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TUTORIA 5 – Marina Pelizza PP: Como ajudar o Dr. João a entender o atendimento da saúde indígena. OBJETIVOS: 1. Elucidar características das etnias indígenas do MS (cultura, idioma, moradia e meios de subsistência) 2. Descrever a assistência à saúde indígena (linha do tempo); 3. Elaborar o fluxo de atendimento da criança indígena (pontuando a atenção diferenciada) 4. Explicar quais doenças mais acometem os indígenas e não indigenas, comparando-os 5. Identificar a importância do coeficiente de mortalidade infantil indígena e não indígena (cálculos e componentes) Elucidar características das etnias indígenas do MS (cultura, idioma, moradia e meios de subsistência) Segundo dados do Censo Demográfico realizado pelo IBGE, no ano de 2010, a terceira região com maior concentração de indígenas é a região Centro-Oeste (ficando atrás apenas das regiões Norte e Nordeste), sendo que o estado do Mato Grosso do Sul concentra 56% da população da região. Em Mato Grosso do Sul, segundo a SESAI/MS, a população indígena soma 80.459 habitantes, presentes em 29 municípios. Representados por 8 etnias: Guarani Kaiowa, Nhandeva, Terena, Guato, Ofaye, Kadweu, Atikum e Kinikinawa Que se comunicam na sua língua mãe, sendo essas: Guarani, Terena, Kadwéu, Guató, Ofaié e Kinikinaw. GUARANI → língua guarani Guarani é dividido em subgrupos: 1- M’bya → não está presente no MS 2- Kaiowá → Amambai, Bela Vista, Dourados, Maracaju, Ponta Porã 3- Nhandeva→ Amambai, Dourados, Maracaju Subgrupos diferentes entre si. Organização social → família extensa e constituição de unidade de produção e consumo Líder → Tamõi (avô) e não rara líder de família Jari (avó). Mulheres casam se com 14/17 anos 1ª menstruação → cortam o cabelo e isolam ela. TERENA → família linguística Aruak, mas muitos falam português (bilíngues) Povo indígena mais presente no MS. Devido à participação no cotidiano em CG → estereotipados como “índios urbanos” “aculturados” Vivem em território fragmentado e descontínuo. 7 municípios do MS: Miranda, Aquidauana, Anastácio, Sidrolândia, 2 Irmãos do Buriti, Nioaque, Rochedo. KINIKINAW → família linguística Aruak Residem próximo a área Terena de Brasão (município de Nioaque), Aquidauana e Miranda Eram obrigados a se auto declararem Terenos (convencidos pelo órgão indigenista oficial) Possuem estreitos vínculos históricos e culturais com Terenos. GUATÓ Corumbá Índios canoeiros → “povo do pantanal” Organização social era patrilinear e a residência dos recém casados patriarcal Homem → coleta, pesca, caça Mulher → utensílios de barro, levar canoas e tecer Podiam ser encontrados nas ilhas e ao longo das margens do rio Paraguai, desde as proximidades de Cáceres até a região do Caracará, passando pelas lagoas Gaíba e Uberaba e, na direção leste, às margens do rio São Lourenço. Expulsão dos Guató de seus territórios tradicionais: O gado dos fazendeiros invadia as roças dos índios e os comerciantes de peles dificultavam a permanência dos Guató na ilha Ínsua e arredores. Migraram para outros pontos do Pantanal ou se dirigiram para as periferias de cidades, como Corumbá, Ladário, Aquidauana, Poconé e Cáceres etc. Foram poucas as famílias que permaneceram na ilha Ínsua. OFAIÉ → pequenos grupos → 960 hectares Sempre em deslocamento Seu território foi ocupado por fazendas de pecuária Apenas na década de 1990 (quando só restavam algumas dezenas de sobreviventes) → conseguiram recuperar uma pequena porção de suas terras, as quais até hoje não foram homologadas pelo Governo. http://pib.socioambiental.org/pt/c/politicas-indigenistas/orgao-indigenista-oficial/introducao http://pib.socioambiental.org/pt/c/politicas-indigenistas/orgao-indigenista-oficial/introducao KADIWÉU → família linguística Guaikurú Porto Murtinho → Campo Grande é o centro urbano. “povo cavaleiro” Organizados em castas (hierarquia) nobres/senhores, guerreiros ou cativos Terras reconhecidas na Guerra do Paraguai → BR não teria ganhado sem eles Cultura da guerra estimulada desde cedo → rituais de provação a dor e ao medo Descrever a assistência à saúde indígena Linha do tempo Século XIX - Período Colonial Protegidos pela igreja → atendidos pela igreja e missionários. Nesse período os indígenas tinham característica de mão de obra e força tarefa. 1910 - Sistema de Proteção ao Índio (SPI) Vinculado ao Ministério da Agricultura Proteção indígena Objetivo → organização da terra dos indígenas e assistência à saúde. Precário → assim como saúde geral Descontínuo Extinção em 1967 Tutela → relação paternalista e intervencionista Ações assistencialistas e de assimilação Submissão e dependência. Não se instituiu qualquer forma de serviço sistemático. Ações emergenciais Processos de pacificação Entendimento de que o indígena não era responsável pelas suas ações → não tinha autonomia e independência para decidir. 1956 – Serviços de Unidades Sanitárias Aéreas (SUSA) Criado pelo Ministério da Saúde Traziam ações básicas de saúde em áreas de difícil acesso Imunização, controle de tuberculose e malária, procedimentos odontológicos Participação de algumas universidades no atendimento Sem atendimento constante → ações mantidas de tempos em tempos 1967 – Extinção do SPI - CRIAÇÃO: 1- FUNAI (1967) → passou a cuidar da saúde do índio 2- Estatuto do Índio (1973) → Lei nº 6.001 3- Equipes Volante de Saúde → atendimento esporádico → iam e voltavam para a FUNAI → possível conhecer melhor o perfil das comunidades. 4- Atendimento por demanda em caso de surtos e endemias → modelo campanhista. FUNAI - Fundação Nacional do Índio Órgão indigenista oficial, vinculado ao Ministério da Justiça, responsável pela coordenação das ações do governo federal destinadas a assegurar os direitos constitucionais dos povos indígenas no país. Entre suas principais atribuições está a garantia dos territórios indígenas, por meio de uma política de demarcação, fiscalização e retirada de invasores, ação que assume relevância primordial entre os fatores determinantes de saúde e qualidade de vida destas populações. Os projetos de desenvolvimento sustentável e manejo adequado do meio ambiente deverão ser priorizados por essa instituição. A FUNAI deve fazer o acompanhamento das ações de saúde desenvolvidas em prol das comunidades indígenas. 1980-1990 - CRISE INSTITUCIONAL DA FUNAI Período de instabilidade Não havia uma política de saúde indígena Ações oferecidas pelo governo consistiam em iniciativas isoladas, sem integração. 1986 - OITAVA CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE Primeira conferência de proteção à saúde do índio Necessidade de criação de uma política pública específica para atender o povo indígena. 1988– CONSTITUIÇÃO FEDERAL Extinção da figura da tutela → passa a responder pelos seus próprios atos. Julgamento conforme cultura → corpo de júri que tenha conhecimento. Estabeleceu a competência privativa da União para legislar e tratar a questão indígena. Definiu princípios gerais do SUS → posteriormente regulamentados pela Lei 8080/90 Estabeleceu que a direção única e a responsabilidade da gestão federal do Sistema são do Ministério da Saúde Traz o subsistema de atenção Garantia de reconhecimento dos direitos, diversidade e especifidade cultural. Marco na proteção territorial → viabilizava reprodução física e cultural dos índios. 1993- 2ª CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE PARA POVOS INDIGENAS Parte integrante da IX Conferência Nacional de Saúde Objetivos: 1- definição das diretrizes da Política Nacional de Saúde para os Povos Indígenas 2- atualização das recomendações da I Conferência Nacionalde Proteção à Saúde do Índio, em conformidade com o processo de consolidação do SUS e incorporação no mesmo de um subsistema diferenciado de saúde para os povos indígenas. 1999 - Lei 9836 – Lei Arouca SASI - Subsistema de Atenção à Saúde Indígena Estabelece o subsistema de atenção de saúde indígena no âmbito do SUS Acrescenta à Lei nº 8.080/90 → que → “dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências” Instituindo o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena → componente do SUS. O SASI deverá ser, como o SUS, descentralizado, hierarquizado e regionalizado. União → recursos próprios → financiamento SASI Estados, Municípios, outras instituições governamentais e não-governamentais poderão atuar complementarmente no custeio e execução das ações SUS promoverá a articulação do Subsistema instituído por esta Lei com os órgãos responsáveis pela Política Indígena do País. Considerar realidade local e as especificidades da cultura dos povos Modelo a ser adotado para a atenção à saúde indígena → deve pautar abordagem diferenciada e global, contemplando aspectos de assistência à saúde, saneamento básico, nutrição, habitação, meio ambiente, demarcação de terras, educação sanitária e integração institucional. O Subsistema terá como base os Distritos Sanitários Especiais Indígenas. Devem ter acesso garantido ao SUS, em âmbito local, regional e de centros especializados → compreendendo a atenção primária, secundária e terciária à saúde. Direito a participação dos organismos colegiados de formulação, acompanhamento e avaliação das políticas de saúde 1999 - DECRETO Nº 3.156 – Proposta regulamentada - DSEI Dispõe sobre as condições para a prestação de assistência à saúde dos povos indígenas, no âmbito do SUS, pelo Ministério da Saúde (Art.1) A atenção à saúde indígena é dever da União e será prestada de acordo com a Constituição e com a Lei nº 8.080, objetivando a universalidade, a integralidade e a equanimidade dos serviços de saúde. (Art.2) ↑ Para o cumprimento do disposto no artigo anterior, deverão ser observadas seguintes diretrizes destinadas à promoção, proteção e recuperação da saúde do índio, objetivando o alcance do equilíbrio bio-psico-social, com o reconhecimento do valor e da complementariedade das práticas da medicina indígena, segundo as peculiaridades de cada comunidade, o perfil epidemiológico e a condição sanitária: 1. O desenvolvimento de esforços que contribuam para o equilíbrio da vida econômica, política e social das comunidades indígenas; 2. A redução da mortalidade, em especial a materna e a infantil; 3. A interrupção do ciclo de doenças transmissíveis; 4. O controle da desnutrição, da cárie dental e da doença periodental; 5. A restauração das condições ambientais, cuja violação se relacione diretamente com o surgimento de doenças e de outros agravos da saúde; 6. A assistência médica e odontológica integral, prestada por instituições públicas em parceria com organizações indígenas e outras da sociedade civil; 7. Garantia aos índios e às comunidades indígenas de acesso às ações de nível primário, secundário e terciário 8. A participação das comunidades indígenas envolvidas na elaboração da política de saúde indígena, de seus programas e projetos de implementação 9. O reconhecimento da organização social e política, dos costumes, das línguas, das crenças e das tradições dos índios. Ministério da Saúde estabelecerá as políticas e diretrizes para a promoção, prevenção e recuperação da saúde do índio, cujas ações serão executadas pela Fundação Nacional de Saúde - FUNASA. A FUNAI comunicará à FUNASA a existência de grupos indígenas isolados, com vistas ao atendimento de saúde específico. Definição dos DSEI - Distritos Sanitários Especiais Indígenas Organização das atividades de atenção à saúde das populações indígenas no âmbito do SUS → se efetiva progressivamente, por intermédio dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) → ficando assegurados os serviços de atendimento básico nas terras indígenas. A FUNASA contará com Distritos Sanitários Especiais Indígenas destinados ao apoio e à prestação de assistência à saúde das populações indígenas. Ministério da Saúde estabelecerá as políticas e diretrizes para a promoção, prevenção e recuperação da saúde do índio, cujas ações serão executadas pela Fundação Nacional de Saúde - FUNASA. 1999 - Portaria nº 1.163/GM Dispõe sobre as responsabilidades na prestação de assistência à saúde dos povos indígenas, no Ministério da Saúde e dá outras providências O Ministro de Estado da Saúde, no uso de suas atribuições legais, considerando: que os povos indígenas enfrentam situações distintas de risco e vulnerabilidade, além de conflitos em suas relações com a sociedade envolvente; que a gestão da atenção à saúde para os povos indígenas é de responsabilidade do Ministério da Saúde, como gestor do SUS; necessidade de que a organização da assistência aos povos indígenas seja orientada por suas especificidades étnicas e culturais; necessidade do aperfeiçoamento da integração entre o Min. Saúde, Estados/ Municípios necessidade de assegurar a identificação de responsabilidade na execução das ações de atenção à saúde dos povos indígenas Resolve: (Art.1) Execução das ações de atenção à saúde dos povos indígenas será por intermédio da FUNASA → articulada à Secretaria de Assistência à Saúde/SAS Em conformidade com as políticas e diretrizes definidas para atenção à saúde dos povos indígenas. (Art.2) Estabelece atribuições à Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), com relação à saúde dos povos indígenas: I- promover a implantação dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) → visando facilitar o acesso dos povos indígenas às ações e serviços básicos de saúde: a) a organização de cada distrito deve ser entendida como um processo a ser construído com a participação dos povos indígenas, observando os seus próprios conceitos e práticas relativos às suas condições de viver e morrer; b) cada distrito deverá contar com uma rede hierarquizada de serviços para a atenção básica dentro das terras indígenas; c) o acesso às estruturas assistenciais de maior complexidade, localizadas fora dos territórios indígenas, deverá se dar de forma articulada e pactuada com os gestores municipais e estaduais. II - garantir a referência para a atenção à saúde de média e alta complexidade na rede de serviços já existentes → sob gestão do estado ou município; III - garantir a participação dos povos indígenas nas instâncias de controle social formalizados em nível dos DSEI, por meio dos Conselhos Locais e Distritais de Saúde; IV - conduzir a implantação e operacionalização dos serviços de saúde de atenção básica desenvolvidos nos DSEI; V - promover a articulação regional entre os diversos distritos, visando à compatibilização das necessidades de níveis regionais e nacionais → garantindo o funcionamento das Casas de Saúde Indígena de referência regional; VI - garantir a disponibilização de recursos humanos em quantidade e qualidade necessárias para o desenvolvimento das ações de atenção à saúde dos povos indígenas, utilizando como uma das estratégias, a articulação com municípios, estados, outros órgãos governamentais e organizações não governamentais; VII - realizar acompanhamento, supervisão e avaliação das ações desenvolvidas pelos DSEI; VIII - Promover as condições necessárias para o processo de capacitação dos profissionais de saúde e educação permanente dos agentes indígenas de saúde e dos instrutores/supervisores. Art.3 Cabe à Secretaria de Assistência à Saúde (SAS), juntamente com estados e municípios → organização da assistência à saúde dos povos indígenase a garantia do acesso dos índios e das comunidades indígenas ao Sistema Único de Saúde – SUS → A recusa de quaisquer instituições, públicas ou privadas, ligadas ao SUS, em prestar assistência aos índios configura ato ilícito, passível de punição pelos órgãos competentes. Art.4 Para cumprir art.3 a SAS se responsabiliza por: I - identificar, nos municípios com áreas indígenas, as estruturas assistenciais de referência para populações indígenas; II - viabilizar que estados e municípios de regiões onde vivem os povos indígenas complementem o custeio e execução das ações de atenção ao índio → promovendo as adaptações necessárias na estrutura e organização do SUS; III - garantir que a população indígenas tenham acesso às ações/serviços/níveis do SUS. Art.5 Instituir o Fator de Incentivo de Atenção Básica aos povos indígenas → destinado às ações e procedimentos de Assistência Básica de Saúde. Incentivo → montante de recursos destinados a apoiar a implantação de agentes de saúde indígena e de equipes multidisciplinares para atenção à saúde das comunidades indígenas. As equipes serão compostas por médico, dentista, enfermeiro, auxiliar de enfermagem e agente indígena de saúde → poderão ser operadas direta ou indiretamente pela FUNASA, Estados ou por Municípios. Art.6 SAS + FUNASA regulamentarão, mediante ato específico, 1- sistemática para a sua operacionalização e 2- valor do incentivo Art. 7º Criar fator de incentivo para a assistência ambulatorial, hospitalar e de apoio diagnóstico a população indígena. Destinado para hospitais que considerem as especificidades da assistência à saúde das populações indígenas e que ofereçam atendimento às mesmas, em seu próprio território ou região de referência. Art. 9° Determinar que a Secretaria Executiva, a SAS e a FUNASA poderão estabelecer, em portarias específicas ou em conjunto outras medidas necessárias implementação desta portaria. 2000 – DESAI - Departamento de Saúde Indígena Organização da FUNASA (fundação nacional da saúde) Por intermédio DESAI: Responsabilidade pela gestão central do Subsistema de Saúde Indígena (SASi) Desenvolver atividades para a racionalização das ações desenvolvidas pelos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) → que incluirão promoção de encontros regionais, macrorregionais e nacionais para avaliar o processo de implantação da Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas. Planejar, coordenar, executar e fiscalizar atividades de atendimento integral à saúde indígena no SUS. Planejar, coordenar e supervisionar a execução das atividades relativas a sistemas e serviços de saneamento ambiental em áreas indígenas → articulação com o Departamento de Engenharia de Saúde Pública (DENSP) 2002 – Portaria nº 254 Aprovação da Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas A implementação da Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas requer adoção de um modelo complementar e diferenciado de organização dos serviços → voltados para proteção, promoção e recuperação da saúde → exercer cidadania. Efetivação → deverá ser criada uma rede de serviços nas terras indígenas → superar as deficiências de cobertura, acesso e aceitabilidade do SUS para a população. Necessário → atenção à saúde diferenciada → levando-se em consideração as especificidades culturais, epidemiológicas e operacionais desses povos. Desenvolvimento e uso de tecnologias apropriadas por meio da adequação das formas ocidentais convencionais de organização de serviços. Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas: Objetivo → garantir aos povos indígenas acesso à atenção integral à saúde, de acordo com os princípios e diretrizes do SUS → contemplando a diversidade social, cultural, geográfica, histórica e política → de modo a favorecer a superação dos fatores que tornam essa população mais vulnerável aos agravos à saúde de maior magnitude e transcendência entre os brasileiros (EQUIDADE), reconhecendo a eficácia de sua medicina e o direito desses povos à sua cultura. Elaboração desta proposta contou com a participação de representante das organizações indígenas, com experiência de execução de projetos no campo da atenção à saúde junto ao povo Elaboração contou com participação de representantes dos órgãos responsáveis pelas políticas de saúde e política e ação indigenista do governo, bem como de organizações da sociedade civil com trajetória reconhecida no campo da atenção e da formação de recursos humanos para a saúde dos povos indígenas. Tuberculose (na época) Diretrizes - Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas Orientar a definição de instrumentos de planejamento, implementação, avaliação e controle das ações de atenção à saúde dos povos indígenas. 1. Organização dos serviços de atenção à saúde dos povos indígenas na forma de Distritos Sanitários Especiais (DSEI) e Pólos-Base, no nível local, onde a atenção primária e os serviços de referência se situam; 2. Preparação de recursos humanos para atuação em contexto intercultural; 3. Monitoramento das ações de saúde dirigidas aos povos indígenas; 4. Articulação dos sistemas tradicionais indígenas de saúde; 5. Promoção do uso adequado e racional de medicamentos; 6. Promoção de ações específicas em situações especiais; 7. Promoção da ética na pesquisa e nas ações de atenção à saúde envolvendo comunidades indígenas; 8. Promoção de ambientes saudáveis e proteção da saúde indígena; 9. Controle social. Distrito Sanitário Especial Indígena: Modelo de organização de serviços - orientado para um espaço etno-cultural dinâmico, geográfico, populacional e administrativo bem delimitado Contempla um conjunto de atividades técnicas, visando medidas racionalizadas e qualificadas de atenção à saúde, promovendo a reordenação da rede de saúde e das práticas sanitárias e desenvolvendo atividades administrativo-gerenciais necessárias à prestação da assistência, com controle social. Critérios: População, área geográfica e perfil epidemiológico Disponibilidade de serviços, recursos humanos e infraestrutura Vias de acesso aos serviços instalados em nível local e à rede regional do SUS Relações sociais entre os diferentes povos indígenas do território e a sociedade regional Distribuição demográfica tradicional dos povos indígenas → que não coincide necessariamente com os limites de estados e municípios onde estão localizadas as terras indígenas Organização: Definição e organização dos DSEI → realizadas discussões e debates com a participação de lideranças e organizações indígenas, do órgão indigenista oficial, de antropólogos, universidades e instituições governamentais e não-governamentais que prestam serviços às comunidades indígenas, além de secretarias municipais e estaduais de Saúde. Cada distrito organizará uma rede de serviços de ABS dentro das áreas indígenas, integrada e hierarquizada com complexidade crescente e articulada com a rede do SUS. As Comissões Intergestores Bipartites são importantes espaços de articulação para o eficaz funcionamento dos distritos. Equipes de saúde dos distritos → deverão ser compostas por médicos, enfermeiros, odontólogos, auxiliares de enfermagem e AIS → participação sistemática de antropólogos, educadores, engenheiros sanitaristas etc. quando necessários. O número, qualificação e perfil dos profissionais das equipes serão estabelecidos de acordo com o planejamento detalhado de atividades, considerando → número de habitantes, a dispersão populacional, as condições de acesso, o perfil epidemiológico, as necessidades específicas para o controle das principais endemias e o Programa de Formação de Agentes Indígenas de Saúde a ser definido conforme a diretriz específica desta política. Aldeias → atençãobásica será realizada por meio dos Agentes Indígenas de Saúde (AIS), nos postos de saúde, e pelas equipes multidisciplinares periodicamente, conforme planejamento das suas ações. Na organização dos serviços de saúde, as comunidades terão uma outra instância de atendimento, que serão os Pólos-Base. Pólos-Base → primeira referência para os agentes indígenas de saúde que atuam nas aldeias. Podem estar localizados numa comunidade indígena ou num município de referência. Neste último caso, correspondem a uma unidade básica de saúde, já existente na rede de serviços daquele município. A maioria dos agravos à saúde deverão ser resolvidas nesse nível. As demandas que não forem atendidas no grau de resolutividade dos Pólos-Base deverão ser referenciadas para a rede de serviços do SUS, de acordo com a realidade de cada DSEI. Essa rede já tem sua localização geográfica definida e será articulada e incentivada a atender os índios → levando em consideração a realidade socioeconômica e a cultura de cada povo indígena, por intermédio de diferenciação de financiamento. Objetivo de garantir o acesso à atenção de média e alta complexidades → definidos procedimentos de referência, contra referência e incentivo a unidades de saúde pela oferta de serviços diferenciados com influência sobre o processo de recuperação e cura dos pacientes indígenas. Deverão ser oferecidos serviços de apoio aos pacientes encaminhados à rede do SUS → prestados pelas Casas de Saúde Indígena → localizadas em municípios de referência dos distritos a partir da readequação das Casas do Índio. Essas Casas de Saúde → deverão estar em condições de receber, alojar e alimentar pacientes encaminhados e acompanhantes, prestar assistência de enfermagem 24 horas por dia, marcar consultas, exames complementares ou internação hospitalar, providenciar o acompanhamento dos pacientes nessas ocasiões e o seu retorno às comunidades de origem, acompanhados das informações sobre o caso. Além disso → deverão ser adequadas para promover atividades de educação em saúde, produção artesanal, lazer e demais atividades para os acompanhantes e mesmo para os pacientes em condições para o exercício dessas atividades. Preparação de recursos humanos para atuação em contexto intercultural Programa de Formação de Agentes Indígenas de Saúde → parte do processo de construção dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas → PREPARO Será desenvolvido em serviço e de forma continuada, sob a responsabilidade de Instrutores/Supervisores, devidamente capacitados, com a colaboração de outros profissionais de serviço de saúde e das lideranças e organizações indígenas. Processo de formação dos AIS → elaborado dentro da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB (Lei nº 9.394/96) 1. Direcionado para a construção de competências/habilidades, visando facilitar o prosseguimento da profissionalização nos níveis médio (técnico) e superior (tecnológico). 2. Seguirá metodologia participativa, propícia à comunicação intercultural → favorecer o processo recíproco de aquisição de conhecimentos. Capacitação dos recursos humanos para a saúde indígena → instrumento fundamental de adequação das ações dos profissionais e serviços de saúde do SUS às especificidades da atenção à saúde dos povos indígenas e às novas realidades técnicas, legais, políticas e de organização dos serviços. Deverão ser promovidos cursos de atualização, aperfeiçoamento, especialização para gestores, profissionais de saúde e assessores técnicos (indígenas e não-indígenas) das várias instituições que atuam no sistema. Organização de um processo de educação continuada para todos os servidores que atuam na área de saúde indígena. Monitoramento das ações de saúde Para acompanhar as ações de saúde desenvolvidas no âmbito do Distrito Sanitário → organizado sistema de informações → na perspectiva do Sistema de Vigilância em Saúde, voltado para a população indígena. Esse sistema deverá identificar informações que atendam às necessidades de cada nível gerencial, fornecendo subsídios para a construção de indicadores que avaliem a saúde e, indiretamente, a atenção à saúde, como a organização dos serviços no Distrito Sanitário, particularmente no que diz respeito ao acesso, à sua cobertura e à sua efetividade. Essas informações servirão também para identificar e divulgar os fatores condicionantes e determinantes da saúde, estabelecer prioridades na alocação de recursos e orientação programática, facilitando a participação das comunidades no planejamento e na avaliação das ações → Plano de Ação O fluxo de informações será pactuado com os municípios de referência e/ou estados. Os dados gerados nos serviços de referência da rede do SUS serão encaminhados para os distritos. Nas circunstâncias especiais, em que couber ao distrito viabilizar todo o serviço de assistência na sua área de abrangência, o mesmo repassará estas informações para os respectivos municípios e/ou estados, a fim de alimentar continuamente os bancos de dados nacionais. O acesso permanente ao banco de dados deverá estar assegurado a qualquer usuário. O Acompanhamento e Avaliação desta política terá como base o Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena – SIASI - referente à saúde dos povos indígenas. Os aspectos a serem acompanhados e avaliados incluirão a estrutura, o processo e os resultados da atenção à saúde dos povos indígenas. SIASI → subsidiar os órgãos gestores e de controle social quanto à compatibilidade entre o diagnóstico situacional dos problemas de saúde identificados e as prioridades estabelecidas nos níveis técnico, social e político, visando a coerência entre ações planejadas e efetivamente executadas. Promoção de ações específicas em situações especiais Deverão ser consideradas e priorizadas ações para situações consideradas especiais, isto é, caracterizadas, fundamentalmente, por risco iminente, especificidade do processo saúde-doença, impactos econômico e social de grandes projetos de desenvolvimento, vulnerabilidade derivada do tipo de contato, exposição a determinados agravos, como as doenças sexualmente transmissíveis e a aids, o suicídio, e os desastres ambientais, entre outros. Controle social Participação indígena → deve ocorrer em todas as etapas do planejamento, implantação e funcionamento dos DSEI, contemplando expressões formais e informais. Conselhos Locais de Saúde → constituídos pelos representantes das comunidades indígenas da área de abrangência dos Pólos-Base → incluindo lideranças tradicionais, professores indígenas, agentes indígenas de saúde, especialistas tradicionais, parteiras... Os representantes → farão parte do Conselho Local de Saúde → escolhidos pelas comunidades → indicação formalizada pelo chefe do Distrito. Conselhos Distritais de Saúde → são instâncias de Controle Social → caráter deliberativo e constituídos (Lei nº 8.142/90) → composição → de 50% de usuários e 50% de organizações governamentais, prestadores de serviços e trabalhadores do setor de saúde dos respectivos distritos. Para promover a articulação da população indígena com a população regional na solução de problemas de saúde pública → deve ser favorecida a participação de seus representantes nos Conselhos Municipais de Saúde. Estimulada → criação de Comissões Temáticas ou Câmaras Técnicas → caráter consultivo, junto aos Conselhos Estaduais de Saúde, com a finalidade de discutir formas de atuação na condução da Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas. Responsabilidades institucionais Características excepcionais da assistência à saúde dos povos indígenas determinam a necessidade de uma ampla articulação em nível intra e intersetorial Cabe ao órgão executor desta política a responsabilidade pela promoçãoe facilitação deste processo. A Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas prevê a existência de uma atuação coordenada, entre diversos órgãos e ministérios, no sentido de viabilizar as medidas necessárias ao alcance de seu propósito. Articulação intersetorial Deverão ser definidos mecanismos de articulação intersetorial que possam fazer frente aos diferentes determinantes envolvidos nos processos de saúde e doença que afetam essas populações. Órgão executor das ações de atenção à saúde dos povos indígenas buscará, em conjunto com o órgão indigenista oficial → parcerias para a condução desta política, principalmente no que diz respeito a alternativas voltadas para a melhoria do nível de saúde dos povos indígenas. Articulação intra-setorial Necessário um envolvimento harmônico dos gestores nacional, estaduais e municipais do SUS → por meio de um planejamento pactuado nos Distritos Sanitários Indígenas → que resguarde o princípio da responsabilidade final da esfera federal e um efetivo Controle Social exercido pelas comunidades indígenas. Ministério da Saúde Direitos indígenas → sede constitucional e são de competência federal Cabe ao Ministério da Saúde → gestão e direção da Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas. Decreto nº 3.146/99 (Art. 3º) → a Fundação Nacional de Saúde - FUNASA - é o órgão responsável pela execução das ações. As atribuições da FUNASA, em articulação com as Secretarias de Assistência à Saúde e de Políticas de Saúde, são as seguintes: 1. estabelecer diretrizes e normas para a operacionalização da Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas 2. promover a articulação intersetorial e intra-setorial com as outras instâncias do Sistema Único de Saúde; 3. coordenar a execução das ações de saúde e exercer a responsabilidade sanitária sobre todas as terras indígenas no país; 4. implantar e coordenar o sistema de informações sobre a saúde indígena no país. FUNASA → intermédio do Departamento de Saúde Indígena (DESAI) → atividades objetivando a racionalização das ações desenvolvidas pelos Distritos Sanitários Especiais Indígenas → promoção de encontros regionais, macrorregionais e nacionais para avaliar o processo de implantação da Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas. Financiamento Ações a serem desenvolvidas pelos DSEI → financiadas pelo orçamento da FUNASA e do Ministério da Saúde → podendo ser complementada por organismos de cooperação internacional e da iniciativa privada. Estados e municípios deverão atuar complementarmente → considerando que a população indígena está contemplada nos mecanismos de financiamento do SUS. O financiamento dos DSEI Indígenas deverá ser de acordo com o montante de população, situação epidemiológica e características de localização geográfica. 2005 - PORTARIA Nº 1.088 Definição dos valores do incentivo financeiro de atenção básica de saúde aos povos indígenas e sobre a composição e organização das equipes multidisciplinares de atenção à saúde indígena. Art.1 Valores do incentivo financeiro de atenção básica de saúde aos povos indígenas → de acordo com composição da equipe multidisciplinar de atenção à saúde indígena (EMSI) e regionalização. Art.2 Instituir como equipe multidisciplinar de atenção à saúde indígena no âmbito da atenção básica de saúde e terá a seguinte composição mínima: Médico Enfermeiro Odontólogo Auxiliar de Enfermagem Auxiliar de Consultório Dentário Agente Indígena de Saúde (AIS) Agente Indígena de Saneamento (AISAN) Art.3 Garantida a possibilidade de inserção de outros profissionais que atuam na saúde indígena, de acordo com a situação epidemiológica e necessidades de saúde, compondo o Núcleo Matricial de Atenção Básica à Saúde Indígena. Art 4° Organização e composição das Equipes (EMSI) se dará a partir dos núcleos: Núcleo Básico de Atenção à Saúde Indígena – responsável pela execução das ações básicas de atenção à saúde indígena Composição → Enfermeiro, Auxiliar de Enfermagem, AIS e AISAN Núcleo de Referência de Atenção Básica à Saúde Indígena – responsável pela atenção básica de saúde à população indígena, na área de abrangência dos pólos-base de Saúde Indígena e da rede integrada do Sistema Único de Saúde – SUS Composição → Médico, Odontólogo e Auxiliar de Higiene Dental Núcleo Matricial de Atenção Básica à Saúde Indígena – responsável pela execução das ações de atenção integral à saúde da população indígena na área de abrangência do Distrito Sanitário Especial Indígena – DSEI e da rede integrada do SUS Composição → profissionais de saúde que atuam na saúde indígena não contemplados na composição mínima da equipe multidisciplinar de saúde. Composição das EMSI → situação epidemiológica, necessidades de saúde, acesso e complexidade dos serviços → atuar de forma articulada e integrada, com clientela adscrita e território estabelecidos. ANEXO I Critérios de referência para cobertura populacional, por categoria profissional para composição das Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena na região da Amazônia Legal e demais regiões do país. ANEXO II Tabela de valores mensais dos incentivos financeiros de atenção básica de saúde aos povos indígenas de acordo com a composição das equipes multidisciplinares de saúde e regionalização. 2006 – Portaria 648 Aprova a política nacional de Atenção Básica. Estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da AB para o Programa Saúde da Família (PSF) e o Programa Agentes Comunitários de Saúde (PACS) Os recursos do PAB variável são parte integrante do Bloco da AB e terão sua utilização definida nos planos municipais de saúde PAB variável → representa a fração de recursos federais para o financiamento de estratégias nacionais de organização da Atenção Básica, cujo financiamento global se dá em composição tripartite. Para fazer jus ao financiamento específico do PAB variável, o Distrito Federal e os municípios devem aderir às estratégias nacionais: I - Saúde da Família (SF); II - Agentes Comunitários de Saúde (ACS); III - Saúde Bucal (SB); IV - Compensação de Especificidades Regionais; V - Saúde Indígena (SI); VI - Saúde no Sistema Penitenciário. Transferência dos recursos financeiros que compõem os incentivos relacionados ao PAB variável da Saúde Indígena → regulamentada em portaria específica (2656/2007) 2007 - PORTARIA Nº 2.656 1. Dispõe sobre as responsabilidades na prestação da atenção à saúde dos povos indígenas no Ministério da Saúde 2. Regulamentação dos Incentivos de Atenção Básica e Especializada aos Povos Indígenas. Portaria → tendência da municipalização dos serviços na política de saúde indígena Art.6 Estabelecer que Incentivo para Atenção Especializada aos Povos Indígenas (IAE-PI) destine-se à implementação qualitativa e equânime da assistência ambulatorial, hospitalar, apoio diagnóstico e terapêutico à população indígena. § 2º O incentivo incidirá sobre os procedimentos pagos do SIH/SUS Proporcionais à oferta de serviços prestados pelos estabelecimentos às populações indígenas Limite de até 30% da produção total das AIH (Autorização de Internação Hospitalar) aprovadas. § 3º Ministério da Saúde → por meio da Secretaria de Atenção à Saúde e da Fundação Nacional de Saúde → identificará os estabelecimentos assistenciais na rede do SUS que melhor se enquadram ao perfil de referência à atenção especializada para as comunidades indígenas. § 5º Ministério da Saúde → por meio da Fundação Nacional de Saúde e da Secretaria de Atenção à Saúde + respectivo gestor → responsáveis por pactuar a referência e a contra-referência para à atenção especializada, ambulatorial e hospitalar na rede de serviços contemplando as metas previstas na Programação Pactuadae Integrada (PPI). Art. 7º Incentivos serão repassados a Municípios e a Estados mediante: 1- Termo de pactuação → consta as responsabilidades e atribuições da atenção à saúde dos povos indígenas pactuado pela FUNASA, SAS, Municípios ou Estados, Conselhos Distritais de Saúde Indígena. Deverá ser apresentado e aprovado nos respectivos Conselhos de Saúde Municipais ou Estaduais → depois ratificados na Comissão Intergestores Bipartite (CIB) com a participação de representantes dos DSEI e dos Conselhos Distritais de Saúde Indígena (CONDISI) 2- Cadastramento e atualização periódica no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES): a) estabelecimentos de saúde habilitados ao recebimento do IAE-PI b) unidades básicas de saúde com suas respectivas EMSI § 1º Os atos de pactuação se darão no âmbito do Distrito Sanitário Especial Indígena- DSEI/Coordenação Regional - CORE/FUNASA. § 2º O Termo de Pactuação deverá ser parte integrante do Termo de Compromisso de Gestão que formaliza o Pacto pela Saúde nas suas Dimensões pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão, contendo os objetivos e as metas, as atribuições e responsabilidades sanitárias dos gestores nos diferentes níveis e os indicadores de monitoramento e avaliação. Termo de Pactuação da Atenção Especializada aos Povos Indígenas deverá contemplar: relação da oferta dos serviços; a população indígena potencialmente beneficiária; metas quali-quantitativas e os seus respectivos valores → definição do fluxo de referência e contra-referência e estratégias de acolhimento. 2008 - Início das Reformas na Saúde Indígena Edição da Portaria 1235/08 → cria a comissão de estudo para elaboração de uma política de RH para o subsistema de saúde indígena; Envio de Projeto de Lei 3958 → propondo a criação da Secretaria de Atenção Primária e de Promoção da Saúde no MS, e transferindo o DESAI (dep. Saúde indígena) para esta Secretaria. Setembro → manifestação do Fórum de Presidentes de CONDISI e da Comissão Nacional de Política Indigenista – CNPI contra esta proposta. Novembro → Seminário de Saúde Indígena → propostas para um novo modelo de saúde indígena. Em dezembro → criação de um grupo de trabalho pelo Min. da Saúde para elaboração de propostas para a saúde indígena; seus trabalhos iniciaam em janeiro de 2009; Realizam-se seminários regionais pautando → autonomia do DSEI, criação da Secretaria Especial de Saúde Indígena (já queriam SESAI); uma proposta de transição da saúde indígena da FUNASA para o Ministério da Saúde. 2009 - Decreto Presidencial nº 6878 → autonomia do DSEI Altera e acresce artigo ao Anexo I do Decreto no 4.727/2003 → aprova o Estatuto e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão e das Funções Gratificadas da FUNASA SESAI → DSEI → CASAI → POLO BASE → USI DESAI - Departamento de Saúde Indígena (2000) FUNASA → gestora do Subsistema de Saúde Indígena (SSI) na estrutura SUS DESAI → gestão central do SSI Desenvolvimento de atividades → para racionalizar as ações implementadas pelos DSEIs → ex: promoção de encontros macrorregionais e nacionais para avaliar o processo de implantação da Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas. Atribuições: Promover, proteger e recuperar a saúde dos povos indígenas, segundo as peculiaridades, o perfil epidemiológico e a condição sanitária de cada comunidade Propor políticas e ações de saúde e vigilância para as populações indígenas Apoiar a implementação de políticas e ações de educação em saúde para as populações indígenas em conjunto com a Assessoria de Comunicação e Educação em Saúde. Competência: Planejar, coordenar, executar e fiscalizar as atividades de atendimento integral à saúde dos povos indígenas, no âmbito do SUS Planejar, coordenar e supervisionar a execução das atividades relativas a sistemas e serviços de saneamento ambiental em áreas indígenas → articulação com Departamento de Engenharia de Saúde Pública (Densp) SESAI – Secretaria Especial de Saúde Indígena 2010 – Decreto nº 7336 Lei nº 12.314/2010 → autoriza a criação da SESAI no âmbito do Ministério da Saúde. Transfere ações de saúde indígena: FUNASA → SESAI Transferidos FUNASA para o Ministério da Saúde → bens permanentes ativos compreendendo móveis, imóveis, intangíveis e semoventes, acervo documental e equipamentos destinados à: → promoção, proteção e recuperação da saúde dos povos indígenas → ações de saneamento ambiental em terras indígenas Desenvolve ações de atenção integral à saúde indígena e educação em saúde, em consonância com as políticas de saúde tradicionais indígenas Ações especializadas + controle social Responsável por coordenar e executar política nacional de atenção à saúde dos povos indígenas e pelo → processo de gestão do Subsistema de atenção à saúde do indígena (SasiSUS) no SUS Descentralizado, com autonomia administrativa, orçamentária, financeira e → Responsabilidade sanitária dos 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12314.htm → Cada DSEI organiza uma rede de serviço de AB dentro das áreas indígenas. Ações integradas e hierarquizadas → articuladas com a rede do SUS. Tentou transformar os DSEI em unidades gestoras → autonomia para realizar licitações, contratar serviços, adquirir medicamentos, entre outras ações → reivindicação antiga dos povos indígenas CONDISI - CONSELHO DISTRITAL DE SAÚDE INDÍGENA Fiscaliza, supervisionam e treinamos AIS. Cria plano de saúde que é utilizado pelo DSEI para concretização de obras como saneamento. DSEI - Distritos Sanitários Especiais Indígenas Voltado para atenção primária → âmbito estadual Baseadas na Portaria MS nº 254/02 → aprovou a Política Nacional de Atenção à Saúde CIBipartites → eficazes para articulação→ 1 único DSEI pode abranger diversos municípios/estados (sul) Colocar em funcionamento o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SASI) → possibilitou a efetivação do direito fundamental a saúde para os indígenas levando em consideração sua identidade étnica. → estabeleceu diretrizes de assistência à saúde por meio de uma abordagem diferenciada que atenda as especificidades culturais indígenas. Possibilita o funcionamento prático do acesso a saúde para os indígenas Destaca → ações técnicas e qualificadas na promoção da saúde e na realização de práticas sanitárias adequadas, controle social na prevenção de doenças e promoção do uso adequado e racional de medicamentos. 34 DSEIs no Brasil Integrada e hierarquizada visando as necessidades de cada local Lida com questões logísticas, administrativas, fornecimento e organização de serviços. Devem se organizar como uma rede de serviços de atenção básica de saúde dentro das áreas indígenas → integrada e hierarquizada com complexidade crescente e articulada com a rede do SUS Designação dos membros feita por 3 ´´PARTES´´ Conselhos Distritais de Saúde Indígena → Presidente da FUNASA Conselhos Locais de Saúde serão designados → Chefe do Distrito Sanitário Especial Indígena → mediante indicação das comunidades representadas. Critérios: 1. População, área geográfica e perfil epidemiológico; 2. Acesso aos serviços instalados em nível local e à rede regional do SUS; 3. Relações sociais entre os diferentes povos indígenas do território e a sociedade regional; 4. Distribuição demográfica tradicional dos povos indígenas → que não coincide necessariamente com os limites de estados e municípios onde estão localizadas as terras indígenas; 5. Disponibilidade de serviços, recursos humanos e infraestrutura. DIASI – Núcleos de atenção primária à saúde - Objetivos: Núcleo 1 Núcleo 2 Núcleo 3 Núcleo 4 Núcleo 5 Análise de situação de saúde Planejamento,gestão do trabalho e educação permanente Saúde das Mulheres e das Crianças Ciclos de vida e promoção da saúde Prevenção e controle das doenças e dos agravos - Vigilância do óbito; - Vigilância epidemiológica; - Vigilância ambiental em saúde; - SIASI; - Demais sistemas de saúde - Educação Permanente; - Interculturalidade - Planejamento do trabalho das EMSI; - Articulação e monitoramento das CASAI; - Assistência Farmacêutica - Saúde das Crianças; - Saúde das Mulheres; - Gestação, parto e puerpério; - Vigilância Alimentar e Nutricional; - Imunização; - Saúde Bucal; - Saúde Mental; - Saúde sexual e reprodutiva; - Medicina Tradicional e valorização dos saberes e das práticas - Doenças e agravos monitorados nacionalmente (Tuberculose, Malária, Doenças em eliminação, etc.); - Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) - Infecções Sexualmente Transmissíveis, HIV/Aids, Sífilis e Hepatites Virais; -Demais doenças e agravos de relevância no território DSEI no MS Maior densidade demográfica do país (70.957) Compostos por 77 aldeias, com 20.152 famílias, distribuídas em 12 etnias diferentes (Kaiowá, terena, guarani, kadiwéu, guato, kinikinawa, ofaié, bororo, guarani kaiowá, akatikum, xavante e cinta larga). Kaiowá a mais numerosa com um total de 34.500 indígenas. O distrito sul mato-grossense se organiza em 15 Polos bases e 3 Casai (Amambaí, Campo Grande e Dourados). CASAI - Casas de Apoio à Saúde do Índio Estabelecimentos de saúde pertencentes ao SASI/SUS Responsáveis por apoiar, acolher e fornecer assistência aos indígenas Que vem referenciado da aldeia / Polo-Base 1. Residentes em territórios indígenas 2. Referenciados à Rede de Serviços do SUS para realização de ações de atenção especializada e ações complementares de AB Sendo destinada também aos acompanhantes, quando se fizer necessário. Estão localizados em municípios de referência → CG e Corumbá no MS 68 no Brasil e 3 no MS Essas Casas de Saúde deverão: Estar em condições de receber pacientes encaminhados e acompanhantes Prestar assistência de enfermagem 24 horas por dia (não quer dizer consulta → curativo/sonda) Marcar consultas, exames ou internação hosp. Nessas ocasiões providenciar acompanhamento dos pacientes e seu retorno à comunidade de origem Promover ativ. De educação em saúde, lazer etc. Se necessário → TRADUTOR Polo- Base Primeiras instancias de atendimento aos indígenas (UBS) Assistência da saúde primária das comunidades Agentes Indígenas de Saúde (AIS) que deslocam até as aldeias. No Brasil, os 34 DSEIs abrigam 361 polos base. Cada polo base é responsável por conjunto de aldeias Funcionam como Unidades Básicas de Saúde composta por Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena. Nestes polos não se atende os agravos à saúde de maior complexidade médica → encaminhados para a rede de serviços do SUS mais próxima → maior suporte técnico Localização geográfica definida → articulada e incentivada a levar em consideração a realidade socioeconômica e cultural de cada povo POLO BASE Tipo 1 → terras indígenas localização em terras indígenas. Regionalmente abriga unidades indígenas, porem em seu território (rural). Execução direta dos serviços em sua área de abrangência. capacitação, reciclagem e supervisão dos Agentes Indígenas de Saúde (AIS) e auxiliares de enfermagem coleta de material para exame esterilização imunizações (rotina) coleta e análise sistêmica de dados investigação epidemiológica informações de doenças prevenção de câncer ginecológico (exame/coleta/consulta) outras atividades compatíveis Embora o atendimento não seja atividade principal do Polo, poderá fazer atendimentos básicos, desde que não sejam rotineiros. Apenas como ponto de apoio, quando estritamente necessário. POLO BASE Tipo 2 → localizada no município Referência para a equipe, administrativo, coleta de dados e afins para que a equipe vá até a unidade e retorne armazenamento de medicamentos armazenamento de material de deslocamento para outras áreas indígenas comunicação via rádio investigação epidemiológica informações de doenças elaboração de relatórios de campo e sistema de informação coleta, análise e sistematização de dados planejamento das ações das equipes multidisciplinares na área de abrangência organização do processo de vacinação na área de abrangência e administração Pode não ser necessário Polo Base 1 → se forem poucas aldeias TIPO 1 – Organização, Administração e Execução dos serviços de atenção à saúde indígena e saneamento. TIPO 2 – Organização e Administração dos serviços de atenção à saúde indígena e saneamento. Aldeia longe do perímetro urbano haverá Polo Base 1. Portanto, inicia-se pelo Agente de Saúde Indígena que contatará o Polo Base 1, havendo equipe e tendo condições será realizado o atendimento (lembrando que nem todo Polo Base 1 tem condições/estrutura para realizar o atendimento); mas caso não seja possível o atendimento será regulado para o Polo base 2. Aldeia próxima ao perímetro urbano o Agente de Saúde Indígena fará contato para fazer a regulação com o Polo Base 2, a depender da complexidade, com o ponto de atendimento do município mais próximo. Caso seja uma complexidade em outro município o ASI fará contato com a CASAI para realizar a regulação e posterior encaminhamento do indígena. Indígena urbanizado não passa pelo Subsistema, será atendimento como usuário não indígena. UBSI – Unidade Básica de Saúde Indígena Estabelecimento de saúde localizado em território indígena. Execução direta dos serviços de atenção à saúde indígena e saneamento. Funciona conforme a organização da equipe. Quando houver necessidade de saúde o Agente de Saúde Indígena conecta ao polo base e faz essa regulação Fluxo de atendimento à saúde indígena Pontuando atenção diferenciada O encaminhamento do índio em qualquer faixa etária se da mesma forma. 1. Cada aldeia/comunidade conta com a atuação do Agente Indígena de Saúde (AIS) com atividades vinculadas a um posto de saúde. 2. A primeira referência para os AIS são os Polos – Bases: Localizados na comunidade indígena ou no município de referência → se localizado no município constitui uma unidade básica de saúde já existente Que prestam assistência à saúde, capacitação e supervisão dos AIS. Eles são estruturados como unidades básicas de saúde com uma equipe multidisciplinar (médico, enfermeiro, dentista e auxiliar de enfermagem) → Quando há algum enfermo ele é encaminhado (pelo AIS ou voluntariamente) para o Polo Base → Se a demanda superar a capacidade de resolução então ocorre o encaminhamento para outros níveis de atendimento, os quais são articulados com os Polos (serviços especializados no próprio município, hospital regional de médio porte, hospital geral/especializado de grande porte, hospital local de pequeno porte). 3. Caso o índio precise, ele vai para a Casa De Saúde Do Índio, que são locais de recepção e apoio ao que vem referenciado do Polo – Base Essa casa tem como função agendar serviços, continuar o tratamento após a alta hospitalar até que o índio tenha condições de voltar para a aldeia, fornecer serviços de tradução e fazer articulação com o DSEI. Principais causas de mortalidade indígenas e não indígenas Mortalidade Infantil A Taxa de Mortalidade Infantil (TMI) indígena foi de 29,84 e a não indígena 10,28. O Risco Relativo para o óbito indígena foi três vezes maior que o de crianças não indígenas. As principais doenças diagnosticadas nas aldeias, classificadas pela Classificação Internacional de Doenças em sua versãoconhecida como CID 10, foram as: Doenças infecto-parasitárias (helmintíase, diarreia, micose, pediculose, tuberculose e malária) - Doenças do metabolismo (desnutrição e distúrbios metabólicos) - Doenças do aparelho respiratório (IRA, Pneumonia, Bronquite e Asma) - Doenças do sangue (anemia) - Causas externas (trauma simples e agressão) Infecções respiratórias agudas → motivos de consulta mais frequentes entre crianças indígenas Pneumonia → relatadas principalmente como causa de óbitos. As comparações da mortalidade infantil considerando os volumes populacionais de indígenas demonstrou riscos mais elevados de morte para crianças indígenas. Em relação ao contexto socioeconômico, cultural e de assistência à saúde pode-se inferir que a dificuldade do acesso em determinas aldeias, baixa cobertura vacinal (também considerando a dificuldade de aceitação da vacina por alguns índios), precário saneamento básico e formação insatisfatória de agentes indígenas de saúde como alguns dos fatores contribuintes para essas incidências Em decorrência da melhoria geral de condições de vida, isto é → elevação da renda per capita, acesso a serviços de saúde, melhoria da cobertura vacinal está diminuindo a prevalência de desnutrição infantil no Brasil, no entanto entre as crianças indígenas, a desnutrição ainda é a principal doença nutricional. Pode-se dividir esses problemas em causas evitáveis, exemplo: doenças preveníveis por vacina (varicela, tuberculose, hepatite) melhor atendimento as gestantes no pré-natal e puerpério (redução da sífilis congênita e HIV, por exemplo) doenças reduzíveis por ações promoção à saúde vinculadas a ações de atenção, como as doenças infecto-parasitárias; A outra divisão seria das causas não evitáveis, exemplo: doenças genéticas como a talassemia (anemia) Índices elevados de mortalidade infantil no período pós-neonatal → vinculados aos determinantes sociais e econômicos, que impactam diretamente na saúde da criança nos primeiros anos de vida → relacionada ao acesso e à qualidade da atenção à saúde materno-infantil que impactam diretamente na saúde da criança indígena nos primeiros anos de vida, podendo acarretar desnutrição e possíveis infecções. Mortalidade Materna A Mortalidade Materna é considerada como uma violação dos direitos humanos, principalmente, porque é uma tragédia evitável em cerca de 92% dos casos, configurando-se em um problema de saúde pública. De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde, entre os anos 1990 e 2010 foi constatada, no Brasil, redução da MM, de 141 para 68 óbitos por 100 mil nascidos vivos, o que representa uma queda de 51%. De acordo, com a Organização Mundial da Saúde (OMS), no ano de 2005, 536.000 mulheres, em todo o mundo, morreram vítimas de complicações relacionadas ao ciclo gravídico-puerperal e apenas 15% destas eram oriundas de países desenvolvidos → confirmando que a magnitude desse problema é predominantemente provinda de países em desenvolvimento, onde a cobertura e o acompanhamento no pré-natal, parto e puerpério são insuficientes. Identificar a importância do coeficiente de mortalidade infantil indígena e não indígena A taxa de mortalidade infantil (TMI) pode ser classificada da seguinte maneira: 1. ALTA (50 óbitos por mil ou mais nascidos vivos); 2. MODERADA (20 a 49 óbitos por mil ou mais nascidos vivos); 3. BAIXA (menos de 20 óbitos por mil ou mais nascidos vivos). No Brasil óbitos infantis são registrados no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) O coeficiente de mortalidade infantil é feito pelo número de óbitos de menores de um ano de idade, por mil nascidos vivos. Ele estima o risco de um nascido vivo morrer durante seu primeiro ano de vida; de maneira geral reflete as condições de saúde, desenvolvimento socioeconômico e nas condições de vida da região. Altas taxas de mortalidade infantil refletem, de maneira geral, baixos níveis de saúde, de desenvolvimento socioeconômico e de condições de vida. A mortalidade infantil compreende a soma dos óbitos ocorridos nos períodos 1. NEONATAL PRECOCE (0-6 dias de vida) 2. NEONATAL TARDIO (7-27 dias) 3. PÓS-NEONATAL (28 dias e mais). A mortalidade neonatal está vinculada a fatores biológicos e de assistência intra hospitalar (causas perinatais, anomalias congênitas ou de origem genética e outros). A mortalidade pós-neonatal tem como causa mais comum as doenças infecciosas (pneumonia, sarampo, desnutrição) Limitações Dissociações entre a TMI e o desenvolvimento social e econômico em algumas áreas geográficas Cálculo prejudicado por subestimação de dados Dificuldades em diferenciar “natimorto” e “nascido vivo” Nascido vivo → é a extração ou expulsão completa do corpo da mãe, independente da duração da gravidez, de um produto da concepção que, depois da separação, respire ou apresente qualquer sinal de vida Nascido morto → é o nascimento de um feto com peso igual ou superior que 500 g e que não apresente quaisquer sinais de vida logo após a expulsão ou extração do corpo da mãe Componentes TMI 1. Coeficiente de mortalidade neonatal: Óbitos de 0 a 27 dias inclusive em relação ao total de nascidos vivos (por 1000) Estima o risco de um nascido vivo morrer até os 27 dias de vida. Reflete, de maneira geral, as condições socioeconômicas e de saúde da mãe, bem como a inadequada assistência pré-natal, ao parto e ao recém-nascido. Atualmente, o principal componente da mortalidade infantil no Brasil é a mortalidade neonatal precoce (de 0 a 6 dias), sendo que 25% das mortes ocorrem nas primeiras 24h Coeficiente de mortalidade neonatal precoce (0 a 6 dias inclusive); Coeficiente de mortalidade neonatal tardia (7 a 27 dias). 2. Coeficiente de mortalidade pós-neonatal ou infantil tardia Estima o risco de um nascido vivo morrer dos 28 aos 364 dias de vida. (óbitos de 28 dias a 364 dias inclusive) em relação ao total de nascidos vivos (por 1000). Denota o desenvolvimento socioeconômico e a infraestrutura ambiental, que condicionam a desnutrição infantil e as infecções a ela associadas. O acesso e a qualidade dos recursos disponíveis para atenção à saúde materno-infantil são também determinantes da mortalidade nesse grupo etário. Quando a taxa de mortalidade infantil é alta, a mortalidade pós-neonatal é, frequentemente, o componente mais elevado Coeficiente de mortalidade materna (TMM) Representa o risco de óbitos por causas ligadas à gestação, ao parto ou ao puerpério, sendo um indicador da qualidade de assistência à gestação e ao parto numa comunidade/região. Mortes Maternas = aquelas devidas a complicações da gravidez, do parto e do puerpério (até 42 dias após o parto). Não incluem as acidentais. O número de nascidos vivos é adotado como uma aproximação do total de mulheres grávidas Reflete a qualidade da atenção à saúde da mulher → Taxas elevadas de mortalidade materna estão associadas à insatisfatória prestação de serviços de saúde a esse grupo, desde o planejamento familiar e assistência pré-natal, até a assistência ao parto e ao puerpério O número de nascidos vivos é utilizado no denominador da razão de mortalidade materna como uma estimativa da população de gestantes, exposta ao risco de morte por causas maternas. As mortes maternas são consideradas evitáveis Causas obstétricas diretas = próprias ou específicas da gravidez, parto e puerpério Indiretas = não específicas da gravidez, parto ou puerpério, mas agravadas ou complicadas nesses períodos (DM) TMM elevada predominam causas obstétricas diretas; também indica baixos níveis de saúde da população feminina (alerta para qualidade dos serviços prestados à população) Entre mais de 60 mil disfunções maternas em 115 países, as causas de morte materna estão distribuídas da seguinte forma: hemorragia grave (especialmente durante e depoisdo parto): 27% / hipertensão na gestação: 14% / infecções: 11% / parto obstruído e outras causas diretas: 9% / complicações de abortos: 8% / coágulos sanguíneos (embolias): 3% SISTEMA DE INFORMAÇÕES SOBRE NASCIDOS VIVOS (SINASC) Tem como finalidade o registro dos nascidos vivos do país, além de fornecer informações sobre gestação, parto e as condições do recém-nascido. O Sinasc tem como principal fonte de captação de nascimento os serviços de saúde, o que possibilita melhor oportunidade no fluxo de informações. O sistema tem como instrumento padronizado de coleta de dados a Declaração de Nascido Vivo (DNV). COMITÊ DE MORTALIDADE MATERNA E INFANTIL Organismos de caráter educativo contando com uma participação multiprofissional composta por médicos enfermeiros e professores Atribuição identificar, dar visibilidade, acompanhar e monitorar os óbitos maternos e infantis e fetais promover a integração com os comitês municipal e regional para as trocas de informações e análises dos casos divulgar os resultados com elaboração de relatório e boletim para sensibilização dos profissionais avaliar periodicamente os principais problemas observados no estudo dos óbitos para implementação de medidas necessárias contribuindo para a redução da mortalidade, gerando indicadores que servem de base para planejamento estratégico gestão das políticas públicas em saúde Pode ser composto por membros representantes de(a): Secretaria de Saúde, CRM, sociedades científicas, movimentos das mulheres, MP, faculdades de medicina e enfermagem, movimento de mulheres negra e índias, conselho regional de enfermagem, conselhos de saúde e secretarias, coordenadorias ou conselhos de defesa dos direitos da mulher Finalidades e Funções 1- Estimulo à Criação de Comitês Promoção de seminários regionais e municipais de sensibilização, em articulação com a sociedade civil organizada. Capacitação permanente dos membros de comitês. 2- Investigação de Óbitos Realização de investigações dos óbitos maternos nas localidades onde o setor de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde não está capacitado. Ou, ainda, quando essa for a decisão local. a) Da natureza do óbito − Triagem dos óbitos declaradamente maternos, dos não-maternos e dos presumíveis, e preenchimento da ficha de investigação; − Investigação de todos os óbitos de mulheres em idade fértil para identificação de mortes maternas não declaradas. b) Das circunstâncias em que ocorreu o óbito Verificação das condições de assistência à mulher; Identificação das características da estrutura social (família e comunidade). 3- Análise do Óbito Avaliação dos aspectos da prevenção da morte: definição da evitabilidade do óbito materno; Identificação dos fatores de evitabilidade: a) da comunidade e da mulher; b) profissionais; c) institucionais; d) sociais; e) intersetoriais; f) inconclusivos; g) ignorados. 4- Informação Participação na correção das estatísticas ofi ciais, facilitando o fortalecimento dos sistemas de informações; Divulgação de relatórios para todas instituições e órgãos competentes que possam intervir na redução das mortes maternas. Educação Promoção da discussão de casos clínicos nos comitês hospitalares; Promoção do debate sobre a persistência dos níveis de mortalidade materna a partir de evidências epidemiológicas; Promoção do debate sobre a problemática da mortalidade materna através da realização de eventos de prevenção, de programas de reciclagem e de educação continuada e da produção de material educativo. Definição de Medidas Preventivas Elaboração de propostas de medidas de intervenção para a redução do óbito materno a partir do estudo de todos os casos. 5- Mobilização Promoção da interlocução entre todas as instituições pertencentes a qualquer dos poderes públicos ou setores organizados da sociedade civil, com a finalidade de garantir a execução das medidas apontadas. A portaria n.º 1119 de 2008 considera que o óbito materno é um evento de notificação compulsória, tornando obrigatório a investigação por parte de todos os municípios; e o instrumento para notificação compulsória é a declaração de óbito. → a coleta de dados e o envio das informações sobre óbitos e nascidos vivos vão para os SIM e Sinasc A investigação do óbito tem o objetivo de verificar as condições de assistência a mulher, identificar as características da estrutura social e avaliar os aspectos de prevenção da morte
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