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ESTÁGIO DE OBSERVAÇÃO E DOCÊNCIA NO ENSINO FUNDAMENTAL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

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ESTÁGIO DE OBSERVAÇÃO E DOCÊNCIA NO ENSINO FUNDAMENTAL: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
STAGE OF OBSERVATION AND TEACHING IN FUNDAMENTAL TEACHING: A REPORT OF EXPERIENCE
ESTADIO DE OBSERVACIÓN Y DOCENCIA EN LA ENSEÑANZA FUNDAMENTAL: UN RELATO DE EXPERIENCIA
Thays Rodrigues S. da Silva*
Elvis Santos Da cruz **
Eixo temático: 
 RESUMO:O presente artigo foi desenvolvido baseado, nas experiências vivenciadas na disciplina de Estágio Supervisionado no Ensino de Matemática II. E tem por objetivo relatar estas experiências não apenas num aspecto teórico mas empírico do estágio.Baseamo-nos em autores como Flanders (1970), Etcheverria, Felicetti, (2016), para podermos passar pelo período de observação de uma forma crítica e reflexiva, de modo a associar teoria e prática para um fazer uma docência diferente, um fazê-la melhor. Identificamos no professor regente da turma um ensino tradicional e expositivo. Os PCN nos alerta, que o ensino de matemática deve ser explanado de outras formas, utilizando tendências da educação matemática, e explorar seu papel na construção da cidadania. Em nossa regência buscamos seguir estas recomendações metodológicas.
Palavras chave: Estagio supervisionado. Aulas de matemática. Observação. Regência.
ABSTRACT: This article was developed based on the experiences of the Supervised Internship in Teaching Mathematics II. And it is intended to relate these experiences not only in a theoretical but empirical aspect of the stage. We base ourselves in authors like Flanders (1970), Etcheverria, Felicetti, (2016), so that we can pass through the observation period in a critical and reflexive way, in order to associate theory and practice for one to do a different teaching, one to do it better. We identified in the teacher regent of the class a traditional and expositive teaching. NCPs warn us that mathematics education must be explained in other ways, using mathematical education trends, and explore its role in building citizenship. In our regency we seek to follow these methodological recommendations.
Keywords: Supervised training. Mathematics classes. Note. Regency.
RESUMEN: El presente artículo fue desarrollado basado, en las experiencias vivenciadas en la disciplina de Etapa Supervisada en la Enseñanza de Matemáticas II. Y tiene por objetivo relatar estas experiencias no sólo en un aspecto teórico pero empírico del estadio. Nos encontramos en autores como Flanders (1970), Etcheverria, Felicetti, (2016), para poder pasar por el período de observación de una forma crítica y reflexiva, de modo a asociar teoría y práctica para hacer una docencia diferente, hacerla mejor. Identificamos en el profesor regente de la clase una enseñanza tradicional y expositiva. Los PCN nos alertan, que la enseñanza de las matemáticas debe ser explicada de otras formas, utilizando tendencias de la educación matemática, y explorar su papel en la construcción de la ciudadanía. En nuestra dirección buscamos seguir estas recomendaciones metodológicas.
Palabras clave: Estación supervisada. Clases de matemáticas. Nota. regencia
INTRODUÇÃO 
O presente artigo foi desenvolvido baseado, nas experiências vivenciadas na disciplina de Estágio Supervisionado no Ensino de Matemática II, realizadas na Escola Estadual General Siqueira, e busca retratar o planejamento, as observações, as regências, as avaliações e as metodologias realizadas pelos estagiários na escola. Este relato tem como objetivo compartilhar as experiências vivenciadas pelos estagiários durante a realização do Estágio Supervisionado, contribuindo assim para que haja uma reflexão acerca das teorias vistas na universidade bem como as práticas realizadas em sala de aula, assim como explicar como foi a oportunidade de desenvolver suas habilidades, analisar situações e propor mudanças no ambiente educacional e societário.
O estágio supervisionado nos cursos de formação de professores é um momento de extrema importância para os acadêmicos que estão na transição de aluno a professor, pois possibilita pôr em prática os conhecimentos adquiridos na universidade, bem como refletir sobre a sua futura profissão, e contribui de maneira significativa para a construção da identidade do profissional da educação.
A observação participante contida nesse relato, foi realizada em uma turma de EJA do Ensino Fundamental composta por trinta e dois alunos, e um professor na escola citada, localizada na zona urbana do município de Aracaju – SE. Essa experiência de estágio se deu em dois momentos: primeiro houve um período de observação de duas semanas, posteriormente ocorreu o período de regência que se deu em um mês. Vale ressaltar também que fizemos uma sondagem com os alunos, dos seus níveis de escrita matemática, com o objetivo de obter conhecimento acerca do grau de aprendizagem em que eles se encontram.
Quando nós tivemos a oportunidade de observar, pudemos fazer comparações entre experiências, as que já foram vividas pelos professores e, cuja representação construída constitui em atos específicos de inteligência, com nossa experiência que fizemos no momento, isto é, a representação em que permanecemos a construir na interação com o mundo das limitações. No período de observação do estágio, compreendemos que a interação entre aluno, professor e estagiários, deveria acontecer de forma mais direta. Desta forma, fica esclarecido para nós estagiários, que a interação entre o aluno e professor é de suma importância para o desenvolvimento de cada aluno em sala de aula.
Vimos também que o período da regência é a oportunidade que temos de entender, compreender e analisar cada passo na prática pedagógica, pois com toda teoria que temos oferecida durante o curso, também se faz necessário colocar em prática tudo que aprendemos até aqui. Assim, pudemos perceber o quanto é importante à disciplina de Estágio Supervisionado para o graduando, que está em busca da construção de sua identidade profissional, e só se consegue isso unindo teoria e prática, ou seja, levando para a realidade das escolas tudo que foi aprendido na universidade. Diante de tais análises, se torna evidente que os momentos de estágio são essenciais nos cursos de formação de professores, uma vez que só tem a favorecer e enriquecer a formação do futuro educador.
DESENVOLVIMENTO 
1. ASPECTOS TEÓRICOS
O Estágio Supervisionado II é constituído por duas etapas: a primeira é um período de observação, e a segunda etapa é a regência. Durante o estágio o estagiário é capaz de desenvolver capacidades como: atenção, imaginação e criatividade. Durante o estágio, o acadêmico constrói algumas concepções e adquiri novos conhecimentos. Uma vez que todo conhecimento adquirido durante o curso não são suficientes para a formação do futuro professor. 
A prática de observação, pode ser entendida como uma ferramenta fundamental para relacionar teoria à prática, permitindo que o licenciando entre em contato com a realidade escolar, fazendo um diagnóstico da turma, como forma de identificar as principais dificuldades, e assim ter melhor encaminhamento na preparação das aulas. Pode-se dizer então, que a prática da observação nos leva a uma percepção mais profunda, acerca das dificuldades existentes na escola e na própria turma escolhida para a regência. 
Para (ETCHEVERRIA, FELICETTI, 2016), o licenciando deve observar as aulas de sua referida turma, de uma forma crítica e reflexiva, de modo a associar teoria e prática para um fazer uma docência diferente, um fazê-la melhor. 
É desejável para o licenciando em matemática a visão de seu papel social de educador e a capacidade de se inserir em diversas realidades com sensibilidades para interpretar as ações dos educandos. (ETCHEVERRIA, FELICETTI, 2016, p. 46). 
A observação nos proporciona esta visão, ao enxergar os diferentes comportamentos de cada aluno, a forma e a maneira como eles interagem com seus colegas, com o professor, e em relação a um determinado conteúdo. Nos permitindo deliberadamente preparamos a melhor forma, o jeito mais eficaz, de abordarum conteúdo para que os discentes possam interagir e compreender. 
Todos os estagiários primeiramente, passam por uma preparação teórica. Estudamos sobre as diversas metodologias e recursos que podem ser utilizadas em uma aula de matemática. Quando chegamos nas disciplinas de estágio, então é hora de pôr em prática tudo que foi visto em teoria.
A regência também é uma prática importante, pois apresenta grandes benefícios para o progresso do ensino no que se refere à formação do futuro docente, levando em conta a importância de se colocar em prática o que o estudante aprendeu na Universidade. É nesse momento, na regência, que os alunos-estagiários levarão para as salas de aula os conhecimentos teóricos adquiridos e assim poder confrontar teoria e realidade.
É nesse campo, que o estagiário desenvolve suas atividades, que foram elaboradas durante as aulas na universidade, e planeja suas ações pedagógicas. É na regência que o estagiário poderá desenvolver conhecimentos e habilidades como “expressar-se com clareza e precisão, tanto na escrita quanto oralmente; de trabalhar em equipe; de compreender, criticar e resolver problemas usando novas ideias e tecnologias, de aprender continuamente” ETCHEVERRIA,FELICETTI (2016, apud BRASIL, 2012)
 Na disciplina de Estágio Supervisionado em Ensino de Matemática II, tivemos um período de observação de duas semanas, na Escola Estadual General Siqueira, Aracaju-SE, na turma EJA – 1ª Etapa “B”. Ao fim das observações, na mesma turma, pudemos realizar nossa regência, que durou cinco semanas. 
2. ASPECTOS METODOLÓGICOS
Para que o ensino-aprendizagem da Matemática se torne dinâmico e interessante ao aluno, despertando um interesse pelo estudo, proporcionando uma interação com o professor, e seus colegas, na busca do melhor entendimento e compreensão dos conteúdos abordados, o professor deve adotar novas metodologias. O estudante precisa de estímulo, situações que envolvam aplicações da matemática em seu cotidiano, deve ser introduzido no planejamento do professor, pois irão mostras aos alunos que os conteúdos vistos em sala, possuem importância para as várias classes da sociedade.
Algumas metodologias podem ser usadas pelo professor em busca de um melhor modelo de ensino-aprendizagem da Matemática: aulas expositivas e demonstrativas, buscando sempre relacionar a Matemática ao cotidiano; preparar aulas no datashow, e utilizar os recursos da informática; utilizar materiais que auxiliem no ensino da Matemática, como réguas, transferidor, compasso, esquadros; utilizar o computador com programas de construção de gráficos e de figuras geométricas, trabalhar com jogos que envolvam os conteúdos e os de raciocínio lógico.
Atualmente, ao pensar em uma metodologia para o ensino de matemática, os professores dessa disciplina encontram várias teorias que apontam para o que se chama> Tendências em Educação Matemática. Estas estão previstas nas Diretrizes Curriculares para o ensino da matemática. (MENDES, 2018) Apresenta as tendências metodológicas, afim de compreendermos suas características e seus modos de abordagem, são elas: Resolução de Problemas; Modelagem Matemática; Etnomatemática; TIC’s (A informática); História da Matemática; Jogos e Materiais Concretos. 
Quando planejamos nossas aulas para serem aplicadas na turma escolhida, que foi uma turma de EJA, fizemos planos com que estivessem interligados às tendências de jogos e resolução de problemas. Nesta primeira nós percebemos que não rendeu o quanto esperávamos, os alunos não assimilaram a ideia do jogo com o conteúdo abordado. Então decidimos mudar os planos para que fossem abordados apenas com resolução de problemas. Todas as questões envolviam diretamente o dia-a-dia dos alunos, assim pudemos perceber maior significado por parte dos alunos quanto aos conteúdos abordados, além de grande interação por parte da maioria deles. 
 3. 	ASPECTOS EMPÍRICOS
3.1. Observação
O início de nossa observação aconteceu no dia 18 de julho de 2017, teve a duração de dez dias, finalizando a observação no dia 28 de julho de 2017. Observamos as aulas do professor regente Umberto Cordeiro durante doze aulas ministradas (seis dias). Cada dia o professor ministrava duas aulas na referida turma. As aulas dessa turma eram nos dias de terça, quarta e sexta, nos dois últimos horários (das 20:20 às 21:40). 
No primeiro dia de observação fomos recebidos pelo professor titular da turma, que não nos apresentou formalmente para seus alunos. Durante a primeira semana de observação pudemos destacar alguns acontecimentos em relação ao comportamento dos discentes. No primeiro dia, prestamos atenção nas ações de alguns alunos em especial. Um desses falou durante toda a aula, mexia com seus colegas, era bem eloquente no que dizia e, buscava mesmo sem muito nexo, algum tipo de conversação com os outros alunos. A impressão inicial que tivemos, era que ele queria chamar nossa atenção, e logo imaginamos que esse seria um aluno que traria problemas para nossa regência.
 Outro aluno passou todo o tempo, desta mesma aula, desenhando em sua carteira, dava a entender que ele queria mostrar algo pra nós estagiários. Só entendemos, ou pelo menos foi nossa suspeita, o que ele tanto desenhava, no outro dia da observação, vimos na fatídica carteira o que parecia a imagem de um de nós estagiários, desenhado com um chapéu cônico por cima na cabeça, daquele típico de festa de aniversário. Ficamos surpresos, mas como não perguntamos a ele, não sabemos ao certo quem ele desenhou, tampouco o porquê. 
Ainda nesta mesma semana, ocorreu outra curiosidade, uma das alunas, estava vendendo trufas no meio da aula, e o professor parecia não se incomodar, como se fosse uma atividade corriqueira. Enquanto ela vendia os doces, os alunos ficavam dispersos da aula, que o professor continuava a lecionar. 
Em meio a todos estes acontecimentos citados anteriormente durante as aulas, observamos que o professor titular praticamente não demonstrava reação alguma, no intuito de impedir, corrigir, aconselhar ou até mesmo pedir a colaboração dos seus alunos, para que a aula pudesse seguir de forma mais tranquila, e assim garantir que todos ouvissem com atenção o que estava sendo explicado por ele. O tom de voz dele não era tão eloquente, a dicção também não era boa, os alunos tinham dificuldade de ouvi-lo mesmo em meio ao silêncio, quanto mais imerso numa sala com conversas paralelas. Parecia que o docente estava conformado com a situação, e não via o que fazer para mudar esta realidade. Melhor, não havia interação, influência alguma por parte do professor com seus alunos. 
Pelo sistema de análise de interação proposto por Flanders (1970), acreditamos que aquela turma se encaixa na categoria 10, silêncio ou confusão. Pausa, pequenos períodos de silêncio e período de confusão nos quais a comunicação não pode ser entendida pelo observador.
Sobre a segunda semana de observação, destacamos o dia em que foi realizada a avaliação dos discentes, e para nossa surpresa a sala estava lotada, até então nós não havíamos presenciado tantos alunos naquela turma. Muitos deles ainda não havia aparecido durante nossa observação, estávamos vendo-os pela primeira vez.
 	Durante a prova, boa partes dos alunos estavam perdidos em suas resoluções, e consultavam os colegas (colando), sem preocupação alguma com o professor titular. Pedimos autorização ao docente para poder rondar pela sala, a fim de observar como estava sendo o desenvolvimento deles na prova. Após um tempo, os alunos começaram a pedir a nossa ajuda, e na medida do possível esclarecemos algumas dúvidas deles, oferecendo algumas dicas, em outros casos indicando respostas que estavam erradas. 
A princípio um dos estagiários não se sentiu à vontade em ajudar, já que era avaliação, enquanto o outro andava de canto a canto da sala ajudando e atendendo os anseios dos alunos que estavam divagando em suas respostas, o que era esperado, pois como dito anteriormente, tinham alunos que no mínimo faltaram por toda uma semana às aulas de matemática. Ao final, tendo todosos alunos entregue as provas, agradeceram-nos pela ajuda. O estagiário mais solícito, ganhou mais a atenção dos estudantes. 
O comportamento do professor titular, na aplicação da prova, não fora diferente dos demais dias, sempre introspectivo. Ele havia dito que na próxima aula haveria um trabalho para completar a nota da prova. Na aula seguinte, ao chegarmos no horário da aula de matemática, flagramos alguns alunos indo embora, permanecendo apenas três na sala. Quando o professor chegou, os alunos que ficaram explicaram que a turma havia “evacuado”, na ocasião o professor achou por bem cancelar a aula, o que não foi bem aceito pelo coordenador, que ao seu entender, o professor deveria ter dado a aula, ainda que fosse para apenas um aluno.
No dia em que observamos os alunos fazendo a prova, pudemos constar que eles se atrapalhavam em operações simples. Então pensamos em passar uma atividade para vermos o nível e as dificuldades que apresentariam, antes de elaborar nossos planos de aula. Conversamos com nossa professora orientadora e depois com o professor regente da turma, e ambos concordaram que nós assumíssemos a turma e aplicasse uma atividade que englobasse as quatro operações básicas. Aplicamos a atividade no último dia de observação. 
A atividade consistia em um jogo de forca. Dividimos a turma em grupos com quatro integrantes cada. Entregamos questões iguais para todos os grupos, esperando um tempo de cinco minutos para que eles pudessem resolver. No término do tempo, aqueles cuja resposta estava errada, era desenhado no quadro uma parte do corpo (do boneco da forca). E desta forma seguimos por todo horário, entregando questões contextualizadas que envolviam mais de uma operação. Ao final da aula, ganhou o grupo que teve menos partes do corpo desenhadas, ou seja, que acertou mais questões. E entregamos para cada membro do grupo ganhador, lembranças com chocolates. 
Na ocasião de entrega dos brindes, nós tínhamos preparados oito brindes. Ao final da aula dois grupos estavam empatados, em um grupo havia cinco integrantes e no outro quatro. Fizemos então a pergunta de desempate e o grupo vencedor (que tinha cinco integrantes) fez questão de dividir o prêmio com o grupo que disputou afinal com eles. Isso nos chamou atenção, deixando-nos emocionados, pois mostrou que eles são solícitos um para com os outros. 
Com a atividade que foi citada anteriormente, notamos que o problema maior não era o raciocínio lógico dos alunos, pois a maioria conseguia interpretar os problemas, montar como deveria proceder para calcular, mas na hora de efetuar o cálculo se perdiam, erravam, principalmente na multiplicação e divisão. Ao ponto que no término do jogo, um dos alunos veio até nós e pediu que lhe ensinasse a dividir. Sabendo desta dificuldade, planejamos alterar a primeira aula de nossa regência, para uma revisão destas operações. Pois para nós não fazia sentido introduzir algum outro conteúdo, se eles não conseguissem executar estas operações que são a base para qualquer cálculo.
	Com relação a forma e a utilização, ou não, de metodologias e recursos, que observamos, durante este período de duas semanas nas aulas do professor titular, podemos constatar que ele é o típico professor tradicional. Entra na sala, inicia o conteúdo, e passa exercícios do tipo: calcule e resolva. Sem interação professor-aluno, sem instigar os alunos a pensarem, tornando a aula chata. Consequentemente a turma fica dispersa, pois não conseguiam enxergar utilidade naquilo, assuntos aparentemente sem ligação com o cotidiano deles, pois não havia uma contextualização nos problemas expostos Tudo isto contribui para a evasão dos alunos, e a falta de interesse pela disciplina.
	Os PCN nos alerta, que o ensino de matemática deve ser explanado de outras formas, como pelo seu papel na construção da cidadania por exemplo, utilizando temas transversais que fazem parte do cotidiano do indivíduo, tipo: ética, meio ambiente, orientação sexual, saúde, pluralidade cultural, trabalho e consumo. Desta forma atraindo a atenção dos discentes para o conteúdo.
	O professor titular, por conformidade, ou por outros motivos, não procurou se atualizar, para poder ensinar da melhor forma possível. Se antes esta postura já não era adequada, quanto mais agora, com uma modernização exponencial do mundo, onde cada vez mais estamos à mercê de tecnologias, implicando numa necessidade constante daqueles que escolheram lecionar, de estar em perpetuo aprendizado, estar inteirado destes avanços, para assim preparar seus alunos, para este novo mundo. 
Em função do desenvolvimento das tecnologias, uma característica contemporânea marcante no mundo do trabalho, exigem-se trabalhadores mais criativos e versáteis, capazes de entender o processo de trabalho como um todo, dotados de autonomia e iniciativa para resolver problemas em equipe e para utilizar diferentes tecnologias e linguagens (que vão além da comunicação oral e escrita). Isso faz com que os profissionais tenham de estar num contínuo processo de formação e, portanto, aprender a aprender torna-se cada vez mais fundamental. (BRASIL, 1998, p.27) 
	3.2. Regência
Finalizado o período de observação, demos início ao período da regência que iniciou no dia 08 de agosto de 2017, e teve fim no dia 06 de setembro de 2017. Foram onze dias, num total de vinte aulas ministradas e duas aulas reservadas para aplicação da avaliação. 
Sobre o período de tempo em que assumimos a regência da turma, podemos ressaltar alguns fatos, situações, e alunos que de certa forma nos surpreenderam, sejam por destaques positivos ou negativos. Compreendemos que este conhecimento empírico das experiências, sejam as prazerosas ou as não muito agradáveis, contribui para a formação de um profissional melhor. Consolidando as ações que deram certo, e melhorando o desempenho das atividades desventuradas.
 	Nós estagiários estávamos apreensivos e ansiosos, para saber como a turma iria reagir à nossa ministração, pois eles estavam acostumados a um tipo de aula, do seu professor titular, a qual já foi caracterizada anteriormente. Decidimos que cada um daria uma aula alternando os dias. A aula inicial foi ministrada pela estagiária Thays, cujo conteúdo foi uma revisão das quatro operações básicas. Como foi mencionado no tópico da observação, esta aula foi planejada por último, para atender as necessidades apresentadas por aqueles alunos. Momento proveitoso para estes discentes, que viram pela primeira vez, outras formas de calcular as operações básicas. 
Nesta primeira semana de regência, em vez de três dias de aula executamos apenas dois, pois no dia 09 de agosto (quarta-feira), a referida turma estava com os dois primeiros horários vagos, como nós estagiários não pudemos atender ao pedido de antecipar o horário da aula, o professor titular ministrou a aula, adiantando assim o horário. 
Da aula posterior, ministrada pelo estagiário Elvis sobre álgebra, é interessante destacar a participação e o conhecimento daqueles alunos, que para nós no período de observação, pensávamos serem os problemáticos, felizmente estávamos enganados, pois aqueles alunos que bastante conversavam e nadam escreviam, eram os alunos que mais interagiam na nossa aula, e faziam com precisão. 
Na Universidade, aprendemos que existe outras metodologias para ensinar nossos alunos, uma delas é o uso do jogo, podendo ser utilizado também como recurso.
Os jogos constituem uma forma interessante de propor problemas, pois permitem que estes sejam apresentados de modo atrativo e favorecem a criatividade na elaboração de estratégias de resolução e busca de soluções. Propiciam a simulação de situações problema que exigem soluções vivas e imediatas, o que estimula o planejamento das ações; possibilitam a construção de uma atitude positiva perante os erros, uma vez que as situações sucedem-se rapidamente e podem ser corrigidas de forma natural, no decorrer da ação, sem deixar marcas negativas.(BRASIL, 1998, p. 46)
Eufóricos para mostrar isso à nossa turma do EJA, uma vez que já tínhamos boas respostas deste tipo de recurso, quando ainda na observação utilizamos o jogo da forca, levamos o Jogo “Let’s Go!” - (Mind Lab) para revisar um pouco dos conteúdos abordados, quanto para exercitar o raciocínio lógico dos nossos discentes. 
Antes, nos bastidores foi uma correria para nós, para contar a quantidade de peças, verificar se iria dar para todos os alunos jogarem. E para atravancar ainda mais este processo de preparação, antes de irmos ministrar a aula, tínhamos que fazer uma prova de física III, em 30 minutos, senão perderíamos nosso transporte até a escola. 
Enfim, passado tudo isso, chegamos e aplicamos o jogo. E para nossa total e profunda frustração, esta aula foi um fracasso. Muitos alunos queriam apenas jogar por jogar, não respondiam as questões que eram pré-requisitos para avançar no jogo, desrespeitavam as regras, demoraram muito para entenderem os procedimentos dele. Foi tão angustiante que em determinado momento, um dos estagiários, simplesmente bagunçou o tabuleiro de peças de um grupo de jogadores, pedindo para eles recomeçarem e respeitarem as regras, o que não foi atendido por estes alunos, pelo contrário ficaram de birra com o estagiário. 
Sobre a terceira semana de regência, vale ressaltar as diferentes visões entre nós dois estagiários, a respeito do comportamento dos alunos, e a forma de reagir às ações deles. Como dito anteriormente, alternamos os dias na ministração das aulas, mas nós dois sempre estávamos na sala, para auxiliar ao outro. Na aula de proporção, uma das alunas estava conversando demasiadamente, e isto estava deixando o estagiário, que naquele dia estava de auxiliar, muito irritado, enquanto o regente não demonstrava reação alguma de desaprovação. Em um momento oportuno, o estagiário irritado, deu uma bronca na aluna, esta que acatou e respeitou fazendo silêncio.
Em todas as nossas aulas utilizamos a resolução de problemas, como metodologia principal, já que nossos alunos eram do EJA, e a maioria trabalhava. Entendemos que a melhor maneira de trazer a matemática de forma atrativa e importante, era se ela tivesse utilidade no dia-dia destes discentes.
Para atender as demandas do trabalho contemporâneo é inegável que a Matemática pode dar uma grande contribuição à medida que explora a resolução de problemas e a construção de estratégias como um caminho para ensinar e aprender Matemática na sala de aula. Também o desenvolvimento da capacidade de investigar, argumentar, comprovar, justificar e o estímulo à criatividade, à iniciativa pessoal e ao trabalho coletivo favorecem o desenvolvimento dessas capacidades (BRASIL. 1998, p.34) 
Na última aula desta terceira semana de regência, utilizamos a resolução de problemas junto com jogo das placas, esse que consistia em problemas contextualizados sobre a realidade dos alunos. Os detalhes deste plano de aula estará em nosso apêndice. E diferentemente do último jogo exposto, esse foi um sucesso, todos os alunos participaram, e não houve problemas em seu decorrer. Para nossa surpresa, ao terminar a aula, muitos alunos ainda vieram ao quadro esclarecer algumas questões, na qual alguns tinham acertado e outros não. 
As surpresas não se deu só por esta iniciativa, mas também pela questão do horário, pois por vezes, muitos alunos ficavam ansiosos para o término da aula, já que se tratava do último horário da noite, e a maioria deles precisavam de transporte público. Para nós foi bastante gratificante, ver que os alunos interagiam e gostavam das aulas, ao ponte de ultrapassarem o horário previsto para o término das atividades.
Algo parecido aconteceu na quarta semana de estágio da regência, numa aula sobre porcentagem, utilizando o preenchimento de um contracheque como atividade. Os discentes acharam interessante entender o significado de cada sigla, e como é feito os cálculos dos descontos e das receitas que compõem seu contracheque, já que muitos trabalham. Esta atividade foi de tanto interesse dos discentes que, eles permaneceram por um bom tempo após o término normal do horário da aula. 
Uma de nossas preocupações era justamente esta, envolver situações vivenciadas por eles, tornando o conteúdo matemático útil, e fazer com que cada um dos conteúdos ministrados fizessem sentido aos alunos. Um dos nossos objetivos era que eles vissem utilidade no que estava sendo ensinado. Esta utilidade também foi apreciada por eles na aula de Juros.
Ainda na quarta semana da regência foi aplicado o questionário para a coleta de dados sobre o perfil da turma. Muitos alunos não estavam presentes neste dia, sendo assim os dados apresentados podem ou não corresponder, a descrição da maioria dos alunos matriculados na 1ª Etapa EJA turma “B”.
Dentre os presentes, 50% eram do sexo Masculino, e 50% do sexo Feminino. Destes, 64% estavam na faixa etária entre 18 e 20 anos, tendo apenas 2 alunos entre 24 e 26 anos. Com exceção de um aluno, todos os demais estavam solteiros, e apenas duas alunas tinham filhos. Mais de 70% da turma exerciam algum tipo de trabalho. E justamente por trabalharem, 64% deles disseram que a única opção era estudar à noite. E pelo mesmo motivo 35% deles tiveram que romper os estudos em algum momento.
Perguntados sobre o futuro acadêmico, todos os alunos responderam que pretendiam cursar faculdade, dois destes ainda queriam fazer uma pós-graduação. A matéria em que eles tinham mais dificuldade era a matemática. Entretanto 35% dos alunos disseram que a cada dia a matemática se tornava melhor, e 43% aproximadamente, acreditam que ela seja fundamental para sua formação. 
As maiorias dos alunos se consideraram atentos nas aulas, e 42% deles desejavam que a matemática fosse mais fácil, embora 35% admitisse que a frequência de estudos era intermitente “às vezes”. Sendo o professor em 64% dos casos o único responsável na ajuda do ensino de matemática.
Por causa de algumas aulas canceladas, com diferentes motivos dados pela escola, adentramos na quinta semana. Uma aula de revisão, obviamente abordando tudo que foi dado, e uma avaliação no último dia de nossa regência. A maioria da turma que compareceu nas aulas, apareceu para fazer a prova. Embora eles não tenham obtido êxito na avaliação, acabamos nosso estágio com a sensação de dever comprido. No geral a turma era participativa e comportada, era evidente o interesse de alguns alunos por aprender, víamos a felicidade deles ao entender o novo conteúdo. Existiam os turistas, os impacientes, aqueles que viviam no mundo da lua, mas de uma forma ou de outra, acreditamos que conseguimos transmitir nossa mensagem.
CONSIDERAÇÕES
REFERÊNCIAS: 
ETCHEVERRIA, T. C.; FELICETTI, V. L. Formação do professor de matemática: prática de ensino no contexto da escola. Belo Horizonte: Revista Formação@Docente, v.8, n.1, p. 44-57, 2016.
MENDES, I. A. Tendências metodológicas no ensino de matemática. Belém: EdUFPA, v. 41, 2008.
PIMENTA, S. G.; LIMA, M. S. L. Estágio e docência: diferentes concepções. São Paulo: Revista Poíeses, v.3, n. 3 e 4, p. 5-24, 2005/2006.

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