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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE SAÚDE DE NOVA FRIBURGO JULIANA SOARES FERREIRA MARCIO JOSE DIAS DA SILVA JUNIOR MARIA CATHARINA ESTEVAM DE OLIVEIRA SEMINÁRIO - PRINCÍPIOS DA CIRURGIA ORTOGNÁTICA RIO DE JANEIRO 2020 JULIANA SOARES FERREIRA MARCIO JOSE DIAS DA SILVA JUNIOR MARIA CATHARINA ESTEVAM DE OLIVEIRA SEMINÁRIO - PRINCÍPIOS DA CIRURGIA ORTOGNÁTICA SEMINÁRIO apresentado à Disciplina de Fundamentos da CTBMF da Universidade Federal Fluminense/ Instituto de Saúde de Nova Friburgo, como atividade de avaliação. Coordenador: Prof. Dr. Nicolas Homsi Professores: Prof. Dr. Eduardo Cardoso Prof. Dr. Hernando Valentim Rio de Janeiro 2020 2 SUMÁRIO 1.INTRODUÇÃO…………………………………………………………… 4 2.DESENVOLVIMENTO……………………………………………………..5 2.1.Deformidades esqueléticas………………………………………………………5 2.2.Análise clínica facial……………………………………………………………….6 2.3.Análise do modelo de gesso……………………………………………………...8 2.4.Avaliação radiográfica e cefalométrica………………………………………….8 2.5.Deformidades maxilares………………………………………………………….10 2.6.Deformidades mandibulares…...………………………………………………..11 2.7.Técnicas cirúrgicas………………………………………………………………..12 2.7.1.Osteotomias maxilares………………………………………………………………12 2.7.2. Osteotomias mandibulares………………………………………………………..14 2.8.Relações ortodontia e cirurgia…………………………………………………..17 3.CONCLUSÃO……………………………………………………………...18 4.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS……………………………………19 3 1.INTRODUÇÃO A cirurgia ortognática consiste em uma opção terapêutica que busca a obtenção da morfofuncionalidade em pacientes que apresentam deformidades dento-esqueléticas. Esse procedimento cirúrgico visa restabelecer uma adequada oclusão dentária e uma estética facial agradável, possibilitando assim, resultados funcionais e estéticos significativos. Este procedimento cirúrgico mostra-se muito eficiente e é aplicada nas diversas deformidades dento-faciais existentes na população, melhorando assim, a harmonia facial desses indivíduos. Dessa maneira, a cirurgia ortognática melhora consideravelmente a vida social dos indivíduos, sendo um importante instrumento de mudança na vida dos pacientes. 4 2.DESENVOLVIMENTO 2.1 Deformidades esqueléticas As deformidades esqueléticas dento-faciais consistem nas condições em que as relações das bases ósseas, maxilares e mandibulares, fogem à normalidade, trazendo consequências oclusais e também estéticas, uma vez que, dependendo do grau, essas deformidades alteram a harmonia facial. Podem ocorrer nas três dimensões, ou seja, as deformidades podem ser verticais, transversas ou ântero-posteriores, acompanhadas ou não de assimetrias entre os lados direito e esquerdo da face. Angle, descreveu a relação ântero-posterior entre as bases ósseas e as classificou da seguinte maneira: -Oclusão classe I: a cúspide mésio vestibular o primeiro molar permanente maxilar oclui com o sulco vestibular o primeiro molar permanente mandibular. -Oclusão classe II: o primeiro molar permanente superior oclui mais anterior ou o primeiro molar permanente inferior mais posterior, em relação a posição de classe I. -Oclusão classe III: o primeiro molar permanente superior oclui mais posterior ou o primeiro molar permanente inferior mais anterior, em relação a posição de classe I. Dessa forma, em pacientes que apresentam a oclusão classe II ou III, as deformidades faciais são mais evidenciadas, além da funcionalidade que também é acometida, uma vez que a relação entre os molares foge a normalidade. Pacientes classe I, em casos de má oclusão, a relação molar é normal, existindo problemas no alinhamento dentário, como apinhamentos e diastemas, na maioria das vezes na região anterior. Além dessa classificação ortodôntica de Angle, as relações dentárias também podem ser classificadas em: -overjet : Também conhecido como sobremordida horizontal, descreve a relação ântero-posterior das bases através da análise da distância horizontal que os incisivos superiores estão à frente ou atrás (overjet negativo) dos incisivos inferiores. -overbite: Também conhecido como sobremordida vertical, descreve o quanto os incisivos centrais superiores recobrem (sobrepõe) os incisivos inferiores. O overbite também pode ser negativo quando os incisivos superiores não sobrepõem os inferiores, sendo chamado de mordida aberta. 5 2.2 Avaliação clínica facial - análise facial São as características faciais que determinam a decisão de se operar um paciente com deformidades dentofaciais (mandibular, maxilar ou na relação entre as bases ósseas), uma vez que para a estética facial ser considerada satisfatória, ela precisa ser harmônica e relativamente simétrica. A análise clínica facial é muito relevante para o diagnóstico e para o plano de tratamento dos pacientes. Dessa forma, alguns critérios precisam ser adotados para que se obtenha uma análise cautelosa das assimetrias faciais, são eles: Postura do paciente: A avaliação deve ser feita com o paciente em pé, ereto, pupilas voltadas para o horizonte e a musculatura facial relaxada. Deve-se evitar posições compensatórias reproduzíveis pelos pacientes, principalmente na região perioral (ao redor da boca.). Harmonia facial: Para que uma face seja considerada harmônica é preciso que haja proporcionalidade entre os terços superior, médio e inferior. O terço superior é a região que vai desde a inserção do couro cabeludo na região frontal até a glabela. Este é o terço da face que costuma apresentar mais variações, no entanto a cirurgia ortognática não se propõe a tratar deformidades cranianas. O terço médio é a região que vai desde a glabela até a columela nasal. O terço inferior se inicia na porção inferior da columela nasal e se estende até a parte inferior da região mentoniana. Simetria facial: A simetria facial compara setores da face do lado direito com os do lado esquerdo ( As regiões contralaterais devem ser semelhantes visualmente). Vale ressaltar que nenhum paciente possui os dois lados da face idênticos, mas assimetrias muito marcantes devem ser avaliadas e observadas quanto ao seu impacto estético. 6 Avaliação clínica frontal: O paciente, na maioria das vezes, se vê de frente. Por conta disso, deve-se dar maior atenção às assimetrias faciais e as deformidades transversas da face. Em pessoas com padrões ósseos considerados normais, a parte inferior da íris está alinhada com a pálpebra inferior, enquanto em pacientes com deficiência maxilar ântero-posterior pode haver exposição excessiva da esclerótica, ou seja, a esclera que está localizada logo abaixo da íris fica mais exposta. As projeções malar e paranasal são indicativos de deficiência ou excesso maxilar. A medida da base nasal deve estar próxima a medida correspondente entre o canto interno dos olhos. O alargamento dessa base nasal - salvo características raciais - pode ser um indicativo de excesso maxilar e o contrário, seu estreitamento, o indicativo de deficiência maxilar. Os preenchimentos dos sulcos nasogenianos e da região do lábio superior tem relação direta com a posição anteroposterior da maxila. A distância interlabial é uma representação vertical. Seus valores de normalidade entre os homens variam de 0-3mm e nas mulheres de 0-4mm. Essa distância aumentada ou diminuída é representativa de uma deformidade vertical. O sorriso avaliado separadamente não é um bom parâmetro para diagnóstico de deformidades verticais, uma vez que a linha do sorriso não é definida somente pela posição vertical da maxila, mas também pelo comprimento do lábio superior (+/- 22mm), forma do lábio, tamanho das coroas clínicase a inserção da musculatura que participa do sorriso. Dessa forma, o paciente pode ter sorriso gengival sem ter excesso vertical de maxila. Avaliação de perfil: O paciente deve estar de perfil, em pé e olhando para o horizonte. Nesta visão, serão avaliadas, principalmente, as deformidades ântero-posteriores. A projeção do globo ocular deve estar alinhada aos tecidos moles infra-orbitários. Nas retrusões maxilares, os globos oculares parecem estar projetados, como se fossem sair das órbitas, além disso, a convexidade das regiões zigomáticas e paranasais apresentam-se achatadas/planas. O ângulo nasolabial está obtusos ( >90°) em casos de retrusões maxilares, assim como o dorso e o ápice nasal estão para baixo. Na retrusão mandibular, a região submentoniana e o ângulo cervical estão mal definidos e no excesso mandibular o ângulo se encontra longo e menor que 90°. Avaliação intrabucal: Por meio desta, o cirurgião avalia o estado de saúde bucal do paciente, a condição periodontal, os tecidos moles adjacentes (tamanho e postura da língua) e o padrão oclusal do paciente. 7 Avaliação das articulações temporomandibulares (ATM) Nesta etapa é avaliado se o paciente apresenta alguma disfunção nas articulações (DTMs), os movimentos mandibulares e o grau de abertura da boca. A cirurgia ortognática não produz disfunções na ATM, no entanto não garante que problemas preexistentes sejam resolvidos. 2.3 Análise do modelo de gesso: O diagnóstico nos modelos de gesso quanto à necessidade de expansão ou contração dos arcos dentários é importante para definir se esses movimentos serão realizados somente ortodonticamente ou cirurgicamente. Numa fase inicial, com o modelo de gesso, determina-se o padrão de oclusão classe I, II ou III e magnitudes de overjet e overbite. Em uma vista oclusal, pode-se avaliar a forma dos arcos, o número de dentes, a anatomia dos dentes e suas posições no arco. Com o mesmo modelo também é possível analisar a curva de Spee, a discrepância de Nance e a análise de Bolton. Além disso, avalia-se, no modelo de gesso, os problemas transversos. Problemas transversos relativos: A maioria dos ortodontistas concorda com que os problemas transversos até 4mm podem ser resolvidos apenas ortodonticamente; Os problemas transversos maiores que 4 mm e menores que 7 mm, em média, podem ser tratados concomitantemente com cirurgia para corrigir problemas ântero-posteriores na maxila. Já os problemas transversos maiores que 7 mm devem ser corrigidos com expansão cirúrgica ortodonticamente assistida antes da correção dos problemas ântero-posteriores ou verticais, pois alguns tecidos moles não possuem elasticidade para aceitar expansões maiores que 7 mm (ex: mucosa palatina). Dessa forma, se o paciente apresentar problemas transversos severos juntamente com problemas verticais e/ou ântero-posteriores, ele deve ser submetido a dois tempos cirúrgicos, um para correção do problema transverso e outro para os problemas verticais e ântero-posteriores. 2.4 Avaliação radiográfica e cefalométrica Os exames de imagem são pedidos em pelo menos três etapas diferentes do tratamento orto-cirúrgico. 1° etapa:diagnóstico: São realizadas radiografias periapicais (analisar o aspecto de cada dente individualmente, se há presença de cáries, lesões endodônticas e/ou periodontais); radiografia panorâmica (visualização mais ampla da arcada e das estruturas vizinhas); radiografia cefalométrica de perfil (serão realizados os traçados 8 cefalométricos, medidas de tecido mole e suas relações dentárias e esqueléticas); radiografia cefalométrica em p.a. 2° etapa: planejamento pré-cirúrgico: Nesta etapa, geralmente, são solicitadas radiografias panorâmicas e cefalométricas de perfil. Na panorâmica o profissional vai avaliar as estruturas importantes para sua osteotomia, já na cefalométrica vai ser realizado um traçado preditivo que dará uma reprodução e visualização da cirurgia realizada. 3° etapa: Pós-operatório: Serão realizadas radiografias panorâmica e cefalométrica de perfil para comparação com as anteriores, superposição de traçados para se observar osteotomias, a estabilidade da técnica e se os resultados estão próximos do planejados. Além disso, é sugerido que seja feito radiografias de controle pós-operatório com 10 dias, 90 dias e anuais até 5 anos de controle. Cefalometria: O traçado cefalométrico consiste na reprodução em papel transparente (acetato) de estruturas anatômicas e pontos cefalométricos visualizados nas radiografias cefalométricas de perfil que, por meio de algumas medidas, ajudarão para decidir qual dos maxilares, ou se ambos apresentam deformidades, avaliar a magnitude dos movimentos da maxila e da mandíbula e também para oferecer parâmetros para recolocação dos dentes nas bases ósseas durante o tratamento ortodôntico. Alguns pontos são de grande importância na análise cefalométrica e os que mais comumente fazem parte dessa análise são: Ponto S (centro la sela túrcica); Ponto N(parte anterior da sutura frontonasal); Ponto A(parte mais profunda da concavidade subespinhal no limite entre a base óssea e a parte mais alveolar da mandíbula); Ponto B(parte mais profunda da concavidade supra mentoniana entre a base óssea e a parte mais alveolar da mandíbula); Ponto Pg(parte mais anterior da curvatura mentoniana); Ponto Gn(partes mais inferiores e posteriores da curvatura mentoniana); Ponto Me(união das linhas da borda inferior da mandíbula com o contorno lingual da sínfise mentoniana). Alguns exemplos do uso da cefalometria é na avaliação anteroposterior da maxila através do ângulo SNA que em situações normais é 82° +/-2. Onde se o valor encontrado for 80° é indicativo de retrusão maxilar e valores superiores a 84° indicativos de excesso ântero-posterior maxilar. Já o ângulo SNB avalia a relação ântero-posterior da mandíbula e o seu valor em situações de normalidade é 80° +/-2. O ângulo ANB avalia a relação ântero-posterior da maxila com a mandíbula e tem como valor normal 2° +/-2. Ângulos maiores que 4° retrusão mandibular ou excesso maxilar e ângulos menores do que 0° indicam retrusão maxilar ou excesso mandibular. Além disso, utiliza-se a cefalometria de perfil para analisar as proporções faciais. 9 2.5 Deformidades maxilares Deficiência ântero-posterior: As características clínicas de pacientes que apresentam essa deformidade consistem em achatamento da região malar e paranasal, projeção exagerada do globo ocular, ângulo nasolabial obtuso, base nasal afilada e má definição do sulco naso-lábio-geniano. No exame intra-oral é possível observar deformidade oclusal do tipo classe III. O tratamento para esse tipo de deformidade é o avanço total da maxila. Caso o avanço seja superior a 8mm opta-se pela colocação de enxertos ósseos ou pela realização de uma cirurgia combinada onde há um avanço maxilar associada a um recuo mandibular (técnica da osteotomia vertical ou sagital do ramo). As cirurgias combinadas aumenta a estabilidade da cirurgia, minimiza os riscos de recidiva e elimina a necessidade de enxertos. Excesso ântero-posterior: Pacientes que apresentam essa deformidade caracterizam-se por possuírem oclusão do tipo classe II. As características clínicas desses pacientes são projeção exagerada da região malar e paranasal, ângulo nasolabial agudo e lábio superior bem projetado. O tratamento cirúrgico para esses casos pode ser o recuo maxilar total através da osteotomia Lefort I ou apenas uma osteotomia anterior da maxila, com remoção de dois pré-molares. Deformidades verticais da maxila: -Deficiência vertical: Esses pacientes apresentam como característica a aparência de “face envelhecida” com o sulco nasolabial acentuado e deficiência na exposição dos incisivos superiores. O tipo de maloclusão associada, geralmente é a classe III. Esse tipo de deformação pode estar associada a perdasdentárias precoce em que houve extrema atrofia óssea. O tratamento de eleição é a osteotomia de maxila com interposição de enxerto ósseo autógeno (o mais utilizado é o enxerto da crista ilíaca) -Excesso vertical: Os pacientes apresenta um aspecto de face alongada. Uma característica muito marcante é o excesso de exposição dos incisivos superiores em repouso e um aspecto de “sorriso gengival” durante o sorriso. O tipo de maloclusão mais frequentemente associada é a mordida aberta anterior, mas em algumas situações o paciente apresenta-se com uma oclusão tipo I de Angle. O tratamento de escolha é a osteotomia do tipo Lefort I com reposição superior da maxila. A ostectomia necessária para corrigir o excesso vertical da maxila é medida a partir da análise facial e da exposição dos incisivos em repouso. -Deformidades transversais: Pode-se apresentar como excesso ou deficiência transversa. O excesso transversal da maxila é uma deformidade rara que se apresenta na forma de mordida cruzada bucal superior. O tratamento para esses casos é a ostectomia mediana da maxila 10 A deficiência transversal da maxila só apresenta características estéticas quando associadas a deformidades ântero-posteriores. As maloclusões associadas pode ser do tipo classe I, II ou III e sempre está presente a mordida cruzada lingual superior. O tratamento para esses casos é a osteotomia total do tipo Lefort I associada a osteotomia da linha média para realização da expansão maxilar. Em casos de atresia maxilar, para o tratamento realiza-se a osteotomia Lefort I associada a osteotomia da linha média. A expansão é obtida pela utilização de um aparelho ortodôntico expansor. 2.6 Deformidades mandibulares Excesso ântero-posterior: Pacientes com esta condição, apresentam na análise do exame facial projeção exagerada do terço inferior da face e lábio inferior muito à frente do lábio superior. Na vista de perfil o comprimento da região submentoniana está aumentado, sendo o ângulo cervical de aproximadamente 90°. Além disso, no exame intra-oral se observa a oclusão do tipo classe III. Na análise cefalométrica aparece um ângulo SNB maior que 80° e um ângulo ANB negativo. Clinicamente observa-se a retroinclinação ou verticalização dos incisivos inferiores, assim o ângulo formado pelos incisivos inferiores com a linha NB apresenta-se diminuído. Um tratamento de escolha é o recuo mandibular, que pode ser obtido pela técnica de osteotomia vertical do ramo. Deficiência Ântero-posterior: Na análise facial, observa-se mínima projeção da mandíbula e tecidos moles adjacentes e o lábio inferior apresenta-se retraído em relação ao lábio superior. Mostra uma região submentoniana curto e um ângulo cervical obtuso (ângulo aberto). Em exame intra-oral aparece oclusão do tipo classe II. Em Análise cefalométrica mostra um ângulo SNB menor que 80° e o ângulo ANB maior que 4°. O tratamento indicado para esta deformidade é o avanço total da mandíbula pela técnica de osteotomia sagital do ramo. 2.7 Técnicas Cirúrgicas De acordo com o diagnóstico clínico, do tipo de deformidade esquelética e do plano de tratamento, as técnicas cirúrgicas podem ser realizadas na maxila e/ou mandíbula. As principais técnicas cirúrgicas maxilares e mandibulares utilizadas em cirurgia ortognática são: Osteotomias Maxilares e Osteotomias Mandibulares. 11 2.7.1.OSTEOTOMIAS MAXILARES: -Osteotomia Segmentar Anterior da Maxila: Está é uma técnica praticamente em desuso e com indicações limitadas apenas as protrusões maxilares. Podendo ser utilizado para correções cirúrgicas de protrusões maxilares severas que envolvem o segmento maxilar anterior, realizando a extração de um pré-molar de cada lado(primeiros ou segundos) e retraindo cirurgicamente o do segmento anterior da Maxila. Está técnica caiu em desuso devido ao fato de que o procedimento pode ser realizado apenas com intervenção ortodôntica, eliminando a necessidade de intervenção cirúrgica. -Osteotomia Segmentar Posterior da Maxila: Com a perda dos dentes posteriores da Maxila sem a reabilitação oclusal imediata, ocorre geralmente, a extrusão parcial dos dentes antagonistas, ocasionando assim uma diferenciação na curva de Spee. O que impossibilita a reabilitação devido a perda do espaço protético. Está técnica cirúrgica possibilita recuperar a dimensão vertical de oclusão que tenha sido perdida pela extrusão do segmento dentoalveolar posterior da maxila. E também quando se deseja fechar um espaço edêntulo por meio de avanço cirúrgico desse segmento. Por tanto, esta é uma das cirurgias que estão mais associadas ao tratamento cirúrgico com finalidade de reabilitação protética. -Osteotomia Total Maxilar: Consiste na separação da Maxila dos ossos que formam o esqueleto fixo da face, esta técnica é conhecida também como osteotomia do tipo Le Fort I. A osteotomia de Le Fort I utilizada para a correção de deformidade dentofacial vem se aperfeiçoando a décadas, desde 1927, sendo hoje um procedimento versátil, seguro e previsível. Grande parte dos avanços da técnica provém do estudo da revascularização maxilar, descrito por William H. Bell. A técnica cirúrgica inicia-se por meio de incisão em fundo de vestíbulo maxilar, se estendendo de região de primeiro molar de um lado até a mesma região do lado oposto. A incisão não deve se estender além desta região de primeiros molares, para que não haja prejuízo a vascularização da Maxila. Após isso, para desinserir todo o muco-periósteo, que recobre a parte anterior e lateral da Maxila e mucosa nasal, utiliza-se um descolador de periósteo. A mucosa da região posterior ao primeiro molar é desinserida por tunelização subperiosteal da região. A linha da osteotomia lateral da Maxila deve se estender da abertura piriforme até o pilar zigomático Maxilar, devendo ser mantido um mínimo de 4mm de osso acima 12 dos ápices dos dentes no caso de pacientes dentados. Esta osteotomia é realizada com serra recíproca ou instrumento rotatório e broca carbide 702. A parede posterior ao pilar zigomático é osteomizada com osteótomo fino tipo "espátula", já a separação do septo nasal ocorre com osteótomo contendo guias e a junção do processo pterigóide com a tuberosidade maxilar é separada com osteótomo curvo. A Maxila é então fraturada interiormente (down-fracture), mobilizada e reposicionada na posição planejada no pré-operatório. A sua fixação, assim que estiver posicionada corretamente, pode ser por suspensões esqueléticas, osteossíntese a fio de aço ou preferencialmente a fixação rígida por meio de miniplacas. O tempo médio requerido para a consolidação de uma osteotomia Maxilar é de quatro semanas. Sem segmentação: A Osteotomias do tipo Le Fort I será realizada sem segmentação quando for possível obter coordenação dentária adequada entre os arcos superior e inferior, realizando o movimento maxilar desejado. Em dois segmentos: A Maxila em dois segmentos está indicada quando se observa a necessidade de contração ou expansão do arco superior. Sendo realizada lateralmente à linha média, após o down-fracture. Em três segmentos:Está indicada nos casos de nivelamento das curvas de Doer acentuadas que não são possíveis de serem realizados apenas com mecânica ortodôntica. Em quatro segmentos:Indica-se nos casos em que há necessidade de nivelamento e expansão nas regiões anteriores e posteriores da Maxila. As Osteotomias em mais de quatro segmentos estão contra indicadas devido a possibilidade de necrose asséptica da Maxila. . 2.7.2.OSTEOTOMIAS MANDIBULARES As osteotomias podem ser realizadas no corpo ou no ramo da mandíbula. Faz-se necessário a realização de cirurgia com osteotomia nas deformidades mandibulares, para melhor posicionamento oclusal e cefalométrico do terço inferior da face. -Osteotomia Subapical Anterior Utiliza-se para retrusão e nivelamento da curvade spee do segmento anterior da mandíbula. Nestes casos, os primeiros ou segundos molares são extraídos e os 13 espaços edêntulos fechados cirurgicamente. Para casos de fechamento de espaços protéticos remove-se uma faixa de osso edêntula bilateralmente na mandíbula e retrai-se o fragmento anterior mandibular. -Osteotomia Subapical Posterior Foi utilizada no passado para o fechamento dos espaços protéticos na região posterior da mandíbula. Nos dias atuais esta técnica está em desuso. Utiliza-se mecânica endodôntica, confecção de prótese convencional ou colocação de prótese sobre implantes osteointegrados, para o fechamento dos espaços edêntulos posteriores. -Mentoplastia (Osteotomia Basilar da Mandíbula) São, na maioria das vezes, procedimentos cirúrgicos adicionais nas osteotomias maxilares e/ou mandibulares, para a correção de deformidades dentofaciais, com o objetivo de harmonizar a posição mento do paciente com o restante da face, tornando ainda melhores os resultados estéticos obtidos pela cirurgia ortognática. As mentoplastias podem ser realizadas para movimento Ântero-posteriores, verticais e transversos. As osteotomias devem ser realizadas respeitando-se os ápices dentais inferiores e o nervo mentoniano. A magnitude possível para os avanços ou recuos sem a utilização de enxertos ósseos corresponde a dimensão ântero-posterior da sínfise, que é em média 11mm. 14 -Osteotomias do Ramo Mandibular Podem ser realizadas pelas técnicas sagital, vertical ou osteotomia em L invertido. -Osteotomia Sagital do Ramo É um procedimento cirúrgico muito utilizado em cirurgia ortognática para avanços e recuos mandibulares. Ela oferece uma ampla área de contato entre os segmentos ósseos, o que permite melhor estabilidade durante a aplicação da fixação rígida, além de melhorar a cicatrização óssea. Sua indicação mais frequente é no tratamento cirúrgico de deficiências mandibulares, em que é usada para avanços mandibulares. Esta técnica também pode ser indicada para a correção de prognatismo mandibulares e, sendo utilizada para o recuo mandibular. A principal desvantagem desta técnica é a incidência de distúrbios neurossensoriais, relacionada ao nervo alveolar inferior, que variam desde uma diminuição temporária da sensibilidade do lábio inferior, gengiva e mento do lado operado, até uma anestesia permanente dessas regiões. Para a realização da osteotomia sagital é necessário que os terceiros molares sejam removidos pelo menos seis meses antes da cirurgia. Este procedimento visa a proporcionar maior quantidade de osso e melhor área de contato ósseo na região osteotimizada, minimizar o risco de fraturas indesejáveis durante a realização da osteotomia e facilitar a colocação de fixação interna rígida. -Osteotomia Vertical do Ramo Esta técnica é utilizada para recuos mandibulares. Inicialmente era realizada por via cutânea, mas atualmente vem sendo feita por via intra-oral. A osteotomia vertical intrabucal do ramo possui diversas vantagens, mais como: rapidez de sua 15 realização, quando comparada a técnica sagital do ramo, audiência de síntese ósseas, o que diminui o custo cirúrgico, Redução do tempo cirúrgico, diminuindo a morbidade e o edema no pós operatório, e menor incidência de alterações neurossensoriais do nervo alveolar inferior, quando comparada a técnica sagital do ramo. A principal desvantagem desta técnica é a necessidade de bloqueio maxilomandibular, devido a não utilização de sínteses ósseas, o que faz com que seja necessário a imobilização dos maxilares para assegurar uma consolidação adequada das osteotomias. Esta técnica permite recuos de até 8mm. -Osteotomia em L Invertido A principal indicação desta técnica é para os grandes recuos mandibulares (acima de 10mm). A via de acesso deve ser transcutânea, utilizando-se para isto o acesso submandibular ou acesso de Risdon. Esta técnica também pode ser utilizada para avanços mandibulares, se enxertos ósseos forem colocados entre as partes osteotomizadas. 16 -Cirurgias Maxilares e Mandibulares Combinadas Alguns pacientes apresentam deformidades combinadas, isto é, com altercações tanto na maxila quanto na mandíbula, principalmente quando a magnitude da discrepância entre os maxilares é exagerada. Nesses casos está indicada a associação das técnicas cirúrgicas anteriormente mencionadas. Para isto é necessário um correto planejamento, avaliando as características clínicas e cefalométricas dos pacientes. As cirurgias combinadas, apesar de aumentarem o tempo cirúrgico e a área a ser operada, tem como grande vantagem uma maior estabilidade e menor risco de recidiva provocada pela tensão muscular exagerada quando um único maxilar é operado. 2.8 Relação ortodôntica e cirúrgica A cirurgia ortognática consiste em um tratamento que não se resume somente no ato cirúrgico, em alguns casos ela requer um trabalho de preparação prévia onde está incluído o tratamento ortodôntico, que apresenta duração variável de 18-24 meses. Além disso, após o ato cirúrgico pode ser necessário o seguimento do tratamento ortodôntico para os ajustes finais. Um exemplo dessa interação são em casos que para evitar as segmentações Maxilares, sempre que possível, deve-se buscar o melhor preparo ortodôntico, pois, além de simplificar a técnica cirúrgica, diminui as chances de complicações isquêmicas da Maxila no pós-operatório. Dessa maneira, conseguimos perceber que há uma grande interação entre as especialidades de ortodontia e cirurgia quando se trata de pacientes que vão realizar a cirurgia ortognática, devido a sua alta complexidade. 17 3.CONCLUSÃO A partir das informações apresentadas neste trabalho, é notória a complexidade da terapia através da cirurgia ortognática. No entanto, esta opção terapêutica, tem a capacidade de proporcionar, aos pacientes que possuem deformidades dento-alveolares, a harmonia facial e a correção da queixa funcional. Dessa forma, conclui-se que os benefícios para a qualidade de vida do paciente são significativos, contando com o aumento da auto estima e as mudanças do convívio em sociedade. 18 4.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Prado, Roberto; Salim, Martha Alayde Alcantara. Cirurgia Bucomaxilofacial: Diagnóstico e Tratamento. 1º edição. Editora Guanabara Koogan, 2004 Nóia, C. F. et al. Influência da cirurgia ortognática na harmonia facial: Série de casos. Rev. Cir. Traumatol. 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