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Ação Civil Ex Delicto: Por conta de uma mesma infração penal, cuja prática é atribuída a determinada pessoa, podem ser exercidas duas pretensões distintas: de um lado, a chamada pretensão punitiva, isto é, a pretensão do Estado em impor a pena cominada em lei; do outro lado, a pretensão à reparação do dano que a suposta infração penal possa ter causado à determinada pessoa. Sistemas atinentes à relação entre a ação civil ex delicto e o processo penal: - Sistema da confusão: na antiguidade, muito antes de o Estado trazer para si a solução dos conflitos intersubjetivos, cabia ao ofendido buscar a reparação do dano e a punição do autor do delito por meio da ação direta sobre o ofensor. Por meio deste sistema, a mesma ação era utilizada para a imposição da pena e para fins de ressarcimento do prejuízo causado pelo delito. - Sistema da solidariedade: nesse sistema, há uma cumulação obrigatória de ações distintas perante o juízo penal, uma de natureza penal, e outra cível, ambas exercidas no mesmo processo, ou seja, apesar de separadas as ações, obrigatoriamente são resolvidas em conjunto e no mesmo processo; - Sistema da livre escolha: Caso o interessado queira promover a ação de reparação do dano na seara cível poderá fazê-lo. Porém, neste caso, face a influência que a sentença penal exerce sobre a civil, incumbe ao juiz cível determinar a paralisação do andamento do processo até a superveniência do julgamento definitivo da demanda penal, evitando-se, assim, decisões contraditórias. De todo modo, a critério do interessado, admite-se a cumulação das pretensões no processo penal, daí por que se fala em cumulação facultativa, e não obrigatória, como se dá no sistema da solidariedade. - Sistema da independência: as duas ações podem ser propostas de maneira independente, uma no juízo cível, outra no âmbito penal. Isso porque, enquanto a ação cível versa sobre questão de direito privado, de natureza patrimonial, a outra versa sobre o interesse do Estado em sujeitar o suposto autor de uma infração penal ao cumprimento da pena cominada em lei. (ENTENDIMENTO ADOTADO PELO CPP) Opções: - Ação Civil Ex delicto; - Ação de indenização Cível; Art. 64 CPP Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, a ação para ressarcimento do dano poderá ser proposta no juízo cível, contra o autor do crime e, se for caso, contra o responsável civil. Parágrafo único. Intentada a ação penal, o juiz da ação civil poderá suspender o curso desta, até o julgamento definitivo daquela. - Execução ex delicto; Art. 63 CPP Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a execução, no juízo cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros. Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá ser efetuada pelo valor fixado nos termos do inciso iv do caput do art. 387 deste Código sem prejuízo da liquidação para a apuração do dano efetivamente sofrido. Art. 387 CPP O juiz, ao proferir sentença condenatória: IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido; Efeitos da sentença condenatória no âmbito Cível: Art. 66 CPP- Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil poderá ser proposta quando não tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato. Art. 935 CC - A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal. Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça: I - estar provada a inexistência do fato – Faz coisa julgada no cível; II - não haver prova da existência do fato – Não faz coisa julgada no cível; III - não constituir o fato infração penal – Não faz coisa julgada no cível; IV – estar provado que o réu não concorreu para a infração penal – Faz coisa julgada no cível. V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal – Não faz coisa julgada no cível. VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1º do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência – Não faz coisa julgada na cível; - Provada a existência de causa excludente da ilicitude real = faz coisa julgada cível, desde que o ofendido tenha dado causa a excludente; - Caso atinja terceiro inocente, o terceiro poderá ir buscar no cível reparação do dano. - Provada a existência de causa excludente da ilicitude putativa e erro na execução – Não faz coisa julgada no cível. - Provada a existência de causa excludente da culpabilidade – Não faz coisa julgada no cível. - Fundada dúvida acerca de causa excludente da ilicitude ou da culpabilidade – Não faz coisa julgada no cível. VII – não existir prova suficiente para a condenação – Não faz coisa julgada no cível. Obrigação de indenizar o dano causado por delito como efeito genérico da sentença condenatória: Art. 91 CP - São efeitos da condenação: I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime; - Exige o trânsito em julgado; Legitimidade ativa: - Ofendido/herdeiros; Art. 68. Quando o titular do direito à reparação do dano for pobre (art. 32, §§ 1o e 2o), a execução da sentença condenatória (art. 63) ou a ação civil (art. 64) será promovida, a seu requerimento, pelo Ministério Público. Supremo entendeu que esse dispositivo seria dotado de inconstitucionalidade progressiva – Nas comarcas em que houver Defensoria Pública, esse artigo será inconstitucional. Todavia, em comarcas em que não há defensoria pública, o artigo permanece válido. Legitimidade Passiva: - Execução ex delicto apenas o condenado em ação penal; - Ação civil ex delicto autor do ilícito ou responsável civil; Quantificação do montante a ser indenizado ao ofendido: Antes de 2008 Tinha que aguardar o trânsito em julgado de uma sentença condenatória, para que fosse promovido a liquidação, para após promover a execução; Após 2008 Após o trânsito em julgado da sentença condenatória, o juiz já pode fixar valor mínimo para reparação dos danos causados pelo delito. Se o requerente se der por satisfeito quanto a esse valor, poderá promover a execução. Todavia, não satisfeito poderá promover a liquidação para apuração do dano. (Des) necessidade de pedido expresso: De acordo com entendimento majoritário dos Tribunais, há necessidade de pedido expresso, sob pena de violação ao princípio do contraditório, ampla defesa e inércia da jurisdição.
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