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1 Disciplina: Políticas Públicas em Educação Autores: M.e Vaneli Rodrigues Chaves Revisão de Conteúdos: Esp. Larissa Carla Costa Revisão Ortográfica: Esp. Marlon Richard Alves Pillonetto Ano: 2018 Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais. 2 Vaneli Rodrigues Chaves Políticas públicas e educação 1ª Edição 2018 Curitiba, PR Editora São Braz 3 FICHA CATALOGRÁFICA CHAVES, Vaneli Rodrigues. Políticas Públicas em Educação / Vaneli Rodrigues Chaves – Curitiba, 2018. 36 p. Revisão de Conteúdos: Larissa Carla Costa. Revisão Ortográfica: Marlon Richard Alves Pillonetto. Material didático da disciplina de Políticas Públicas em Educação – Faculdade São Braz (FSB), 2018. ISBN: 978-85-5475-148-7 4 PALAVRA DA INSTITUIÇÃO Caro(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão Universitária. A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas também brasileiros conscientes de sua cidadania. Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e estudantes. Bons estudos e conte sempre conosco! Faculdade São Braz 5 Apresentação da disciplina Esta disciplina objetiva ser base para o entendimento de alguns conceitos que precedem Educação e Sociedade. Será estudada a concepção de Estado, Educação e Políticas Públicas e quais suas interações na evolução da educação nacional, na escolarização e nos sistemas de ensino. Serão vistos ainda, alguns programas públicos para educação nacional, seus pontos fortes, suas deficiências e como as Políticas Públicas se tornam ações tomadas pelos administradores com anuência dos entes públicos e/ou privados, na tentativa de equalizar os deveres e direitos de todos os cidadãos que a elas estão submetidos 6 Aula 1 – Políticas Públicas Apresentação da aula 1 Para dar início ao estudo das Políticas Públicas para Educação, precisa- se conceituar alguns termos, objetos de estudo e pensamentos a respeito do tema. Desse modo, serão estudados os conceitos de estado e educação e as relações entre estado, educação e sociedade. 1.1 Concepções de Estado e Educação, e as relações entre Educação, Estado e Sociedade Fonte:https://br.freepik.com/vetores-gratis/conjunto-de-icones-de- politica_1489172.htm#term=politica&page=1&position=40 As Políticas Públicas são ações tomadas pelos administradores com anuência dos entes públicos e/ou privados na tentativa de equalizar os deveres e direitos de todos os cidadãos que a elas estão submetidos. São direitos sociais a educação, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (BRASIL, 1998, s/p) As Políticas Públicas, como o nome mesmo traduz, devem atender ao interesse público do povo, da maioria da população que por elas será atingida. 7 Podem ser encaradas em duas vertentes: Política de Estado ou Política de Governo. Ambas terão amplitude nas suas ações para o atendimento dos direitos constitucionalmente assegurados. A Política Pública de Estado independe da influência do governo vigente, do partido político ou do responsável pelo instrumento. Sua concepção e execução é mais ampla e tem caráter instrucional e normativo para a nação. Já a Política Pública de Governo pode ser influenciada e alternada conforme os governantes vigentes. Ví deo Assista ao vídeo elaborado e divulgado pelo canal da Escola Virtual da Cidadania da Câmara dos Deputados, que ilustra muito bem o que são as Políticas Públicas e como elas funcionam. Disponível em: https://youtu.be/406y7gDN-ZE 1.1.1 Estado A definição literal de Estado encontrada no Dicionário Aurélio é: Estado: [Lat.statu] sm. 1. Modo de ser ou estar. 2. Situação ou disposição em que acham as pessoas ou as coisas. 3. Situação social ou profissional, condição. 4. O conjunto das condições físicas e morais duma pessoa. 5. Luxo, pompa. 6. O conjunto dos poderes políticos duma nação; governo. 7. Divisão territorial de certos países. 8. Nação politicamente organizada. (FERREIRA, 2010, p. 316) O termo Estado começou a ser definido a partir da obra O Príncipe, de Maquiavel, em 1513, em que o autor reflete a ação de um governo sobre seu povo através de fatos e verdades da ação política, onde a dicotomia das forças postas pelos poderosos sobre o povo determina a ação política. A seguir serão transcritos alguns trechos da obra que ilustram bem o que pensava Nicolau Maquiavel, ou Niccolò di Bernardo dei Machiavelli: https://youtu.be/406y7gDN-ZE 8 Todos os Estados, todos os governos que tiveram e têm autoridade sobre os homens, foram e são ou repúblicas ou principados. Os principados são: ou hereditários, quando seu sangue senhorial é nobre há longo tempo, ou novos. Estes domínios assim obtidos estão acostumados, ou a viver submetidos a um príncipe, ou a ser livres, sendo adquiridos com tropas de outrem ou com as próprias bem como pela fortuna ou virtudes [...] Os Estados que são governados por um príncipe e servos, têm aquele com maior autoridade, porque em toda a sua província não existe alguém reconhecido como chefe senão ele, e seus súditos obedecem a algum outro, fazem-no em razão de sua posição de ministro oficial, não lhe dedicando o menor amor. Quando aqueles Estados que se conquistam, como foi dito, estão habituados a viver com suas próprias leis e em liberdade, existem três modos de conservá-lo: o primeiro, arruiná-los; o outro, ir habitá-los pessoalmente; o terceiro, deixá-los viver com suas leis”. (MAQUIAVELLI, 2015, s/p) O Estado é uma forma organizacional, com poder para governar um povo em determinado território. De cunho político, pode ser democrático ou autocrático. É considerado como um conjunto de instituições formado por um governo, forças armadas e funcionalismo público, que administram e controlam uma nação, tornando-a um país soberano, tendo estrutura própria e sendo politicamente organizado, numa área territorial perfeitamente delimitada. Estado serve também para designar as divisões regionais definidas política e geograficamente e que fazem parte de uma república federativa, abarcando o controle das instituições de toda comunidade através da propagação de sua ideologia política. Nenhum humano vive sem Estado, pois esse regula toda existência em sociedade. O Estado de direito é aquele que enfoca a sua organização na divisão de poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário). Várias correntes filosóficas opõem-se à existência do Estado. O anarquismo, como exemplo, prima pelo desaparecimento do Estado em função da formaçãode associações livres e organizações participativas. O Estado como uma ferramenta de domínio utilizada pela classe dominante, é a consideração feita pelo Marxismo, opondo-se ao Socialismo e Comunismo, que objetivam a liberdade por meio da luta de classes, extinguindo- se a força do Estado. O Estado moderno, atualmente, está fundamentado no que propôs Montesquieu em sua obra O Espírito das Leis, nascendo assim os três poderes atuais, fundamentando o Estado Democrático. 9 No Brasil, vivencia-se um Estado Democrático que tem como principal função a interação entre a comunidade, suas necessidades, anseios e seus governantes. Executa-se a gestão por meio de Programas Públicos em diferentes esferas governamentais, sendo a Educação uma delas, para garantir o que desde o princípio se almeja: os direitos constitucionais de uma nação. 1.1.2 Educação O conceito descrito no Dicionário Aurélio para iniciar o estudo a respeito de Educação, é: [Lat.educatione]. sf. 1. Ato ou efeito de educar (-se). 2. Processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral do ser humano. 3. Civilidade, polidez. (FERREIRA, 2010, p. 271) Pode-se descrever a Educação como um processo contínuo de formação do indivíduo. Desde seu nascimento até sua morte, o ser humano está em desenvolvimento, podendo assim considerar que está sempre em crescimento pessoal. A Educação pode ser considerada desde os primórdios como a evolução do homem na busca de uma melhoria de seu convívio social, seja por evoluções físicas, morais ou intelectuais. Os significados passados de geração em geração, crenças, hábitos e costumes, fazem parte da Educação de um povo, podendo dar-se por meio de instrução formal ou informal, como no caso dos valores familiares ou religiosos. A Educação tem em sua raiz a função de instruir, levar, direcionar, preparar o indivíduo para ampliar suas ações em sociedade. A Educação, em sentido amplo, representa tudo aquilo que pode ser feito para desenvolver o ser humano e, no sentido estrito, representa a instrução e o desenvolvimento de competências e habilidades. (VIANNA, 2007, p. 130) Segundo Sócrates (469-399 a.C.) a educação tem como função apenas tirar de dentro do indivíduo tudo aquilo que ele já tem conhecimento no seu estado puro de consciência, sendo um processo interno, em que o valor está no desejo de aprender, no desejo de evoluir e entender o que antes já era percebido de maneira nublada por valores, julgamentos e opiniões externas. 10 Muito tempo depois, Mahatma Gandhi concordava com Sócrates ao dizer que a verdadeira educação consiste em pôr a descoberto ou atualizar o melhor de uma pessoa. Aristóteles (384-322 a.C.) acreditava que a Educação era o meio para a transformação humana, para ascensão política e meio para excelência moral. Foi dos pensadores gregos que mais influenciou a história da educação. No século XVIII pode-se conceituar educação por meio da obra Emílio ou Da Educação, de Rousseau, no qual grifa-se: Amanham-se as plantas pela cultura e os homens pela educação. Se o homem nascesse grande e forte, seu porte e sua força seriam inúteis até que ele tivesse aprendido a deles servir-se. Ser-lhes-iam prejudiciais, impedindo os outros de pensar em assisti-lo e, abandonado a si mesmo, ele morreria de miséria antes de ter conhecido suas necessidades. Deplora-se o estado da infância; não começasse sendo criança. [...] Nascemos fracos, precisamos de força; nascemos desprovidos de tudo, temos necessidade de assistência; nascemos estúpidos, precisamos de juízo. Tudo o que não temos ao nascer, e de que precisamos adultos, é nos dado pela educação. (ROUSSEAU, 1968, p. 10) A Educação sempre foi base e pilar para formação integral do indivíduo e sua atuação em sociedade. Sua aplicação é fonte para base política e social na humanidade. A Educação transcende os muros escolares, perpassa a ambientes de desenvolvimento integrais, absorvendo os indivíduos como seres complexos, buscando atender todas as perspectivas do desenvolvimento humano, com objetivo maior: a construção do conhecimento. Inúmeros autores e pensadores inovaram o conceito de Educação nos séculos XIX e XX, criando escolas integralizadas à vivência dos alunos e valorizando as experiências pessoais, o desenvolvimento psicossocial e ainda respeitando os interesses dos educandos. A partir dessa época, a Educação passou a basear-se em pilares onde a individualidade e a liberdade eram mais importantes que o conteúdo trabalhado em si. No Brasil, teve-se um precursor na Educação para uma sociedade livre e autônoma, que foi Paulo Freire. Freire (1968) pregava que a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda. A partir de seus textos, foi possível discutir a função social da Educação ante sua função cognitiva e o empoderamento das classes dominantes sobre as classes 11 populares. O conhecimento totalmente autoritário seria desconstituído, havendo uma horizontalização do processo educacional, com intuito de criar uma consciência política e crítica nos indivíduos. Para Paulo Freire a Educação é dialógica, baseada na identidade do aluno, sendo que o conteúdo deve respeitar a realidade do educando e objetivar a transformação do mundo pela qualidade na Educação. Seguindo esses preceitos sobre a Educação e Políticas Públicas, foram elaboradas propostas em diversas esferas administrativas e governamentais. Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITURA Amplie seus estudos lendo a Coleção Educadores, que reúne 31 autores brasileiros e 30 pensadores estrangeiros que exercem influência sobre a educação nacional. A coleção inclui ainda o Manifesto dos Educadores e um índice. No total são 63 livros. Essa coleção foi disponibilizada pelo MEC em novembro de 2010. A coleção está disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/ResultadoPesqu isaObraForm.do 1.2. Relações entre Educação, Estado e Sociedade A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo. Nelson Mandela (2003). Com esse pensamento de Nelson Mandela, inicia-se a tratativa em relação ao Estado, Educação e Sociedade, pois nada mais importante para um povo do que a importância dada a esse tema pelos sistemas governamentais. A sociedade é determinante, exigente e cobradora dos indivíduos que se adaptem e se desenvolvam para o bem comum. A Educação é o meio para a certeza de que os objetivos serão alcançados com eficiência, tornando o sujeito peça fundamental nessa engrenagem chamada Estado. http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/ResultadoPesquisaObraForm.do http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/ResultadoPesquisaObraForm.do 12 Programas de Estado ou de Governo voltados à Educação são elaborados e divulgados desde sempre, mas o que os diferencia são os casos de sucesso para o desenvolvimento social que os mesmos propõem, os que buscam uma formação holística desta sociedade. As pessoas são parte de um sistema integrado, dependente e forçosamente competitivo. Vive-se em sociedade, orientado por um Estado e tem-se a Educação como ferramenta transformadora. Saber fazer uso desta relação para o bom desenvolvimento humano é o grande desafio. Nações desenvolvidas buscam cada vez mais diminuir a força entre esses poderes ou fatores. Mas o que vale ficar registrado é a necessidade de coesão para o desenvolvimento do ser humano. Humanos são produtores e produtos dessa relação entre Estado e Sociedade. São resultado da construção de um sistema que precisa ser analisado, criticado e eternamente alimentado pela busca da excelência no desenvolvimento. Jean Piaget (1978) propunha que a principal meta de educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetiro que outras gerações já fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da educação é formar mentes que estejam em condições de criticar, verificar e não aceitar tudo que a elas se propõe. São esses homens que usarão esta poderosa arma de transformação para o bem ou para o mal, garantindo a perpetuação da humanidade e de socialização das ideias e avanços civilizatórios, garantindo a harmonia na sociedade facilitada pela existência de um Estado que realmente se responsabilize pelo planejamento, desenvolvimento e execução de instrumentos normativos e facilitadores do desenvolvimento social e humano. Resumo da aula 1 Nesta aula entendeu-se o funcionamento do Estado como forma organizacional, que tem na sua principal função a interação entre indivíduos, suas necessidades, seus anseios e seus governantes, por meio de Políticas Públicas que tomam a Educação como principal ferramenta transformadora para evolução de uma Sociedade. 13 Concluiu-se que se busca um modelo perfeito, ou ao menos, um modelo ideal de Sociedade desde os primórdios da humanidade, em que grandes revoluções aconteceram para que essa evolução de fato aconteça. Mas nada em tempo algum suprimiu ou diminui a importância da Educação como mola propulsora de desenvolvimento humano. Atividade de Aprendizagem O que é Educação e como ela se dá? Aula 2 - Políticas Sociais e Políticas Educacionais Apresentação da aula 2 Nesta aula serão estudados os conceitos de Políticas Sociais e Educacionais, bem como suas implicações nos Programas para Educação Nacional. Será vista também, a evolução que a educação nacional almeja e quais os caminhos percorridos como trilhas para planejamento e execução de uma qualidade na educação e a garantia dos direitos dos cidadãos brasileiros. 2.1 - Políticas Sociais e Educação Fonte:https://br.freepik.com/vetores-gratis/conjunto-de-icones-de-traducao-e- dicionario_1530864.htm#term=logo educac%C3%A3o&page=1&position=7 14 Políticas Sociais podem ser definidas como ações ou programas que partem do poder público para garantir o bem comum, os direitos iguais e acesso a todos os cidadãos à Cidadania: Educação, Saúde, Trabalho, Assistência Social, Previdência Social, Justiça, Agricultura, Saneamento, Habitação Popular e Meio Ambiente. A Política Social deve ser estudada na dimensão política e histórica, voltadas à proteção social e a solução da desigualdade social. Vale ressaltar que o estudo histórico deve ser compreendido no tempo e espaço implicado pelos elementos econômicos, culturais, sociais e políticos, que geram demandas de responsabilidade estatal. Quando valorizados os aspectos políticos e históricos de cada nação, compreende-se os motivos que nem sempre os mesmos programas sociais, quando aplicados em comunidades distintas, alcançam os mesmos resultados. Segundo Faria (1998), o regime adotado em um país quanto à provisão de serviços e criação de políticas sociais, possui forte relação com os papéis atribuídos à tríade Estado, mercado e sociedade civil (nos textos denominado como família). As configurações das inter-relações entre essas três instituições, são capazes de promover diferentes arranjos de bem-estar social A provisão das demandas por serviços sociais recai sobre os elementos da tríade. Assim, Estado, mercado e família formam pilares de sustentação para a garantia dos serviços sociais e do bem-estar dos indivíduos. Essas instituições, conforme se estruturam, impactam profundamente umas às outras e são mutuamente impactadas. Conforme o papel de cada uma dessas instituições - Estado, mercado e famílias -, na provisão desses serviços denota-se uma configuração diferente das formas como os serviços sociais são alocados em determinada sociedade. No entanto, é importante que os arranjos institucionais formem um arcabouço suficiente para a garantia efetiva dos direitos sociais. A intervenção estatal é dimensionada também, a partir do tamanho do papel do Estado como garantidor desses serviços. Porém, esses papéis são dinâmicos e se modificam com o tempo, modificando também o ônus da garantia de determinado serviço e fazendo surgir novas demandas sociais (FARIA, 1998). 15 Em 1967, Marshall difundia a ideia de que a Educação é um direito civil, político e social, para garantir eliminação da pobreza, busca de equidade social e bem-estar em seu amplo conceito. Tabela 2.1: Direitos de Cidadania segundo Thomas Marshall. Fonte: Elaborada pela autora (2017). 2.2 Políticas Educacionais As Políticas Educacionais demandam atender as necessidades que vêm de longa data, como erradicação do analfabetismo por meio da alfabetização da idade certa, universalização do acesso à educação, diminuição da evasão escolar, construção de escolas adequadas à sua função, políticas orientadoras das ações educacionais e administrativas, entre outras necessidades que fazem do governo, um agente de programas voltados de forma direta para o meio social. Inúmeros programas estudantis foram criados no Brasil desde a década de 30, no qual o modelo de trabalho agrário foi suprimido pelo modelo industrial. No comando de Getúlio Vargas, a Educação foi direcionada a Educação Profissional, voltada para as necessidades do mercado. Desse modo, empresários e trabalhadores passam a ser atores políticos por meio do Estado. Conforme Cunha (2000): Direitos Civis Direitos Políticos Direitos Sociais Liberdade Individual (ir e vir, pensamento e fé) Exercício do Poder Político Bem-estar econômico e social Liberdade de Imprensa Poder eleitoral Serviços Sociais Direito à Justiça Organismos Políticos Educação de Qualidade 16 O empresariado industrial, utilizou-se [não apenas] da via corporativa como um canal de instrumentalização de seus interesses, participando ativamente dos conselhos e comissões consultivas criados na década de 1930, contribuindo para a formação de uma coalizão favorável à implantação do capitalismo industrial. (CUNHA, 2000, p. 3) Em 1932, um documento conhecido como Manifesto dos Pioneiros foi escrito por 26 educadores, entre eles Fernando de Azevedo e Anísio Teixeira, com o intuito de oferecer argumentos para diretrizes de uma política de educação nacional. O Manifesto trata da insatisfação dos educadores com o novo modelo profissional imposto igualmente à Educação. Sobre as mudanças e progressos da época, Magaldi e Gondra (2003) escreveram: É certo, porém, que com esse progresso mecânico e industrial que excedeu todas as fantasias poéticas e todas as previsões científicas, a sociedade passou a sofrer de um mal-estar singular e de uma inquietação dolorosa e angustiante. Não é preciso negar as conquistas morais da civilização atual, para reconhecer na indisciplina, sob todas as suas formas, moral, intelectual e social, a manifestação mais grave da crise tremenda que atravessa a civilização em movimento e em mudança. [...] O mundo das máquinas organizou-se, invadiu tudo. Pouco a pouco a existência foi dominada pelas exigências do monstro. Ele devia ajudar-nos a sujeitar a natureza; mas sujeitou a si, o homem, e não lhe deixa tempo para a vida puramente espiritual. (MAGALDI; GONDRA, 2003, p. 114) Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITURA Para saber mais sobre o Manifesto dos Pioneiros, sugere-se a leitura do texto Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, disponível em: http://www.educabrasil.com.br/manifesto-dos-pioneiros-da- educacao-nova/ O Manifesto busca a universalização da Educação com uma escola pública de qualidade, educação voltada a jovens e adultos e que fosse feita uma escola renovada. Encerra-se com esboço de um programa educacional onde um de seus itens é: 17 Reconstrução do sistema educacional em basesque possam contribuir para a interpenetração das classes sociais e a formação de uma sociedade humana mais justa e que tenha por objetivo a organização da escola unificada, desde o jardim da infância à universidade, “em da seleção dos melhores, e, portanto, o máximo desenvolvimento dos normais (escola comum), como o tratamento especial de anormais, subnormais e supernormais (classes diferenciais e escolas especiais). (AZEVEDO, s.d. p. 88 apud RIBEIRO, 1993, 108) Vale ressaltar que na década da 90 houve o início da Globalização, com a competitividade internacional no mercado de trabalho e o Neoliberalismo imperando nos meios industriais. A educação não poderia ficar à margem, precisava acompanhar a modernização do trabalho. Em março de 1990 acontece a Conferência Mundial sobre Educação para Todos, em Jomtien, Tailândia. Nessa conferência, o Brasil se mostra preocupado com seu processo educacional que ainda não estava adequado à modernização que imperava no mundo globalizado. Como resultado, foi aprovada a Declaração Mundial sobre Educação para Todos, tendo o Brasil como um dos seus signatários, e enfoque principal: satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem e universalizar o acesso à educação com equidade entre outros fundamentos. Saiba Mais Saiba mais a respeito da Declaração Mundial sobre Educação para todos no site: https://www.unicef.org/brazil/pt/resources_10230.htm Em 1996 a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional é normatizada pela Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, trazendo como principais avanços a criação do FUNDEB, política salarial aos professores, inclusão dos alunos com deficiências nas classes regulares, conteúdos sobre culturas afro- brasileiras e indígenas e regulamentação do Sistema Educacional Brasileiro em todas suas esferas administrativas. Em 1997, os Parâmetros Curriculares Nacionais, PCNs, vieram com o objetivo de normatizar e nortear o trabalho curricular nacional. 18 A partir de 2001 ocorreram inúmeros investimentos em Programas Educacionais. Todos com o enfoque principal a democratização e o acesso amplo e irrestrito a Educação. Uma Escola do Tamanho do Brasil foi o programa do Governo Lula no ano de 2003, tendo como meta ampliar o atendimento ao maior número de alunos. A ampliação do tempo de duração da educação básica no Brasil é necessária e possível. Depende de vontade política e da ousadia em investir mais recursos, colocando-os sob controle público, promovendo, dessa forma, o acesso e a permanência de crianças, adolescentes, jovens e adultos nas escolas. Democratizar o acesso e a permanência na escola significa superar a dicotomia estabelecida entre qualidade e quantidade. Qualidade para poucos é privilégio, e educação é direito! Qualidade é fator fundamental para o resgate de uma dívida social histórica, que exige a inclusão, na escola, dos 60 milhões de brasileiros com 15 anos ou mais, que não tiveram possibilidade de concluir sequer a escolaridade fundamental. Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITURA O Programa Uma Escola do Tamanho do Brasil pode ser baixado na íntegra pelo site: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me001806 .pdf O Plano Nacional da Educação surgiu em 2001 com metas para dez anos, sendo a última atualização feita em 2014, válida até 2024. Essa meta trouxe como principal mudança a ampliação da duração do Ensino Fundamental para 9 anos e a obrigatoriedade da matrícula na Educação Básica dos 4 aos 17 anos. Ainda sobre essas metas, fala-se sobre um bloco de metas sobre a valorização dos profissionais da educação: 19 O Plano Nacional de Educação (PNE) determina diretrizes, metas e estratégias para a política educacional dos próximos dez anos. O primeiro grupo são metas estruturantes para a garantia do direito a educação básica com qualidade, e que assim promovam a garantia do acesso, à universalização do ensino obrigatório, e à ampliação das oportunidades educacionais. Um segundo grupo de metas diz respeito especificamente à redução das desigualdades e à valorização da diversidade, caminhos imprescindíveis para a equidade. O terceiro bloco de metas trata da valorização dos profissionais da educação, considerada estratégica para que as metas anteriores sejam atingidas, e o quarto grupo de metas refere-se ao ensino superior. (BRASIL, 2014, s/p) Saiba Mais Saiba mais sobre o PNE no site do MEC: http://pne.mec.gov.br/ O ano de 2007 foi o ano do Programa Todos pela Educação, que é um movimento da sociedade brasileira que tem como missão engajar o poder público e a sociedade brasileira no compromisso pela efetivação do direito das crianças e jovens a uma Educação Básica de qualidade. Apartidário e plural, congrega representantes de diferentes setores da sociedade, como gestores públicos, educadores, pais, alunos, pesquisadores, profissionais de imprensa, empresários e as pessoas ou organizações sociais que são comprometidas com a garantia do direito a uma Educação de qualidade. O objetivo do movimento é ajudar a propiciar as condições de acesso, de alfabetização e de sucesso escolar, a ampliação de recursos investidos na Educação Básica e a melhoria da gestão desses recursos. Esse objetivo foi traduzido em 5 metas a serem alcançadas até 2022, ano do bicentenário da Independência do Brasil. Em 2017, a Base Nacional Comum Curricular surge como um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica. 20 Ví deo Para ampliar seus conhecimentos, assista ao vídeo Base Nacional Comum Curricular, disponível no site: https://youtu.be/g2_9XIE18NA Resumo da aula 2 Nesta aula estudou-se que o desenvolvimento de Políticas Sociais e Educacionais no Brasil, como fonte para o desenvolvimento do cidadão na sua integralidade e na manutenção de seus direitos constitucionalmente adquiridos, são objetos de esforços desde a década de 30, quando diversos programas foram executados pelo Governo Federal, mas a meta de escolarização para todos, erradicação do analfabetismo e melhoria na qualidade da educação ainda está por ser atingida. Atividade de Aprendizagem Em 1932, um documento conhecido como Manifesto dos Pioneiros foi escrito por 26 educadores, entre eles Fernando de Azevedo e Anísio Teixeira. Qual era o intuito desse documento? Aula 3 - Organização da Educação Brasileira e a Educação na Constituição Federal Apresentação da aula 3 A organização da Educação Brasileira é correlata diretamente a História do Brasil e suas vertentes políticas, sociais e econômicas e nesta aula será feito um parâmetro no desenvolvimento da Educação Brasileira por meio de uma linha 21 do tempo que apresentará alguns aspectos políticos, sociais e econômicos que foram destaque na época. 3.1. Estudo da organização da educação brasileira: contextos históricos, políticos, econômicos, sociais e educacionais Fonte: https://br.freepik.com/fotos-gratis/o-antigo-livro-aberto-e-christian- psalter_1187098.htm#term=historia da educac%C3%A3o&page=5&position=35 Para dar início a este estudo, sugere-se antes, assistir ao vídeo que traz um breve histórico da Educação Brasileira. Ví deo Linha do tempo da História da Educação no Brasil, disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=VoTX8_pPrQE&feature= youtu.be Uma das formas de estudar a Educação Brasileira é conhecer a Políticas Sociais e Educacionais que aconteceram. Por tratar-se de fatos históricos, será utilizada uma linha do tempo com divisão por períodos para facilitar a visualização, iniciando pelo período que contém as primeiras reformas educacionais até os dias de hoje.22 Tabela 3.1 – Linha do tempo de fatos histórico-políticos. 1889 Proclamação da República Reforma Benjamin Constant Regulamenta Ensino Primário e Secundário 1889 a 1894 Militares assumem o país Analfabetismo beira 85% da população Separação entre Igreja e Estado 1891 Promulgação da Constituição Expansão dos colégios privados Educação Norte- Americana influencia o Brasil Reforma Benjamin Constant 1901 Predomínio dos Estados SP, MG e RJ Desoficialização do Ensino Reforma Epitácio Pessoa 1910 Programas para melhoria da Educação Básica Escolas Moderna ou Racionalistas Reforma Rivadávia Corrêa 1914 a 1918 Primeira Guerra Mundial – desenvolvimento industrial Criação do vestibular Reforma Carlos Nascimento 1917 Revolução Socialista Expansão dos colégios privados Educação Norte-Americana influencia o Brasil 1920 EUA é a maior potência econômica do mundo Escola Nova Aprendizado voltado à leitura, escrita e cálculo 1922 Criação do Partido Comunista Estudantes protestam contra Reforma Rocha Vaz 1925 Promulgação da Constituição Reforma João Luiz Alves Vestibular é definido como único acesso à universidade 1929 Eleição de Getúlio Vargas Quebra da bolsa de NY derrubando preço do café brasileiro Educação profissional - mercado industrial 1930 Revolução de 30 liderada pelos estados de MG, PA e RS Realização da eleição para Presidente Golpe de Estado - Getúlio Vargas assume o Governo Provisório Educação Profissional 23 1932 Primeiro Código Eleitoral – aprovação do Voto Feminino Instituição da carteira de trabalho Manifesto dos Pioneiros Escola pública de qualidade para todos 1990 Collor toma posse como o presidente mais novo que o Brasil já teve Criação do Código de Defesa do Consumidor Conferência Mundial de Jomtien, Tailândia Declaração Mundial sobre a Educação para Todos 1996 Criado o COPOM - Comitê de Política Monetária LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Criação do FUNDEB Comissão Internacional sobre Educação - Jaques Delors 1997 Aprovada a reeleição no Brasil Aparição da ovelha Dolly - primeiro mamífero clonado no mundo Morre Paulo Freire e Madre Teresa de Calcutá Criação dos PCNs 2001 Vaca Louca, racionamento e apagão nacional, violação do painel eletrônico no Senado 11 de setembro - Ataque terrorista aos EUA Plano Nacional da Educação - PNE - Metas para cada 10 anos 2003 Lula assume presidência do Brasil Código Civil Brasileiro Projeto uma Escola do Tamanho do Brasil 2007 Parlamento do Mercosul (Parlasul) Jogos Pan- Americanos no Rio Programa Todos pela Educação 2008 Obama eleito o 1º presidente negro dos EUA Crise econômica mundial Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência 2009 Pandemia de Gripe A - H1N1 Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa 2010 Dilma Rousseff é eleita a 1ª presidente mulher do Brasil Conferência Nacional de Educação, CONAE 24 2011 Ápice da crise financeira na Europa Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência – Viver sem Limite 2012 Ficha Limpa virou Lei Programa Um Computador por Aluno – PROUCA Programa de COTAS nas Universidades 2014 Copa do Mundo no Brasil Comissão Nacional da Verdade Plano Nacional de Educação 2015 Fracasso político e econômico no Brasil Estados Unidos e Cuba fazem as pazes Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência 2016 Impeachment da Presidente Dilma Operação Lava Jato prende grandes empresários e políticos Cota nas Universidades para Pessoas com Deficiência 2017 Michel Temer é presidente do Brasil após Impeachment da Presidente Dilma Milhares de desempregados e crise política e econômica agravada Base Nacional Comum Curricular Fonte: Elaborada pela autora e adaptada pelo DI (2018). 3.2 A Educação na Constituição Federal de 1988 Ao iniciar o estudo sobre a Constituição Federal de 1988, grifa-se o que está escrito no Art. 6º do Capítulo II, que trata dos Direitos Sociais que estão garantidos na Constituição Federal de 1988: São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. [Grifo do autor] (BRASIL, 1988, s/p) O maior valor da Constituição Federal é garantir os direitos de deveres de qualquer cidadão brasileiro, entre eles o da Educação. Durante o texto, observa-se as obrigações que são limitadas a União, aos Estados e aos Municípios. Cabendo a União o dever de proporcionar meios para 25 o amplo acesso à educação, tecnologia, pesquisa e inovação favorecendo o avanço da educação nacional. Também caberá a União a cooperação técnica e financeira com os Estados e Municípios para manutenção dos Programas Educacionais para educação básica, envolvendo os alunos desde a Educação Infantil ao Ensino Médio. Este capítulo sobre a Educação já sofreu alterações desde 1988 por meio de Emendas que foram atualizando os objetivos conforme o desenvolvimento dos alunos e as suas necessidades. A Constituição trata dos direitos e deveres dos profissionais da educação, seus planos de cargo e carreira de acordo com a esfera administrativa que se encontra. O Ensino Superior é tratado no Art. 207, onde dispõe: CONSTITUIÇÃO FEDERAL DO BRASIL. Art. 207 Título VIII Da Ordem Social Capítulo III Da Educação, da Cultura e do Desporto Seção I Da Educação Art. 207. As universidades gozam, na forma da lei, de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial e obedecerão ao princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Parágrafo único. A lei poderá estender às demais instituições de ensino superior e aos institutos de pesquisa diferentes graus de autonomia. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Pec/msg1078-951015.htm O dever do Estado está garantido conforme o Art. 208: 26 CONSTITUIÇÃO FEDERAL DO BRASIL. Art. 208 Título VIII Da Ordem Social Capítulo III Da Educação, da Cultura e do Desporto Seção I Da Educação Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria; II - progressiva universalização do ensino médio gratuito; III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade; V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando; VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. § 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo. § 2º O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo poder público, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente. § 3º Compete ao poder público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequênciaà escola. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Pec/msg1078-951015.htm A Constituição Federal traz a garantia dos direitos constituídos aos cidadãos e os deveres distribuídos para os entes públicos e privados. Cabendo ao Ensino Privado o cumprimento das normas gerais da educação nacional e autorização e avaliação de qualidade pelo poder público. Os artigos que tratam do cunho pedagógico estão diretamente relacionados ao cumprimento dos programas já elencados anteriormente, são retratos fiéis do que e como deverão ser tratados os sistemas de ensino. As divisões das obrigações entre as esferas administrativas ficam da seguinte forma: 27 ➢ MUNICÍPIOS: cuidam da Educação Infantil ao término do Ensino Fundamental, deverão aplicar no mínimo 25% (vinte e cinco por cento) do que arrecadam em impostos na Educação. ➢ ESTADOS E DISTRITO FEDERAL: tem como prioridade a segunda fase do Ensino Fundamental e o Ensino Médio, igualmente aos Municípios também devem aplicar no mínimo 25% (vinte e cinco por cento) do que arrecadam em impostos na Educação. ➢ UNIÃO: deverá organizar os sistemas de ensino em todo território nacional, financiar as instituições de ensino público, dar equidade nas oportunidades e acesso as instituições escolares e manter um padrão mínimo de qualidade na educação por meio de avaliações nacionais. Também deverá aplicar no mínimo 18% (dezoito por cento) da arrecadação, e responsabilizar-se por calcular e distribuir entre Estados e Municípios o valor do Salário Educação. Por fim, o capítulo destinado a Educação garante a execução do Plano Nacional da Educação com duração decenal, com o seguinte objetivo: CONSTITUIÇÃO FEDERAL DO BRASIL. Art. 227 Título VIII Da Ordem Social Capítulo VII Da Família, da Criança, do Adolescente, do Jovem e do Idoso Art. 227 É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. § 1º O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança, do adolescente e do jovem, admitida a participação de entidades não governamentais, mediante políticas específicas e obedecendo aos seguintes preceitos: 28 I - aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à saúde na assistência materno-infantil; II - criação de programas de prevenção e atendimento especializado para as pessoas portadoras de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do adolescente e do jovem portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos arquitetônicos e de todas as formas de discriminação. § 2º A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência. § 3º O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos: I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, observado o disposto no art. 7º, XXXIII; II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas; III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e jovem à escola; IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, igualdade na relação processual e defesa técnica por profissional habilitado, segundo dispuser a legislação tutelar específica; V - obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer medida privativa da liberdade; VI - estímulo do poder público, através de assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente órfão ou abandonado; VII - programas de prevenção e atendimento especializado à criança, ao adolescente e ao jovem dependente de entorpecentes e drogas afins. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Pec/msg1078-951015.htm Conclui-se então, que a Educação está diretamente ligada ao desenvolvimento social, político e financeiro das nações que está inserida. Que os Programas Públicos Educacionais têm como objetivo sanar as deficiências do sistema, garantir que os direitos e os deveres dos cidadãos sejam mantidos até por força legislativas como a Constituição Federal. Resumo da aula 3 Nesta aula fez-se um paralelo dos grandes acontecimentos brasileiros ou mundiais em relação aos Programas Educacionais e os seus avanços para busca da qualidade na Educação, ampliação da equidade e do acesso dos educandos a Escola e também para melhor organização das esferas administrativas sobre todo processo educacional nacional. 29 Atividade de Aprendizagem Discorra sobre as divisões das obrigações entre as esferas administrativas. Aula 4 - A Escolarização e a evolução dos sistemas de ensino no Brasil Apresentação da aula 4 Nesta aula será estudado a respeito da Escolarização. Escolarizar é submeter se ao ensino escolar. Cabe ao ambiente escolar cuidar da educação acadêmica e cognitiva dos alunos. Assim, será estudada a utilização dos Sistemas de Ensino como meio ferramental para atingir a qualidade na formação integral do indivíduo. 4.1. Escolarização no Brasil Fonte:https://br.freepik.com/vetores-gratis/conceito-de-educacao- online_1536677.htm#term=escola&page=2&position=9 https://br.freepik.com/vetores-gratis/conceito-de-educacao-online_1536677.htm#term=escola&page=2&position=9 https://br.freepik.com/vetores-gratis/conceito-de-educacao-online_1536677.htm#term=escola&page=2&position=9 30 Por muito tempo, os termos Educação e Escolarização foram confundidos como o mesmo significado. Vocabula rio Escolarização: ação de escolarizar, de frequentar o ensino escolar, de ser alvo de algum tipo de aprendizagem: crianças em fase de escolarização. Ação de agir ativamente no processo escolar de outra pessoa, ensinando formalmente conteúdos escolares: o Estado providenciará escolarização aos que não conseguiram vagas. Reunião dos saberes e conhecimentos ensinados na escola: minha carreira é fruto de uma boa escolarização. Fonte: https://www.dicio.com.br/escolarizacao/ A Escolarização oportuniza o desenvolvimento integral do indivíduo, aprendizagem de conceitos formais, experiências científicas que geram a desenvolvimento cognitivo e social do aluno. Segundo Vygotsky (2009), o período de escolarização de um aluno auxilia a aprendizagem e sistematização dos conceitos científicos, pois, propicia um ambiente que “leva invariavelmente ao aumento dos tipos de pensamento científico”. A partir do século XX, o espaço de aprendizagem extrapola o ambiente escolar, ficando a educação a cargo de diversos ambientes, onde todos, sem exceção, objetivam o aprendizado e o desenvolvimento humano. Sobre isso, Nóvoa (2002) explicita que: A escola não é o princípio da transformação das coisas. Ela faz parte de uma rede complexa de instituições e de práticas culturais. Não vale mais nem menos, do que a sociedade em que está inserida. A condição de sua mudança não reside num apelo à grandiosidade da sua missão, mas antes da criação de condições que permitam um trabalho diário, profissionalmente qualificado e apoiado do ponto de vista social. A metáfora do continente (os grandes sistemasde ensino) não convém à escola do século XXI. É na imagem do arquipélago (a ligação entre pequenas ilhas) que melhor identificamos o esforço que importa realizar. (NÓVOA, 2002, p. 06) 31 Na sequência dessa aula, será feito um estudo sobre os Sistemas de Ensino como uma das ferramentas para organizar a Escolarização. 4.2. Evolução dos Sistemas de Ensino Os Sistemas de Ensino surgiram na intenção de auxiliar as instituições escolares a gerirem com maior controle e padronização, a qualidade ofertada aos seus alunos. Entre inúmeras descrições, vale dizer que sistema é um conjunto de elementos que se relacionam entre si apesar de serem únicos e independentes. Sistemas de Ensino: podemos dizer que é um conjunto de conceitos, conteúdos, metodologias e ferramentas que se relacionam para aumentar as condições de ensino e aprendizagem. As relações entre os Sistemas de Ensino podem articular-se entre si, correlacionar para chegar a um denominador comum, independentemente de quem venha exercer o maior controle. Os sistemas podem ser organizados em duas formas: funcionalista ou dialética. ➢ Funcionalista tem como intenção a diminuição de conflitos, de divergências ou de sobreposições de ideias; ➢ Dialética já aceita a divergência de ideias contanto que haja sempre um esforço para congruência do trabalho coletivamente. Muitos autores negam a existência de um Sistema de Ensino Nacional, pois não se tem no Brasil, uma articulação entre os sistemas administrativos e acadêmicos, embora as leis que regem o país façam referência a esse termo. Ainda no Brasil, os sistemas trabalham de forma competitiva, restritiva, dividida em classe, o que impede uma unificação do Sistema de Ensino, dificultado pela falta de uma cultura nacional para educação, sendo muitas vezes importadas as experiências internacionais sem passarem pelo crivo de adaptações nacionais para seu êxito. Existe ainda a carência de autores que venham desenvolver sistemas essencialmente nacionais, que pelos estudos anteriores, possam chegar a um 32 sistema atualizado e que alcance a autonomia, a permanência, a longevidade, e a participação democrática e colaborativa das estâncias envolvidas, sejam elas, alunos, professores, gestores administrativos, gestores acadêmicos, pais e responsáveis e sociedade em geral. Para que uma Política Pública tenha longevidade, ela deverá ser instituída por Governo Federal. Pode-se citar Saviani, no livro Educação brasileira: estrutura e sistema, que trata do sistema educacional como resultado da sistematização do processo educacional: Assim como o sistema é um produto da atividade sistematizadora, o sistema educacional é resultado da educação sistematizada. Isso implica, então, que não pode haver sistema educacional sem educação sistematizada, embora seja possível este sem aquele. Sócrates, por exemplo, exerceu atividade educacional sistematizada; todos os requisitos apontados acima foram preenchidos pela sua ação educativa. Não se pode afirmar, entretanto, que Sócrates tenha construído um sistema educacional. Isto pode ocorrer porque a atividade sistematizadora pode ser reduzida a uma tarefa individual. O sistema, porém, ultrapassa o indivíduo. Com efeito, os indivíduos podem agir de modo intencional visando, contudo, objetivos diferentes e até opostos. Estas ações diferentes ou divergentes levarão, é verdade, a um resultado comum; este não terá contudo, um caráter de sistema, mas de estrutura. Isto não quer dizer que se trata de um resultado irracional, incompreensível, sem sentido. Basta empreender a análise da estrutura passando do produto ao modo como foi produzido e o processo se tornará compreensível, sua racionalidade será posta em evidência. Embora racional e compreensível é, no entanto, um resultado não intencional. Coincide com aquilo que Vázques denominou “produtos inintencionais de uma práxis intencional. (SAVIANI, 1987, p. 85) Saviani orienta as pessoas de que precisa-se atender a três requisitos se desejar um sistema educacional eficiente. Precisa-se conhecer os problemas que deseja-se resolver e quais as situações adversas que precisam ser resolvidas. Conhecer a estrutura em que se dará esse processo de ensino também é necessário para que não haja uma distância entre o possível e o ideal, para execução do planejado. E o terceiro requisito e não menos importante, é necessário formular o que Saviani chamou de pedagogia, uma estrutura consonante das práticas cotidianas, as experiências individuais e coletivas, o caminho e o destino que se almeja. Os Sistemas de Ensino no Brasil, por muitas oportunidades, se confundem com os Sistemas ofertados por grandes grupos educacionais, nacionais e internacionais que oferecem trilhas, soluções, bases administrativas, curriculares, metodológicas e até direcionais com promessas de grandes resultados pedagógicos. Isso se faz, pois, essa lacuna existe de fato dentro das 33 esferas públicas e governamentais que não conseguiram ainda estruturar de maneira correta e eficiente o sistema educacional brasileiro. Resumo da aula 4 Nesta aula revisou-se alguns conceitos já dominados em aulas anteriores, estudando que descrição de Escolarização vem sendo confundida com Educação, mas tem em seu cerne o mais profundo desejo de educar o aluno como um cidadão crítico do seu próprio ambiente acadêmico, como fonte de recursos para que se beba conhecimento. Ademais, viu-se que os Sistemas de Ensino vêm com a mesma sede de organizar, mediar e normatizar o processo de ensino-aprendizagem, ainda incipiente no Brasil. Atividade de Aprendizagem Defina escolarização e o que ela oportuniza. 34 Resumo da Disciplina Esta disciplina teve como foco discutir a Educação e suas relações com o Estado e a Sociedade, para tanto, os conceitos estudados durante as últimas quatro aulas vieram a elucidar o desenvolvimento humano integral, em que direitos e deveres foram ao longo do tempo sendo estabelecidos por Políticas e Programas Públicos Sociais e Educacionais. Viu-se alguns Programas Sociais imbricados à Educação como fonte e garantia dos direitos dos brasileiros ao acesso a formação política, social e cultural, e também uma linha do tempo para demonstrar o avanço que o Brasil teve na resolução de seus problemas sociais e na busca pela qualidade da educação, meta ainda não atingida, mas forçosamente integrante de todos os governos e administrações. 35 Referências AZEVEDO, Fernando de [et al.]. Manifestos dos Pioneiros da Educação Nova (1932) e dos educadores (1959). Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2010. CUNHA, Luiz Antônio. O ensino profissional na irradiação do industrialismo. SP: Unesp, Brasília, DF: Flacso, 2000. FARIA, Carlos Aurélio Pimenta de (1998a). Uma Genealogia das Teorias e Modelos do Estado de Bem-Estar Social. BIB – Revista Brasileira de Informação Bibliográfica em Ciências Sociais, n. 46, pp.38-71. FARIA, Carlos A (1998) Textos & Debates, Boa Vista, n.21, p.910198, 2012. FARIA, Carlos Aurélio Pimenta de. 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