Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Disciplinas Digitais Farmacologia Básica/ Farmacologia Geral 2 Disciplinas Digitais Farmacologia Básica/ Farmacologia Geral Professora Dra. Vivian Taís Fernandes Cipriano 3 Apresentação do docente A professora Vivian Taís Fernandes Cipriano é bacharel em Farmácia-Bioquímica pela UNESP- SP (2005) Mestre em Bioquímica e Doutora em Genética pela USP – SP (2013). Desde 2013 é docente no ensino superior incluindo graduação e pós-graduação, passando pelas disciplinas de farmacologia básica, farmacologia clínica, farmacologia aplicada, genética, metodologia científica, patologia e fisiologia humana. Adicionalmente, é coordenadora da Escola de Saúde da Faculdade LS, estando à frente especificamente dos cursos de farmácia e biologia. Ao longo de sua trajetória na pesquisa tem adquirido experiências internacionais em cursos, apresentação de trabalhos em Congressos e atuado como pesquisadora visitante em países como Canadá, Espanha e Estados Unidos. 4 SUMÁRIO Conversa inicial ........................................................................... Aula 01 Introdução e princípios gerais da farmacologia: farmacocinética e farmacodinâmica. Aula 02 Formas farmacêuticas e vias de administração Aula 03 Farmacologia do sistema nervoso autônomo e do sistema nervoso central (psicotrópicos e anestésicos) Aula 04 Farmacologia do sistema cardiovascular e diuréticos Aula 05 Farmacologia do sistema gastrointestinal Aula 06 Farmacologia dos medicamentos hipo e hiperglicemiantes Aula 07 Antiinflamatórios não esteroides e anti-inflamatórios esteróides Aula 08 Farmacologia dos antivirais, antifúngicos, antiparasitários e antibióticos Conversa Inicial 5 Prezado(a) aluno (a): Seja bem-vindo à disciplina de Farmacologia Geral/ Farmacologia Básica. Primordialmente, o objetivo dessa disciplina é que entenda o que é farmacologia e sua importância para o universo de profissionais da saúde. Ao longo das explanações, será capaz também de compreender as ações do organismo sobre o medicamento (farmacocinética) e as ações do medicamento sobre o organismo (farmacodinâmica). Adicionalmente, a proposta desta disciplina é que você consiga discorrer a respeito da farmacologia das drogas que interferem no sistema nervoso periférico parassimpático, simpático e sistema nervoso central, incluindo os psicotrópicos e os medicamentos anestésicos. Além disso, adentraremos nas classes farmacológicas dos sistemas cardiovascular e gastrointestinal e aprenderemos sobre a farmacologia dos medicamentos que atuam como hipo e hiperglicemiantes; entenderemos o mecanismo de ação dos anti-inflamatórios não esteroides e anti-inflamatórios esteroides (também conhecidos como corticoides) e, por fim, caro aluno, você também aprenderá sobre a farmacologia dos medicamentos antivirais, antifúngicos, antiparasitários e antibióticos. Bons estudos! AULA 01 Introdução e princípios gerais da farmacologia: farmacocinética e farmacodinâmica. Prezado(a) aluno(a), nesta primeira aula você terá uma visão geral sobre os conceitos de Farmacologia e os seus principais fundamentos teóricos. Poderá ainda conhecer a importância da diferença entre os termos mais utilizados na farmacologia como remédio, fármaco, medicamento, droga e princípio ativo. Ainda poderá compreender detalhadamente o funcionamento de um medicamento no organismo, por meio da compreensão de sua farmacodinâmica (efeitos gerados pelo fármaco) e farmacocinética (caminho percorrido pelo fármaco). Ao final da aula, você terá acesso a indicações de vídeos e outros conteúdos que complementam seu estudo. Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula você será capaz de: ● Conhecer as principais definições relacionadas à farmacologia; ● Compreender as especificidades de cada uma das diferentes áreas abrangidas pela farmacologia; ● Definir e entender o funcionamento da farmacodinâmica e da farmacocinética. Seções de Estudo 1. Introdução à farmacologia 2. Princípios gerais da farmacologia 3. Farmacodinâmica 4. Farmacocinética 7 A Farmacologia é uma ciência antiga, a qual é definida, em linhas gerais, pelo estudo dos fármacos (fármaco designa qualquer composto químico que seja utilizado para fins medicinais). Essa ciência surgiu a partir da necessidade do ser humano em encontrar formas que pudessem erradicar ou minimizar os efeitos das doenças. Os primeiros farmacologistas tinham como material para suas pesquisas as substâncias naturais, extraídas de plantas, ramo que hoje é denominado fitoterapia. No início, o alivio da dor, de doenças, e sintomas era muito vinculado à magia, crenças religiosas e superstição. Nesse contexto, a farmacologia começou a ser reconhecida como ciência verdadeiramente na segunda metade do século XIX em universidades alemãs, expandindo-se posteriormente, após 1930 para os Estados Unidos e restante da Europa. Dentre os aspectos inerentes e imprescindíveis à farmacologia, alguns conceitos precisam ser entendidos e diferenciados. Dentre eles, destacam-se: medicamento, droga, fármaco, princípio ativo e remédio. Você sabe a diferença entre eles? Droga versus fármaco versus princípio ativo Entende-se como droga: qualquer substância que proporcione alguma alteração no funcionamento do organismo por ações químicas, sendo essa alteração benéfica ou não, de forma intencional ou não. Os efeitos benéficos causados pelas drogas são estudados pela farmacologia, enquanto os efeitos maléficos são objetos de estudo da toxicologia. E o fármaco? O que é? O fármaco é uma droga que tem uma estrutura química definida e, devido a imensos estudos, sua finalidade é proporcionar efeitos benéficos ou terapêuticos como por exemplo, cessar a dor ou a inflamação. Outro conceito diretamente trabalhado na farmacologia é o Princípio Ativo: substância química principal responsável pela ação farmacológica, terapêutica do medicamento. Podem haver mais de um princípio ativo na composição de um medicamento Medicamentos Conforme preconizado pela Lei no. 5.991, de 17/12/1973, o Medicamento é um “produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado, com finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico”. Ou seja, é uma forma farmacêutica terminada que contém o fármaco, geralmente em associação com adjuvantes farmacotécnicos. E o que é 8 um adjuvante farmacotécnico? Um adjuvante farmacotécnico é a matéria prima adicionada ao composto farmacêutico, seja ele um comprimido, um xarope, uma drágea, uma pomada; o qual favorece as características organolépticas do medicamento, servindo para dar sabor, cheiro ou cor. Facilita também a ação do composto farmacêutico (fórmula farmacêutica). Ainda com relação aos medicamentos, tem-se o medicamento referência, medicamento genérico e medicamento similar. O Medicamento de referência é definido como: “medicamento inovador registrado no órgão federal responsável pela vigilância sanitária e comercializado no País, cuja eficácia, segurança equalidade foram comprovadas cientificamente junto ao órgão federal competente, por ocasião do registro” (Lei no- . 9.787, de 10/2/1999). Os medicamentos genéricos são: “medicamento similar a um produto de referência ou inovador, que se pretende ser com este intercambiável, geralmente produzido após a expiração ou renúncia da proteção patentária ou de outros direitos de exclusividade, comprovada a sua eficácia, segurança e qualidade, e designado pela DCB ou, na sua ausência, pela DCI” (Lei no- . 9.787, de 10/2/1999). Com relação ao medicamento similar, é: “aquele que contém o mesmo ou os mesmos princípios ativos, apresenta a mesma concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia e indicação terapêutica, e que é equivalente ao medicamento registrado no órgão federal responsável pela vigilância sanitária, podendo diferir somente em características relativas ao tamanho e forma do produto, prazo de validade, embalagem, rotulagem, excipientes e veículos, devendo sempre ser identificado por nome comercial ou marca. (Redação dada pela MP 2.190-34, de 23 de agosto de 2001)” (Lei no- . 9.787, de 10/2/1999). (figura 1) Nas suas formulações, os medicamentos podem ser divididos em duas classes, de acordo com o processo de fabricação: manipulados ou industrializados. O industrializado é fabricado através de maquinários e fórmulas fechadas e em grande escala. Já o manipulado é feito de forma mais artesanal, pois a fórmula do medicamento é fabricada de acordo com a necessidade do paciente prescrita pelo profissional habilitado, como nutricionista, médico, fisioterapeuta, farmacêutico dentre outros. 9 Figura 1: representação diferenciando os tipos de medicamentos: referência, similar e genérico. Fonte: “Referência, genérico ou similar?” Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=o9bYz0SxTe0> Remédio O remédio é um termo mais amplo, aplicado a todos os recursos terapêuticos utilizados para combater doenças ou sintomas, podendo ser incluídos como remédio: repouso, psicoterapia, fisioterapia, acupuntura, cirurgia... Ou seja, existem situações patológicas em que não há necessidade de utilizar medicamentos; um remédio já pode fazer efeito. Para se conhecer perfeitamente a função e mecanismo de ação dos fármacos (ou seja, a maneira como agem no organismo), a farmacologia foi subdivida em algumas áreas de extrema importância, a saber: toxicologia, fitoterapia, farmacodinâmica e farmacocinética. Como já foi dito brevemente, a toxicologia tem como objeto de estudo os efeitos adversos das substâncias químicas sobre os organismos, como por exemplo, das drogas. A fitoterapia é destinada à produção de medicamentos cuja matéria-prima é exclusivamente de origem vegetal. É importante observarmos que fitoterapia não é a mesma coisa que plantas medicinais. As plantas medicinais são definidas quando há o consumo de chás, infusões, sucos, macerados, etc. Já a fitoterapia ocorre quando se tem o uso da planta medicinal de maneira industrial, para a obtenção de um medicamento (figura 2). Mais importante ainda é a informação de que substâncias fitoterápicas e que as plantas medicinais também podem gerar efeitos adversos, diferentemente do que a maior parte a população imagina. https://www.youtube.com/watch?v=o9bYz0SxTe0 10 Figura 2. Representação da diferença entre fitoterapia (medicamento formulado) e plantas medicinais (vegetais macerado). Fonte: “Diferença entre fitoterapia e plantas medicinais”. Disponível em <https://dicasdemassagem.com/diferenca-entre-fitoterapia-e-plantas-medicinais>. Farmacodinâmica Quando administrado, um fármaco pode ter sua ação dividida em três fases: fase farmacêutica, fase farmacocinética e fase farmacodinâmica (figura 3). Na fase farmacêutica, ocorre a desintegração do medicamento e, posteriormente, sua dissolução. A fase farmacocinética abrange o percurso que o medicamento faz dentro do organismo após ser desintegrado (são eles: absorção, distribuição, metabolismo e excreção). A fase farmacodinâmica está relacionada com a interação do fármaco com seu alvo celular em determinado órgão/ sistema do indivíduo e a consequente produção dos efeitos terapêuticos e/ou adversos resultante dessa interação. Figura 3. Fases importantes da ação de fármacos, após sua administração. Fonte: Pereira, 2007. Utiliza-se, portanto, o termo farmacodinâmica para descrever os efeitos de um fármaco no corpo. O estudo da farmacodinâmica baseia-se no conceito da ligação do fármaco ao receptor. Quando um fármaco ou um ligante endógeno (por exemplo, um https://dicasdemassagem.com/diferenca-entre-fitoterapia-e-plantas-medicinais 11 hormônio ou um neurotransmissor) liga-se a seu receptor (figura 4), ocorre uma resposta como consequência dessa interação de ligação. Figura 4. Representação da ligação de substâncias químicas (fármaco) no receptor celular de maneira específica. Fonte: Pereira, 2007. Os fármacos podem atuar de maneira específica, ou seja, somente um tipo de receptor celular pode reconhecê-lo, ligar-se a ele e assim desencadear uma resposta (figura 4) ou inespecífica (vários tipos de receptores celulares podem reconhecê-lo, ligar-se a ele e assim desencadear uma resposta em vários tipos celulares). Obviamente, espera-se que o fármaco inespecífico apresente mais reações adversas do que o específico, por gerar mais respostas em mais células. Adicionalmente, os fármacos podem interagir com: Enzimas, Proteínas Carregadoras, Canais Iônicos e Receptores. Todas essas interações promovem resultados, em diferentes proporções, a depender da terapêutica almejada. Ao ocuparem receptores celulares, os fármacos podem atuar como Agonistas (ligam-se aos receptores ativando-os, aumentando a resposta celular) ou Antagonistas (ligam-se aos receptores sem ativá-los ou impedem que um agonista se ligue ao receptor) - Figura 5. 12 Figura 5. Representação da ação agonista e antagonista do fármaco no receptor celular. Fonte: “Princípios farmacodinâmicos”. Disponível em < https://www.ufjf.br/farmacologia/files/2015/03/Farmacodina%cc%82mica-2015-PDF.pdf> Os fármacos que atuam por interação em receptores, podem agir em receptores: Enzimáticos, Receptores acoplados à Canais Iônicos (Inotrópicos), Receptores acoplados à Proteína G (Metabotrópico) e Receptores Nucleares (Figuras 6 – 9). Figura 6. Representação de um fármaco (no caso, um hormônio, atuando em um receptor enzimático, ativando a enzima. Fonte: “Princípios farmacodinâmicos”. Disponível em < https://www.ufjf.br/farmacologia/files/2015/03/Farmacodina%cc%82mica-2015-PDF.pdf> 13 Figura 7. Representação de um fármaco (no caso, um hormônio, atuando acoplado a um canal iônico, abrindo-o. Fonte: “Princípios farmacodinâmicos”. Disponível em < https://www.ufjf.br/farmacologia/files/2015/03/Farmacodina%cc%82mica-2015-PDF.pdf> Figura 8. Representação de um fármaco, atuando em um receptor acoplado à proteína G, ativando-a. Fonte: “Princípios farmacodinâmicos”. Disponível em < https://www.ufjf.br/farmacologia/files/2015/03/Farmacodina%cc%82mica-2015-PDF.pdf> 14 Figura 9. Representação de um fármaco atuando em um receptor nuclear, influenciando portanto, na síntese deproteínas. Fonte: “Princípios farmacodinâmicos”. Disponível em < https://www.ufjf.br/farmacologia/files/2015/03/Farmacodina%cc%82mica-2015-PDF.pdf> Uma vez que a droga é distribuída por todo o organismo através da corrente sanguínea, tendo acesso a todos os tecidos, sua ação se dará exclusivamente no local onde existir os receptores específicos que a droga apresenta afinidade. Fármacos que são inespecíficos apresentam ações também mais inespecíficas, o que aumenta a sua possibilidade de maiores efeitos adversos. Não devemos confundir efeitos adversos com efeitos colaterais: O primeiro se refere a um efeito colateral indesejado. Denomina-se efeito colateral como um efeito diferente daquele considerado como principal por um fármaco, podendo ser benéfico ou não. A maneira pela qual o medicamento age no organismo, para que o resultado seja alcançado, seja ele positivo ou negativo é denominada mecanismo de ação. A ação do fármaco com o receptor celular no organismo pode resultar em: Dessensibilização (diminuição gradual do efeito de uma droga quando administrada de modo contínuo ou repetidamente), Tolerância (redução mais gradual na resposta a um fármaco, em dias ou semanas), Taquifilaxia (redução rápida e aguda na resposta a um fármaco) ou Hipersensibilidade (estado de maior efeito de droga em comparação ao efeito na maioria dos indivíduos. Geralmente designa respostas alérgicas). Farmacocinética 15 Agora que você já aprendeu sobre farmacodinâmica, vamos adentrar na farmacocinética. A farmacocinética é o estudo do desenvolvimento temporal dos processos de absorção, distribuição, metabolização ou biotransformação e excreção dos fármacos (figura 10), que acontecem em sequência e simultaneamente, e que determinam uma curva concentração-tempo. Figura 10. Resumo sobre as etapas da farmacocinética. Fonte: Pereira Gabriel, 2020. Os parâmetros farmacocinéticos de maior relevância são: o pico plasmático, que representa a concentração máxima (Cmax); a meia-vida (t1/2), que é o tempo que uma droga leva para reduzir sua concentração plasmática à metade, independe da dose administrada; e a área sob curva (AUC, do inglês área under the curve), que representa a medida fiel da quantidade da droga que penetra no sangue (figura 12). Uma outra importante variável a ser considerada na farmacocinética de um fármaco é o metabolismo de primeira passagem (também conhecido como efeito de primeira passagem), o qual acontece no fígado, quando a concentração do fármaco é significantemente reduzida, e o mesmo torna-se mais inativo antes de atingir a circulação sanguínea. https://pt.wikipedia.org/wiki/Concentra%C3%A7%C3%A3o 16 Figura 12. Representação dos parâmetros farmacocinéticos: CMAX, ASC. Finte: Fonte: adaptado de ANVISA Assim, após um fármaco ser ingerido, ele é absorvido pelo sistema digestivo e entra no sistema porta hepático. Posteriormente, o fármaco é carregado para o fígado pela veia porta. Essa primeira passagem do fármaco pelo fígado, e metabolização pelo órgão, diminui sua disponibilidade. Existem no entanto, vias de administração de medicamentos alternativas, que impedem esse chamado “efeito de primeira passagem”, pelas quais o fármaco é absorvido diretamente para o sangue como as vias intravenosa, intramuscular, transdérmica e sublingual. Juntamente com os parâmetros já explanados, o volume de distribuição (Vd) e o clearance dos fármacos também são índices considerados na terapêutica, pois as condições fisiopatológicas do paciente podem alterá-los, tornando necessário o ajuste de dose do medicamento, por exemplo. Alguns fármacos precisam se ligar a proteínas plasmáticas para circularem no organismo, influenciando diretamente no desfecho clínico do paciente também. Adicionalmente, propriedades físico-químicas incluindo peso molecular, pH, grau de ionização, lipo e hidrossolubilidade são fatores determinantes no comportamento da droga: drogas lipofílicas apresentam melhor penetração e absorção que as hidrofílicas, resultando assim em um tempo de ação maior. A maioria dos fármacos é absorvida no intestino, e poucos fármacos no estômago, pois os fármacos são melhor absorvidos quando estão em sua forma não ionizada (molecular), ou seja, os medicamentos que são bases fracas, serão melhor absorvidos no intestino, onde predomina um pH mais básico; fármacos que são ácidos fracos, terão absorção mais no estômago que tem pH ácido, (exemplo ácido acetil salicílico). É extremamente importante observarmos que qualquer medicação precisa ser administrada corretamente conforme sua prescrição, para que o efeito terapêutico seja realmente alcançado. A dose administrada + horário da administração (dosagem) + tempo de tratamento (posologia), precisam ser respeitados, mesmo após remissão total dos sintomas (necessário ter uma cuidado especial para corticoterapia). https://pt.wikipedia.org/wiki/Aparelho_digestivo https://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_porta_hep%C3%A1tico https://pt.wikipedia.org/wiki/Intravenosa https://pt.wikipedia.org/wiki/Intramuscular https://pt.wikipedia.org/wiki/Sublingual 17 RELEMBRANDO OS PRINCIPAIS PONTOS ESTUDADOS ✔ A Farmacologia é uma ciência antiga, a qual é definida, em linhas gerais, pelo estudo dos fármacos; ✔ Entende-se como droga: qualquer substância que proporcione alguma alteração no funcionamento do organismo; ✔ O fármaco é uma droga que tem uma estrutura química definida cuja finalidade é proporcionar efeitos terapêuticos; ✔ Princípio Ativo: substância química principal responsável pela ação farmacológica; ✔ Medicamento é um “produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado, com finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico; ✔ O remédio já é um termo aplicado a todos os recursos terapêuticos utilizados para combater doenças ou sintomas; ✔ A toxicologia tem como objeto de estudo os efeitos adversos das substâncias químicas sobre os organismos; ✔ A fitoterapia é destinada à produção de medicamentos cuja matéria-prima é exclusivamente de origem vegetal; ✔ As plantas medicinais aplicam-se por meio do consumo de chás, infusões, macerados, sucos etc.; ✔ A farmacodinâmica está relacionada com a interação do fármaco com seu alvo celular em determinado órgão/ sistema do indivíduo e a consequente produção dos efeitos terapêuticos e/ou adversos resultante dessa interação; ✔ A farmacocinética é o estudo do desenvolvimento temporal dos processos de absorção, distribuição, metabolização ou biotransformação e excreção dos fármacos. SAIBA MAIS ✔ Artigo, com título “Noções sobre parâmetros farmacocinéticos/farmacodinâmicos e sua utilização na prática médica ”, disponível no link <https://docs.bvsalud.org/biblioref/2017/11/875537/sbcm_153_201-205.pdf>. ✔ Vídeo, com título “Farmacocinética em 15 minutos!“ disponível no link <https://www.youtube.com/watch?v=rvUKv0D9cdY>. ✔ Vídeo, com título “Farmacocinética vs farmacodinâmica “disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=IXeLIdm5-ac> ✔ Aula com título “Farmacologia Farmacocinética “disponível no link < http://montillo.dominiotemporario.com/doc/Farmacocinetica.pdf> https://www.youtube.com/watch?v=IXeLIdm5-ac 18REFERÊNCIAS CONSULTADAS Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Uso de antimicrobianos em populações especiais. Brasília, DF: Anvisa; 2008 [citado 2016 Fev 9]. Disponível em: http://www.anvisa. gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/atm_racional/ modulo4/doses_renal.htm BRUNTON, Laurence L.; HILAL-DANDAN, Randa; KNOLLMANN, Björn C. As Bases Farmacológicas da Terapêutica de Goodman e Gilman-13. Artmed Editora, 2018. FREDERICO, Marilia Pinto; Sakata, Renata Akemi Prieto; Pinto, Paula Figueiredo Carvalho. Notions of pharmacokinetic and pharmacodynamic parameters, and their use in medical practice. Rev Soc Bras Clin Med. 2017 jul-set;15(3):201-5 PEREIRA, Dárcio Gomes. Importância do metabolismo no planejamento de fármacos. Quím. Nova, São Paulo , v. 30, n. 1, p. 171-177, Feb. 2007 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-40422007000100029&lng =en&nrm=iso>. access on 15 Dec. 2020. https://doi.org/10.1590/S0100-40422007000100029. PEREIRA Gabriel, Bruno & Strada, Mayara & Romero, Rafaelle & Lopes Romero, Adriano. (2020). Propriedades farmacocinéticas e potencial de inibição de tirosina quinase de cafeatos fenólicos. Research, Society and Development. 9. 188911890. 10.33448/rsd-v9i1.1890. RESOLUÇÃO-RDC Nº 16, DE 2 DE MARÇO DE 2007. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RITSCHEL, Washington Antony. Handbook of basic pharmacokinetic including clinical applications. Washington: AphA, 2004. 432p. Vídeo com o título: “Farmacocinética vs Farmacodinâmica” disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=IXeLIdm5-ac> Vídeo com o título: “Referência, Genérico ou similar?” disponível em < https://www.youtube.com/watch?v=o9bYz0SxTe0> https://doi.org/10.1590/S0100-40422007000100029 https://www.youtube.com/watch?v=IXeLIdm5-ac AULA 02 Formas farmacêuticas e vias de administração Introdução Prezado(a) aluno (a), nesta segunda aula você vai estudar sobre as diferentes formas farmacêuticas existentes para os diferentes medicamentos, bem como suas possíveis vias de administração, tendo em vista que cada paciente necessita de terapias diferentes. No final da aula, você vai saber mais sobre o assunto, por meio de acesso a vídeos e artigos sugeridos. Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula você será capaz de: ● Conhecer as principais formas farmacêuticas e suas particularidades: ● Entender como funcionam as vias de administração dos fármacos; ● Compreender a inter-relação entre diferentes formas farmacêuticas, bem como diferentes vias de administração e o paciente. Seções de Estudo 1. Formas Farmacêuticas 2. Vias de administração 1. Formas Farmacêuticas Para que um medicamento desempenhe sua função esperada, de maneira específica e correta, ele precisa ser absorvido corretamente pelo organismo, independentemente da via pela qual for administrado, que pode ser via oral, retal, intravenosa, dentre outras. Para que esse fármaco fique estável desde sua administração, 20 até o momento da ação terapêutica, sendo então excretado também da maneira correta; são adicionados outros componentes à formulação. Esses outros componentes, denominados adjuvantes, melhoram a estabilidade, o sabor, facilitam a administração, dão volume ao medicamento, entre outras funções. Assim, um mesmo princípio ativo pode ser apresentado em várias formas farmacêuticas distintas para diferentes vias de administração ou na mesma via. Por exemplo, existe o diclofenaco de sódio da forma farmacêutica comprimido e na forma farmacêutica gel. O objetivo para o desenvolvimento de várias formas farmacêuticas diferentes é, em linhas gerais: facilitar a administração do medicamento, ter precisão na dose administrada, proteção da substância ativa até o momento em que deve iniciar seu efeito no organismo ou ajudar o fármaco a chegar ao seu local de ação. Desta forma, as formas farmacêuticas influenciam diretamente o uso, a ação e a via de administração do medicamento. Por exemplo, o comprimido é administrado por via oral, o supositório por via retal e assim sucessivamente. Outros fatores podem influenciar no tempo de ação do medicamento. Normalmente formas farmacêuticas líquidas apresentam início de ação mais rápido. É importante mencionar que uma criança ingere mais os medicamentos líquidos e um adulto mais as formas sólidas como cápsulas e comprimidos. Nesses casos, com relação aos adjuvantes, veículo é o nome dado à parte líquida da fórmula em que serão dissolvidos o princípio ativo e os outros componentes da formulação; já o excipiente é o componente sólido, sendo geralmente esse excipiente o talco farmacêutico Os comprimidos são a forma farmacêutica mais comum, definidos como uma mistura de pós e/ou grânulos, contendo o principio ativo e seus adjuvantes submetidos a um processo de compressão. As principais vantagens do uso dos comprimidos em relação às outras formas são: o fato de se engolir a forma inteira diminui o gosto e o odor desagradáveis e permite uma dosagem correta e precisa em cada comprimido. Além disso, os comprimidos possuem uma forma estável e neles podem ser usados revestimentos externos. Como possíveis desvantagens, podemos citar a perda parcial do fármaco pela ação do suco gástrico, a não desintegração do comprimido e a irritação do trato gastrointestinal. Os comprimidos de liberação controlada também possuem a formulação comprimida, com o diferencial de que apresentam uma camada de revestimento que retarda a liberação do fármaco, que ocorre de forma contínua e gradual. O comprimido efervescente tem o diferencial de ser dissolvido em água antes da sua administração ao paciente, permitindo a melhor dissolução do princípio ativo na água. Essa 21 dissolução acontece pela presença de um ácido e uma base na fórmula farmacêutica, geralmente um carbonato ou bicarbonato, que, quando em água, reagem e liberam gás carbônico, formando a espuma. Os comprimidos mastigáveis e sublinguais são feitos por uma compressão diferente dos comprimidos tradicionais, cuja dureza produzida deve ser mínima, para que sua dissolução na boca aconteça de forma mais rápida, com ou sem o ato de mastigar. Já os comprimidos vaginais, como o próprio nome nos diz, são produzidos para serem administrados e dissolvidos no canal vaginal, com o auxílio de um aplicador. Um segundo modo de aplicação no canal vaginal são os óvulos, formas farmacêuticas de formato ovoide, que possuem características que lhes permitem fundir-se no canal. São muito parecidos com os supositórios. Com relação à drágea, resumidamente, é um comprimido revestido de açúcar e corante. Como exemplo de drágea pode-se citar a neosaldina ou os anticoncepcionais em geral (figura 13). Figura 13. Representação dos diferentes tipos de comprimidos como formas farmacêuticas. Fonte: Apostila “Fundamentos de Farmacologia”. Disponível em <https://avant.grupont.com.br/dirVirtualLMS/portais/livros/pdfs_demo/Fundamentos_de_Far macologia_demo.pdf> Uma forma farmacêutica adicional administrada também por via oral são as cápsulas, definidas pelo encaixe de duas partes duras ou moles, podendoser coloridas ou não e ter dentro delas matérias líquidas ou sólidas. As cápsulas duras são feitas de gelatina e as moles de glicerina. Há também algumas preparações que são feitas em grânulos, em que a mistura de pó é umedecida e depois passada por uma tela com espaços entre os fios, a fim de produzir grânulos do tamanho desejado. https://avant.grupont.com.br/dirVirtualLMS/portais/livros/pdfs_demo/Fundamentos_de_Farmacologia_demo.pdf https://avant.grupont.com.br/dirVirtualLMS/portais/livros/pdfs_demo/Fundamentos_de_Farmacologia_demo.pdf 22 Adicionalmente, as pastilhas são formas farmacêuticas destinadas a se dissolverem lentamente na boca, liberando o princípio ativo, por isso devem conter vários aromatizantes como açúcar e mucilagem que deixem um sabor agradável na boca. É necessário cuidado especial com diabéticos. Administrada por via retal, a forma farmacêutica de supositório possui formato e excipientes direcionados para essa via de administração de modo a se fundirem à temperatura do corpo ou então conseguirem se dispersar em meio à água do corpo. Um dos principais usos e vantagens dessa forma é para crianças que não conseguem engolir formas orais por dificuldade ou vômito e até como proteção do trato gastrointestinal de pessoas com irritação estomacal ou intestinal. Figura 14. Representação de diferentes tipos de formas farmacêuticas. Fonte: Apostila “Fundamentos de Farmacologia”. Disponível em <https://avant.grupont.com.br/dirVirtualLMS/portais/livros/pdfs_demo/Fundamentos_de_Far macologia_demo.pdf> Até agora, conhecemos as formas farmacêuticas sólidas. Nesse momento, iniciaremos o conhecimento sobre as formulações semissólidas pomadas, cremes, géis, pastas, cataplasmas, emplastros. As pomadas são preparações oleosas onde se encontra o princípio ativo dissolvido, não indicadas para feridas abertas, pois podem diminuir as trocas cutâneas dos gases, favorecendo o edema e acelerando o processo inflamatório. Os cremes são emulsões (preparação do tipo água/óleo) contendo o princípio ativo imerso neles. A maioria das emulsões cremosas é do tipo óleo em água, embora o contrário também exista. Ao contrário das pomadas, essa solução apresenta facilidade para remoção da pele e das roupas, pelo seu efeito de penetração maior e propriedades umectantes. Possui efeitos mais lentos, porém mais intensos, quando comparados às pomadas. https://avant.grupont.com.br/dirVirtualLMS/portais/livros/pdfs_demo/Fundamentos_de_Farmacologia_demo.pdf https://avant.grupont.com.br/dirVirtualLMS/portais/livros/pdfs_demo/Fundamentos_de_Farmacologia_demo.pdf 23 O gel é um sistema semissólido constituído de pequenas partículas orgânicas ou macromoléculas inorgânicas suspensas e interpenetradas por um líquido. A pasta é uma preparação com uma quantidade muito mais elevada de material sólido, o que confere um efeito secante. É usada estritamente na pele. O cataplasma é feito com plantas medicinais esmagadas com alguma base de sustentação mole e úmida de uma matéria sólida, por exemplo farinha de trigo úmida. Uma das grandes desvantagens desse método é a facilidade de contaminação por micro-organismos. O emplastro é definido como um suporte adesivo à pele, contendo em sua formulação um ou mais princípios ativos. Essa formulação faz com que os princípios ativos fiquem em contato íntimo com a pele, ao mesmo tempo protegendo os fármacos do meio externo e imobilizando a área afetada. Falaremos agora a respeito das formas farmacêuticas líquidas. Por via oral, a maioria das soluções líquidas é mais usada para crianças e idosos, devido à fácil administração e deglutição. Por serem líquidas, também admitem a variação de dosagem pela mudança do volume a ser administrado. As suspensões são preparações em uma base líquida na qual os princípios ativos sólidos não se dissolvem e são apenas dispersos no meio. Podem ser feitas para uso oral, injetável, tópico (sobre a pele) e oftálmico. As soluções são misturas de caráter homogêneo, em que um solvente em maior quantidade dissolve um ou mais solutos, resultando em uma preparação com uma única fase, de aspecto límpido. Os xaropes são preparações farmacêuticas que contêm açúcar em grandes concentrações e o fármaco. Os elixires são formados a partir de soluções à base de álcool adicionado à sacarina e/ou outros glicóis, o que confere um sabor levemente adocicado. Atualmente, começaram a entrar em desuso. Os colírios são soluções para uso oftálmico com um pH de aproximadamente 7,4, de caráter estéril. Geralmente, são postos em frascos conta-gotas, devido ao seu uso ser comumente em gotas. Existem também soluções para uso no ouvido que são chamadas de otológicas e soluções para uso nasal. As soluções injetáveis são preparadas para serem administradas por via parenteral (intramuscular, intravenosa, subcutânea). Essas preparações são utilizadas quando é necessária uma resposta rápida do paciente, já que o tempo e o percurso do fármaco até o seu sítio de ação diminuem. Também são usadas se o fármaco puder ser desativado no 24 fígado ou por enzimas digestivas. Por serem aplicadas já em contato íntimo com o paciente, devem ser soluções estéreis e o seu manuseio requer absoluto cuidado. Outras preparações como aerossóis, sprays e adesivos transdérmicos também são formas farmacêuticas disponíveis para terapias. 2. Vias de administração A via de administração é a maneira pela qual o medicamento entra em contato com o organismo; é sua porta de entrada, podendo ser: via oral (boca), retal (ânus), sublingual (embaixo da língua), injetável (intravenoso), dermatológica (pele), nasal (nariz) e oftálmica (olhos), dentre outras. Cada via é indicada para uma situação e um paciente específico, podendo gerar vantagens e desvantagens. Podemos dividir as vias de administração de medicamentos em via enteral e via parenteral. Enteral, do grego “enteron” (intestino), ou seja, são vias de administração de fármacos que passam pelo sistema digestório: são as vias oral, sublingual e retal. Parenteral, do grego = “para” + “enteron” (ao lado do intestino) são as vias de administração de fármacos que não passam pelo sistema digestório: intramuscular, intravenosa, subcutânea, respiratória, tópica, entre outras. Via enteral oral A administração de medicamentos por via oral é a mais utilizada, por apresentar segurança e conforto para o paciente, em situações favoráveis relacionadas à sua fisiologia gastrointestinal. No uso dessa via, os medicamentos podem ter apresentação em comprimidos, cápsulas, pós ou líquidos e atingem a circulação sanguínea e as células-alvo por meio do sistema digestório, a partir da absorção do fármaco no intestino. Via enteral Sublingual Os medicamentos sublinguais são absorvidos diretamente pela mucosa sublingual. Nessa forma de administração, o medicamento (comprimidos ou gotas) deve ser colocado embaixo da língua e deve permanecer ali até a sua absorção total. Os medicamentos administrados por essa via possuem efeito sistêmico em curto espaço de tempo, pois são absorvidos por meio dos vasos sanguíneos sublinguais diretamentepara a corrente circulatória. 25 Figura 15. Representação da via de administração de fármacos sublingual. Fonte: Apostila “Fundamentos de Farmacologia”. Disponível em <https://avant.grupont.com.br/dirVirtualLMS/portais/livros/pdfs_demo/Fundamentos_de_Far macologia_demo.pdf> Via enteral retal Os medicamentos administrados por via retal são os supositórios (figura 16). São prescritos quando o paciente não consegue tomar o medicamento por via oral. Nem todos os medicamentos, porém, podem ser administrados por essa via. Eles podem ter efeito local ou sistêmico, entretanto, como desvantagem para o uso dessa via, podemos citar a não adesão por muitos pacientes sob alegação de incômodo, preconceito, restrições culturais etc. Figura 16. Apresentação das instruções de uso de supositório, via retal. FONTE: Apostila “Aula Prática de Enfermagem”. Disponível em <http://www.ifcursos.com.br/sistema/admin/arquivos/08-57-52-aulapratica.pdf> Via Parenteral Para administração de medicamentos pelas vias parenterais (intravenosa, intramuscular e subcutânea), são necessários como seringas e agulhas, específicos para cada via. Na agulha, existe o canhão, que é a sua parte mais larga, onde encaixamos a https://avant.grupont.com.br/dirVirtualLMS/portais/livros/pdfs_demo/Fundamentos_de_Farmacologia_demo.pdf https://avant.grupont.com.br/dirVirtualLMS/portais/livros/pdfs_demo/Fundamentos_de_Farmacologia_demo.pdf http://www.ifcursos.com.br/sistema/admin/arquivos/08-57-52-aulapratica.pdf 26 ponta da seringa; a haste, que é a parte maior e mais fina; e o bisel, que é a ponta da agulha com óstio em diagonal (figura 17). Figura 17. Representação das estruturas que compõem uma injeção. Fonte: Apostila “Aula Prática de Enfermagem”. Disponível em <http://www.ifcursos.com.br/sistema/admin/arquivos/08-57-52-aulapratica.pdf> Via Parenteral Intravenosa A via intravenosa é aquela na qual a administração do medicamento é realizada diretamente na corrente sanguínea. A aplicação de medicamentos é realizada por punção venosa, podendo variar desde uma única dose até uma infusão contínua. Por apresentar efeito mais rápido, é a primeira opção durante emergências. Outra justificativa para a administração por essa via é que muitos fármacos não conseguem ser absorvidos pelo intestino. Via Parenteral Intramuscular Nesse caso, o medicamento é administrado diretamente no músculo. É indicado para medicamentos de aplicação única ou de efeito mais prolongado, como o caso de anticoncepcionais injetáveis, anti-inflamatórios, corticoides etc. O seu efeito não é tão imediato como os medicamentos administrados por via intravenosa, mas isso não diminui sua eficiência. Via Parenteral Subcutânea Na via subcutânea, os medicamentos são administrados debaixo da pele, no tecido subcutâneo, tendo a absorção lenta. As regiões de injeção subcutânea incluem: tríceps, abdome, a região anterior das coxas e a região superior do dorso. É uma via muito utilizada para administração de medicamentos anticoagulantes (heparina) e insulina. http://www.ifcursos.com.br/sistema/admin/arquivos/08-57-52-aulapratica.pdf 27 A administração de medicamento pelas vias subcutânea, intramuscular e intradérmica (transdérmica) varia de acordo com a angulação no momento da aplicação do medicamento, de acordo com a lipofilicidade e com o volume a ser aplicado (Figura 18). Figura 18. Representação das angulações dos diferentes tipos de injeções existentes. Fonte: Apostila “Aula Prática de Enfermagem”. Disponível em <http://www.ifcursos.com.br/sistema/admin/arquivos/08-57-52-aulapratica.pdf> Via parenteral Respiratória/ Inalatória É a via que se estende desde a mucosa nasal até os pulmões. Pode ser utilizada para efeito local (descongestionante nasal, medicamento para asma) ou sistêmico (anestesia inalatória). É possível a administração em pequenas doses com rápida absorção, podendo esta ser realizada na forma de gás ou pequenas partículas líquidas (nebulização) ou sólidas (pó inalatório). Essa via é bastante utilizada para problemas respiratórios. Para esse uso, a administração é feita pela boca e, como o medicamento está em forma de gás ou pó, ao invés de engolir, como a comida, ele percorrerá o trajeto do ar da respiração, passando pela traqueia até chegar aos pulmões, onde fará seu efeito terapêutico (figura 19). http://www.ifcursos.com.br/sistema/admin/arquivos/08-57-52-aulapratica.pdf 28 Figura 19. Representação de medicamento administrado por vi inalatória. Fonte: Ortega, 2019. Via Tópica Esta via inclui várias regiões do corpo nas quais os medicamentos podem ser administrados, de acordo com a forma farmacêutica mais adequada. Os medicamentos são apresentados em forma de pomadas, géis ou cremes e devem ser administrados somente no local onde há a lesão (figura 20). Figura 20. Representação da forma farmacêutica tópica. Na imagem: creme/ pomada. Fonte: Manual de farmacologia básica y clínica. Via ocular, nasal e auricular Para via de administração ocular, os medicamentos podem ser utilizados sob a forma de pomadas ou de colírio. Já aqueles utilizados por via nasal se apresentam na forma de solução (descongestionantes nasais) e os administrados pela via auricular são apresentados na forma de solução otológica (Figura 21). 29 Figura 21. Representação da forma farmacêutica ocular. Fonte: Manual de farmacologia básica y clínica. RELEMBRANDO OS PRINCIPAIS PONTOS ESTUDADOS ✔ As diferentes formas farmacêuticas são imprescindíveis para que haja perfeição e especificidade na administração do medicamento, precisão na dose administrada, proteção da substância ativa até o momento em que deve iniciar seu efeito no organismo e ajudar o fármaco a chegar ao seu local de ação; ✔ Existem formas farmacêuticas solidas, semissólidas, liquidas, além dos aerossóis, sprays, adesivos transdérmicos etc.; ✔ Via de administração é a maneira pela qual o medicamento entra em contato com o organismo; ✔ Podemos dividir as vias de administração de medicamentos em via enteral e via parenteral; Enteral vem do grego enteron (intestino): oral, sublingual e retal; ✔ Parenteral vem de para (ao lado), mais enteron: intravenosa, intramuscular, subcutânea, respiratória e tópica. SAIBA MAIS ✔ Apostila “Aula Prática de Enfermagem”. Disponível em <http://www.ifcursos.com.br/sistema/admin/arquivos/08-57-52-aulapratica.pdf> ✔ Apostila “Fundamentos de Farmacologia”. Disponível em < https://avant.grupont.com.br/dirVirtualLMS/portais/livros/pdfs_demo/Fundamentos_de _Farmacologia_demo.pdf> ✔ Artigo, com título “Development of a on-line course about administration of medication”, disponível no link < https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342003000300006>. http://www.ifcursos.com.br/sistema/admin/arquivos/08-57-52-aulapratica.pdf https://avant.grupont.com.br/dirVirtualLMS/portais/livros/pdfs_demo/Fundamentos_de_Farmacologia_demo.pdf https://avant.grupont.com.br/dirVirtualLMS/portais/livros/pdfs_demo/Fundamentos_de_Farmacologia_demo.pdf 30 ✔ Artigo, com título “Para que serve cada tipo de agulha e seringa?”, disponível no link <https://blog.maconequi.com.br/tipo-de-agulha/>. ✔ Vídeo, com título “Quais são as viasde administração dos medicamentos”, disponível no link < https://www.youtube.com/watch?v=QdPkcJrTLYM>. REFERÊNCIAS CONSULTADAS BLEECKER ER, FitzGerald AM, Chanez P, et al: Efficacy and safety of benralizumab for patients with severe asthma uncontrolled with high-dosage inhaled corticosteroids and long-acting beta2-agonists (SIROCCO): a randomised, multicentre, placebo-controlled phase 3 trial. Lancet388(10056):2115–2127, 2016. doi: 10.1016/S0140-6736(16)31324-1 BRUNTON, Laurence L.; HILAL-DANDAN, Randa; KNOLLMANN, Björn C. As Bases Farmacológicas da Terapêutica de Goodman e Gilman-13. Artmed Editora, 2018. MEIRELLES, LYGHIA MARIA. DRUG STABILITY: STATE OF THE ART. REF‒ISSN1808-0804 Vol.XI (4),06–26, 2014 ORTEGA, Victor E. Tratamento farmacológico da asma. Manual MSD. 2019. Disponível em <https://www.msdmanuals.com/pt-pt/profissional/dist%C3%BArbios-pulmonares/asma-e-doe n%C3%A7as-relacionadas/tratamento-farmacol%C3%B3gico-da-asma#v44229797_pt> PESSINI, BIANCA RAMOS; SEGATTO, MARCOS ANTÔNIO. Formas farmacêuticas sólidas orais de liberação prolongada: sistemas monolíticos e multiparticulados. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences vol. 43, n. 4, out./dez., 2007 SILVA, A.M et al. Técnicas de enfermagem. São Paulo: Rideel, 2009, 246p.SILVA, S.C.; SIQUEIRA, I.L.C.P.; SANTOS, A.E. Procedimentos especializados. Hospital Sírio Libanês. São Paulo: Atheneu, 2009. 175p. TAYLOR, C.; LILLIS, C.; LEMONE, P. Fundamentos de enfermagem: a arte e a ciência do cuidado de enfermagem. 5ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. 1592p. 3 Vídeo com o título “Administração de medicamentos: noções básicas de farmacologia”. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=eRAK_3VyoBo https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27609408 https://www.msdmanuals.com/pt-pt/profissional/dist%C3%BArbios-pulmonares/asma-e-doen%C3%A7as-relacionadas/tratamento-farmacol%C3%B3gico-da-asma#v44229797_pt https://www.msdmanuals.com/pt-pt/profissional/dist%C3%BArbios-pulmonares/asma-e-doen%C3%A7as-relacionadas/tratamento-farmacol%C3%B3gico-da-asma#v44229797_pt Aula 03 Farmacologia do sistema nervoso autônomo e do sistema nervoso central (psicotrópicos e anestésicos) Introdução Prezado(a) aluno (a), nesta aula você vai estudar sobre o funcionamento dos medicamentos que atuam no sistema nervoso autônomo (simpático e parassimpático) e sistema nervoso central (psicotrópicos e anestésicos). Conhecerá sobre os possíveis efeitos adversos devido ao seu mecanismo de ação e, ao final da aula, você vai encontrar elementos complementares para que saiba mais sobre o assunto estudado, a partir de acesso a vídeos e artigos científicos. Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula você será capaz de: ● Compreender a função, a maneira e os principais efeitos adversos relacionados aos medicamentos atuantes no sistema nervoso autônomo; ● Conhecer a função, a maneira e os principais efeitos adversos relacionados aos medicamentos atuantes no sistema nervoso central (psicotrópicos e anestésicos); Seções de Estudo 1– Farmacologia do sistema nervoso autônomo 2 – Farmacologia do sistema nervoso central: psicotrópicos e anestésicos 1- Farmacologia do sistema nervoso autônomo 32 O Sistema nervoso autônomo (também conhecido como sistema neurovegetativo ou sistema nervoso visceral) é a parte do sistema nervoso que está relacionada ao controle da vida vegetativa, ou seja, controla funções imprescindíveis para a sobrevivência como a respiração, circulação sanguínea, temperatura corporal e digestão. Este sistema é subdividido em duas partes: o sistema nervoso simpático e sistema nervoso parassimpático. As respostas fisiológicas geradas pelo sistema nervoso parassimpático são opostas àquelas imprimidas pelo sistema nervoso simpático. Esse último caracteriza-se por influenciar as respostas rápidas orgânicas luta ou fuga, e o sistema nervoso parassimpático relaciona-se com a fisiologia de “volta à calma”, alimentação, reprodução, descanso e digestão. Por exemplo, a ativação do sistema nervoso simpático retarda a digestão e desvia o fluxo sanguíneo para o músculo esquelético e pode prejudicar a excitação sexual. Contrariamente, o sistema nervoso parassimpático aumenta as secreções digestivas, os movimentos peristálticos, estimula os ciclos normais de atividade circadiana, o sono profundo e ativa os mecanismos de reparo do corpo (figuras 22 e 23). Figura 22. Fisiologia da resposta do sistema nervoso autônomo simpático e parassimpático. Fonte: https://planetabiologia.com/sistema-nervoso-autonomo-fisiologia-anatomia-resumo/ https://planetabiologia.com/sistema-nervoso-autonomo-fisiologia-anatomia-resumo/ 33 Figura 23. Fisiologia da resposta do sistema nervoso autônomo simpático e parassimpático. Fonte: https://pt.slideshare.net/RosangelaHelenaSizilio/adrenergicos-e-colinergicos Para que o sistema nervoso autônomo efetue sua resposta, é necessário que os neurotransmissores atuem em receptores específicos, gerando as ações necessárias. A ativação simpática pode elevar portanto os níveis plasmáticos dos neurotransmissores adrenalina e noradrenalina (epinefrina e norepinefrina) secretados pela glândula adrenal e consequente ativação de sua resposta fisiológica de luta ou fuga. Já a ativação parassimpática aumenta a liberação do neurotransmissor acetilcolina, resultando nas funções desempenhadas por ele. Assim, os hormônios e os neurotransmissores têm extrema importância nessa orquestra por meio de sua ação em receptores celulares específicos: a ocitocina, por exemplo, estimula a produção de leite enquanto a noradrenalina pode inibir a resposta das glândulas mamárias à ocitocina, por meio da redução do fluxo sanguíneo (figura 24). https://pt.slideshare.net/RosangelaHelenaSizilio/adrenergicos-e-colinergicos 34 Figura 24. Exemplos de neurotransmissores que atuam no sistema nervoso autônomo simpático e parassimpático. Fonte: https://pt.slideshare.net/RosangelaHelenaSizilio/adrenergicos-e-colinergicos. O que acontece então se o indivíduo utilizar uma medicação que “imita” os efeitos do sistema nervoso simpático (fármacos simpaticomiméticos)? E se forem utilizados medicamentos que imitem os efeitos do sistema nervoso parassimpático (fármacos parassimpaticomiméticos)? As drogas simpaticomiméticas são substâncias que imitam os efeitos fisiológicos dos hormônios adrenalina e noradrenalina no organismo, sendo exemplo dessa classe: cafeína e estricnina; são as chamadas aminas simpaticomiméticas na prática clínica. Devido aos seus efeitos de início imediato e sistêmico, essas drogas causam dependência e por isso são submetidas a um rigoroso controle de prescrição e liberação para vendas pelos órgãos competentes. Os três principais simpaticomiméticos utilizados atualmente na prática clínica são: metilfenidato e dextroanfetamina. Suas principais indicações são transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) e depressão. As drogas parassimpatomiméticas ou colinérgicas incluem os fármacos que agem estimulando ou imitando o sistema nervoso autônomo parassimpático, sendo denominadas drogas colinérgicas promovendo aumento nos níveis de acetilcolina. Drogas desta categoria podem atuar diretamente estimulando a ação dos receptoresmuscarínico ou nicotínico (ou ambos) ou indiretamente, por inibição da colinesterase (enzima que degrada acetilcolina). Podemos citar como exemplos de efeitos dos agonistas desses medicamentos: aumento da secreção glandular, redução da frequência cardíaca e da pressão arterial, broncoconstrição, relaxamento dos esfíncteres, aumento da contração da musculatura lisa, contração da vesícula biliar e bexiga. https://pt.slideshare.net/RosangelaHelenaSizilio/adrenergicos-e-colinergicos 35 Como efeito oposto, existem também os medicamentos simpaticolíticos (lítico = lise = quebra, ou seja, quebrar o simpático), que têm o efeito antagonista do sistema nervoso simpático. Esta classe inclui a metildopa, clonidina, guanabenz e guanfacina. Esses fármacos atuam como agonistas dos receptores alfa-2 adrenérgico no sistema nervoso central resultando na redução da atividade simpática, levando a diminuição da pressão arterial. Já para o medicamento metildopa, sua ação anti-hipertensiva se dá pela estimulação dos receptores alfa-adrenérgicos centrais pela a-metildopamina ou a-metiloradrenalina. Reduz a resistência vascular periférica com diminuição variável na frequência cardíaca e no débito cardíaco. O fármaco trimetafam atua como bloqueador ganglionar. Este é administrado por via endovenosa e por isso é indicado em situações para agir de maneira rápida no tratamento de crise hipertensiva. Como relação aos bloqueadores de neurônios adrenérgicos reserpina, guanadrel e guanetidina, estes atuam por meio da depleção de noradrenalina nas fenda simpáticas. Os agentes betabloqueadores clinicamente utilizados no tratamento da pressão arterial são propranolol, atenolol, carvedilol e metoprolol. Esses fármacos ao antagonizarem os receptores beta-adrenérgicos reduzem a frequência cardíaca e a pressão arterial em casos de hipertensão leve a moderada. Como efeitos adversos essa classe de medicamentos pode originar diarreia, constipação, náusea e vômitos, aumento dos níveis plasmáticos de triglicerídeos e LDL. A retirada abrupta pode ocasionar síndrome de abstinência caracterizada por nervosismo, taquicardia, aumento da angina, elevação da pressão arterial e infarto do miocárdio. Pacientes asmáticos e diabéticos são contraindicados. Os fármacos fentolamina, fenoxibenzamina e prazosin são bloqueadores do receptor alfa-adrenérgico e mostram maior eficiência associados com bloqueadores beta-adrenérgicos e/ou diuréticos. De maneira semelhante, os medicamentos parassimpaticolíticos, atuam diminuindo a ação do sistema nervoso autônomo parassimpático, e portanto tem efeitos semelhantes aos medicamentos simpaticomiméticos. Podem ser usadas portanto, para tratar efeitos patológicos parassimpáticos como asma e bradicardia. Como exemplos de fármacos dessa classe, podemos citar: atropina (antagonista muscarínico), a qual reduz a função secretória do estômago e intestino, podendo ser utilizada para tratamento da úlcera péptica. Em doses mínimas, a atropina inibe a atividade das glândulas sudoríparas, deixando a pele mais seca e quente; e o Butilbrometo de https://pt.wikipedia.org/wiki/Escopolamina 36 escopolamina (Buscopan), o qual inibe a neurotransmissão da acetilcolina, diminuindo a resposta para o sistema nervoso central, sendo utilizado para tratar úlcera do estômago, úlcera duodenal e cólica. Para finalizar, o quadro 1 a seguir apresenta os receptores do sistema nervoso autônomo simpático e parassimpático distribuídos ao longo do nosso organismo, e efeitos gerados por sua ativação. 2-Farmacologia do sistema nervoso central: psicotrópicos e anestésicos Psicotrópicos são medicamentos que agem no sistema nervoso central, alterando temporariamente a percepção, o humor, o comportamento e a consciência. Essas drogas são classificadas em três grupos: 1. Depressores da Atividade do SNC; 2. Estimulantes da Atividade do SNC; 3. Perturbadores da Atividade do SNC. O primeiro grupo é aquele que diminui a atividade do nosso cérebro. As drogas responsáveis por aumentar a atividade do nosso cérebro, estimulam o seu funcionamento; terceiro grupo é constituído por drogas que agem modificando qualitativamente a atividade do nosso cérebro: o cérebro passa a funcionar fora do seu normal, e a pessoa fica com a mente perturbada. Depressores da Atividade do SNC Drogas que aumentam a ação do neurotransmissor GABBA, o qual deprime o sistema nervoso central. ● Álcool; ● Soníferos e hipnóticos sedativos: drogas que promovem o sono; Barbitúricos e benzodiazepínicos; ● Ansiolíticos: acalmam, inibem a ansiedade: benzodiazepínicos. Ex.: diazepam, lorazepam e Barbitúricos. Ex: fenobarbital, tiopental; Opiáceos ou narcóticos: aliviam a dor e dão sonolência. Ex.: morfina, heroína, codeína, meperidina. Quadro 1. receptores do sistema nervoso autônomo simpático e parassimpático distribuídos ao longo do nosso organismo, e efeitos gerados por sua ativação. Fonte: https://www.studocu.com/pt-br/document/universidade-federal-fluminense/farmacologia-geral -i/outro/tabela-receptores-adrenergicos-e-colinergicos/5145186/view https://pt.wikipedia.org/wiki/Escopolamina https://pt.wikipedia.org/wiki/Buscopan https://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_nervoso_central https://pt.wikipedia.org/wiki/Est%C3%B4mago https://pt.wikipedia.org/wiki/Duodeno https://www2.unifesp.br/dpsicobio/cebrid/folhetos/opio_.htm 37 Estimulantes da Atividade do SNC Drogas que aumentam a ação do neurotransmissor adrenalina ● Anorexígenos (diminuem a fome); ● Anfetaminas. Perturbadores da Atividade do SNC ● de origem vegetal: o mescalina (do cacto mexicano) o THC (da maconha); o psilocibina (de certos cogumelos); o lírio (trombeteira, zabumba ou saia branca) ● de origem sintética: https://www2.unifesp.br/dpsicobio/cebrid/folhetos/anfetaminas.htm https://www2.unifesp.br/dpsicobio/cebrid/folhetos/cogumelos_.htm https://www2.unifesp.br/dpsicobio/cebrid/folhetos/maconha_.htm https://www2.unifesp.br/dpsicobio/cebrid/folhetos/cogumelos_.htm https://www2.unifesp.br/dpsicobio/cebrid/folhetos/anticolinergicos_.htm 38 o LSD-25; o "Êxtase"; o Anticolinérgicos O resultado alcançado pelos três grupos é em decorrência do mecanismo de ação envolvido. Ou seja, o receptor/ neurotransmissor que é estimulado ou inibido com relação à sua produção. O mecanismo de ação dos psicotrópicos está relacionado a alterações nessa neurotransmissão. Os principais neurotransmissores do SNC são: ● Acetilcolina: Manutenção do alerta e vigília facilita a excitabilidade do córtex cerebral e modula o processamento sensorial, e participa dos mecanismos de memória e aprendizagem; ● Noradrenalina: Influencia também o sistema de alerta e vigília, mantendo os processos de atenção, participa de respostas emocionais aversivas (raiva, agressão) e gratificantes (afeto) e no controle da fome e saciedade; ● Glutamato: Principal neurotransmissor excitatório do SNC, participando desde a ativação mínima para manter aberta uma via de transmissão até a excitação persistente que culmina num processo patológico; ● Dopamina: Essencial para o controle motor voluntário, participa em processos que a motivação forma parte essencial do comportamento, além de contribuir para manter a atenção, avaliação correta da realidade, e controle dopensamento. Os psicotrópicos utilizam alguns alvos para sua atuação nos níveis de resposta dos neurotransmissores, a saber: receptores específicos de neurotransmissores, enzimas envolvidas na degradação/ receptação de neurotransmissores e transportadores de membrana. Fármacos psicotrópicos antidepressivos Inibidores da monoamino-oxidase (IMAO) Dentre seus mecanismos de ação, conforme falado previamente, os fármacos antidepressivos podem inibir a enzima monoamino-oxidase, responsável pela degradação da serotonina (5-HT) e noradrenalina (NA). Ao ser inibida, observa-se o aumento da concentração citoplasmática de 5-HT e NA nas terminações nervosas e da taxa de liberação espontânea desses neurotransmissores, resultando em normalização do humor do paciente, se tratado adequadamente, e, normalmente a longo prazo. O principal efeito adverso observado é a hipotensão, com consequente diminuição do tônus simpático, além de tremores, insônia, ganho de peso decorrente do aumento de apetite e efeitos anticolinérgicos (boca seca, visão embaçada, retenção urinária, etc.) https://www2.unifesp.br/dpsicobio/cebrid/folhetos/perturbadores.htm https://www2.unifesp.br/dpsicobio/cebrid/folhetos/perturbadores.htm 39 A síndrome serotonínica está relacionada com um excesso de 5-HT na fenda sináptica, provocando confusão, excitação e hiperatividade neuromuscular. Como exemplo, podemos citar a selegilina. Fármacos psicotrópicos Antidepressivos tricíclicos (ADT) Os ADT são medicamentos utilizados para tratar, além da depressão, enxaqueca, dor neuropática , transtorno obsessivo compulsivo (TOC), transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), insônia, etc. Seu mecanismo de ação tem como base o aumento da concentração da 5-HT e NA nas fendas sinápticas do SNC, por inibir a recaptação desses neurotransmissores pelos neurônios pré-sinápticos. Como exemplo de ADT, podemos citar doxepina, amitriptilina e clomipramina. O principal efeito indesejável desses fármacos é a hipotensão postural. Além disso, observa-se xerostomia (boca seca), visão borrada, retenção urinária, constipação, prejuízo sobre a memória e delírio A interação medicamentosa mais grave entre os ADT é o uso associado ao etanol que pode induzir uma depressão respiratória grave quando o consumo de bebidas alcoólicas é exagerado. Fármacos psicotrópicos Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) Os ISRS, na maioria dos casos são a primeira escolha para no tratamento da depressão, pela melhora na margem de segurança. Utiliza-se esse fármaco também para o tratamento da ansiedade generalizada, síndrome do pânico, transtorno obsessivo compulsivo e desordens alimentares. Como esses fármacos não bloqueiam os receptores H1, α1-adrenérgico e muscarínicos, obviamente os efeitos adversos são menos intensos e favorecem a adesão do paciente ao tratamento. Mesmo assim, observam-se distúrbios gastrointestinais, ansiedade, disfunção sexual, prejuízo da cognição, possibilidade em desenvolver síndrome serotonínica e ideação suicida. Fármacos psicotrópicos antipsicóticos Os transtornos psicóticos mais comuns incluem mania (transtorno bipolar), a psicose induzida por substâncias (por exemplo, cocaína) e esquizofrenia. 40 Fármacos psicotrópicos antipsicóticos típicos Induzem o efeito farmacológico pelo antagonismo dos receptores dopaminérgicos-2 pós-sinápticos no prosencéfalo. A farmacoterapia a longo prazo com o uso desses fármacos requer cuidado devido à extensão de seus efeitos colaterais como distonia e parkinsonismo que tendem a diminuir ou desaparecer com o desmame ou redução/ ajuste da dose. Como exemplo, podemos citar o haloperidol. Fármacos psicotrópicos antipsicóticos atípicos Essa classe promove antagonismo dos receptores dopaminérgicos-2, porém com menor potência, mas têm a capacidade em interagir com outros receptores. Seus efeitos adversos mais comuns incluem ganho de peso, hiperlipidemia, hiperglicemia, indução de diabetes mellitus tipo 2 e moderada hiperprolactinemia Como exemplo, podemos citar o aripiprazol. Fármacos psicotrópicos estabilizadores de humor O transtorno bipolar corresponde a uma doença caracterizada por mudanças incomuns no humor, energia, níveis de atividade e a capacidade de realizar tarefas diárias. Existe uma carência de fármacos específicos para a terapêutica, sendo eles: agentes antipsicóticos, alguns anticonvulsivantes (ácido valproico, carbamazepina e lamotrigina) e o lítio (Li+) empregados. Importante destacar que diuréticos tiazídicos, como hidroclorotiazida e, em menor extensão espironolactona, amilorida e furosemida, reduzem a depuração do Li+. A toxicidade do Li+ é aumentada com haloperidol, inibidores seletivos da recaptação de serotonina e anticonvulsivantes, assim como a incidência de sintomas extrapiramidais com antipsicóticos. Fármacos psicotrópicos ansiolíticos, hipnóticos e sedativos Benzodiazepínicos, Barbitúricos e Compostos “z” A ansiedade passa a um grau patológico quando é desproporcional à situações que à motivou, ou quando não existe um motivo específico ao qual se direcione. Os fármacos, nesse caso, atuam promovendo a sedação. A sedação refere-se a uma redução do nível de atividade do paciente, partindo de um estado mínimo, quando o paciente responde a comando verbal e estimulação tátil leve, a um profundo sem resposta a comando verbal. 41 Os principais fármacos utilizados com esses objetivos são os benzodiazepínicos (alprazolam, midazolam, diazepam), barbitúricos (tiopental, fenobarbital) e compostos “Z” (Zaleplom, Zopiclone, Zolpidem), todos atuando em nível do receptor GABA (ácido gama-aminobutírico). A ativação desse receptor promove então a abertura do poro de um canal para Cl-, induzindo um influxo desse íon para os neurônios, com consequente redução da excitabilidade por hiperpolarização da membrana neuronal. Os efeitos adversos mais comuns para essa classe de fármacos incluem alterações gastrointestinais, dores de cabeça, desinibição e efeitos potenciais sobre a maioria das funções do SNC. Passaremos agora a abordar classes de medicamentos que incluem não somente psicotrópicos; mas sim esses em associação com outros tipos de fármacos. Farmacoterapia no tratamento dos distúrbios degenerativos do SNC As doenças degenerativas do SNC são caracterizadas pela perda irreversível de neurônios localizados em determinadas regiões cerebrais, cuja fisiopatologia está relacionada à neurotransmissão química. Farmacoterapia na doença de Parkinson Os achados patológicos mais proeminentes na doença de Parkinson são a perda dos neurônios dopaminérgicos na substância negra e a presença de inclusões intracelulares (corpúsculos de Lewis). Diante disso, a farmacoterapia da doença objetiva a recuperação da atividade dopaminérgica, por meio do uso de levodopa ou agonistas dopaminérgicos, e redução da neurotransmissão colinérgica. Os efeitos adversos mais frequentes incluem anorexia, náuseas, vômitos, arritmias cardíacas, discinesias e em alguns pacientes, glaucoma agudo. Farmacoterapia na doença de Alzheimer A neuropatologia dessa doença está relacionada com o acúmulo extracelular do peptídio β-amiloide, formando um acúmulo fibrilasinsolúveis, com consequente hiperfosforilação da proteína tau associada aos microtúbulos, disfunção neuronal e morte celular. Diante disso, a acentuação da neurotransmissão colinérgica remanescente, com a inibição das colinesterases nas fendas sinápticas e aumento da concentração da acetilcolina extracelular, é a primeira linha de tratamento. Os efeitos colaterais mais comuns são cãibras musculares, bradicardia alterações gastrointestinais. 42 Em pacientes com doença de Alzheimer moderada a grave, utilizam-se outros medicamentos como coadjuvantes terapêuticos, atuando, por exemplo, como antagonistas não competitivos dos receptores para glutamato sendo a memantina o mais utilizado. Farmacoterapia anticonvulsivante A epilepsia é uma enfermidade crônica caracterizada por episódios convulsivos, gerados por uma descarga excessiva e descontrolada de um grande número de neurônios. Seu tratamento farmacológico tem como base a inibição da despolarização neuronal por meio da potencialização da ação do GABA ou inibição da função dos canais para Na+ ou Ca2+. Nesse sentido, alguns benzodiazepínicos, como clonazepam e diazepam e o barbitúrico fenobarbital são utilizados. A carbamazepina e oxcarbazepina são mais utilizadas nas convulsões parciais. A fenitoína possui efeito anticonvulsivante sem causar depressão do SNC. Os efeitos adversos mais comuns ocorrem em pacientes idosos, como arritmias cardíacas e hipotensão. O ácido valproico é o anticonvulsivante mais utilizado por possuir amplo espectro de ação em todos os tipos de convulsões, atuando por meio da inativação dos canais para Na+, redução das correntes de Ca2+ tipo T e alteração do metabolismo do GABA. Como efeitos indesejados, podemos citar sonolência, vertigem, ataxia, diplopia, visão borrada e redução da concentração plasmática de Na+. Fármacos Anestésicos Os medicamentos anestésicos tem o objetivo de bloquear temporariamente, no sistema nervoso central, a capacidade do cérebro de reconhecer um estímulo doloroso. A anestesia pode ter ação local, regional ou geral. Em todos os tipos, ocorre o bloqueio neuronal da dor; o que muda é a via de administração do fármaco. Para anestésicos locais, utiliza-se a injeção do fármaco (lidocaína, por exemplo) na pele e nos tecidos subcutâneos, além de gel ou spray. Essa via é a que oferece menores efeitos adversos. Com relação a anestesia regional, este procedimento anestésico é em cirurgias relativamente simples, onde o paciente pode permanecer acordado. Os dois tipos de anestesia regional mais usados são raquidiana (ou raquianestesia) e peridural, conforme diferenciação na imagem a seguir (figura 25). Ambas são aplicadas na medula do paciente, variando a região vertebral escolhida (lombar, torácica ou cervical). 43 Figura 25. Diferença da punção para aplicação das cirurgias peridural e raquidiana. Fonte: American Society of Anesthesiologists (ASA). No caso da anestesia geral, utilizam-se as vias de administração intravenosa e inalatória, sobre as quais detalharemos melhor a seguir. Fármacos Anestésicos gerais Os anestésicos gerais deprimem o SNC por estimular as sinapses inibitórias e/ ou diminuir as excitatórias. O óxido nitroso, xenônio e cetamina atuam inibindo as respostas induzidas por receptores para glutamato, enquanto os demais anestésicos atuam potencializando a ação do GABA sobre os receptores GABAA. Fármacos Anestésicos gerais intravenosos Os anestésicos intravenosos induzem a perda da consciência em aproximadamente 20 segundos após chegar ao cérebro. Podemos citar como exemplo dessa classe o tiopental, propofol e etomidato. Fármacos Anestésicos gerais inalatórios Os anestésicos inalatórios são utilizados para a manutenção da anestesia induzida por um anestésico intravenoso. Os principais fatores que afetam a pressão parcial do anestésico no sangue e cérebro são: concentração do anestésico no ar inspirado; ventilação pulmonar durante toda a anestesia; o débito cardíaco e pulmonar e solubilidade do anestésico no sangue. Em linhas gerais, pode-se dizer que a totalidade dos anestésicos reduzem a pressão arterial de maneira dependente da dose. Este fato é principalmente importante para os 44 fármacos halotano e enflurano, os quais também reduzem a contratilidade do miocárdio, podendo gerar arritmias. A respiração também é deprimida, o que torna ainda mais necessário o monitoramento dos sinais vitais do paciente durante toda sua internação. RELEMBRANDO OS PRINCIPAIS PONTOS ESTUDADOS ✔ Drogas simpaticomiméticas são substâncias que imitam os efeitos fisiológicos dos hormônios adrenalina e noradrenalina no organismo; ✔ Drogas parassimpatomiméticas ou colinérgicas incluem os fármacos que agem estimulando ou imitando o sistema nervoso autônomo parassimpático; ✔ Psicotrópicos são medicamentos que agem no sistema nervoso central, alterando temporariamente a percepção, o humor, o comportamento e a consciência; ✔ As patologias que envolvem alterações no sistema nervoso central, possuem sua farmacoterapia baseada em ajuste dos neurotransmissores GABA, acetilcolina, nordrenalina, serotonina e dopamina. A saber: epilepsia, transtorno bipolar, Alzheimer, Parkinson, depressão, ansiedade dentre outros; ✔ O mecanismo de ação dos anestésicos é a depressão do SNC por acentuar as sinapses inibitórias e inibir as excitatórias. ✔ A anestesia pode ter ação local, regional ou geral. Em todos os tipos, ocorre o bloqueio neuronal da dor; o que muda é a via de administração do fármaco. SAIBA MAIS ✔ Vídeo com o título “Ação dos anestésicos locais em Odontologia”. Disponível em < https://www.youtube.com/watch?v=jJZpeq06VLg> ✔ Vídeo com o título “Agonistas adrenérgicos”. Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=jHTRllJFJaI>. ✔ Vídeo com o título “Neurotransmissores excitatórios e inibitórios”. Disnponível em < https://www.vittude.com/blog/neurotransmissores/> 45 REFERÊNCIAS S CONSULTADAS Aula com o título “SNA parassimpático”. Disponível em: http://www.icb.usp.br/~pulmolab/downloads/aula_parassimpaticosmimeticos1.pdf. Association., British Medical; Britain., Royal Pharmaceutical Society of Great. BNF 65 : British national formulary : March 2013-September 2013. Borges TL, Hegadoren KM, Miasso AI. Transtornos mentais comuns e uso de psicofármacos em mulheres atendidas em unidades básicas de saúde em um centro urbano brasileiro. Rev Panam Salud Publica. 2015;38(3):195–201. BRUNTON, Laurence L.; HILAL-DANDAN, Randa; KNOLLMANN, Björn C. As Bases Farmacológicas da Terapêutica de Goodman e Gilman-13. Artmed Editora, 2018. MURRAY A, Traylor J. Caffeine Toxicity. [Updated 2020 Jun 27]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2020 Jan-. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK532910/ NALOTO DCC et al. Prescrição de benzodiazepínicos para adultos e idosos de um ambulatório de saúde mental. São Paula, 1267-1276, 2015. PRADO MAMB, Francisco PMSB, Barros MBA. Uso de medicamentos psicotrópicos em adultos e idosos residentes em Campinas, São Paulo: um estudo transversal de base populacional. Epidemiol. Serv. Saude, Brasília, 26(4):747-758, out-dez 2017. Vídeo com o título “Fármacos Parassimpatomiméticos”.
Compartilhar