Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Alt. nível de consciência - Alteração transitória do nível de consciência (síncope) - Oscilação do nível de consciência (sonolento/agitado) - Alteração persistente do nível de consciência (sempre rebaixado) Sistema ativador reticular ascendente (SARA) - Organização da consciência começa no tronco (ponte e mesencéfalo) → tálamo e hipotálamo → córtex cerebral - Lesões graves no tronco (SARA) - Lesão difusa no córtex ETIOLOGIA ➢ Estrutural ➢ Infratentorial (tronco – podem ser pequenas) ➢ Supratentorial (córtex como um todo – lesões grandes) ➢ Não-estrutural / difusa / multifocal – causas metabólicas, intoxicação exógena → atual generalizadamente no SNC, podendo comprometer o nível de consciência *Rebaixamento do nível de consciência mais comum no AVCh – causa lesão local, mas comprime o hemisfério oposto por edema cerebral (↑ volume); no AVCi localizado, dificilmente haverá comprometimento do nível de consciência, a menos que seja uma lesão no tronco (lesão infratentorial) *Lesões no tronco tendem a ser mais discretas na TC; o ideal para visualizar seria a RM, no entanto, na prática clínica opta-se por fazer a TC devido à disponibilidade (observar mais cuidadosamente o tronco e descartar outras lesões em encéfalo – que costumam ser maiores, mais visíveis, difusas) *Lembrar de infecções de SNC que podem estar relacionadas a rebaixamento do nível de consciência; no entanto, qualquer infecção que seja suficientemente grave e altere a hemodinâmica do paciente é capaz de alterar a perfusão do SNC e também pode ser causa de rebaixamento AVALIAÇÃO CLÍNICA HISTÓRIA ➢ Curso temporal: abrupto (AVC), gradual (tumor), flutuante (metabólicas, infecção sistêmica) ➢ Presença de sinais neurológicos focais precedendo a perda de consciência (AVCh – inicia com sinal focal e, conforme vai expandindo, altera nível de consciência) ➢ Episódios prévios de AIT (AVC) ou crise convulsiva (estado pós-ictal) ➢ Alteração comportamental prévia (lesão expansiva em lobo frontal, encefalite, metabólicas) ➢ História de trauma, lesão em base de crânio (TCE) ➢ Sintomas associados – febre, cefaleia, confusão mental (meningite, encefalite) ➢ Comorbidades clínicas (cirrose, IR – metabólicas) e psiquiátricas ➢ Medicações em uso (intoxicação) ➢ História de abuso de álcool ou drogas SINAIS VITAIS HIPERTENSÃO ➢ Encefalopatia hipertensiva ➢ Hemorragia em SNC HIPOTENSÃO (Má perfusão cerebral pelo choque) ➢ Sepse ➢ Hipovolemia ➢ Insuficiência cardíaca ➢ Drogas ➢ Doença de Addison (insuficiência adrenal) – hipotensão postural, dor abdominal, náuseas, vômitos, hiperpigmentação HIPERTERMIA ➢ Infecção ➢ Insolação ➢ Intoxicação anticolinérgica (Sd. neuroléptica maligna) HIPOTERMIA (< 33ºC) ➢ Acidental ➢ Encefalopatia de Wernicke ➢ Tumor hipotalâmico ➢ Insuficiência adrenal ➢ Hipotireoidismo ➢ Sepse ➢ Intoxicação exógena PADRÃO VENTILATÓRIO HIPERVENTILAÇÃO Acidose metabólica (respiração de kussmaul) ➢ Uremia ➢ CAD ➢ Acidose láctica ➢ Intoxicação por AAS / metanol / etilenoglicol Alcalose respiratória (hipoxemia) ➢ Insuficiência hepática ➢ Sepse ➢ AAS ➢ Estados cardiopulmonares ➢ Causas psicogênicas (ex. ansiedade) HIPOVENTILAÇÃO Acidose respiratória (retentores de CO2) ➢ Insuficiência respiratória de origem central ➢ Doença do sistema nervoso periférico ➢ Deformidade torácica Causa estrutural? TC Infecção de SNC? HMG e LCR Metabólicas? Bioquímica PESQUISAR SINAL MENINGEO ➢ Febre ➢ Cefaleia ➢ Rebaixamento do nível de consciência sem causa conhecida Alcalose metabólica ➢ Geralmente não associado com RNC ➢ Se presente, suspeitar de outras causas (psicogênica, intoxicação por opioides) ALTERAÇÕES CUTÂNEO-MUCOSAS ➢ Lesão de uso de droga EV (ante cubital, mãos) → intoxicação? ➢ Sinais de fratura de base de crânio → TCE? ➢ Telangiectasias → encefalopatia hepática? ➢ Petéquias → discrasias sanguíneas, vasculites, meningococcemia? ➢ Icterícia ➢ Hiperpigmentação → insuficiência adrenal primária EXAME NEUROLÓGICO ➢ Nível de consciência ESCALA DE COMA DE GLASGOW ECG Abertura ocular Pontos Espontânea Ao comando A dor Ausente 4 3 2 1 Resposta verbal Pontos Orientado Confuso Palavras inapropriadas Sons incompreensíveis Ausente 5 4 3 2 1 Resposta motora Pontos Obedece a comando Localiza dor Retirada à dor Flexão Extensão Ausente 6 5 4 3 2 1 *FOUR (Full outline of unresponsiveness score) – resposta ocular, resposta motora, reflexos de tronco e padrão respiratório ➢ Resposta motora →Avaliação do tônus muscular → hipertonia e dificuldade de mov. → impregnação por drogas neurolépticas (sd. neuroléptica maligna) →Movimentos espontâneos e solicitados → mioclonia, crise convulsiva → EEG →Observação de assimetrias → lesão estrutural → TC →Presença de mioclonias multifocais → etiologia tóxico-metabólica (ex. paciente pós-PCR) → Presença de tremor e asterixe → encefalopatia metabólica / (tremor → intóx. por lítio) → Postura em decorticação ou descerebração → lesão estrutural em córtex ou tronco → Avaliação pupilar e reflexo fotomotor → Miose - Intoxicação colinérgica - Intoxicação por opioides - Lesão pontina → Midríase - Intoxicação por simpatomiméticos - Intoxicação por anticolinérgicos - Intoxicação por alucinógenos - Sd. serotoninérgica RFM+ BILATERALMENTE PUPILA DIENCEFÁLICA PUPILA METABÓLICA RFM+ BILATERALMENTE HORNER RFM- BILATERALMENTE PUPILA MESENCEFÁLICA RFM- BILATERALMENTE (HIPPUS) PUPILA TECTAL RFM+ BILATERALMENTE PUPILA PONTINA PUPILA UNCAL / 3º PAR SUGERE HERNIAÇÃO TRANSTENTORIAL LATERAL →Avaliação da motilidade ocular extrínseca → Observação dos movimentos oculares espontâneos, desvios conjugados do olhar ou desalinhamentos oculares → Reflexo oculocefálico (olhos de boneca) – se ausência sugere lesão do tronco encefálico → Reflexo oculovestibular (prova calórica) → Reflexo corneopalpebral – se ausência sugere lesão do tronco encefálico → Observação das pálpebras – coma com olhos abertos sugere lesão aguda da ponte ➢ Reflexos do tronco encefálico ➢ Fundo de olho →Papiledema →Manchas de Roth → Hemorragia sub-hialoide (HSA) ➢ Sinais meníngeos EXAMES LABORATORIAIS Alteração de consciência de causa indeterminada ➢ Hemograma completo (infecção, CIVD, microangiopatia trombótica) ➢ Eletrólitos: sódio, potássio, cálcio, magnésio, fósforo ➢ Glicemia ➢ Função renal: creatinina e ureia (encefalopatia urêmica) ➢ Função hepática (encefalopatia hepática) ➢ Lactato ➢ Osmolaridade sérica ➢ Gasometria arterial ➢ Coagulograma ➢ Painel toxicológico Pcts selecionados ➢ Função adrenal e tireoideana ➢ Hemocultura ➢ Esfregaço periférico (PTT ou CIVD) ➢ Dosagem de carboxihemoglobina (tentativa de suicídio, incêndio) ➢ Dosagem sérica de medicações (ex. anticonvulsivantes) NEUROIMAGEM - Indicada na presença de papiledema, sinal neurológico focal ou se causa não prontamente identificada - TC de crânio é o exame de escolha para avaliação inicial do paciente, possuindo alta sensibilidade para causas estruturais (sempre com comprometimento bilateral para justificar o RNC – desvio de linha média) - Neoplasia - Sangramento - Hidrocefalia PUNÇÃO LOMBAR - Sempre realizar neuroimagem antes da PL na presença de RNC - Aguardar resultado da contagem de plaquetas e coagulograma - Indicação: ➢ Suspeita de infecção de SNC ➢ Excluir HSA quando suspeita clínica e TC de crânio normal EEG ➢ Achados clínicos sugestivos de crises epilépticas não-convulsivas ➢ RNC de causa desconhecida MANEJO - Abordagem ABC - IOT se Glasgow ≤8 para proteção de vias aéreas - Descartar hipoglicemia (dextro) - Reposição de glicose se hipoglicemia - Reposiçãode tiamina antes ou com a glicose se paciente subnutrido - Se suspeita clínica (HIC) e/ou tomográfica de herniação – manitol/NaCl 3%, hiperventilação? - Se suspeita clínica de meningite bacteriana ou encefalite herpética – TTO empírico - TTO de hipertermia; hipotermia só deve ser tratada se < 33°C - Tratamento de crises epilépticas (antes mesmo da investigação) - Tratamento definitivo baseado na etiologia Estado confusional agudo (Delirium) - Alteração oscilatória do nível de consciência - Distúrbio de atenção e consciência - Início agudo (≠ quadros demenciais – lentos e progressivos) - Curso flutuante ao longo do dia - É necessário distúrbio adicional na cognição - Déficit de memória - Desorientação tempo-espaço - Linguagem - Habilidade visuoespacial - Percepção (alucinação) - Evidência clínico-laboratorial de condição médica (ex. infecção, distúrbio metabólico), intoxicação ou abstinência ou efeito adverso de medicação - Características adicionais que podem acompanhar o delirium: Distúrbios comportamentais psicomotores: ➢ Hipoatividade ➢ Hiperatividade ➢ Prejuízo da duração e arquitetura do sono Distúrbios emocionais variáveis: ➢ Medo ➢ Depressão ➢ Euforia ➢ Perplexidade FATORES DE RISCO ➢ Idade avançada* ➢ Doenças cerebrais subjacentes* – demência, AVC, Doença de Parkinson ➢ Prejuízo sensorial *Reserva funcional cerebral – quanto menor a reserva funcional, mais fácil de um fator precipitante desencadear o delirium FATORES PRECIPITANTES ➢ Drogas e toxinas (revisar medicações em uso) ➢ Infecções (investigar foco infeccioso – PNM, ITU) ➢ Alterações metabólicas (glicemia) ➢ Falência de órgãos (função renal/hepática, disfunção respiratória) ➢ Trauma ➢ Doenças neurológicas ➢ Internação ou pós-operatório EXAMES LABORATORIAIS ➢ Hemograma completo ➢ Eletrólitos, incluindo cálcio ➢ Creatinina ➢ Glicose ➢ Urina rotina ➢ Urocultura Pcts selecionados ➢ Níveis séricos de drogas ➢ Screening toxicológico ➢ Gasometria arterial (doença pulmonar adjacente / alteração do padrão respiratório) ➢ Função hepática (estigma de hepatopatia) EXAMES ADICIONAIS ➢ Neuroimagem (TC de crânio) – indicada para pacientes sem causa óbvia para delirium numa 1ª avaliação ➢ Punção lombar – indicada quando a causa não é óbvia, especialmente em pacientes febris com delirium MANEJO - Investigação e tratamento da causa médica subjacente – internação para investigar! *Virtualmente, qualquer condição médica pode precipitar delirium em um paciente suscetível; as condições mais notadas incluem: ➢ Encefalopatia metabólica (DHE, infecções, falência orgânica, hipoglicemia) ➢ Toxicidade por drogas ➢ Abstinência de álcool e sedativos ➢ Síndrome de Wernicke - Manejo do distúrbio comportamental - Os sintomas de delirium podem ter uma duração prolongada (semanas) mesmo após correção das causas subjacentes e fatores de risco SUPORTE - O paciente em delirium está em risco de complicações da imobilidade e confusão, levando à alta prevalência de declínio funcional irreversível - Deve-se prover: ➢ Hidratação e nutrição adequada ➢ Estimular mobilidade e amplitude de movimento ➢ Tratar dor e desconforto ➢ Prevenir lesões cutâneas / fenômeno tromboembólico ➢ Melhora da incontinência ➢ Minimizar risco de aspiração MANEJO DA AGITAÇÃO - Intervenções não-farmacológicas ➢ Protocolos de orientação ➢ Estimulação cognitiva (visita de família e amigos) ➢ Facilitação do sono fisiológico ➢ Mobilização precoce e uso minimizado de contenção física ➢ Auxílios visuais e auditivos para pacientes com esses prejuízos ➢ Evitar e/ou monitorar o uso de medicações problemáticas - BZD - Opioides (tramadol, codeína, morfina) - Glicocorticoides - Anti-histamínicos - Antibióticos - Antidepressivos - Anticolinérgicos - Agonistas dopaminérgicos - Relaxante muscular - Anticonvulsivantes ➢ Evitar e tratar complicações médicas ➢ Orientação verbal e cuidado frequente ➢ Delírio e alucinações não devem ser endossadas ou desafiadas ➢ Contenção física deve ser usada como ÚLTIMO RECURSO (auto/heteroagressão) ➢ Observação constante por um familiar - Intervenções farmacológicas: pacientes muito agitados com risco de queda ou agressão* *NÃO tratar com antipsicóticos pacientes com delirium hipoativo, pois a função do medicamento não é reverter o estado confusional agudo, e sim o quadro de agitação do paciente com delirium hiperativo ➢ Antipsicótico – Haloperidol, Risperidona, quetiapina, olanzapina ➢ VO > IM > EV, em último caso... Uso de benzodiazepínicos - Pode causar ou piorar um delirium de outra causa = EVITAR! - Possuem papel limitado no TTO de delirium: possuem início de ação mais rápido do que os antipsicóticos (mas podem piorar a confusão e provocar sedação) - Indicações: ➢ Abstinência de álcool ou sedativos ➢ Contraindicação aos neurolépticos *NÃO utilizar em pacientes com intoxicação alcoólica, pois potencializa o efeito do álcool, causando sedação - Medicações: Lorazepam 0,5 a 1mg VO (preferência pela meia-vida mais curta) PROGNÓSTICO - Pacientes com delirium apresentam: ➢ Hospitalizações prolongadas ➢ Declínio funcional e cognitivo ➢ Maior mortalidade (2x > em relação a pacientes sem delirium) – o risco é maior quanto maior a duração do delirium – por isso a indicação de internação para investigação e resolução rápida ➢ Maior risco de institucionalização - Sinais de delirium podem persistir por 12 meses ou mais, particularmente naqueles com demência subjacente e está associado com maior risco de disfunção cognitiva persistente
Compartilhar