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Maria Seiane Farias Trombose venosa profunda TROMBOSE CONCEITO: Solidificação dos constituintes normais do sangue, dentro do sistema cardiovascular, no indivíduo vivo. TROMBO COÁGULO Massa sólida formada pelo processo de trombose e constituído pelos elementos do sangue coagulado. Massa de sangue formada pelo processo normal de coagulação sanguínea. O trombo é seco, opaco e encontra-se aderido à parede do vaso. O coágulo tem superfície brilhante e úmida, é homogêneo, elástico e não está aderido ‘a parede vascular ou cardíaca; O desenvolvimento de trombo normalmente se relaciona a um ou mais componentes da TRÍADE DE VIRCHOW: o Lesão endotelial (p. ex., toxinas, hipertensão, arteriosclerose, bactérias, inflamação ou produtos metabólicos); o Fluxo sanguíneo anormal, estase ou turbulência (p. ex., devido a aneurismas, placa aterosclerótica, ICC, redução da contração muscular em pacientes acamados); o Hipercoagulabilidade: primária (p. ex., fator de Leiden, aumento da síntese de protrombina, deficiência de antitrombina III) ou secundária (p. ex., repouso no leito, dano tecidual, malignidade); Os trombos podem se propagar, resolver-se, tornar-se organizados ou embolizar. Os trombos são focalmente fixados à superfície vascular subjacente e tendem a se propagar na direção do coração; A trombose causa lesão tecidual por oclusão vascular local ou embolização distal; A porção propagante de um trombo tende a fixar-se mal e, portanto, é propensa a fragmentação e migração através do sangue como êmbolo. Características macroscópicas: Trombos arteriais ou cardíacos; o Surgem tipicamente em locais de lesão endotelial ou turbulência; o Os trombos que ocorrem nas câmaras cardíacas ou no lúmen aórtico são designados trombos murais; o Os trombos arteriais são relativamente ricos em plaquetas, uma vez que processos subjacentes ao seu desenvolvimento (p. ex., lesão endotelial) levam à ativação plaquetária. o São normalmente sobrepostos a uma placa aterosclerótica, outras lesões vasculares (vasculite, trauma) também podem ser causais Trombos venosos; o Ocorrem caracteristicamente em locais de estase; o :Geralmente vermelhos e oclusivos, de aspecto úmido e gelatinoso (lembrando os coágulos post- mortem, porém firmemente aderidos ao endotélio. o Frequentemente se propagam a alguma distância na direção do coração, formando um longo cilindro no lúmen do vaso, o qual é propenso a dar origem a êmbolo; o O aumento de atividade dos fatores de coagulação está envolvido na gênese da maioria dos trombos venosos, caso em que a ativação plaquetária assume um papel secundário. o Como esses trombos se formam na circulação venosa lenta, eles tendem a conter hemácias mais emaranhadas, levando à denominação trombos vermelhos ou estase. o A maior parte dos trombos venosos ocorre nas veias superficiais ou profundas da perna. Características microscópicas: Brancos: Apresentam lamelas amorfas, granulosas, desprovidas de células e levemente eosinofílicas. São formadas por plaquetas conglutinadas e desintegradas e se bifurcam com infiltrado de neutrófilos. Vermelhos: Constituídos de rede de fibrina com conglomerados plaquetários nos pontos nodais, retendo em suas malhas leucócitos e hemácias (lembrando um coágulo - a diferença entre os dois são as lamelas plaquetárias dos trombos). Tendem a ficar mais claros com o passar do tempo devido ao fenômeno de hemólise Classificação: Quanto à composição: o Trombos vermelhos, ou "de coagulação", ou ainda "de estase": ricos em hemácias, fibrina e leucócitos mais freqüentes em veias o Trombos brancos ou “fibrinosos": constituídos basicamente de plaquetas e fibrina, estão geralmente associados às alterações endoteliais, sendo mais freqüentes em artérias. o Trombos mistos: são os mais comuns. Formados por estratificações fibrinosas (brancas), alternadas com partes de coagulação (vermelhas-hemácias). Quanto ao efeito de interrupção do fluxo sanguíneo: o Oclusivos ou ocludentes o Murais, parietais, ou semi-ocludentes. o Canalizado: Trombo oclusivo que sofreu proliferação fibroblástica e neovascularização, restabelecendo pelo menos parte do fluxo sanguíneo; Quanto à presença de infecção: o Séptico: quando o trombo sofreu colonização bacteriana ou quando se formou às custas de um processo inflamatório infectado (Ex.: Endocardite valvular). o Asséptico. Maria Seiane Farias Trombose Venosa (Flebotrombose). Os trombos venosos superficiais normalmente surgem no sistema safeno, em especial no quadro de varicosidades - devido à dilatação e às tortuosidades das veias, que predispõem a estase, inflamação e trombose; o Raramente embolizam, mas podem ser dolorosos e causar congestão local e edema decorrentes do fluxo de saída venoso comprometido, predispondo a pele sobrejacente ao desenvolvimento de infecções e úlceras varicosas. o Também é comum após lesão da íntima por substâncias químicas decorrente de injeções ou infusões intravenosas de soluções com fins terapêuticos ou diagnósticos, ou mesmo após traumas mecânicos como os que ocorrem nos procedimentos de cateterismo e hemodinâmica. o Clinicamente, a TVS apresenta-se como uma inflamação, com cordão palpável e área endurada, quente, dolorosa e hiperemiada no trajeto de uma veia superficial. o Pode estar associada a síndromes imunológicas (síndromes de Trousseau, Lemièrre ou Mondor) ou a doenças inflamatórias como tromboangeíte obliterante ou trombofilia, ser causada por traumas ou injeções de substâncias irritantes, ou ainda ser uma complicação de varizes dos membros inferiores; o A TVS pode estar associada a trombose venosa profunda (TVP) em 6 a 40% dos pacientes; o O tratamento da TVS deve ser iniciado pelo alívio dos sintomas inflamatórios locais, devendo-se lançar mão de analgésicos e anti- inflamatórios com o uso de compressas quentes. Deve ser feita a compressão elástica da extremidade, com o uso de meias de compressão três quartos ou sete oitavos, a fim de evitar a propagação da trombose, facilitando o retorno venoso. As tromboses venosas profundas (“TVPs”) nas veias maiores da perna, no joelho ou acima dele (p. ex., veias poplítea, femoral e ilíaca), são mais sérias pela propensão a embolizar. o Embora tais TVPs possam causar dor local e edema, a obstrução venosa com frequência é envolvida por canais colaterais. o Consequentemente, as TVPs são totalmente assintomáticas em cerca de 50% dos pacientes e reconhecidas somente depois de terem embolizado para os pulmões. o As TVPs da extremidade inferior estão associadas à estase e aos estados hipercoaguláveis, o São fatores predisponentes comuns a insuficiência cardíaca congestiva, o repouso e a imobilização no leito; os dois últimos fatores reduzem a ação de ordenha dos músculos da perna e, portanto, tornam lento o retorno venoso. o Trauma, cirurgia e queimaduras não apenas imobilizam um paciente, mas também estão associados a lesão vascular, liberação de procoagulante, aumento da síntese hepática dos fatores de coagulação e redução da produção de t-PA. o Muitos fatores contribuem para a diátese trombótica da gravidez; além da infusão do líquido amniótico potencial na circulação no momento do parto, a pressão produzida pelo aumento de tamanho do feto e do útero pode produzir estase nas veias das pernas, e a gravidez tardia e o período pós-parto estão associados à hipercoagulabilidade. o A liberação de pró-coagulante associada a tumor é em grande parte responsável pelo aumento de risco dos fenômenos tromboembólicos observados nos cânceres disseminados, o que algumas vezes é referido como tromboflebite migratória pela tendência a envolver vários leitos venosos diferentes ou como síndrome de Trousseau; o O risco de TVP é maior em pessoas com mais de50 anos. O fenômeno permanece imprevisível. Ocorre com frequência angustiante em pessoas deambulatórias, sob aspectos saudáveis, sem provocação aparente ou anormalidade. De forma igualmente importante, a trombose assintomática ocorre com mais frequência do que se estima. Destino dos trombos: Lise: Ação da Plasmina sobre alguns dos fatores da coagulação fibrinogênio e fibrina digerindo-os; Organização: Invasão do trombo e transformação do mesmo em tecido de granulação. Canalização: os vasos neoformados na fase de organização anastomosam-se, permitindo o restabelecimento parcial do fluxo sanguíneo. Calcificação: Comum nos trombos sépticos e nos organizados, principalmente nos venosos. Colonização bacteriana: Nas septicemias, germes podem aderir e colonizar um trombo asséptico, tornando-o séptico. Embolização: Decorrem da fragmentação ou descolamento de trombos inteiros. Consequência: Dependem de: o Tipo do trombo o Localização Em geral temos: o Isquemia, levando à degenerações e às hipotrofias ou ao infarto; o Hiperemia passiva, levando ao edema, às degenerações e às hipotrofias; o Embolia DEFINIÇÃO A trombose venosa profunda (TVP) é uma condição clínica caracterizada pela formação de trombos (coágulo) no lúmen de uma Maria Seiane Farias veia do sistema venoso profundo, ou seja, as veias situadas abaixo do plano da fáscia muscular e as veias proximais (veias ilíacas, subclávias e veia cava), com obstrução parcial ou oclusão, sendo mais comum nos membros inferiores – em 80 a 95% dos casos; A TVP pode acometer qualquer local do corpo, como o seio sagital superior (encéfalo), as veias viscerais e os membros superiores, em cerca de 3% dos casos. A TVP afeta mais comumente os membros inferiores em até 80% dos casos; A TVP e a embolia pulmonar (EP) compõem a entidade nosológica conhecida como tromboembolismo venoso (TEV). Nos casos em que um fator causador é facilmente identificado, a TVP é chamada de TVP secundária. Já nos casos em que esse fator causador não é identificado com facilidade, a TVP é chamada de TVP primária ou idiopática. Alguns estudos demonstraram um risco aumentado em até 2 a 3 vezes para TVP em pacientes com insuficiência cardíaca congestiva e IAM. FATORES DE RISCO: Os principais fatores diretamente ligados à gênese dos trombos são: estase sanguínea, lesão endotelial e estados de hipercoagulabilidade; Idade avançada, câncer, procedimentos cirúrgicos, imobilização, uso de estrogênio, gravidez, distúrbios de hipercoagulabilidade hereditários ou adquiridos, constituem-se como fatores de risco para TVP; A sua incidência aumenta proporcionalmente com a idade, sugerindo que esta seja o fator de risco mais determinante para um primeiro evento de trombose; Podem ser classificados como: o Hereditários/Idiopáticos: como: resistência à proteína C ativada (principalmente fator V de Leiden); mutação do gene da protrombina G20210A; deficiência de antitrombina; deficiência de proteína C; deficiência de proteína S; hiperhomocisteinemia; aumento do fator VIII; aumento do fibrinogênio; o Adquiridos/Provocados: síndrome do anticorpo antifosfolipídio; câncer; hemoglobinúria paroxística noturna; idade > 65 anos; obesidade; gravidez e puerpério; doenças mieloproliferativas (policitemia vera; trombocitemia essencial etc.); síndrome nefrótica; hiperviscosidade (macroglobulinemia de Waldenström; mieloma múltiplo); doença de Behçet; trauma; cirurgias; imobilização; terapia estrogênica. Viagens longas (com duração maior do que quatro horas); CLASSIFICAÇÃO: A TVP nos membros inferiores é dividida, simplificadamente, segundo sua localização: o Proximal - quando acomete veia ilíaca e/ou femoral e/ou poplítea. o Distal - quando acomete as veias localizadas abaixo da poplítea; O risco de EP e a magnitude da síndrome pós-trombótica (SPT) decorrente da TVP proximal são maiores. Entretanto, existe um risco de progressão da trombose distal para segmentos proximais de até 20%, o que faz com que o diagnóstico e o tratamento da TVP distal sejam similares ao da TVP proximal; ETIOPATOGENIA: Os mecanismos etiopatogênicos têm sido relacionados à diminuição da velocidade sanguínea, a aumento da pressão venosa central e à diminuição de mobilidade do paciente; A maioria dos pacientes com trombose venosa apresenta a Tríade de Virchow: o Estase: os seios venosos do músculo sóleo são os locais mais comuns para o início de TVP, sendo que a estase pode contribuir com o contato da camada celular endotelial com plaquetas ativadas e fatores pro-coagulantes, causando a TVP, mas a estase por si só nunca foi demonstrada como fator causal por si própria de TVP. o Estado de hipercoagulabilidade: identificada alguma condição de hipercoagulabilidade, deve inserir um plano de anticoagulação vitalício, salvo quando da existência de contraindicações. o Lesão endotelial: após procedimentos cirúrgicos, grande quantidade de fator tecidual pode ser liberado na corrente sanguínea decorrente de tecidos lesionados, sendo que esses fatores são potenciais pró-coagulantes; O aumento do número de plaquetas e da adesividade, alterações na cascata de coagulação e atividade fibrinolítica endógena resultam do estresse fisiológico das grandes operações e traumatismo, aumentando o risco de trombose. O evento trombótico pode decorrer da evolução da insuficiência venosa, que se caracteriza pela alteração das válvulas que se encontram na parede das veias. Nesse caso, ocorre refluxo do sangue no sistema venoso, aumentando a retenção nos membros inferiores, de modo a aumentar o risco para trombose. A trombose venosa profunda nos membros inferiores se forma, sobretudo, em pacientes imobilizados no leito, mais frequentemente após cirurgias ortopédicas ou traumatismo com imobilização. o Nesses casos, ocorrem: (1) diminuição da velocidade do fluxo sanguíneo nas veias por falta dos movimentos musculares importantes no retorno venoso; (2) lesão endotelial por hipóxia, devido à redução do fluxo sanguíneo; (3) alteração na coagulabilidade do sangue decorrente da reação de fase aguda após agressões, em que há aumento na produção de fibrinogênio no fígado e de plaquetas na medula óssea. COMPLICAÇÕES: As principais complicações decorrentes dessa doença são: Maria Seiane Farias o Insuficiência venosa crônica/síndrome pós-trombótica (SPT) (edema e/ou dor em membros inferiores, mudança na pigmentação, ulcerações na pele) e o Embolia pulmonar (EP). Esta última tem alta importância clínica, por apresentar alto índice de mortalidade1. Aproximadamente 5 a 15% de indivíduos não tratados da TVP podem morrer de EP; MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Os sinais clínicos da TVP podem variar, dependendo da extensão do coágulo e das veias afetadas, mas incluem: ■ dor localizada; ■ inchaço; ■ eritema; A SPT compreende uma grande variedade de sinais e sintomas, que variam desde os relativamente leves (edema leve, eczema venoso, pigmentação e queixas menores) a alterações venosas mais graves (edema intenso, claudicação venosa, dor e úlceras crônicas recorrentes); Em geral, os pacientes se apresentarão com dor e edema assimétrico, juntamente com paresia ipsilateral ao membro acometido. o No caso de edema bilateral, deve-se investigar trombose central, acometendo veia cava inferior ou ilíacas bilaterais. DIAGNÓSTICO: O quadro clínico, quando presente, pode consistir de: dor, edema, eritema, cianose, dilatação do sistema venoso superficial, aumento de temperatura, empastamento muscular e dor à palpação; Exame físico: o Uma manobra semiológica possível de ser testada é a que desencadeia o Sinal de Homans, no qual há dor na panturrilha quando da dorsiflexão do pé. A ausência desse sinal não é confiávelquanto à ausência de trombo venoso, mas a sua presença é fortemente sugestiva, de modo a ser buscada a confirmação do diagnóstico; o Escore de Wells: É um modelo de predição clínica, baseado em sinais e sintomas, fatores de risco e diagnósticos alternativos, estimando a probabilidade pré-teste para TVP; o Este escore deve ser usado em combinação com meios diagnósticos adicionais, como o eco Doppler colorido (EDC) associado à compressão de todo trajeto venoso troncular do membro inferior (pacientes com alto escore) e a mensuração do D-dímero (pacientes com baixo escore); o Uma vez calculado o score, temos que se esse for maior ou igual a 2, a trombose venosa profunda é provável, havendo probabilidade de cerca de 28% da presença da doença. Caso o valor calculado seja menor do que 2, classifica-se como TVP improvável, dado que a probabilidade de haver TVP é de cerca de 6%.; Exame laboratorial: o Teste D-dímero (DD): D-dímero, um dos produtos da degradação da fibrina, está presente em qualquer situação na qual haja formação e degradação de um trombo, não sendo, portanto, um marcador específico de TVP; Apresenta alta sensibilidade, mas pouca especificidade para o diagnóstico da TVP; Diagnóstico de imagem: o Doppler venoso; O exame se baseia no impedimento do sinal de fluxo acelerado pela presença de trombo intraluminal. Uma boa investigação deve começar pela panturrilha, obtendo imagens das veias tibiais e, proximal, das veias poplítea e femoral. Exames bem feitos avaliam o fluxo mediante compressão distal, o que deve aumentar o fluxo, e com compressão proximal, o que deve interromper o mesmo. Maria Seiane Farias No caso de algum segmento do sistema venoso examinado apresentar incapacidade para demonstrar aumento à compressão, deve ser suspeitada a trombose. o A venografia ou flebografia consiste em um exame no qual é injetado contraste no sistema venoso a fim de confirmar a TVP e a sua localização. Oclui-se o sistema venoso superficial com o uso de torniquete, injetando-se o contraste nas veias do pé, a fim de possibilitar a visualização do sistema venoso profundo. É um exame bom para evidenciar trombos (oclusivos ou não), mas é demasiadamente invasivo e traz consigo os riscos inerentes à administração de contraste, apesar de ser o padrão-ouro Para os casos de TVP IMPROVÁVEL, solicitamos a realização do teste D-dímero. Caso esse seja negativo, descarta-se a hipótese de TVP, pois já se reduziu muito as chances de a doença estar instalada. Caso seja positivo, realiza-se o USG Doppler venoso para a avaliação de uma possível TVP. TRATAMENTO: Uso de meias elásticas; Anticoagulantes;
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