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Postagem Teor Prat. Argumentação - semana 10

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Teoria e Prática da Argumentação Jurídica – Semana 10
Título
Tipos de argumento e persuasão
Objetivo
- Identificar os diversos tipos de argumento já trabalhados em sala de aula.
- Compreender o efeito persuasivo que cada argumento pode gerar no texto argumentativo
Estrutura do Conteúdo
1. Tipos de argumento
2. A subjetividade no processo de convencimento
QUESTÃO DISCURSIVA
Leia o fragmento inicial da motivação do acórdão disponível a seguir e identifique os tipos de argumento predominantes em cada parágrafo. Comente, para cada um, o efeito persuasivo alcançado pelo Desembargador.
 
2a CÂMARA CÍVEL - APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.217/93. - RELATOR: DES. SERGIO CAVALIERI FILHO.
[...]
Alan Marques Amaral, a infeliz vítima, nasceu de parto normal, mas com peso muito inferior ao normal - apenas 1.800 gramas. Mesmo assim, 24 horas após o parto, a vítima e sua mãe tiveram alta hospitalar; cerca de oito horas mais tarde, Alan retomava ao hospital já desfalecido, onde veio a morrer pouco depois por insuficiência respiratória e hemorragia digestiva alta. Esses fatos estão comprovados pelo depoimento de fls.21, do próprio médico que autorizou a alta, e pelo registro de óbito de fls. 7.
Ora, até um leigo é capaz de identificar a relação de causalidade existente entre a alta hospitalar prematura e a morte de uma criança nascida com peso muito inferior ao normal e com deficiência respiratória. A eventual desnutrição da mãe e da própria criança não foi causa adequada da morte desta última; foi apenas uma concausa antecedente – tal como a hemofilia, osteoporose etc – mas que por si só não produziu o resultado morte. Inúmeras crianças nascem prematuramente e são salvas. O próprio médico que prestou depoimento às fls. 21 informa que, quando alguma criança nasce com problemas, nas 24 h seguintes ao nascimento, a clínica transfere o recém-nascido para o berçário patológico para receber o tratamento devido. Mas isso não foi feito com Alan, o que toma a apelante responsável por sua morte.
O artigo 2º, do citado Código, conceitua o consumidor como sendo toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Serviço, por sua vez, consoante conceito contido no parágrafo 20, do artigo 3º, é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. Logo, no conceito de serviço enquadra-se perfeitamente a atividade dos estabelecimentos hospitalares, sendo os seus clientes, como destinatários finais desse serviço, consumidores por definição legal.
Pois bem, o artigo 14 do Código do Consumidor é de clareza solar ao responsabilizar o fornecedor de serviços, independentemente de culpa – vale dizer, objetivamente – pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços. Destarte, provada a relação de causalidade entre o serviço defeituoso e o dano, responde o fornecedor independentemente de culpa, à luz da legislação que protege o consumidor.
Mesmo que assim não fosse, o recurso não haveria de prosperar, visto que a culpa dos prepostos da apelante resultou plenamente configurada na modalidade negligência e imperícia; negligência porque não foram capazes de detectar as deficiências físicas de Alan, mormente respiratórias, a despeito de ter nascido com peso muito inferior ao normal, filho de mãe desnutrida (fls.21); imperícia porque a hemorragia digestiva, apontada na certidão de óbito de fls. 7 como urna das causas da morte da vítima, foi provocada pela introdução da sonda nasogástrica (fls.21, in fine).
 
 Respostas
1º Introdução
Alan Marques Amaral nasceu de parto normal com peso de 1.800gr. e após 24 horas de seu nascimento teve alta hospitalar juntamente com sua mãe. Transcorrido em torno de 8 horas de sua alta Alan retornou ao hospital, desfalecido e veio a óbito pouco tempo depois por insuficiência respiratória e hemorragia digestiva.
2º Apresentação do Argumento de Oposição à Tese
Embora a vítima tenha nascido de uma mãe que sofria de desnutrição, há o fato concreto de que ela nasceu com baixo peso, conforme definição do Ministério da Saúde em Caderno de Atenção Básica “Recém-nascidos com menos de 2.500 g são classificados, genericamente, como de baixo peso ao nascer”, e também com insuficiência respiratória, características suficientes em um recém nascido para que fosse melhor e individualmente avaliado, conforme texto a seguir retirado do sítio www.desnutrição.org.br. “De forma geral, os recém-nascidos de baixo peso, sendo prematuros ou desnutridos intra-uterinos, são pacientes de risco para processos infecciosos e desnutrição energético-protéica futura e devem, portanto, ser rigorosamente monitorizados tanto no aspecto nutricional como nas intercorrências infecciosas”, e mais o texto retirado do Manual Assistência a Hospitalar ao Neonato publicado pela Secretaria de Estado Saúde de Minas Gerais: “No Brasil existe uma definição oficial sobre o tempo de permanência hospitalar pósparto, regulamentada na portaria número 1016 do Ministério da Saúde, publicada no Diário Oficial da União número 167, de 1º de setembro de 1993 – “ - ”A alta não deverá ser dada antes de 48 horas, considerando o alto teor educativo inerente ao sistema de Alojamento Conjunto e por ser este período importante na detecção de patologias neonatais.”, grifo nosso.
 
3º Defesa do Argumento
A responsabilidade civil do Estado está fundamentada no art. 37, § 6o da Constituição Federal de 1988, e é objetiva, de acordo com a teoria do risco administrativo, incluindo os danos morais cabendo salientar que tem por fundamento a existência do nexo de causalidade entre o dano e a prestação do serviço público. E ainda com o reforço legislativo do Código Consumerista em seu art. 14 que estabelece que o fornecedor de serviços responde, independente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeito relativos a prestação de serviço, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. A culpa réu está comprovada na modalidade negligência e imperícia. Esta porque a hemorragia digestiva informada na Certidão de Óbito (fls.7) é uma das causas da morte da vítima, e aquela porque foram incompetentes para perceber as deficiências físicas do RN Alan, sobretudo respiratórias, ignorando ainda que Allan fosse uma criança de peso inferior ao normal e filho de mãe desnutrida (fl. 21).
4º Argumento de Autoridade
Na medicina, habitualmente, a obrigação é de meio conforme o acórdão transcrito do ilustre Juiz Silvio Salvo Venosa: “... como em toda responsabilidade profissional, a responsabilidade do médico será, em regra, aferida mediante o cauteloso exame dos meios por ele empregados em cada caso. Em Medicina, como em Direito, há casos semelhantes, mas não idênticos. Mesmo porque não existem pessoas iguais, embora a ciência já admita produzir clones.” É possível concluir, portanto, que para a caracterização da responsabilidade civil do médico por erro médico, o paciente deve provar que o mesmo não empenhou todos os esforços e meios capazes de levá-lo ao resultado buscado. Percebe-se, desse modo, que não importa o resultado efetivamente atingido. Para a teoria da culpa é imprescindível que três requisitos estejam presentes para que haja a responsabilização civil do médico: ATO LESIVO, DANO, NEXO CAUSAL E CULPA. O ato lesivo seria um fazer do profissional não compatível com a “lex artis”, ou seja, um agir profissional inadequado à ciência médica em um determinado local e momento, já demonstrado na certidão de óbito do menor em que a hemorragia digestiva foi provocada pela introdução da sonda nasogástrica e inobservância da condição da criança ser de baixo peso e ter problemas respiratórios. O dano se caracteriza como um prejuízo para o paciente no seu patrimônio material ou moral, a dor pela perda do filho causa um dano patrimonial à mãe e a seus familiares, especialmente para a mãe de filho recém nascido que nele deposita seus sonhos,seus planejamentos. O nexo causal se apresenta como sendo o liame entre o ato do médico, causador da lesão e o dano experimentado pelo paciente, já comprovado pela alta hospitalar prematura dada ao RN Allan Marques Amaral. A culpa é a presença no agir do profissional da medicina de negligência, imprudência ou imperícia, já comprovadas também ás folhas 21, mais ainda o que está expresso no artigo 186, do Código Civil pátrio: “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. Complementado pelo teor do artigo 951, do mesmo Código Civil, verbis: “O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso de indenização devida por aquele que, no exercício de atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, causar a morte de paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho”. 
5º Conclusão – Do pedido
Conforme o exposto requer que o acusado responda civilmente pelo dano material e moral causado a vítima e sua mãe, conforme Código de Defesa do Consumidor e Código Civil.

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