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Fichamento Manual de processo penal volume único 2019 - Renato Brasileiro Título 3 pontos 15 a 18

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UNEB – Universidade do Estado da Bahia
Disciplina: Direito Processual Penal I
Docente: 
Discente: 
LIMA, Renato Brasileiro. Manual de processo penal: volume único / Renato Brasileiro de Lima - 7. ed. rev., ampl. e atual. - Salvador: Ed. JusPodivm, 2019.
Renato Brasileiro em sua obra Manual de Processo Penal extrai todo o conteúdo do Processo Penal Brasileiro e consegue sintetizar de forma clara e acessível os temas relevantes. Nesse fichamento serão sintetizados os temas constantes no Título 3, pontos 15 a 18.
15. PEÇA ACUSATÓRIA
15.1. Denúncia e queixa-crime
A peça acusatória em crimes de ação penal pública (incondicionada e condicionada) é denominada de denúncia, ao passo que, no caso de crimes de ação penal de iniciativa privada (exclusiva, personalíssima ou subsidiária da pública), esse ato vestibular recebe o nome'n juris de queixa-crime. Apesar de, vulgarmente, qualquer notícia de infração penal à autoridade policial ser chamada de "denúncia" ou "queixa", sabemos que, tecnicamente, denúncia e queixa-crime são os nomes das peças acusatórias do processo penaL, não se confundindo, pois, com a notitia criminis encaminhada por qualquer do povo ou pelo próprio ofendido à autoridade policial. 
A denúncia pode ser conceituada como o ato processual por meio do qual o Ministério Público se dirige ao Juiz, dando-lhe conhecimento da prática de um fato delituoso e manifes- tando a vontade de ser aplicada a sanção penal ao culpado. Por outro lado, pode-se definir a queixa-crime como a peça processual em crimes de ação penal de iniciativa privada (exclusiva, personalíssima e subsidiária da pública), subscrita por advogado dotado de procuração com poderes especiais (ou pelo próprio ofendido, caso seja profissional da advocacia), tendo como destinatário o órgão jurisdicional competente, por meio da qual o querelante pede a instauração de processo penal condenatório em face do suposto autor do delito (querelado), a fim de que lhe seja aplicada pena privativa de liberdade ou medida de segurança. 
15.2. Requisitos da peça acusatória
De acordo com o art. 41 do CPP, '"a denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas''. Para além dos requisitos aí inseridos - exposição do fato criminoso, qualificação do acusado, classificação do crime e rol de testemunhas, quando necessário-, a doutrina acrescenta outros, tais como o endereçamento da peça acusatória, sua redação em vernáculo, a citação das razões de convicção ou presunção da delinquência, assim como a subscrição da peça pelo Ministério Público ou pelo advogado do querelante, sem olvidar da procuração com poderes especiais, e do recolhimento de custas, no caso de queixa-crime. Alguns requisitos são de observância obrigatória. É o que ocorre, por exemplo, com a exposição do fato criminoso, a individualização do acusado e a redação da peça em português. Eventual vício quanto a um desses elementos enseja o reconhecimento da inépcia formal da peça acusatória. Outros requisitos, todavia, como o rol de testemunhas, a classificação do crime, a assinatura do promotor ou do advogado, o endereçamento e as razões de convicção, não se revestem de tamanha importância.
15.2.1. Exposição do fato criminoso com todas as suas circunstâncias
Deve a peça acusatória narrar o fato delituoso detalhadamente, fazendo menção às circunstâncias que o envolvem e que possam influir na sua caracterização, como, por exemplo, aquelas que digam respeito a qualificadoras, causas de aumento ou diminuição de pena, agravantes, etc. Essa descrição deve ser feita com dados fáticos da realidade, não bastando a simples repetição da descrição típica. Não basta, assim, limitar-se a parte acusadora a dizer que o acusado "subtraiu, para si ou para outrem, coisa alheia móvel", ou que teria '"praticado homicídio culposo na direção de veículo automotor". Há necessidade de que a conduta delituosa seja descrita com todas as suas circunstâncias, apontando-se, então, o que aconteceu, quando, onde, por quem, contra quem, de que forma, por que motivo, com qual finalidade, etc., sendo possível a utilização da técnica de se primeiro narrar o fato e, depois, apontar, por consequência, o tipo penal em que o agente está incurso, demonstrando-se o adequado juízo de subsunção a legitimar o exercício da pretensão punitiva Sobre o assunto; é clássica a lição de João Mendes. Segundo ele, a queixa ou a denúncia é "uma exposição narrativa e demonstrativa. Narrativa, porque deve revelar o fato com todas as suas circunstâncias, isto é, não só a ação transitiva, como a pessoa que a praticou (quis), os meios que empregou (quibus auxiliis), o maleficio que produziu (quid), os motivos que o determinaram a isso (cur), a maneira por que a praticou (quomodo), o lugar onde o praticou (urbi), o tempo (quando). Demonstrativa, porque deve descrever o corpo de delito, dar as razões de convicção ou presunção e nomear as testemunhas e informantes".
15.1.1. Qualificação do acusado
De acordo com o art. 41 do CPP, a peça acusatória também deve conter a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificar o suposto autor do injusto culpável. A qualificação do acusado apresenta-se, portanto, como requisito essencial da peça acusatória, a fim de se saber contra quem será instaurado o processo. Individualiza-se o acusado por meio de seu prenome, nome, apelido, estado civil, naturalidade, data de nascimento, número da carteira de identidade, número do cadastro de pessoa física (CPF), profissão, filiação, residência, etc. Na visão do STJ, a aposição de fotografia do acusado na denúncia viola normas constitucionais, como o direito à honra, à imagem e à dignidade da pessoa humana, sobretudo se já constar dos autos da ação penal a identificação civil e criminal do acusado. Não haveria, assim, necessidade de, novamente, inseri-la na peça acusatória da denúncia.
15.2.3. Classificação do crime
A classificação do crime é a indicação do dispositivo legal que descreve o fato criminoso praticado pelo imputado. Não basta a simples menção do nomen juris da figura delituosa (v.g., homicídio simples), pois, sob a mesma denominação, podem aparecer crimes diferentes, como o homicídio previsto no Código Penal e o homicídio previsto no Código Penal Militar. Deve haver, portanto, a indicação do dispositivo legal em cuja pena se encontra incurso o acusado (v.g., CP, art. 121, caput). Não se trata, todavia, de requisito obrigatório, pois prevalece o entendimento de que, no processo penal, o acusado defende-se dos fatos que lhe são imputados, pouco importando a classificação que lhes seja atribuída. Quando do recebimento da peça acusatória, entende-se que não se trata do momento adequado para a apreciação do verdadeiro dispositivo legal violado, até mesmo porque o magistrado não fica vinculado à classificação do crime feita na denúncia (narra mihi factum dabo tibi jus). Exatamente por isso, segundo a doutrina majoritária, por ocasião do recebimento da peça acusatória, não deve o juiz alterar a definição jurídica do fato, pois há momentos e formas específicos para se corrigir a classificação legal incorreta (arts. 383, 384,410 e 569 do CPP).
15.2.4. Rol de testemunhas
Ainda segundo o art. 41 do CPP, a peça acusatória deve conter o rol de testemunhas, quando necessário, valendo ressaltar que o rol deve vir ao final da peça, após o pedido de recebimento, porém antes da data e da assinatura da peça. Como fica evidente, a apresentação do rol de testemunhas não é um requisito essencial. Afinal, há situações em que a prova do fato delituoso é eminentemente documental, sendo desnecessária a oitiva de quaisquer testemunhas (v.g., crimes contra a ordem tributária). Porém, como esse é o momento processual oportuno para a apresentação do rol de testemunhas pela parte acusadora, caso não o faça, haverá preclusão temporal. Recentemente, todavia, a 5a Turma do STJ concluiuque não há qualquer óbice à intimação do Ministério Público para que proceda à juntada do rol de testemunhas mesmo após o oferecimento da denúncia, conquanto o faça antes da citação do acusado e apresentação da resposta à acusação, sem que se possa objetar eventual nulidade absoluta por violação ao sistema acusatório. In casu, é perfeitamente possível a aplicação subsidiária ao processo penal do quanto disposto no art. 321 do novo CPC, que dispõe que, na eventualidade de a petição inicial não preencher os requisitos legais, ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento do mérito, o juiz pode determinar que o autor a emende ou a complete no prazo de 15 (quinze) dias, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado, devendo indeferir a petição inicial tão somente quando o vício não for saneado. Na visão daquele colegiado, nosso sistema processual é informado pelo princípio da cooperação, sendo o processo, portanto, um produto da atividade cooperativa triangular entre o juiz e as partes, no qual todos devem buscar a justa aplicação do ordenamento jurídico no caso concreto, não podendo o magistrado se limitar a ser mero fiscal de regras, devendo, ao contrário, quando constatar deficiências postulatórias das partes, indicá-las, precisamente, a fim de evitar delongas desnecessárias e a extinção do processo sem a análise de seu mérito.
15.2.5. Endereçamento da peça acusatória
Conquanto não conste expressamente do art. 41 do CPP, pensamos que a peça acusatória também deve indicar o juiz a quem é dirigida, já que o endereçamento é fundamental para que se possa estabelecer a autoridade judiciária competente. Quando nos referimentos à indicação do juiz a quem é dirigida a peça acusatória, não nos referimos à pessoa física do juiz, mas sim ao órgão jurisdicional com competência para o processo e julgamento do feito. Daí por que a peça acusatória deve ser dirigida ao "Juiz de tal Vara de tal Comarca", nas hipóteses de competência da Justiça Estadual, ou ao "Juiz Federal de tal Vara Federal de tal Subseção Judiciária", no caso da Justiça Federal, etc. O Código de Processo Penal Militar dispõe expressamente que a denúncia deverá conter a designação do juiz a que se dirigir (art. 77, "a"), dispositivo este que pode ser aplicado subsidiariamente ao processo penal comum, nos ternos do art. 3.., do CPP. Não se trata de requisito essencial, eis que, na visão dos Tribunais, o erro de endereçamento não invalida a denúncia. 
15.2.6. Redação em vernáculo
A peça acusatória deve ser redigida em português. Apesar de não haver dispositivo expresso nesse sentido constante do CPP, tal requisito pode ser extraído dos arts. 193, 223, 236 e 784, § 1°, do CPP, os quais denotam que os atos processuais devem ser praticados na língua portuguesa. De todo modo, o art. 192 do novo CPC, subsidiariamente aplicável ao processo penal, dispõe expressamente que é obrigatório o uso da língua portuguesa em todos os atos e termos do processo. 
15.2. 7. Razões de convicção ou presunção da delinquência
O Código de Processo Penal Militar possui dispositivo expresso impondo que a denúncia contenha as razões de convicção ou presunção de delinquência (CPPM, art. 77, "f'). Apesar ào silêncio do CPP, pensamos que tal requisito também deve ser observado no processo penal comum. Considerando os gravames produzidos pelo mero oferecimento de uma peça acusatória, não se pode admitir que uma denúncia ou queixa sejam oferecidas desprovidas de lastro probatório que confirme o fato delituoso imputado ao acusado. Essas razões de convicção consistem, pois, na indicação do lastro probatório da peça acusatória, apontando-se os depoimentos colhidos em sede investigatória, os laudos periciais realizados, assim como outros elementos de informação, provas cautelares, antecipadas ou não repetíveis que tenham servido à formação da opinio delicti do titular da ação penal. A título de exemplo, ao invés de se limitar a dizer que "o acusado desferiu dois tiros contra a vítima", deverá o Ministério Publico narrar que "o acusado desferiu dois tiros contra a vítima, de acordo com as declarações do ofendido (fls. 45/47) e da testemunha Fulano de tal (fls. 58/60}, produzindo as lesões corporais descritas no laudo pericial de fls. 78/80". 
17.1. Espécies de aditamento 
17.1.1. Quanto ao objeto do aditamento: próprio e impróprio 
Quanto ao objeto do aditamento, a doutrina o classifica em próprio e impróprio. 
No aditamento próprio, ocorre o acréscimo de fatos não contidos, inicialmente, na peça acusatória, ou de sujeitos que, apesar de terem concorrido para a prática delituosa, não foram incluídos no polo passivo da denúncia ou queixa, já que, quando de seu oferecimento, não havia elementos de informação quanto ao seu envolvimento. Diante do princípio da obrigatoriedade da ação penal pública, e seu consectário lógico da indisponibilidade (CPP, art. 42), o aditamento só pode ser feito para o fim de acrescer imputação ou alguém ao polo passivo da demanda, não sendo possível, país, que seja utilizado para retirar imputação ou corréu do polo passivo. 
O aditamento próprio subdivide-se em: 
a) próprio real: quando disser respeito a fatos delituosos, aí incluídos novos fatos delituosos, qualificadoras ou causas de aumento de pena. Este, por sua vez, comporta as subespécies real material e real legal: 
a.l) aditamento próprio real material: é aquele que acrescenta fato à denúncia, qualificando ou agravando o já imputado, com a adição de circunstância não contida na inicial, ou mesmo fato novo que importa imputação de outro ou mais de um crime; 
a.2) aditamento próprio real legal: é o que se refere ao acréscimo de dispositivos legais, penais ou processuais (substantivo ou adjetivo), alterando, assim, a classificação ou o rito processual, mas sem inovar no fato narrado.176 
b) próprio pessoal: quando disser respeito à inclusão de coautores e partícipes. 
17.1.2 Quanto à voluntariedade do aditamento: espontâneo e provocado 
Quanto à voluntariedade, é possível a seguinte classificação do aditamento: 
a) aditamento espontâneo: ante Ú princípio da obrigatoriedade e o sistema acusatório, surgindo fatos novos ou notícia quanto ao envolvimento de outros coautores ou participes, cuja existência era desconhecida quando do oferecimento da denúncia, deve o Promotor de Justiça proceder ao aditamento. Tem-se aí o que a doutrina denomina de aditamento espontâneo, no sentido de que não há necessidade de o juiz provocar a atuação do órgão ministerial. Deve ocorrer sempre que surgir, durante a instrução processual, prova de elementar ou circunstância não contida na peça acusatória, pouco importando se se trata de imputação mais grave ou menos grave; 
b) aditamento provocado: no exercício de função anômala de fiscal do princípio da obrigatoriedade, verificando a necessidade de se acrescentar algo à peça acusatória, o próprio juiz provoca o<M:inistério Público a fazê-lo. É o que ocorre nas hipóteses de mutatio libelli quando o órgão do Ministério Público atuante na la instância deixa de fazer o aditamento espontâneo. Nesse caso, dispõe o art. 384, § 1°, do CPP, que incumbe ao juiz aplicar o art. 28 do CPP.177 
O art. 417 do CPP também contempla outra hipótese de aditameJ?tO provocado. Segundo esse dispositivo, por ocasião da pronúncia ou impronúncia do acusado, havendo indícios de autoria ou de participação de outras pessoas não incluídas na acusação, deva o juiz determinar o retomo dos autos ao Ministério Público, por 15 (quinze) dias, oportunidade em que poderá aditar a peça acusatória, ou, a depender do caso concreto, optar pelo oferecimento de nova denúncia. com a consequente instauração de outro processo, valendo-se do permissivo da separação de processos do art. 80 do CPP. 
17.4. Aditamento à queixa-crime 
Regra geral, eventuais omissões da queixa poderão ser supridas a todo tempo, desde que antes da sentença, tal qual determina o art. 569 do CPP. Limita-se o referido dispositivo ao suprimento de falhas quanto à correta descrição do fato ou da tipificaçãolegal (aditamento impróprio), que não conduzam a uma inovação na acusação. Esse aditamento Impróprio da queixa-crime poderá ser feito tanto pelo MP quanto pelo querelante. 
Raciocínio diferente será aplicável às hipóteses de aditamento próprio. De fato, quanto à possibilidade de aditamento para incluir novos fatos delituosos, coautores e partícipes (aditamento próprio), há de se diferenciar aquele feito pelo Ministério Público daquele feito pelo próprio querelante. 
Quanto ao aditamento da queixa-crime pelo órgão ministerial, diz o art. 45 do CPP que '"a queixa, ainda quando a ação penal for privativa do ofendido, poderá ser aditada pelo Ministério Público, a quem caberá intervir em todos os termos subsequentes do processo". O dispositivo deixa transparecer, à primeira vista, que o Ministério Público teria ampla legitimidade para proceder ao aditamento da queixa-crime. Porém, deve se distinguir as hipóteses de ação penal privada exclusiva e privada personalíssima das hipóteses de ação penal privada subsidiária da pública. Nas hipóteses de ação penal exclusivamente privada e privada personalíssima, como o Ministério Público não é dotado de legitimatio ad causam, não tem legitimidade para incluir coautores, partícipes e outros fatos delituosos de ação penal de iniciativa privada, podendo aditar a queixa-crime apenas para incluir circunstâncias de tempo, de lugar, modus operandi, etc. Admite-se, portanto, apenas o aditamento impróprio, cujo prazo é de 3 (três) dias, nos termos do art. 46, § 2", do CPP. 
18. AÇÃO CIVIL EX DELICTO
18.1. Noções introdutórias
Por conta de uma mesma infração penal, cuja prática é atribuída a determinada pessoa, podem ser exercidas duas pretensões distintas: de um lado, a chamada pretensão punitiva, isto é, a pretensão do Estado em impor a pena cominada em lei; do outro lado, a pretensão à reparação do dano que a suposta infração penal possa ter causado à determinada pessoa. Basta supor a prática de um crime de homicídio culposo na direção de veículo automotor: para além da deflagração da persecução penal, cujo objetivo será, em última análise, a imposição da pena prevista no art. 302 da Lei n° 9.503/97- detenção, de 2 (dois) a4 (quatro) anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor-. daí também irá sobressair o interesse dos sucessores da vítima em obter a reparação dos danos causados pelo delito. É nesse sentido que o art. 186 do Código Civil preceitua que "aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito". Na mesma linha, por força do art. 927 do CC, "aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo". 
Como se percebe, há uma relação natural e evidente entre a prática de uma infração penal e o possível prejuízo patrimonial que dela pode resultar ao ofendido, facultando-lhe o direito à reparação. Não por outro motivo, ao tratar dos efeitos automáticos da condenação, o próprio Código Penal estabelece que um deles é o de tomar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime (art. 91, 1). 
18.2. Sistemas atinentes à relação entre a ação civil ex delicto e o processo penal
São quatro os sistemas que dispõem sobre o relacionamento entre a ação civil para reparação do dano e a ação penal para a punição do autor da infração penal.
Na verdade, por força do regramento constante dos arts. 63 e 64 do CPP, o ofendido tem duas formas alternativas e independentes para buscar o ressarcimento do dano causado pelo delito: 
l)Ação de execução ex delicio: com fundamento no art. 63 do CPP, esta açãoi. de natureza executória, pressupõe a existência de título executivo, consubstanciado na sentença penal condenatória com trânsito em julgado (NCPC, art. 515, VI), que torna certa a obrigação de reparar 0 dano causado pelo delito (CP, art. 91, I). Apesar de ser muito comum que a doutrina se refira à hipótese do art. 63 do CPP como ação civil ex delicto, isso se dá em virtude da terminologia usada no Título IV do Livro I do CPP ("Da ação civil''). Tecnicamente, porém, só se pode falar em ação civil ex delicto na hipótese prevista no art. 64 do CPP; 2) Ação civil ex delicio: independentemente do oferecimento da peça acusatória em face do suposto autor do fato delituoso, ou da fase em que se encontrar eventual processo penal, o ofendido, seu representante legal ou herdeiros podem promover, no âmbito cível, uma ação de natureza cognitiva, objetivando a formação de um titulo executivo cível consubstanciado em sentença condenatória cível transitada em julgado, nos exatos termos do art. 64 do CPP. Trata-se, o art. 64 do CPP, de verdadeira ação ordinária de indenização, ajuizada no âmbito cível, que, em sede processual penal, é denominada de ação civil ex delicto.
18.4. Obrigação de indenizar o dano causado pelo delito como efeito genérico da sentença condenatória.
Consoante o art. 91, inciso I, do Código Penal, um dos efeitos da condenação é tomar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo delito. Cuida-se de efeito extrapenal obrigatório (ou genérico), aplicável por força de lei, independentemente de expressa declaração por parte da autoridade jurisdicional, uma vez que é inerente à condenação, qualquer que seja a pena imposta (privativa de liberdade, restritiva de direitos ou multa)- Na verdade, a única condição para o implemento deste efeito é o trânsito em julgado da sentença penal condenatória e, evidentemente, a constatação de que o delito tenha efetivamente gerado um dano a ser indenizado em favor de determinada pessoa. Afinal, há delitos que não acarretam qualquer prejuízo ao ofendido, daí por que seria inviável a incidência desse efeito (v.g., porte ilegal de arma de fogo). 
Destarte, com o trânsito em julgado da sentença condenatória, esta decisão passa a valer como título executivo judicial, nos termos do art. 515, VI, do novo CPC, cuja execução pode ser promovida, no juízo cível, dentro do prazo prescricional de 3 anos, consoante disposto no art. 206, § 3°, V, do Código Civil, que disciplina a prescrição da pretensão de reparação civil, não distinguindo tratar-se de reparação obtida a partir de ação executória ou cognitiva.
18.4.2. Natureza do dano cuja indenização mínima pode ser ftxada na sentença condenatória 
Há certa controvérsia na doutrina quanto à natureza do dano cuja indenização mínima pode ser fixada pelo juiz criminal com fundamento no art. 387, IV, do CPP. 
Evidentemente, em se tratando de dano de natureza material, assim compreendidas as perdas; que atingem o patrimônio corpóreo de uma pessoa, não há dúvidas quanto à possibilidade de fixação pelo juízo penal do quantum devido a título de indenização. Afinal, grosso modo, o valor do prejuízo patrimonial suportado pela vítima pode ser facilmente mensurado e quantificado pelo juízo penaL Logo, em um processo relativo à prática de furto consumado, resta ao magistrado fixar o montante da indenização de acordo com o valor da res furtiva constante do laudo de avaliação.

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