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DOENÇA HEMOLÍTICA PERINATA (DHPN) ou ERITROBLASTOSE FETAL DEFINIÇÃO. DHPN é decorrente da produção de anticorpos maternos contra antígenos no sangue fetal por algum tipo de incompatibilidade sanguínea materno-fetal (ABO e Rh são os principais). Incidência da aloimunização Rh está decaindo por conta da utilização de imunoglobulina anti-Rh em gestantes Rh -. SISTEMA ABO. Nesse sistema vão ter dois antígenos A e B. A produção de anticorpos vai acontecer quando seu sangue tiver contato com hemácias que tenham um ou mais antígenos que não são encontrados em suas células. A + → Produz anti-B B + → Produz anti-A AB → Não produz anticorpos → Receptor universal O + → Produz anti-A e anti-B → Doador universal Para ter incompatibilidade a mãe deve ser O e o feto A, B ou AB → mãe vai produzir anticorpos → hemólise fetal → em geral são brandas (icterícia de início precoce) → fototerapia. Não tem profilaxia contra essa incompatibilidade. SISTEMA RH. Dentre todos os antígenos presentes o mais comum é o antígeno D, podendo ser homo (DD) ou heterozigoto (Dd). Sua presença determina o Rh + e sua ausência o Rh -. A importância clínica se dá pela facilidade de uma pessoa Rh – de produzir anticorpos anti-Rh após transfusão incompatível ou gestação de Rh + (já fica presente a partir da 6ª SG). FISIOPATOLOGIA E CLÍNICA. Para que ocorra a DHPN é necessário os seguintes critérios. INCOMPATIBILIDADE SANGUÍNEA MATERNO-FETAL. É preciso que o feto possua antígenos (antígeno D → Rh +) que seja ausente no organismo materno (Rh -). ALOIMUNIZAÇÃO MATERNA. É o aparecimento de anticorpos (anti-D → IgG) na circulação materna Rh – por resposta ao antígeno na circulação do feto Rh +. Primeiro contato sangue fetal com sangue materno (hemorragias durante a gestação ou parto) causa a sensibilização (volume mínimo necessário é 0,25ml) → Antígenos fetais são fagocitados e apresentados aos linfócitos → Memória linfocitária e produção de IgM (NÃO atravessa a membrana placentária) → Resposta imunológica primária (limitada, baixa intensidade e curta duração) → Segunda exposição ocorre nova passagem de hemácias fetais para circulação materna → Ativação da memória linfocitária → Produção acelerada de IgG → Resposta imunológica definitiva → Pode atravessar a membrana placentária → Desenvolve dano fetal. Nas exposições seguintes o processo tende a ser ainda mais acentuado. Existe um teste que evidencia hemácias fetais na circulação materna que é o teste de Kleihauer → Coleta sangue materno e pinga uma solução ácida que desnatura as hemácias maternas mantendo intacta as fetais. PASSAGEM DE ANTICORPOS DA GESTANTE AO FETO. A passagem pode ocorrer por difusão ou transporte ativo → anticorpos fixam-se as hemácias fetais → hemólise → hematopoiese extramedular (fígado e baço) → anemia fetal. AÇÃO DOS ANTICORPOS MATERNOS NO ORGANISMO FETAL. Hemólise → ↑ eritropoietina e eritrpoiese medular → agravamento do quadro → hematopoiese extramedular (fígado e baço) → anemia fetal → ↓ viscosidade sanguínea (↓ concentração de hemácias) → hipóxia tissular → vasodilatação periférica → ↑ contratilidade miocárdica → ↑ débito cardíaco → hipercinesia. Com o agravamento da anemia → insuficiência cardíaca → falência miocárdica → hipertensão porta e hipoproteinemia (hematopoiese extramedular) → hidropsia fetal → extravasamento de líquido para o 3º espaço (derrame pleural, pericárdico, ascite e edema cerebral). Pode ter associado um quadro de kernicterus por impregnação de BI no cérebro → letargia, hipertonicidade, perda auditiva, paralisia cerebral, dificuldade de aprendizado. DIAGNÓSTICO. Investigar o número de partos. Normalmente o 1º filho não é acometido. A suspeita se inicia na história clínica → antecedente de 1 ou 2 filhos normais e os RNs seguintes com icterícia grave persistente, anemia, hidropsia ou morte. Faz-se protocolo de acompanhamento com Coombs indireto que identifica o anticorpo no plasma materno, usado como marcador de risco. Se positivo → ↑ o risco de doença. ≤ 1:8 → repetido mensalmente até o parto Se negativo → Repete com 28, 32, 36, 40 SG e pós parto imediato. PROFILAXIA. Feita em pacientes Rh – não sensibilizadas (Coombs indireto negativo) após o parto, de preferencia em até 72h e/ou em caso de hemorragia durante a gestação. Imunoglobulina anti-D 300mcg intramuscular – dose única → neutraliza 30ml de sangue fetal. Meia vida de 24 dias. Após a aplicação da imunoglobulina é esperado que o Coombs indireto se torne positivo por conta da presença de anticorpos da imunoglobulina e espera-se que fique negativo em até 3 meses (imunoglobulina eliminada e mão não produziu anticorpos próprios). Se persistir positivo indica falha na profilaxia e ocorreu sensibilização materna. Pode-se fazer o teste de Kleihauer se a profilaxia tiver sido efetiva o teste vai ser negativo pois não vai ter hemácias fetais na circulação materna. AVALIAÇÃO DA ANEMIA FETAL. AMNIOCENTESE (ESPECTROFOTOMETRIA). Estima de forma indireta a concentração de bilirrubina no LA pela diferença de densidade ótica. A bilirrubina da hemólise fetal é metabolizada no fígado materno mas uma pequena quantidade fica no ciclo enterro-hepático fetal. Zona 1 – doença leve ou Rh negativo → amniocentese repetida em 3-4 semanas. Zona 2 – doença moderada → amniocentese repetida em 1-2 semanas. Zona 3 – doença grave com realização de transfusão intravascular (TIV) por cordocentese ou antecipação do parto, se possível → elevado risco de OF. CORDOCENTESE. Padrão ouro de avaliação de anemia fetal, pois possibilita a dosagem de Hb e Ht fetal além confirmar o TS e realizar o Coombs direto (quantificar os anticorpos eritrocitários na circulação fetal). Possibilita a realização de transfusão intrauterina. CARDIOTOCOGRAFIA. Não se apresenta muito relevante, pois só altera nas fases avançadas de anemia e nesses casos possui padrão sinusoide. ULTRASSONOGRAFIA. É o melhor exame de rastreamento e avaliação da anemia fetal. É possível ver alterações morfológicas no feto: Sinal do duplo contorno da bexiga fetal → ascite inicial Aumento da circunferência abdominal → hepatoesplenomegalia, derrame pericárdico e pleural Alterações placentárias → espessamento e perda da estrutura placentária Polidramnia A ordem de aparecimento dos sinais de anemia na ultrassonografia é ↑ da ecogenicidade placentária, derrame pericárdico, ↑ volume do LA, ascite fetal, edema de subcutâneo e derrame pleural. DOPPLERVELOCIMETRIA. É o método de escolha da maioria por ser um exame de alta sensibilidade e especificidade, melhor que amniocentese para anemia grave. O melhor local para avaliação é a ACM (artéria cerebral média) pois é onde responde mais rapidamente a hipóxia. O exame é iniciado a partir de 20-24 SG se Coombs indireto ≥ 1:16. O feto anêmico apresenta valores de velocidade máxima do pico sistólico acima do limite esperado para a IG. TRATAMENTO. A terapêutica depende da IG, podendo realizar o tratamento intrauterino ou após o nascimento. Pode-se optar pela antecipação do parto em fetos a termo ou próximos do termo ou TIU em caso de doença grave (Ht < 30% ou Hb < 10 ou hidrópicos) em fetos muito prematuros. TRATAMENTO DO FETO. Transfusão intrauterina (TIU). Administra-se sangue pela veia umbilical através da cordocentese a partir de 20 SG. Tipo sanguíneo sempre O -. É esperado uma queda no Ht de 1% após a transfusão. Parto e exsanguineotransfusão. Indica-se a antecipação do parto em fetos a termo ou próximos para que a exsanguineotransfusão possa ser realizada. TRATAMENTO DO RN. Coombs direto deve ser realizado em todos os filhos de mães Rh negativo (identifica o anticorpo materno ligado a superfície da hemácia do RN). A fototerapiapode ser usada para ↓ os níveis de bilirrubina.
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