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Autismo: Epidemiologia, Etiopatogenia e Quadro Clínico

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1 
Módulo 16 – Problemas mentais e do comportamento PROBLEMA 8 – “Acho que ele não gosta de mim, porque rejeita meu abraço” 
➱ Identificar a epidemiologia do autismo 
➱ Compreender a etiopatogenia 
➱Entender: 
 Quadro clínico 
 Diagnóstico 
 Classificações 
 Critérios diagnósticos 
➱Estudar as complicações no DNPM e diagnóstico diferencial 
➱ Compreender o tratamento 
 
 
Autismo 
 
 Um dos transtornos do neurodesenvolvimento mais prevalente na infância, 
caracteriza-se pelo comprometimento de dois domínios centrais: 
1. Déficits na comunicação social 
2. padrões repetitivos e restritos de comportamento, interesses ou atividades. 
 
 Tem gravidade variável, não tem cura, ainda que a identificação precoce possa 
alterar o prognóstico e minimizar os sintomas. 
 
 Anteriormente o transtorno do espectro autista envolvia 5 transtornos distintos: 
transtornos do autismo, de Asperger, desintegrativo da infância, síndrome de Rett e 
transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação. 
 
Epidemiologia 
 
 - 4 vezes maior em meninos do que em meninas, tendo em vista que os meninos são 
mais fáceis de identificar, encaminhar e diagnosticar. 
 
- Tem uma influência significativa genética, porém não atuam sozinhos, são 
influenciados por fatores de risco ambientais, como a idade avançada dos pais no 
momento da concepção, a negligencia extrema dos cuidados da criança, a exposição a 
certas medicações durante o período pré-natal, o nascimento prematuro, hipoxemia e 
baixo peso ao nascer. 
 
- Não tem relação com etnia, raça ou grupo socioeconômico. 
 
- Estima-se que 30% a 50% dos casos apresentem deficiência intelectual. 
 
- Geralmente é associado a outros transtornos psiquiátricos (transtorno de déficit de 
atenção e hiperatividade, depressão e ansiedade) e outras condições médicas 
(epilepsia, transtornos genéticos). 
 
- A chance do irmão de uma criança autista também ser afetado é 20 vezes maior, pois 
a prevalência salta de 0,5% para 10,1%. 
 
 
Etiopatogenia 
 
Os indivíduos que apresentam TEA podem ser divididos em dois grandes grupos: 
 
- Forma primária ou essencial: sem uma causa específica 
 
- Forma secundária ou sindrômica: causa identificada 
 
• Genéticas: são geradas por anomalias cromossômicas como a síndrome de Down ou 
de Turner, defeitos estruturais do genoma (desde alterações de pares de bases 
específicos, as chamadas variantes de nucleotídeos únicos ou SNV [single nucleotide 
variants] até deleções ou duplicações de muitos pares de bases, as chamadas variantes 
do número de cópias ou CNV [copy number variants]) e síndromes genéticas como as 
síndromes de Rett ou de Angelman, a esclerose tuberosa e a síndrome do X frágil, entre 
outras13,14. 
 
• Ambientais: podem ser causadas por infecções, intoxicações fetais e outros possíveis 
fatores, como exposição in utero ao ácido valproico, que interajam com o genoma por 
meio de mecanismos epigenéticos. 
 
2 
Módulo 16 – Problemas mentais e do comportamento PROBLEMA 8 – “Acho que ele não gosta de mim, porque rejeita meu abraço” 
Neuropatologia e neuroimagem: 
 Estudo encontraram alterações neurológicas no sistema límbico e circuitos 
cerebelares. As células do sistema límbico (hipocampo, amígdala, corpos mamilares, 
giro anterior do cíngulo e núcleos do septo) estão com o tamanho reduzido. 
 
Neuroquímica: 
 A elevação de serotonina nas plaquetas é o achado mais consistente em autistas. 
 
Eletrofisiologia: 
 Crianças autistas apresentam de 13 a 83% de alterações no eletroencefalograma. 
 
Quadro clínico 
 
 Tem origem nos primeiros anos de vida, porém nem sempre é possível perceber os 
sintomas logo após o nascimento, sendo identificados por volta do 1º e 2º anos de vida. 
Entretanto o diagnóstico na maioria das vezes ocorre em média aos 4 ou 5 anos de 
idade. 
 
 As manifestações comportamentais incluem déficits na interação social e 
comunicação, padrões de comportamento repetitivo e estereotipado e um repertório 
restrito de interesses e atividades. 
 
• Problemas na interação social: isolamento, pobre contato visual, dificuldade 
de participar de atividades em grupo, indiferença afetiva ou demonstrações 
de afeto inapropriadas, falta de empatia social ou emocional. 
 
• Algumas crianças não desenvolvem habilidades de comunicação, outras tem 
linguagem imatura (ecolalia, reversões de pronome, prosódia anormal). Os que 
desenvolvem habilidades verbais, apresentam déficits persistentes em 
estabelecer e permanecer na comunicação, dificuldade de interpretar 
brincadeiras, linguagem corporal e expressões faciais. 
 
• Os padrões repetitivos e estereotipados incluem resistência a mudanças, 
insistência em rotinas, apego excessivo a objetos e fascínio com o movimento 
de peças. Mesmo que algumas crianças pareçam brincar, elas se preocupam 
em alinhar ou manusear os brinquedos. Podem estar presentes estereotipias 
motoras e verbais, tais como esse balançar, bater palmas repetidamente, 
andar em círculos, repetir palavras, frases ou canções. 
 
• Distúrbios de humor e de afeto são comuns e podem ser manifestados por 
crises de riso ou de choro, sem razão aparente, falta de percepção do perigo, 
medo excessivo, ansiedade generalizada, comportamento auto mutilante ou 
reações emocionais ausentes ou diminuídas. 
 
Sinais de alerta: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Alguns marcadores importantes no primeiro ano de vida incluem anormalidades no 
controle motor, atraso no desenvolvimento motor, afeto negativo, dificuldade de 
atenção. 
 
São sinais sugestivos no primeiro ano de vida: 
- perder habilidades já adquiridas, como balbucio ou gesto dêitico de alcançar, contato 
ocular ou sorriso social; 
- não se voltar para sons, ruídos e vozes no ambiente; 
- não apresentar sorriso social; 
- baixo contato ocular e deficiência no olhar sustentado; 
- baixa atenção à face humana (preferência por objetos); 
- demonstrar maior interesse por objetos do que por pessoas; 
- não seguir objetos e pessoas próximos em movimento; 
- apresentar pouca ou nenhuma vocalização; 
- não aceitar o toque; 
- não responder ao nome; 
- imitação pobre; 
3 
Módulo 16 – Problemas mentais e do comportamento PROBLEMA 8 – “Acho que ele não gosta de mim, porque rejeita meu abraço” 
- baixa frequência de sorriso e reciprocidade social, bem como restrito engajamento 
social (pouca iniciativa e baixa disponibilidade de resposta) 
- interesses não usuais, como fixação em estímulos sensório-viso-motores; 
- incômodo incomum com sons altos; 
- distúrbio de sono moderado ou grave; 
- irritabilidade no colo e pouca responsividade no momento da amamentação; 
 
 O lactente já pode demonstrar sinais autísticos desde os primeiros meses de vida. 
Deve-se questionar, investigar e valorizar queixas como dificuldade de aquisição do 
sorriso social, desinteresse ou pouco interesse na face dos pais ou cuidadores, 
irritabilidade no colo da mãe, olhar não sustentado ou até mesmo ausente, mesmo 
durante as mamadas, preferência por dormir sozinho, quieto demais ou muito 
irritadiço, sem causa aparente e indiferença com a ausência dos pais ou cuidadores e 
ausência da ansiedade de separação a partir dos 9 meses. 
 
DNPM NORMAL: Segue com o olhar 1 mês; riso social 2 meses; sustenta pescoço 3 
meses; senta- se sem apoio 6 meses; lalação 6-10 meses; bissílabos significantes 10-12 
meses; engatinha 10 meses; responde ao nome 10 meses; anda com apoio 10-18 
meses; palavras frases 12-18 meses; comunica-se aos 2 anos : verbal e/ou não verbal; 
fala correta 5 anos. 
 
Critérios diagnósticosAutismo infantil 
 
A. Desenvolvimento anormal ou prejudicado é evidente antes dos 3 anos de idade em pelo menos uma 
das seguintes áreas: 
 
(1) linguagem receptiva ou expressiva conforme utilizada na comunicação social; 
(2) o desenvolvimento de vínculos sociais seletivos ou de interação social recíproca; 
(3) jogo funcional ou simbólico. 
 
B. Um total de pelo menos seis sintomas de (1), (2) e (3) devem estar presentes, com pelo menos dois de 
(1) e pelo menos um de (2) e (3): 
 
(1) Anormalidades qualitativas na interação social recíproca são manifestadas em pelo menos duas das 
seguintes áreas: 
(a) fracasso em usar adequadamente contato visual, expressão facial, postura corporal e gestos para 
regular interação social; 
(b) fracasso em desenvolver (de maneira adequada à idade mental, e apesar de amplas oportunidades) 
relacionamentos com iguais que envolvem uma troca mútua de interesses, atividades e emoções; 
(c) falta de reciprocidade socioemocional conforme demonstrado por uma resposta prejudicada ou 
desviante às emoções de outras pessoas; ou falta de modulação de comportamento de acordo com o 
contexto social; ou uma integração fraca de comportamentos sociais, emocionais e comunicativos; 
(d) falta de desejo espontâneo de compartilhar alegria, interesses ou realizações com outras pessoas 
(p.ex., uma falta de objetos de interesse para o indivíduo). 
 
(2) Anormalidades qualitativas na comunicação são manifestadas em pelo menos uma das seguintes 
áreas: 
 
(a) um atraso no, ou falta total de, desenvolvimento de linguagem falada que não seja acompanhada por 
uma tentativa de compensar-se através do uso de gesto ou mímica como uma forma alternativa de 
comunicação (frequentemente precedido por uma ausência de balbucio comunicativo); 
(b) fracasso relativo para iniciar ou manter intercâmbio coloquial (em qualquer nível de habilidades de 
linguagem que esteja presente), no qual haja responsividade recíproca às comunicações da outra pessoa; 
(c) uso estereotipado e repetitivo de linguagem ou uso idiossincrásico de palavras ou frases; 
(d) ausência de jogo de faz-de-conta espontâneo variado ou (quando pequeno) de jogo imitativo social. 
 
(3) Padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamento, interesses e atividades são 
manifestados em pelo menos uma das seguintes áreas: 
 
(a) uma preocupação abrangente com um ou mais padrões de interesse estereotipados e restritos que 
são de conteúdo e foco anormais; ou um ou mais interesses que são anormais em sua intensidade e de 
natureza circunscrita embora não em seu conteúdo ou foco; 
(b) adesão aparentemente compulsiva a rotinas ou rituais específicas, não funcionais; 
(c) maneirismos motores estereotipados e repetitivos que envolvem agitação ou torção das mãos ou 
dedos, ou movimentos do corpo inteiro complexos; 
(d) preocupação com parte de objetos ou com elementos não funcionais de materiais de jogo (tais como 
o cheiro, a sensação de sua superfície ou ruído ou vibração que eles geram). 
 
C. O quadro clínico não é atribuível às outras variedades de transtorno global do desenvolvimento; 
transtorno específico do desenvolvimento da linguagem receptiva com problemas socioemocionais 
secundários; transtorno de apego reativo ou transtorno de apego desinibido; retardo mental com algum 
transtorno emocional ou comportamental associado; esquizofrenia de início geralmente precoce; e 
síndrome de Rett. 
 
Autismo atípico 
A. Desenvolvimento anormal ou prejudicado é evidente aos 3 anos de idade ou após (critérios como para 
autismo exceto por idade de manifestação). 
 
B. Há anormalidades qualitativas na interação social recíproca ou na comunicação, ou padrões restritos, 
repetitivos e estereotipados de comportamento, 
interesses e atividades. (Critérios como para autismo exceto que é desnecessário satisfazer os critérios 
para número de áreas de anormalidade.) 
 
C. O transtorno não satisfaz os critérios diagnósticos para autismo. Autismo pode ser atípico em idade de 
início ou sintomatologia; os dois tipos são diferenciados com um quinto caractere para fins de pesquisa. 
Síndromes que são atípicas em ambos os sentidos deveriam ser codificadas. Atipicalidade em idades de 
início e sintomatologia. 
4 
Módulo 16 – Problemas mentais e do comportamento PROBLEMA 8 – “Acho que ele não gosta de mim, porque rejeita meu abraço” 
Atipicalidade em idade de início 
A. O transtorno não satisfaz o Critério A para autismo; ou seja, desenvolvimento anormal ou prejudicado 
é evidente apenas aos 3 anos de idade ou após. 
B. O transtorno satisfaz os Critérios B e C para autismo. 
 
Atipicalidade na sintomatologia 
A. O transtorno satisfaz o Critério A para autismo; ou seja, desenvolvimento anormal ou prejudicado é 
evidente antes dos 3 anos de idade. 
B. Há anormalidades qualitativas em interações sociais recíprocas ou em comunicação, ou padrões 
restritos, repetitivos e estereotipados de comportamento, interesses e atividades. (Critérios como para 
autismo exceto que é desnecessário satisfazer os critérios para número de áreas de anormalidade.) 
C. O transtorno satisfaz o Critério C para autismo. 
D. O transtorno não satisfaz completamente o Critério B para autismo. 
 
Atipicalidade tanto em idade de início como em sintomatologia 
A. O transtorno não satisfaz o Critério A para autismo; ou seja, desenvolvimento anormal ou prejudicado 
é evidente apenas aos 3 anos de idade ou após. 
B. Há anormalidades qualitativas em interações sociais recíprocas ou na comunicação, ou padrões 
restritos, repetitivos e estereotipados de comportamento, interesses e atividades. (Critérios como para 
autismo exceto que é desnecessário satisfazer os critérios para número de áreas de anormalidade.) 
C. O transtorno satisfaz o Critério C para autismo. 
D. O transtorno não satisfaz completamente o Critério B para autismo. 
 
Diagnóstico 
 
• Anamneses: História Familiar e/ou perinatal. (Fenótipo Ampliado do Autismo) . Exame 
físico: incoordenaçao motora. 
• Avaliação Neuropsicológica 
• Relatório escola, terapeutas se tiver; pedir gravação da criança na escola, festas 
(convívio com pares). 
• Se suspeita de distúrbio auditivo: audiometria e fonoaudiologia. 
• RM de Crânio Funcional: ativam regiões frontotemporais, mas não amígdala (baixa 
percepção expressão e reconhecimento facial) 
 
 Assim que uma criança apresenta comprovados atrasos ou desvios no 
desenvolvimento neuropsicomotor, ela deve ser encaminhada para avaliação e 
acompanhamento com médico especializado em desenvolvimento neuropsicomotor, 
com avaliação formal para TEA com o Psiquiatra Infantil ou o Neuropediatra. 
 
Fazer um fluxograma: 
 
Criança com atraso do DNPM OU MCHAT-R alterado 
 
- orientar os pais quanto à estimulação adequada – interação com os pais, harmonia 
no lar, brincadeiras, contato afetivo, tempo de tela, qualidade de tela, tempo de sono, 
alimentação, brincadeiras ao ar livre. 
 
- reavaliar em um mês 
 • se alcançou os marcos: manter acompanhamento e estimulação 
• se não alcançou os marcos: – encaminhar para serviço de estimulação interdisciplinar 
especializado – encaminhar para avaliação com médico especializado em TEA – manter 
consultas próximas com a criança e os pais para apoio e acompanhamento do 
tratamento de reabilitação. 
 
O M-CHAT é um teste de triagem e não de diagnóstico e é exclusivo para sinais precoces 
de autismo e não para uma análise global do neurodesenvolvimento. Consiste em 20 
questões claras, com resposta sim ou não, ao final do questionário, o resultado indica 
baixo risco, risco moderado ou alto risco. 
 
- Baixo risco: pontuação total é de 0-2; se a criança for menor que 24 meses, repetir o 
M- -CHAT-R em 24 meses. Não é necessária qualquer outra medida, a não ser que a 
vigilância indique risco de TEA. 
 
- Risco moderado: pontuação total é de 3-7; administrar a Entrevista de Seguimento 
(segundaetapa do M-CHAT-R/F, anexo 2) para obter informação adicional sobre as 
respostas de risco. Se a pontuação do M-CHAT-R/F continuar igual ou superior a 2, a 
criança pontua positivo para TEA na triagem, se for pontuação 0-1 pontua como 
negativo para triagem do autismo. Não é necessária qualquer outra medida, a não ser 
que a vigilância indique risco de TEA, a criança deverá fazer triagem novamente em 
futuras consultas de rotina. 
 
-Alto risco: Pontuação total é de 8-20; pode- -se prescindir da necessidade da Entrevista 
de seguimento e deve-se encaminhar a criança para avaliação diagnóstica e também 
para avaliação de necessidade de intervenção. 
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Módulo 16 – Problemas mentais e do comportamento PROBLEMA 8 – “Acho que ele não gosta de mim, porque rejeita meu abraço” 
 
 
CARS: 
 Escala mais antiga, muito usada, utiliza quinze categorias de comportamento, 
características e capacidades em que compara o desenvolvimento esperado com o 
comportamento tipicamente autista: relacionamento com outras pessoas, imitação, 
resposta emocional, utilização dos objetos, utilização do corpo, adaptação à mudança, 
resposta visual, resposta ao que escutou, resposta ao paladar, ao cheiro e ao toque, 
medo ou nervosismo, comunicação verbal, comunicação não verbal, nível de atividade, 
resposta intelectual e impressões gerais. 
 
GARS 
 É uma entrevista semiestruturada para os pais, muito utilizada para triagem e 
diagnóstico de TEA. Além das áreas anteriormente referidas, essa escala traz um 
componente adicional que permite discriminar melhor outros problemas 
comportamentais que não autismo. 
 
ADOS 
 É uma avaliação semiestruturada, que envolve os principais domínios que são 
afetados no TEA. Apresenta um conjunto de tarefas padrão que são divididas em 4 
módulos cada um deles referentes ao nível de desenvolvimento da criança e suas 
habilidades de fluência verbal. Cada módulo geralmente tem um tempo de 
administração que varia de 30 a 60 minutos. Pode ser usado para avaliar crianças ou 
adultos com pouca ou nenhuma linguagem, bem como aqueles que são verbalmente 
fluentes. Uma versão revisada, ADOS -2, incluiu um quinto módulo para crianças entre 
12 e 30 meses. É o instrumento que apresenta a melhor sensibilidade e especificidade, 
porém sua utilização na prática clínica é limitada pela necessidade de um treinamento 
específico com certificação, além do alto custo do teste e longo tempo de 
administração. 
 
Exame físico: 
 Alterações neurológicas, como hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais do 
ambiente, alterações nas provas de coordenação motora, dos pares cranianos, do 
tônus e reflexos superficiais, profundos e primitivos devem ser correlacionados com 
cada doença específica. 
 
 A observação do comportamento engloba a interação da criança com os seus 
familiares, com o examinador, com o meio e com os brinquedos. É importante checar 
se a criança reage positivamente quando chamada pelo seu nome, voltando o olhar 
para quem a chama. Neste momento, observa-se também a sua expressão facial, se 
imita gestos e palavras, se participa de brincadeiras de forma funcional, se possui 
preferência a objetos em relação ao olhar ou face humana, se olha nos olhos de forma 
6 
Módulo 16 – Problemas mentais e do comportamento PROBLEMA 8 – “Acho que ele não gosta de mim, porque rejeita meu abraço” 
sustentada, se apresenta rigidez comportamental, se faz o uso dos pais como objeto 
para pegar o que deseja, se apresenta irritabilidade desproporcional à situação de 
frustração e estereotipias motoras, verbais ou rituais. 
 
 
Diagnósticos diferenciais 
 
 • Síndrome de Rett: acomete quase exclusivamente o sexo feminino; observa-se 
ruptura da interação social, principalmente no momento do diagnóstico, durante a fase 
regressiva entre 1 a 4 anos; mas após esse período a maioria melhora as habilidades de 
comunicação social. 
 
• Mutismo seletivo: a criança é muda em alguns ambientes, mas não há prejuízo na 
reciprocidade social nem padrões de comportamento restritivos ou repetitivos. 
 
• Transtornos da linguagem e transtorno da comunicação social (pragmática): a 
comunicação não verbal costuma ser normal no distúrbio específico da linguagem. 
Quando há prejuízo apenas da comunicação social e das interações sociais, mas na 
ausência de comportamentos ou interesses restritos ou repetitivos, o transtorno da 
comunicação social (pragmática) deve ser diagnosticado em vez do TEA. 
 
• Deficiência intelectual sem TEA: essa diferenciação é difícil em crianças muito jovens. 
É o diagnóstico apropriado quando não há discrepância aparente entre o nível das 
habilidades de comunicação social e outras habilidades intelectuais. 
 
• Transtorno do movimento estereotipado: a criança apresenta apenas estereotipias, 
porém quando estas causam autolesão e se tornam um foco do tratamento, o 
diagnóstico de TEA talvez seja apropriado. 
 
• TDAH: as anormalidades da atenção, como foco exagerado ou distração fácil, são 
comuns no TEA, assim como a hiperatividade. Ambos os diagnósticos podem ser 
válidos, mas a diferenciação baseia-se no maior comprometimento das habilidades da 
comunicação social no TEA. 
 
• Esquizofrenia: alucinações e delírio são características definidoras da esquizofrenia e 
não do TEA. Há descrição de um estado prodrômico no qual há prejuízo social, 
interesses e crenças atípicos, o que poderia se confundir com os déficits sociais 
observados no TEA. 
 
• Déficits auditivos, com a diferença que não tem prejuízo na sociabilização e 
respondem a outros estímulos sonoros; 
• Deficiência intelectual (DI) que cursa também com alterações no desenvolvimento 
cognitivo e comportamental, enfatizando que crianças com TEA pioram a sua 
comunicação com a idade, ao contrário daquelas com o diagnóstico de DI onde a 
sociabilização tende a melhorar com o tempo; 
 
• transtornos de linguagem, que acabam interferindo na sociabilização, porém não 
vem acompanhados com gestos nem comportamentos repetitivos; 
 
• Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). O início do TOC é mais tardio e geralmente 
não está associado a prejuízo na comunicação como no TEA. Além disso, no TOC, as 
estereotipias se apresentam como movimentos mais complexos que se destinam a 
aplacar a ansiedade resultante do pensamento obsessivo; 
 
 
Tratamento 
 
 Intervenção Precoce 
 O tratamento padrão-ouro para o TEA é a intervenção precoce, que deve ser iniciada 
quando existir suspeita ou o diagnóstico. Consiste em um conjunto de modalidades 
terapêuticas que visam aumentar o potencial do desenvolvimento social e de 
comunicação da criança, proteger o funcionamento intelectual reduzindo danos, 
melhorar a qualidade de vida e dirigir competências para autonomia, além de diminuir 
as angústias da família e os gastos com terapias sem bases de evidência científicas. 
 
- Dentre as modalidades terapêuticas estão: 
 
 • Modelo Denver de Intervenção Precoce para Crianças Autistas: estimulação intensiva 
e diária baseada em Análise do Comportamento Aplicada (ABA), visando promover 
interações sociais positivas e naturalistas com a finalidade do aumento da motivação 
da criança para as competências sociais, a aprendizagem e o desenvolvimento da 
comunicação receptiva e expressiva e das habilidades cognitivas e motoras; 
 
7 
Módulo 16 – Problemas mentais e do comportamento PROBLEMA 8 – “Acho que ele não gosta de mim, porque rejeita meu abraço” 
 • Estimulação Cognitivo Comportamental baseada em (ABA): programa 
comportamental amplamente utilizado e reconhecido, que visa desenvolverhabilidades sociais e comunicativas, ao lado da redução de condutas não adaptativas, 
partindo de estratégias de reforço; 
 
• “Coaching Parental”: orientações familiares e treinamento dos pais, visando manejo 
do comportamento dos cuidadores, adequações de rotinas e co-responsabilização para 
estimulação; 
 
 • Comunicação suplementar e alternativa: a partir do uso de sinais, gestos, símbolos e 
figuras (como o PECS- Sistema de Comunicação por Troca de figuras) em autistas não-
verbais; 
 
• Método TEACCH (Tratamento e Educação para Crianças Autistas e com outros 
prejuízos na comunicação): mais utilizado no campo da educação, implica na 
estruturação do ambiente pedagógico-terapêutico, com o estabelecimento de rotinas 
e o planejamento da sequência e duração das atividades; 
 
• Terapia de integração sensorial: para crianças autistas que demonstram alterações 
no processamento sensorial; 
 
 
Tratamento farmacológico: 
 
 Entre as medicações mais utilizadas estão a risperidona, um antipsicótico atípico, 
bloqueador serotonérgico e também dopaminérgico, a olanzepina, a quetiapina, a 
ziprasidona, a clozapina e o aripiprazol. Sendo a risperinona e o aripripazol, os únicos 
medicamentos com indicação da Food and Drug Administration dos Estados Unidos 
para os sintomas relacionados ao TEA. 
 
 Todos eficazes como antipsicóticos de segunda geração, mas podendo provocar 
efeitos colaterais importantes, como aumento de peso, síndrome metabólica, 
hiperprolactinemia, síndrome extrapiramidal, diminuição do limiar convulsígeno e, 
muito raramente, a síndrome neuroléptica malígna. 
 
 Portanto, na ausência de sintomas que justifiquem seu uso, a criança pode e deve ser 
tratada sem o emprego de psicofármacos, e estas drogas poderão excepcionalmente 
ser administradas por especialistas que tenham hábito na sua indicação precisa. 
 
 O uso de melatonina em pacientes com TEA tem sido associado a melhores 
parâmetros do sono, resultados adversos mínimos e melhor comportamento diurno. 
 O foco do tratamento é melhorar os sintomas comportamentais associados. 
 
• Irritabilidade: dois antipsicóticos de segunda geração (risperidona e 
aripiprazol) foram aprovados pela FDA nos EUA. 
 
 A risperidona controla os comportamentos agressivos e auto lesivos em crianças com 
e sem o transtorno; é considerada tratamento de primeira linha para crianças e 
adolescentes afetados. Tem como efeitos colaterais ganho de peso, hiperglicemia, 
elevação do nível de prolactina e dislipidemia, fadiga, sialorreia e tontura. Deve ser 
usada com muita cautela em indivíduos com anormalidades cardíacas ou hipotensão. 
 
 
• Hiperatividade, impulsividade, desatenção: metilfenidato 
 
• Comportamento repetitivo e estereotipado: antipsicóticos de 2º geração, 
inibidores seletivos da recaptação de serotonina, estabilizadores de humor.

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