Vasodilatação e redução da PA – tratamento da hipertensão ▫ Menos taquicardia reflexa e que os não seletivos - Tansulosina Inibem a hipertrofia tecidual Tratamento de HPB (α1A) – menor alteração da PA Tratamento de retenção urinária ▪ Seletivos α2 - Ioimbina Estimulante sexual Pré atividade física, aumenta a capacidade energética da célula ▪ Uso Clínico - Sistema cardiovascular Doxasozina (α1): hipertensão grave Prazosina: hipertensão ↳ Prevenção de ICC? Tansulosina: HPB e retenção urinária Fenoxibenzamina: tto e pré-operatório de feocromocitoma α2: tratamento de DM tipo 2 Antagonistas Beta Adrenérgicos ▪ Grupo importante de fármacos – efeitos no sistema cardiovascular e músculo liso brônquico - Efeitos sobre o sistema cardiovascular Redução do débito cardíaco (β1) Redução da liberação de renina (β1) Ação central, reduzindo a atividade simpática - Efeitos sobre o pulmão: broncoconstrição - Efeitos sobre o olho - Efeitos metabólicos e endócrinos Lipídios, carboidratos, glucagon e insulina ↳ Dificulta a recuperação da hipoglicemia – insulinodependentes ↳ Diminuição de HDL ▪ Divididos em - Não seletivos: bloqueiam β1 e β2 - Seletivos: bloqueiam β1 - Mistos: bloqueiam β1, β2 e α1 Bloqueio do β2 acarreta efeito colateral Bloqueio de α1 gera vasodilatação 25 Rafaela Pamplona ▪ Efeitos adversos - Broncoconstrição Doença pulmonar - Depressão cardíaca Sinais de IC - Bradicardia - Hipoglicemia - Fadiga - Extremidades frias Outros fármacos importantes ▪ Afeta a síntese de NA - Metildopa – hipertensão na gravidez Metilnoradrenalina: menos eficaz que a NA e estimula os receptores α2, causando feedback negativo - Metirosina – feocromocitoma inoperável Bloqueia a tirosina hidroxilase - Antidepressivos tricíclicos Inibição da captura 1 - Potencializam o efeito simpático Cocaína, anfetaminas, tiramina 26 Rafaela Pamplona Sistema colinérgico MEDICAMENTO MECANISMO DE AÇÃO AÇÃO FARMACOLÓGICA INDICAÇÃO TERAPÊUTICA Pilocarpina Agonista muscarínico: Estimula o receptor M3 (Gq) no olho Contração do musc. Ciliar e musc. constritor da pupila à Aumento da drenagem do humor aquoso Glaucoma (reduz P.I.O) Betanecol Agonista muscarínico: Estimula o receptor M3 (Gq) na parede da bexiga Contração da parede da bexiga à Esvaziamento da bexiga Retenção urinária (HPB) Ipratrópio Antagonista musacarínico: Bloqueia o receptor M3 no pulmão Broncodilatação Asma Escopalamina Antagonista musacarínico: Bloqueia o receptor M3 na parede intestinal e uterina Relaxamento da parede intestinal e uterina Cólica e cinetose (enjôo de movimento) Pirenzepina Antagonista musacarínico: Bloqueia o receptor M1 na glândula gástrica Reduzir a secreção de HCl Úlcera e gastrite Tropicamida Antagonista musacarínico: Bloqueia o receptor M3 no olho Dilatação do musc. Ciliar e musc. constritor da pupilaàDilatação da pupila Midríase (exame oftalmológicos) Darifenacina Antagonista muscarínico: Bloqueia o receptor M3 (Gq) na parede da bexiga Relaxamento da parede da bexiga à Retenção da urina Incontinência urinária Atropina Antagonista muscarínico: Bloqueia o receptor M1, M2, M3, M4 e M5 - Aumento dos batimentos cardíacos (bloqueio do M2) - Bloqueio não seletivo dos receptores muscarínicos à redução da intoxicação - Parada cardíaca - Intoxicação colinérgica (Ach em excesso) Nicotina Agonista pleno nicotínico (NG) Redução da síndrome de abstinência (ocupa poucos receptores e gera resposta máxima na dependência) Terapia Antitabagismo Vareniclina Agonista parcial nicotínico (NG) Redução da síndrome de abstinência de forma mais efetiva (ocupa todos os receptores e gera resposta parcial na dependência) Terapia Antitabagismo Trimetafano Antagonista do (NG) na supra renal Redução da liberação de Adrenalina à Redução da P.A Redução controlada da P.A Succnilcolina BNMD Agonista Nicotínico (Nm) Hiperestimulaçãoà Dessensibilizaçãoà Relaxamento (Bloqueio muscular esquelético) Intubação endotraqueal Pancurônio BNMND Antagonista Nicotínico (Nm) Impede a entrada do sódio no músculo à Relaxamento (Bloqueio muscular esquelético) Cirurgias toraco-abdominais Edrofônio Inibidores da Acetilcolinesterase (AchE) – ultra curta duração (5 – 10 min) iAchE à Aumentar Ach à Aumentar o estímulo do Nm àAumento da contração muscular esquelética Diagnóstico da Miastenia Gravis: melhora do quadro de fraqueza muscular Neostigmina Inibidores da Acetilcolinesterase (AchE) – curta duração (6– 18h) iAchE à Aumentar Ach à Aumentar o estímulo do Nm àAumento da contração muscular esquelética - Tratamento da Miastenia Gravis: melhora do quadro de fraqueza muscular - Reversão do BNMND Rivastigamina Donepezila Inibidores da Acetilcolinesterase (AchE) – média duração (18- 24h) iAchE à Aumentar Ach à Aumentar o estímulo do M1 no córtex frontal àAumento da formação da memória Doença de Alzheimer Ecotiopato Inibidores da Acetilcolinesterase (AchE) –longa duração (<48h) iAchE à Aumentar Ach à Aumentar o estímulo do M3 no olho à Contração do musc. Ciliar e musc. constritor da pupilaàAumento da drenagem do humor aquoso Glaucoma de pacientes refratários 27 Rafaela Pamplona Sistema Adrenérgico MEDICAMENTO MECANISMO DE AÇÃO AÇÃO FARMACOLÓGICA INDICAÇÃO TERAPÊUTICA Nafazolina Oximetazolina Fenilefrina Agonistas adrenérgico: Estimulam os receptores alfa-1 (Gq) no vaso Vasoconstrição Redução do edema Descongestão nasal Clonidina Agonistas adrenérgico: Estimulam os receptores alfa-2 (Gi) nopré- sináptico Aumento do feedback (-) Reduzir a liberação NA Reduz a P.A Anti-hipertensivo Dobutamina Agonistas adrenérgico: Estimulam os receptores beta-1 (Gs) no coração Aumentar a força e a frequência cardíaca aumenta o DC Insuficiência cardíaca ou Parada cardíaca Salbutamol Fenoterol Agonistas adrenérgico: Estimulam os receptores beta-2 (Gs) no pulmão Broncodilatação Asma Prazosina Doxazosina Antagonistas adrenérgico: Bloqueio dos receptores alfa-1 (Gq) no vaso Vasodilatação Reduz a P.A Anti-hipertensivo Tansulosina Antagonistas adrenérgico: Bloqueio dos receptores alfa-1 (Gq) no vaso e no esfíncter da bexiga - Vasodilatação Reduz a P.A - Relaxamento do esfíncter Esvaziamento da bexiga - Anti-hipertensivo - Retenção urinária (HPB) Propranolol Antagonistas adrenérgico: Bloqueiam os receptores beta (Gs) de forma não seletiva (Beta-1 e Beta-2) Beta-1: Redução da força e a frequência cardíaca Redução do DC Reduz a liberação de renina Reduz a P.A Beta-2: Broncoconstrição; diminui a recuperação de uma hipoglicemia (EFEITO COLATERAL) Anti-hipertensivo Contra-indicado: Asma e diabéticos Atenolol Antagonistas adrenérgico: Bloqueiam os receptores beta- 1 (Gs) de forma seletiva Beta-1: Redução da força e a frequência cardíaca Redução do DC Reduz a liberação de renina Reduz a P.A Anti-hipertensivo Carvedilol Antagonistas adrenérgico: Bloqueiam os receptores beta (Gs) de forma mista (Beta-1, Beta-2 e Alfa-1) Alfa-1: Vasodilatação Reduz a P.A Beta-1: Redução da força e a frequência cardíaca Redução do DC Reduz a liberação de renina Reduz a P.A Beta-2: Broncoconstrição; diminui a recuperação de uma hipoglicemia (EFEITO COLATERAL) Anti-hipertensivo Contra-indicado: Asma e diabéticos Metildopa Falso substrato pata Síntese da NA Formar a MeNA mais fraca que a NA menos estimulo dos receptores α e β redução da PA Hipertensão da Gravidez Metirosina Inibe a Tirosina Hidroxilase (etapa limitante) Redução da formação de NA e adrenalina Feocromocitoma inoperável
Compartilhar