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HAM - Habilidades e Atitudes Médicas Tirsa Melo Dias - 1º período FASAI @tirsameloo -------------------------------------------------------------------------------------------------- - Relação médico-paciente - O trabalho do médico vai muito além de oferecer o diagnóstico e tratamento. As competências técnicas devem estar lado a lado com as habilidades fundamentais para o exercício da profissão. Um exemplo disso é a comunicação e empatia. Princípios do aprendizado da relação médico-paciente: > Considerar acima de tudo a condição humana do paciente: No relacionamento estudante- paciente, a primeira manifestação do estudante deve ser de empatia e de interesse pelo doente. O paciente deve ser tratado humanamente e jamais como simples caso a ocupar um leito numerado; deve ser chamado respeitosamente por seu nome próprio, antecedido de Sr. ou Sra. quando se tratar de um adulto. O estudante deve lembrar- se de que o paciente é alguém muito importante para a própria família, que depende dele ou que espera por ele e deseja vê- lo recuperado. > Ter cuidado com as palavras e as atitudes: Nos hospitais universitários, costuma- se discutir os casos clínicos à beira do leito ou nas salas de consultas dos ambulatórios. Isso ainda faz parte da dinâmica do trabalho dessas instituições em função da necessidade de ministrar ensino prático aos estudantes de medicina. Por menos que pareça, os pacientes estão sempre muito atentos a tudo o que se fala sobre eles, principalmente nos casos mais graves. Comentários inadequados, expressões que traduzam possíveis diagnósticos de doenças malignas ou incuráveis e prognósticos pessimistas podem ser fonte de ansiedade e sofrimento psíquico que aumentam o padecimento do paciente. > Todo paciente deve merecer a mesma atenção: É frequente o estudante entusiasmar -se com casos raros, difíceis e complicados, menosprezando aqueles mais simples com os quais está em contato diariamente. Todo paciente deve merecer a mesma atenção, por mais banal que seja seu caso. Para ele, o seu problema é o mais importante de todos e merece consideração séria por parte do médico. O paciente está sempre receoso de que tenha uma doença grave, e é dever do médico tranquilizá- lo. > Disposição para ouvir: Ao obter a história clínica, é preciso demonstrar disposição para ouvir. Deixar o paciente falar à vontade, interrompendo- o o mínimo possível, apenas quando estritamente necessário. É importante que o paciente externe tudo o que o preocupa ou aborrece, mesmo que, aparentemente, não tenha relação direta com a doença que se procura diagnosticar. Nunca se deve interromper o paciente com observações como estas: “Isso não interessa”, “Só responda ao que eu perguntar” e outras semelhantes. Durante as entrevistas, o estudante deve esforçar- se ao máximo para interessar -se realmente pelo que lhe diz o paciente, procurando, depois, ordenar os dados fornecidos e fazer indagações complementares que forem necessárias. > Saber como dirigir -se aos pacientes: Ao dirigir- se ao paciente, deverá o estudante mostrar -se educado no falar e no agir. Em vez de ordenar, usar sempre “por favor”. Ao realizar o exame físico, evitar ferir o pudor do paciente. Em nenhuma hipótese, o paciente deverá ser hostilizado ou obrigado a se submeter a exames ou procedimentos pelo simples fato de estar em um ambiente de ensino ou hospital- escola. O procedimento médico, diante de certas atitudes agressivas do paciente, deve ser de compreensão e tolerância. Há pacientes que estão sempre gratos ao médico, por menos que este tenha feito em seu benefício. Há outros que estarão sempre revoltados e insatisfeitos, por mais que se faça em seu favor. O estudante deve colocar- se em uma posição equânime e tratar ambos com bondade e compreensão. > Conhecer os limites em que pode atuar: Embora o estudante de medicina esteja legalmente impedido de executar qualquer ato médico, no hospital de ensino ele recebe a incumbência de realizar, sob supervisão docente, tarefas de crescente complexidade, que culminam no período do internato, com desempenho de todas as atividades inerentes ao exercício da profissão médica. Assim como um menor não responde pelos seus atos perante a lei, também o estudante de medicina não é responsável pelos atos médicos que pratica Tirsa Melo Dias - 1º período FASAI @tirsameloo -------------------------------------------------------------------------------------------------- > Deveres fundamentais: O estudante deve, desde logo, aprender a cultivar dois preceitos considerados deveres fundamentais do médico: guardar absoluto respeito pela vida humana e exercer seu mister com dignidade e consciência. O primeiro deles é, do ponto de vista filosófico, a condição primeira da existência da medicina como arte e como ciência de curar. Não há condição alguma nem situação capaz de justificar a quebra desse princípio. A missão do médico é a de preservar a vida e a saúde, sendo individualmente responsável por qualquer conduta que possa causar dano à integridade ou à vida de uma pessoa. O médico jamais deve contribuir direta ou indiretamente, por ação ou omissão, para abreviar a duração de uma vida entregue aos seus cuidados. O segundo preceito manda exercer a profissão com dignidade e consciência. As palavras dignidade e consciência pressupõem o reconhecimento e a aceitação de padrões éticos de comportamento, tais como distinção entre o bem e o mal, retidão de caráter, honestidade de propósitos, desejo de servir ao próximo e à comunidade, busca incessante de aperfeiçoamento técnico e moral. Tudo o que contribui para enfraquecer o caráter ou destruir a personalidade torna a pessoa incompatível com o exercício da medicina, como, por exemplo, o uso de drogas, o alcoolismo e todos os desvios patológicos do comportamento humano > Aprimoramento contínuo: É necessário ainda o aprimoramento constante por meio do estudo continuado. O que se aprende durante o curso médico é, na realidade, muito pouco em face da extensão e da contínua evolução da medicina. O objetivo principal das escolas médicas deve ser o de criar no estudante o hábito do estudo, a curiosidade científica, o espírito de observação, o desejo de aprender, dando- lhe a base necessária para que possa desenvolver todas as suas potencialidades no futuro. Estudar deve ser um hábito de todo médico, para que ele não se veja ultrapassado e se mantenha atualizado, eficiente e útil à comunidade e ao seu tempo. > Compromisso fundamental: O estudante deve recordar- se de que decidiu dedicar toda a sua vida à saúde do próximo. A menos que abandone a profissão, estará, para o resto de sua vida, a serviço de seus semelhantes, qualquer que seja a especialidade ou o local de trabalho que escolher. - Ética médica - A Ética Médica diz respeito aos aspectos comportamentais que um médico deve adotar no exercício de sua profissão. Ao passo que traz elementos normativos, regulando as condutas, prescrevendo possíveis sanções – penalidades – para o descumprimento destas, a Ética Médica também tem uma perspectiva principiológica, que exige do profissional da medicina uma visão humanística das relações que estabelece com seus pacientes, familiares dos pacientes e até mesmo colegas de profissão. Na prática, reflete-se como o dever de máximo respeito ao paciente e ao exercício da medicina. - Anamnese - Entrevista é uma técnica de trabalho comum às atividades profissionais que exigem o relacionamento direto do profissional com sua clientela, como é o caso do repórter, do assistente social, do psicólogo, do enfermeiro, do nutricionista, do cirurgião dentista e do médico. A entrevista, em sentido lato, pode ser definida como um processo social de interação de duas ou mais pessoas que se desenvolve diante de uma situação que exige necessariamente um ambiente no qual as pessoas interajam. A situação apresenta elementos de orientação para a ação das pessoas envolvidas na entrevista, quais sejam os objetos físicos (o local de trabalho,os instrumentos), os objetos culturais (os conhecimentos prévios, os valores, as crenças) e os objetos sociais (as pessoas envolvidas na entrevista). A entrevista no exercício das profissões da saúde é um processo social de interação profissional -paciente (e/ou seu acompanhante), diante de uma situação que envolve um ou mais problemas de saúde. Tirsa Melo Dias - 1º período FASAI @tirsameloo -------------------------------------------------------------------------------------------------- A entrevista no exercício das profissões da saúde é um processo social de interação profissional- paciente (e/ou seu acompanha iniciativa da consulta, regra geral, cabe ao paciente, que, ao sentir- se convicto de que algo não está bem consigo, decide procurar o profissional de saúde (médico, odontólogo, psicólogo, nutricionista) para confirmar ou não a sua situação. Se a iniciativa cabe ao paciente, sua plena execução cabe ao médico ou a outro profissional de saúde ou mesmo a equipe multidisciplinar, conforme o caso requerer. - Exame clínico - O exame clínico tem papel especial em três pontos cruciais da prática médica ou de outra profissão na área da saúde: ◗ Estabelecer uma boa relação médico- paciente ◗ Formular hipóteses diagnósticas (raciocínio clínico) ◗ Tomar decisões. A iniciação ao exame clínico tem suas bases em alguns procedimentos que constituem o método clínico São eles: ◗ Entrevista ◗ Inspeção◗ Palpação ◗ Percussão◗ Ausculta ◗ Uso de alguns instrumentos e aparelhos simples. A aferição do peso e da altura é um componente importante do método clinico, pois indica o estado nutricional do paciente e consequentemente sua evolução ao longo da doença. Nos ambientes hospitalares e ambulatoriais ocorrem casos de desnutrição ou risco nutricional, os quais, muitas vezes, não são avaliados. O quadro nutricional do paciente é um importante aspecto na formulação de hipóteses diagnósticas e na tomada decisões, portanto não pode ser esquecido - Lavagem de mãos - Retirar anéis, pulseiras, relógios Abrir a torneira e molhar as mãos sem encostar na pia Colocar nas mãos aproximadamente 3 a 5 ml de sabão. O sabão de preferência deve ser, líquido e hipoalergênico Ensaboar as mãos friccionando-as por aproximadamente 15 segundos Friccionar a palma, o dorso das mãos com movimentos circulares, espaços interdigitais, articulações, polegar e extremidade dos dedos (o uso de escovas deverá ser feito com atenção) Os antebraços devem ser lavados cuidadosamente, também por 15 segundos Enxaguar as mãos e antebraço em água corrente abundante, retirando totalmente o resíduo de sabão A lavagem de mãos faz parte da rotina mais simples, eficaz, e de maior importância na prevenção e controle da disseminação de infecções, devendo ser praticada por toda equipe, sempre ao iniciar e ao término de uma tarefa. Técnicas de lavagem de mãos: Tirsa Melo Dias - 1º período FASAI @tirsameloo -------------------------------------------------------------------------------------------------- Enxaguar as mãos com papel toalha Fechar a torneira acionando o pedal, com o cotovelo ou utilizar o papel toalha; ou ainda, sem nenhum toque, se a torneira for fotoelétrica. Nunca use as mãos. - Exame físico geral - INSPEÇÃO: É a exploração feita a partir do sentido da visão. Investigam- se a superfície corporal e as partes mais acessíveis das cavidades em contato com o exterior. A inspeção começa no momento em que se entra em contato com o paciente realizando- se uma “inspeção geral”. A “inspeção direcionada” pode ser panorâmica ou localizada – pode ser efetuada a olho nu ou com auxílio de uma lupa. Raramente se emprega a inspeção panorâmica com visão do corpo inteiro; entretanto, para o reconhecimento das dismorfias ou dos distúrbios do desenvolvimento físico, é conveniente abranger, em uma visão de conjunto, todo o corpo. Mais empregada é a inspeção de segmentos corporais, e, a partir daí, deve -se fixar a atenção em áreas restritas. As lesões cutâneas tornam- se mais evidentes quando ampliadas por uma lupa que tenha capacidade de duplicar ou quadruplicar seu tamanho. A inspeção exige boa iluminação, exposição adequada da região a ser inspecionada e uso ocasional de determinados instrumentos (lupa, lanterna, otoscópio, oftalmoscópio e outros) para melhorar o campo de visão e ter em mente as características normais da área a ser examinada. PALPAÇÃO: A palpação frequentemente confirma pontos observados durante a inspeção. A palpação recolhe dados por meio do tato e da pressão. O tato fornece impressões sobre a parte mais superficial, e a pressão, sobre as mais profundas. Pela palpação percebem -se modificações de textura, temperatura, umidade, espessura, consistência, sensibilidade, volume, dureza, além da percepção de frêmito, elasticidade, reconhecimento de flutuação, crepitações, vibração, pulsação e verificação da presença de edema e inúmeros outros fenômenos que serão estudados no decorrer do curso. Por conveniência didática, é relacionado juntamente com os vários tipos de palpação outros procedimentos – vitropressão, puntipressão e fricção com algodão – que fogem um pouco do que se entende por palpação no sentido estrito. A técnica da palpação deve ser sistematizada, com a abordagem tranquila e gentil. O paciente fica tenso ao ser tocado bruscamente, dificultando o exame. Explique cada etapa do exame ao paciente e a maneira como ele pode cooperar. Recomenda -se que o examinador aqueça as mãos, friccionando uma contra a outra antes de iniciar qualquer palpação. A posição do examinador e do paciente depende das condições clínicas do paciente e do segmento corporal a ser palpado. Geralmente, o paciente fica em decúbito dorsal, e o examinador de pé, à direita do paciente. PERCUSSÃO: A percussão baseia- se no seguinte princípio: ao se golpear um ponto qualquer do corpo, originam- se vibrações que têm características próprias quanto à intensidade, ao timbre e à tonalidade, dependendo da estrutura anatômica percutida. Ao se fazer a percussão, observa- se não só o som obtido, mas também a resistência oferecida pela região golpeada. A técnica da percussão sofreu uma série de variações no decorrer dos tempos; hoje, usa- se basicamente a percussão direta e a percussão digitodigital, e, em situações especiais, a punho -percussão, a percussão com a borda da mão e a percussão tipo piparote. A percussão direta é realizada golpeando- se diretamente, com as pontas dos dedos, a região- alvo . Para tal, os dedos permanecem fletidos na tentativa de imitar a forma de martelo, e os movimentos de golpear são feitos pela articulação do punho. O golpe é seco e rápido, não se descuidando de levantar sem retardo a mão que percute. Essa técnica é utilizada na percussão do tórax do lactente e das regiões sinusais do adulto. A percussão digitodigital é executada golpeando- se com a borda ungueal do dedo médio ou do indicador da mão direita a superfície dorsal da segunda falange do dedo médio ou do indicador da outra mão. Ao dedo que golpeia designa-- se plexor, e o que recebe o golpe é o plexímetro. Tirsa Melo Dias - 1º período FASAI @tirsameloo -------------------------------------------------------------------------------------------------- Ambiente de ausculta Posição do paciente e do examinador Instrução do paciente de maneira adequada Escolha correta do receptor Aplicação correta do receptor AUSCULTA: A inclusão da ausculta com estetoscópio no exame clínico, na primeira metade do século 19, foi um dos maiores avanços da medicina, desde Hipócrates. Laennec construiu o aparelho protótipo, dando -lhe o nome de estetoscópio, da língua grega (sthetos = peito e skopeo = examinar). Em 1855, Camman, nos EUA, idealizou o estetoscópio biauricular flexível, fato responsável pela divulgação universal desse instrumento. A ausculta consiste em ouvir os sons produzidos pelo corpo. Em sua maioria, os ruídos corporais são muito suaves e devem ser canalizados através de um estetoscópiopara serem avaliados. Para uma boa ausculta, deve-se obedecer ás seguintes normas: - Fácies - É o conjunto de dados exibidos na face do paciente. Ou seja, é a resultante de elementos anatômicos associados à expressão fisionômica, que são a expressão do olhar, movimentação das assas do nariz e posição da boca. Fácies normal ou atípica: tem muitas variações, reconhecidas por todos. Fácies mixedematosa: rosto arredondado, nariz e lábios grossos, pele seca, espessada e com acentuação dos sulcos. Pálpebras infiltradas e enrugadas. Supercilios escassos e cabelos secos e sem brilho. Expressão de desanimo e apatia. Aparece no hipotireoidismo e mixedema (edema duro causado normalmente por hipotireoidismo prolongado). Fácies hipocrática: olhos fundos, parados e inexpressivos. Nariz se afila e costuma ter o batimento de suas asas. Lábios se tornam mais delgados e com uma discreta cianose labial. Rosto sempre com suor com palidez cutânea. Indica doença grave e e estados agônicos, como por exemplo, ascaqueixas. Fácies renal: edema ao redor dos olhos e palidez cutânea. Observada nas doenças renais, como síndrome nefrótica e na glomerulonefrite aguda Fácies leonina: pele espessa com grande número de lepromas (nódulo cutâneo da hanseníase), supercilios caem, nariz se espessa e se alarga. Os lábios se tornam mais grossos e proeminentes. Bochechas e mento se deformam pelo aparecimento de nódulos. Em homens, a barba se torna escassa ou desaparece. Suas lesões e alterações são característica por lesões de hanseníase. Fácies adenoidiana: nariz pequeno e afilado e boca sempre entreaberta. Aparece em indivíduos com hipertrofia das adenoides. Fácies parkinsoniana: cabeça inclinada para frente, olhar fixo, supercílios elevados, fronte enrugada que levam a uma expressão de espanto. Falta de expressividade facial. Observada na síndrome ou na doença de Parkinson. Fácies basedowiana: olhos são salientes (exoftalmia) e brilhantes, rosto magro e com um aspecto de espanto e ansiedade. Indica hipertireoidismo e apresenta bócio (aumento/inchaço da tireoide) Fácies acromegálica: saliência das arcadas supraorbitárias, proeminência das maçãs do rosto e maior desenvolvimento do maxilar inferior, além do aumento do tamanho do nariz, lábios e orelhas. Fácies cushingoide ou de lua cheia: arredondamento do rosto, com aparecimento de acne. Aparece em casos de Síndrome de Cushing por hiperfunção do córtex suprarrenal ou em pacientes com uso prolongado de corticosteroides. Fácies mongoloide: prega cutânea que torna os olhos oblíquos e distantes um dos outros. Rosto redondo, boca quase sempre entreaberta. Observada na síndrome de Down que é a trissomia 21 Tirsa Melo Dias - 1º período FASAI @tirsameloo -------------------------------------------------------------------------------------------------- Fácies de Depressão: olhos com pouco brilho e fixos, sulco nasolabial se acentua e canto da boca se rebaixa. O conjunto denota tristeza e sofrimento que é observada em transtornos depressivos. Fácies pseudobulbar: súbitas crises de choro ou riso, involuntárias, mas conscientes, que dão um aspecto espasmódico. Aparece na lesão pseudobulbar. Fácies da paralisia facial periférica: assimetria das faces, impossibilidade de fechar as pálpebras, repuxamento da boca para o lado. Fácies miastênica ou fácies de Hutchinson: ptose palpebral bilateral, que leva franzimento da testa e o levantamento da cabeça. Ocorre na miastenia grave. Fácies do deficiente mental: difícil descrição. Traços faciais grosseiros com boca constantemente aberta acompanhada ou não de salivação. Hipertelorismo e estrabismo são presentes. Olhar desprovido de objetivo e voz grave. Fácies etílica: olhos vermelhos, ruborização da face, hálito etílico, voz pastosa, etc. Fácies esclerodérmica: ou fácies de múmia, imobilidade facial pela pele se tornar apergaminhada, endurecida e aderente, com repuxamento dos lábios, afinamento do nariz e imobilização das pálpebras. Fácies tetânica: expressa sensação de dor permanente. - Sinais Vitais - Os Sinais vitais são medidas corporais básicas, essenciais para que o nosso corpo funcione bem. Essas medidas devem ser realizadas no atendimento pré-hospitalar, pois servem para estabelecer seus padrões basais, diagnosticar o início de uma possível enfermidade, acompanhar a evolução do paciente e orientar o melhor tratamento ao indivíduo. Principais sinais vitais: Temperatura- é a medida do calor do corpo, ou seja, o equilíbrio entre calor produzido e calor perdido. É considerado normal de 36.6 C a 37 C Frequência respiratória- é o número de respirações que uma pessoa realiza por minuto. Portanto, é importante verificar os valores de cada grupo antes de realizar qualquer registro. Os valores considerados normais, são: Mulher-18 a 20 mpm; Homem-16 a 18 mpm Criança-20 a 25 mpm Lactantes-30 a 40 mpm Pressão arterial- a pressão sanguínea é medida pela força do sangue que atua sobre as paredes das artérias, fazendo pressão sobre elas. Os valores normais em adultos, são: Pressão Sistólica-140X90mmHg Pressão Diastólica-90X60mmHg Frequência cardíaca- refere-se a quantidade de batidas do coração por minuto, podendo sofrer variação de acordo com a idade, esforço físico ou presença da doença cardíaca De 0 a 2 anos- entre 120 e 140 bpm Entre 8 e 17 anos- entre 80 e 100 bpm Adulto sedentário- entre 70 e 80 bpm Adultos praticantes de atividades físicas e idosos- entre 50 a 60 bpm Fatores que podem alterar os números dos sinais vitais: > Idade > Banhos > Estresse > Hormonal > Sono e repouso > Temperatura ambiental > Uso de medicamentos > Alimentação pesada > Exercícios físicos Tirsa Melo Dias - 1º período FASAI @tirsameloo -------------------------------------------------------------------------------------------------- - Semiologia do aparelho cardiovascular - Mediolíneos: cruzamento da linha hemiclavicular esquerda com o 5º espaço intercostal. Brevelíneos: desloca-se cerca de 2 cm para fora e para cima, no 4º espaço intercostal. Longilíneos: 6º espaço intercostal, 1 a 2 cm para dentro da linha hemclavicular. > Inspeção e palpação: Os seguintes parâmetros devem ser analisados durante a inspeção e palpação: > Abaulamento: Deve-se investigar com o paciente despido, de modo que o examinador faça a inspeção em região precordial em 2 incidências (tangencial e frontal). Pode haver presença de abaulamento no aneurisma de aorta, cardiomegalia, derrame pericárdico e cardiopatias congênitas. O ictus cordis é a pulsação do ápice do coração. Deve-se investigar localização, extensão, mobilidade, intensidade e tipo de impulsão, ritmo e frequência. A sua localização pode variar de acordo com o biotipo do paciente: Foco mitral: situa-se no 5º espaço intercostal (EIC) esquerdo na linha hemiclavicular e corresponde ao ictus cordis. Foco pulmonar: situa-se no 2º EIC esquerdo, junto ao esterno. Nesse espaço podemos avaliar desdobramentos da 2ª bulha cardíaca. COMORBIDADES ASSOCIADAS: o deslocamento do ictus cordis indica dilatação e/ou hipertrofia de ventrículo esquerdo, como ocorre na hipertensão arterial e insuficiência aórtica, por exemplo. No paciente hipertenso com comprometimento ventricular costuma ser um achado clássico o ictus cordis deslocado p/ 6º espaço intercostal e com caráter propulsivo. AVALIAÇÃO: o ictus deve ser avaliado quanto à sua extensão em polpas digitais e quanto à contração, podendo ser propulsivo quando a mão é levantada, um achado semiológico indicativo de hipertrofia. Batimentos ou movimentos Ainda na inspeção e palpação é possível avaliar áreas que possam apresentar batimentos visíveis ou palpáveis (retração sistólica, levantamento de massa em precórdio, pulsação epigástrica ou supresternal) COMORBIDADES ASSOCIADAS: podemos pensar em hipertrofia direita quando há retração sistólica apical (durante sístole há retração). Já em caso de hipertrofia do ventrículo direito pode ser percebido como uma área relativamentegrande próxima ao esterno. Frêmito cardiovascular É caracterizado como a sensação tátil determinada por vibrações produzidas no coração ou nos vasos. Em caso de presença de frêmito, deve-se investigar localização, situação do ciclo cardíaco e intensidade (avaliado em cruzes ++++/IV). Estão associados aos sopros. - Pontos de ausculta cardíaca - Esse sem dúvidas é um dos principais exames dentro da semiologia cardiovascular. Observe abaixo os principais focos da ausculta: Tirsa Melo Dias - 1º período FASAI @tirsameloo -------------------------------------------------------------------------------------------------- - Semiologia do aparelho respiratório - A semiologia do aparelho respiratório deve se guiar por dados já encontrados em outras etapas do exame físico, como anamnese, sinais vitais, cianose, peles e fâneros etc. A melhor posição para se avaliar o paciente é com este sentado, dado que serão avaliadas suas regiões anterior e posterior. Inspeção: Antes de tudo, deve-se solicitar que o paciente se sente e que retire sua camiseta, camisa ou qualquer tipo de tecido que dificulte o pleno acesso do examinador ao tórax. Isso é importante, pois dados com ausculta e percussão podem ser alterados caso o exame não seja feito diretamente no tórax. O exame do tórax se inicia por meio da inspeção estática. Avalia-se a presença de cicatrizes, lesões, abaulamentos, retrações e assimetrias. Também é avaliado o tipo de tórax do paciente, processo este eminentemente observacional, e para poder guiar o seu olhar, sugerimos que dê uma olhada nas imagens a seguir. Por meio da inspeção estática, podemos observar se o paciente utiliza musculatura acessória para respirar, como retração intercostal, de fúrcula esternal e supraclavicular. Uma vez realizada a inspeção estática, parte-se para a inspeção dinâmica. Nesta, avalia-se a ventilação do paciente por meio do padrão respiratório, observando de onde vem o esforço ventilatório (se torácico, abdominal ou misto). O padrão predominante e considerado normal é o torácico, quando o paciente está de pé ou sentado, mas em decúbito dorsal, tende a ser abdominal. Tirsa Melo Dias - 1º período FASAI @tirsameloo -------------------------------------------------------------------------------------------------- - Pontos de ausculta pulmonar - Som traqueal Som brônquico Murmúrio vesicular Som broncovesicular Descontínuos: estertores finos e grossos Contínuos: roncos, sibilos e estridor Sopros Atrito pleural Broncofonia, Egofonia Pectorilóquia fônica e afônica. A ausculta pulmonar é o método semiológico mais importante no EF pulmonar, pois permite analisar o funcionamento pulmonar, devendo ser realizado em ambiente silencioso e posição cômoda, quando possível. O paciente deve estar com tórax despido e respirar pausada e profundamente, com a boca aberta, sem fazer ruído, idealmente. A ausculta é realizada com diafragma do estetoscópio, de maneira simétrica nas faces posterior, laterais e anterior do tórax. Classificação dos sons pleuropulmonares: Sons normais 1. 2. 3. 4. Sons anormais 1. 2. 3. 4. Sons vocais 1. 2. 3. Sons Respiratórios Normais Som traqueal: audível na região de projeção da traqueia, no pescoço e região esternal. Origina-se da passagem de ar da fenda glótica e na própria traqueia. Há componente inspiratório – composto por ruído soproso, um pouco rude – e expiratório – ruído forte e prolongado que ocorre após curto intervalo silencioso. Som brônquico: som traqueal audível na zona de projeção dos brônquios de maior calibre, na face anterior do tórax, nas proximidades do esterno. Assemelha-se ao som traqueal, diferenciando-se dele apenas por ter componente expiratório menos intenso. Som broncovesicular: somam-se características do som brônquico com murmúrio vesicular. Desse modo, intensidade e duração da inspiração e expiração são de igual magnitude, ambas um pouco mais forte que murmúrio vesicular, mas sem alcançar a intensidade do som brônquico. Em condições normais, é auscultado na região esternal superior, interescapulovertebral superior e no nível da terceira e quarta vértebras dorsais. Em outras regiões, indica condensação pulmonar, atelectasia por compressão ou presença de caverna, ou seja, mesmas condições que originam som brônquico. Para que surja esse som é necessário que na área lesionada haja alvéolos mais ou menos normais capazes de originar o som vesicular. Murmúrio vesicular: os ruídos respiratórios ouvidos na maior parte do tórax são causados pela turbulência do ar circulante ao chocar-se contra as saliências das bifurcações brônquicas, ao passar por cavidades de tamanhos diferentes, tais como bronquíolos ou alvéolos, ou vice-versa. O componente inspiratório é mais intenso, mais duradouro e de tonalidade mais alta em relação ao componente expiratório que, por sua vez, é mais fraco, de duração mais curta e tonalidade mais baixa. Não há intervalo silencioso entre inspiração e expiração, como no som traqueal. Ao comparar-se o murmúrio vesicular com o som brônquico, nota-se que o murmúrio vesicular é mais fraco e suave. Ausculta-se o murmúrio vesicular em quase todo o tórax, com exceção nas regiões de sons brônquicos e broncovesicular. Entretanto, é mais forte na parte anterossuperior, axilas e regiões infraescapulares. Sofre variações em sua intensidade na dependência da amplitude dos movimentos respiratórios e da espessura da parede torácica, sendo mais débil nas pessoas musculosas ou obesas. A diminuição do murmúrio vesicular pode resultar de presença de ar (pneumotórax), líquido (derrame pleural) e tecido sólido na cavidade pleural (espessamento pleural); enfisema pulmonar, dor torácica que impeça ou diminua a movimentação torácica, obstrução das vias aéreas superiores (espasmo ou edema de glote, obstrução da traqueia), oclusão parcial ou total de brônquios ou bronquíolos. Tirsa Melo Dias - 1º período FASAI @tirsameloo -------------------------------------------------------------------------------------------------- Pode haver alteração do murmúrio vesicular chamada prolongamento da fase expiratória, que, em condições normais, é mais curta e suave que fase inspiratória. Esse prolongamento aparece na asma brônquica em crise e na DPOC avançada, traduzindo dificuldade de saída de ar. Sons ou Ruídos Anormais Descontínuos = São representados pelos estertores. Estertores são ruídos audíveis na inspiração ou expiração, superpondo-se aos sons respiratórios normais. Podem ser crepitantes (finos) ou subcrepitantes (grossos). Os estertores finos ou crepitantes ocorrem no final da inspiração e têm frequência alta, isto é, são agudos. Curta duração. Não se modificam com a tosse. Podem ser comparados ao ruído produzido pelo atrito dos fios de cabelo. Auscultados principalmente nas zonas pulmonares influenciadas pela força da gravidade quando originados por congestão pulmonar. Estertores finos são produzidos pela abertura sequencial das vias respiratórios anteriormente fechadas, devido à pressão exercida pela presença de líquido ou exsudato no parênquima pulmonar – isso explica a presença de estertores finos na pneumonia e congestão pulmonar da IVE – ou por alteração no tecido de suporte das paredes brônquicas – doenças intersticiais pulmonares. Os estertores grossos, bolhosos ou subcrepitantes têm frequência menor e maior duração que os finos. Podem desaparecer com tosse e são audíveis em todo o tórax. São audíveis no início da inspiração e durante toda a expiração. Surgem por causa da abertura e fechamento de vias respiratórias contendo secreção viscosa e espessa, bem como pelo afrouxamento da estrutura de suporte das paredes brônquicas. Comuns na bronquite crônica e bronquiectasias . Contínuos = São roncos, sibilos e estridor. Os roncos são constituídos por sons graves, portanto de baixa frequência e os sibilos por sons agudos, portanto, alta frequência. Originam-se nas vibrações das paredes brônquicase do conteúdo gasoso quando há estreitamento desses ductos, seja por espasmo, edema da parede ou secreção aderida a ela, como ocorre na asma brônquica, bronquites, bronquiectasias e obstruções localizadas. Embora apareçam na inspiração e expiração, predominam nessa. Surgem e desaparecem em curto período. Os sibilos também se originam de vibrações das paredes bronquiolares e de seu conteúdo gasoso, aparecendo na inspiração e na expiração. Em geral são múltiplos e disseminados por todo o tórax, quando provocados por enfermidades que comprometem a árvore brônquica, como acontece na asma e bronquite. Quando bem localizados, indicam semiobstrução por neoplasia ou CE. O estridor é um som produzido pela semiobstrução da laringe ou traqueia, o que pode ser provocado por difteria, laringites agudas, CA de laringe e estenose de traqueia. Quando a respiração é calma e pouco profunda, sua intensidade é pequena. Entretanto, na hiperpneia, o aumento do fluxo de ar intensifica esse som. Sopros: em certas regiões torácicas (C7 no dorso, traqueia e região interescapular), percebe-se sopro brando, mais longo na expiração que inspiração. Nesses casos é normal. Porém, quando o pulmão perde sua textura normal, como na pneumonias bacterianas, grandes cavernas e pneumotórax hipertensivo ocorrem, respectivamente sopro tubário, cavitário e anfórico. Atrito pleural: em condições normais, os folhetos parietal e visceral deslizam um sobre o outro, durante movimentos respiratórios, sem produzir qualquer ruído. Na pleurite, estão recobertas de exsudato e produzem ruído irregular, descontínuo, mais intenso na inspiração, com frequência comparado ao ranger de couro atritado. Sons vocais (ausculta da voz) Para terminar o EF, ausculta-se a voz nitidamente pronunciada e a voz cochichada. Para isso, o paciente pronúncia “33” enquanto faz a ausculta comparando regiões homólogas, semelhante ao exame de FTV. Tirsa Melo Dias - 1º período FASAI @tirsameloo -------------------------------------------------------------------------------------------------- Os sons produzidos pela voz e ouvidos na parede torácica são ressonância vocal. Normalmente, são sons incompreensíveis, isto é, não distinguem sílabas que formam as palavras. Porque o parênquima pulmonar normal absorve muitos componentes sonoros. Porém, quando está consolidado (pneumonia, infarto pulmonar) a transmissão é facilitada. A ressonância vocal é mais intensa nas regiões onde se ausculta respiração broncovesicular. Costuma ser mais forte em homens do que em mulheres e crianças. O aumento da ressonância é chamado broncofonia e ocorre quando há condensação pulmonar – RI, neoplasia ou peri-cavitária. Na atelectasia, espessamento pleural e nos derrames, ocorre diminuição da ressonância vocal. Os resultados coincidem com a manobra do FTV, porque as vibrações são facilmente percebidas no tórax pelo tato (FTV) e orelha (ausculta). Por isso, a ausculta da voz é pouco usada. Quando se ouve com nitidez a voz falada, chama-se pectorilóquia fônica. Com a voz cochichada, pectorilóquia afônica. Broncofonia é quando se ausculta a voz sem nitidez. Egofonia é forma especial de broncofonia, broncofonia de qualidade nasalada e metálica, comparada ao balido de cabra. Aparece na parte superior dos derrames pleurais e nas condensações pulmonares. Na ausculta da voz, a ressonância vocal pode estar aumentada, diminuída ou normal. REFERÊNCIAS: Bickley, Lynn S. Bates, propedêutica médica / Lynn S. Bickley; Peter G. Szilagyi; tradução Maria de Fátima Azevedo. - 11. ed. - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. Porto, Celmo Celeno; Semiologia médica I Celmo Celeno Porto; co-editor Arnaldo Lemos Porto. - 7. ed.- Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
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