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Mariana Alves – 6º período Reumatologia Síndrome de Sjögren Definição Síndrome inflamatória, crônica e autoimune. Tem evolução lenta e progressiva, ocorre mais em mulheres entre 50 -60 anos. É caracterizada por um infiltrado de linfócitos acometendo o epitélio das glândulas exócrinas (salivar, lacrimal), diminuindo a quantidade dessas secreções. Classificação Primária – isoladamente Secundária – associada a outras doenças como: artrite reumatoide, lúpus, fibromialgia Etiofisiopatogênese Susceptibilidade genética Associado a alguns HLA e outros genes que não são HLA como IRF-5 e STAT-4 Agentes infecciosos – Epstein-Barr, Coxsackievírus Nos indivíduos que já tem o fator genético ou o ambiental (infecção) as células do epitélio vão ser ativadas e vão passar a recrutar e promover a diferenciação de células imunes. Elas vão produzir citocinas inflamatórias e vão gerar uma retroativação dessa célula, levando autoantígenos para serem liberados e capturados pelas células dendríticas. As células dendríticas por sua vez vão induzir a produção do interferon alfa, que estimula a produção do BAFF, estimulando o sistema imune adaptativo. BAFF – deixa o linfócito viver mais, maturar mais cedo, vai ser um dos agentes dessa autoimunidade. Manifestações glandulares Xerostomia – boca seca Saliva: proteção dos dentes e mucosa oral, deglutição, mastigação, fala, barreira imunológica Hipossalivação: cáries, candidíase, disfagia, diminuição do paladar, aumento da parótida Xeroftalmia – olho seco Lágrima: antimicrobiano, função metabólica (nutre e leva o O2 para conjuntiva e córnea avascular), óptica, proteção Além de ser em pouca quantidade ela é de qualidade ruim. Lágrima hiperosmolar: estimula a cascata de inflamação na superfície ocular, prurido, hiperemia, sensação de corpo estranho, diminuição da acuidade visual. Mariana Alves – 6º período Reumatologia No começo há um lacrimejamento, mas depois evolui com secura. A irritação crônica e destruição do epitélio conjuntival bulbar e corneano caracterizam a ceratoconjuntivite seca. Paciente pode ter também xerotraqueia (tosse seca persistente), vulvovaginite seca (dispareunia), xerodermia (prurido). Manifestações sistêmicas Febre, perda ponderal, dor articular, comprometimento do rim, do SNC, pulmão, pele. - cutâneas Fenômeno de Raynaud pode acontecer em até 30% dos casos. Fotossensibilidade Púrpura – MMII (digito pressão e a lesão não some) - musculoesqueléticos Mialgia e fadiga (50%), miopatia inflamatória, poliartrite ou poliartralgia não deformante - pulmonar Pneumopatia intersticial, fibrose pulmonar, vidro fosco, pneumonite linfocítica Pneumonite linfocítica - trato gastrointestinal Qualquer segmento pode ser acometido, desde gerar uma má absorção, fazer uma atrofia gástrica, dismotilidade esofagiana. Paciente já diagnosticado com Sjogren começa a fazer uma colestase (aumento de fosfatase alcalina, gama GT), faz ultrassom no fígado e vê aumento das vias biliares, dilatação dos ductos intra- hepáticos. Doença associada com isso é a Cirrose biliar primária (anticorpo específico pra essa doença - antimitocôndria) - renal Não afeta tanto o glomérulo quanto o Lúpus, ele prefere algo mais intersticial (acidose tubular renal distal – tipo 1) Hipercalciúria, diminui potássio sérico. O acometimento tubular é mais frequente que o glomerular - neurológico Pode fazer neuropatia periférica, mas pode acontecer vasculite de SNC, pode pegar algum par craniano, pergunta se o paciente tem parestesia em algum lugar (só em uma mão, um pé só ou em luvas e botas) Mariana Alves – 6º período Reumatologia - hematológicas Pode evoluir com leucopenia, linfopenia, anemia (citopenias – diminuição das séries brancas e vermelhas no hemograma) Em comparação com a população geral esse paciente tem risco maior de desenvolver um linfoma (5% dos pacientes). Red flags – sintomas que temos que atentar para o risco de desenvolver linfomas: púrpura, crioglobulinemia, aumento persistente da parótida, infiltrado inflamatório exuberante, complemento baixo ou presença de centros germinativos na biópsia de glândula salivar menor. Diagnóstico Através dos critérios de classificação queremos saber se: - paciente tem presença de anti-RO e/ou anti-LA OU presença de fator reumatoide positivo e FAN positivo - se o paciente tem uma sialodenite linfocítica (visto através de biopsia de glândula salivar menor) - se paciente tem uma ceratoconjuntivite seca com score mais alto Algumas outras doenças podem mimetizar isso: hepatite C, HIV, sarcoidose. Precisamos excluir esses diagnósticos para fazer o diagnóstico de Sjogren. *biopsia de glândula salivar é padrão ouro, mas não é todo lugar que faz. Laboratório FAN, fator reumatoide, anti-RO e anti-LA. Nem todos estão presentes em todos os pacientes, mas o FAN geralmente está positivo (padrão nuclear pontilhado fino) e o fator reumatoide até em 50% dos pacientes está positivo. Testes oculares - teste de Schirmer Coloca um papel de filtro milimetrado na conjuntiva bulbar e espera 5 min. Se dentro desse tempo ficar abaixo de 5mm o paciente tem olho seco grave. - BUT Tempo de quebra do filme lacrimal. Faz coloração no olho do paciente e observa com quanto tempo aparecem zonas mais Mariana Alves – 6º período Reumatologia escuras, que vão representar a quebra do filme ocular. Se for menor que 5 segundos paciente tem olho seco grave Outras colorações como: rosa bengala e lisamina verde e fluoresceína Outros exames Biópsia da glândula salivar menor - padrão ouro Diagnósticos diferenciais Excluir: sarcoidose, amiloidose, tuberculose, SIDA, hepatite C, linfoma, síndrome de Hiper IgG4 Tratamento Olho – lubrificante com menos conservantes (Hyabak, Hylo comod) Boca – saliva artificial, enxaguante, pasta bucal, pensando na boca seca Sistêmico – se paciente com dor articular (reuquinol), poliartrite (metotrexato), mas se evolui com pulmão ruim (ciclofosfamida, micofenolato) Tratamento de acordo com o que o paciente está apresentando.
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