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Trabalho - Partilha de Direito Real de Usufruto Sobre Bem Imóvel

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Universidade Católica do Salvador
INGRA DOMINGUES
THAUANÁ BISPO
RODRIGO MENDES
ADRIANO GUIMARÃES
MARCIA MARIA SILVA
 
 
 PARTILHA DE DIREITO REAL DE USUFRUTO SOBRE BEM IMÓVEL 
 
 
SALVADOR
2020
PARTILHA DE DIREITO REAL DE USUFRUTO SOBRE BEM IMÓVEL
 
 
 
Este trabalho, apresentado à disciplina de Direito Civil V - Reais, do Eixo de Formação Básico da Universidade Católica do Salvador, como requisito parcial de avaliação da disciplina Direito Civil V.
Orientadora: Teila Rocha Lins de Albuquerque
 
 
 
 
 
SALVADOR
2020
1 - USUFRUTO E O DIREITO REAL:
Pode-se extrair dos artigos 1.390 a 1.411 do Código Civil, que usufruto trata-se de direito real sobre coisa alheia, o que significa dizer que o direito é oponível erga omnes e sua defesa se faz por meio de ação real.
No usufruto a propriedade se desmembra entre dois sujeitos: o nu-proprietário e o usufrutuário. Para o primeiro, a propriedade fica nua, desprovida de direitos elementares, visto que conserva apenas o jus disponendi e, em função do princípio da elasticidade, a expectativa de reaver o bem, momento em que a propriedade se consolida. O segundo detém o domínio útil da coisa, que se verifica nos direitos de uso e gozo, e a obrigação de conservar a sua substância, em razão do mesmo princípio.
É direito real sobre coisa alheia, sendo direito real tem oponibilidade erga omnes e, em consequência, direito de sequela, o que permite ao titular, usufrutuário, buscar a coisa nas mãos de quem estiver, de forma injusta, para dela usar e gozar como lhe é assegurado. A defesa de seu direito é feita por meio de ação real.
Assim leciona Rodrigues (2006, p. 297):
“Recai diretamente sobre a coisa, não precisando seu titular, para exercer seu direito, de prestação positiva de quem quer que seja. Vem munido do direito de seqüela, ou seja, da prerrogativa concedida ao usufrutuário de perseguir a coisa nas mãos de quem quer que injustamente a detenha, para usá-la e desfrutá-la como lhe compete. É um direito oponível erga omnes e sua defesa se faz através de ação real.”
É também um direito temporário, consoante dispõe o Código Civil o usufruto se extingue pela renúncia ou morte do usufrutuário (art. 1.410, I), pelo termo de sua duração (art. 1.410, II), pelo decurso do prazo de trinta anos da data em que se começou a exercer, se instituído em favor de pessoa jurídica (art. 1.410, III), e pela cessação do motivo de que se origina (art. 1.410, IV).
Deve o direito de usufruto ser temporário, pois, do contrário, seria prejudicial à expectativa do u-proprietário de recuperar a propriedade plena, não mais despojada dos elementos que lhe dão conteúdo.
2 - JURISPRUDÊNCIA SOBRE O CASO:
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DE DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL E DIVÓRCIO C/C PARTILHA DE BENS. PRETENSÃO DE PARTILHA DE DIREITO REAL DE USUFRUTO SOBRE BEM IMÓVEL INSTITUÍDO EM FAVOR EXCLUSIVAMENTE DO COMPANHEIRO. USO DESVIRTUADO DO INSTITUTO, COM O MANIFESTO PROPÓSITO DE PREJUDICAR A MEAÇÃO DA COMPANHEIRA. RECONHECIMENTO. RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO. Superior Tribunal de Justiça STJ - RECURSO ESPECIAL : REsp 1613657 SP 2016/0112857-6
O direito real de usufruto, instituído por específicas hipóteses legais ou voluntariamente, a título gratuito ou oneroso ou, confere ao usufrutuário o domínio útil da coisa, ou seja o direito de usar, gozar e usufruir do bem. Não é lhe dado, todavia, um dos atributos do domínio, que é o de dispor da coisa, cujo direito é reservado ao nu-proprietário. Diante do desmembramento dos atributos do domínio, exercitados simultaneamente por pessoas distintas, rezai evidente que a instituição do usufruto leva em conta as condições pessoais do usufrutuário. Por tal razão, é absolutamente correta assertiva de que o direito real de usufruto instituído intuitu personae, do que Rê sai a sua em transmissibilidade e inalienabilidade.
Para efeito de partilha, há que se interpretar o art. 1393 do Código Civil em consonância com as regras próprias do regime de bens aplicável à espécie, de modo a não chancelar o uso desvirtuado do Instituto, com o claro propósito de burlar a meação do outro consorte.
A intransmissibilidade do usufruto não pode se sobrepor ao desvirtuado uso do instituto, como se deu na hipótese, em que o recorrente, na vigência da união estável, utilizou-se de patrimônio integrante da comunhão de bens do casal, para, por pessoas interpostas, no caso seus filhos menores de idade (e valendo-se do poder de representação), instituir em seu exclusivo benefício o direito real de usufruto.
No caso de usufruto convencional ou voluntário, o proprietário que detém todos os atributos do domínio, por ato gratuito oneroso, reserva para si a nua-propriedade e transfere para terceiro usufruto (usufruto por alienação), ou reserva para si o usufruto do bem e transmite para terceiro a nua-propriedade (usufruto por retenção). A hipótese dos autos refoge in totum desse padrão.
Pela dinâmica da contratação entabulada, os então proprietários, no mesmo ato e a título oneroso, se despojaram do domínio útil do imóvel, em favor do recorrente, e da nua-propriedade, em favor dos filhos destes, à época, menores de idade (sem patrimônio próprio é suficiente para tanto) e representados, no ato, exclusivamente, pelo pai. Na verdade, afigurou-se de todo evidente Que o companheiro, durante a união estável, valendo-se de seu poder de representação, adquiriu o imóvel sob comento em nome dos filhos, transferindo-se-lhes a nua-propriedade e reservando para si o direito real de usufruto.
Diante do rompimento da união estável/casamento, não se ignora a dificuldade, e mesmo a inviabilidade, na maioria dos casos de usufruto sobre o imóvel ser exercido simultaneamente pelos ex-consortes, ambos titulares de tal direito.
Não obstante, reconhecido que os ex-cônjuges são titulares do direito real de usufruto, e não sendo viável o exercício simultâneo do direito, absolutamente possível a sessão do bem imóvel, a título oneroso, a terceiro (contrato de aluguel), cuja remuneração há de ser repartida, em porções iguais, entre ambos. Alternativamente, no caso de apenas um dos usufrutuários exercer o uso do bem, abre-se a via da indenização àquele que se encontra privado da fruição da coisa, compensação essa que pode se dar mediante o pagamento de valor correspondente a metade do valor estimado do aluguel do imóvel. Em qualquer hipótese, registre-se, as despesas do imóvel hão de ser cercadas pelos dois usufrutuários.
Naturalmente, o modo pelo qual se dará o exercício conjunto do usufruto, de titularidade de ambas as partes, que ora se reconhece, é questão a de ser decidida pelos próprios envolvidos, da forma como melhor lhes aprouver. Seja como for, a incompatibilidade da vida em comum, própria do término da relação conjugal, não constitui óbice ao exercício conjunto da titularidade do direito real de usufruto, tal como ora proposto.
21. OBJETO DA AÇÃO:
O objeto da presente ação, se restringe em saber se o direito real de usufruto instituído em favor de Lázaro deve ou não ser partilhado com a companheira⁄esposa, por ocasião da dissolução da relação conjugal.
A controvérsia trata da ação de divórcio cumulada com reconhecimento e dissolução de união estável promovida por Jeni do Carmo Fortunato de Oliveira. contra Lázaro Aparecido de Oliveira.
Das pretensões sobre [...] O direito real do usufruto de imóvel sito na Rua Sebastião Arruda Lara, 129, na cidade de Laranjal Paulista⁄SP, adquirido pela escritura lavrada pelo Tabelião de Notas desta Comarca em 12⁄06⁄2000, fls. 309 do Livro 164, arguidas na petição inicial o juízo a quo julgou os pedidos parcialmente procedentes para:
“ a) reconhecer a existência e dissolver a união estável
havida entre as partes Jeni do Carmo Fortunato de Oliveira
e Lázaro Aparecida de Oliveira que se iniciou em
14⁄11⁄1992 e que culminou com o casamento em
30⁄12⁄2005, decretando, posteriormente, o divórcio; 
b) decretar a partilha dos seguintes bens havidos
da constância da união estável e do casamento, na
proporção de 50% para cada um dos cônjuges: [...] b.2)imóvel situado na Rua Sebastião Arruda Lara, n. 129 -
Vila Felix - Laranjal Paulista, na proporção de 50% para
cada um dos cônjuges. (e-STJ, fls. 249-253).”
Por outro lado, Lázaro Aparecido de Oliveira, irresignado, interpôs recurso de apelação ao qual o Tribunal de origem conferiu parcial provimento para afastar a determinação de partilha sobre o imóvel, ficando decretada “a partilha do usufruto
sobre o mesmo bem, tal como houvera sido objeto do pedido inicial”, em acórdão assim ementado:
“DIVÓRCIO. Partilha - Varão que é usufrutuário vitalício do
imóvel em partilha - Nua-propriedade dos filhos do casal -
Varão que não é, portanto, titular do domínio sobre o
imóvel, que, portanto, não pode ser objeto de partilha -
Usufruto que é direito real, com conteúdo econômico -
Direito constituído durante a vigência da união estável do
casal, regida pela comunhão parcial de bens - Vedação de
alienação do usufruto, mas permissão da locação ou
comodato do imóvel - Art. 1.393 do CC⁄02 - Partilha do
imóvel cancelada - Decretada a partilha do usufruto, tal
como fora objeto de pedido na inicial - Recurso provido em
parte (e-STJ, fl. 285).”
Opostos embargos de declaração, estes foram rejeitados (e-STJ, fls. 302-306). Lázaro Aparecido de Oliveira, interpôs recurso especial contra a decisão proferida no acórdão do recurso de apelação
A parte adversa apresentou contrarrazões às fls. 360-362 (e-STJ).
A Presidência da Seção de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo negou seguimento ao recurso especial (e-STJ, fls. 364-365). Contraposto agravo (AResp n. 912.403⁄SP), entendeu-se por bem conferir-lhe provimento para determinar sua conversão em recurso especial, a propiciar o exame da questão pelo Colegiado, que se afigura exclusivamente de direito (e-STJ, fls. 388-389).
2.2 FUNDAMENTAÇÃO LEGAL:
Lázaro Aparecido de Oliveira, nas razões do seu recurso especial, aponta a violação do art. 1.393 do Código Civil, além de dissenso jurisprudencial. Sustenta, em suma, que “o direito adquirido com o usufruto é personalíssimo e não se estende
ao patrimônio do casal, não podendo assim ser objeto de partilha, estando o v. Acórdão recorrido, que decretou a partilha do usufruto instituído somente em favor do recorrido, em gritante afronta ao contido no art. 1.393 do Código Civil”. 
Em favor de sua tese, cita entendimentos doutrinários, nos quais se perfilha a compreensão de que o usufruto é um direito personalíssimo ou inalienável, não se afigurando possível ao usufrutuário investir outra pessoa na sua titularidade. Anota, ainda, que, “na hipótese em julgamento, a toda a evidência [...], uma vez rompida a vida familiar e tendo natureza pessoal o usufruto, não se cogita do compartilhamento do exercício do referido direito por ambas as partes”. Por fim, aponta a existência de divergência jurisprudencial (e-STJ, fls. 309-324). dispõe o art. 1.393 do Código Civil, in verbis: Não se pode transferir o usufruto por alienação, mas o seu exercício pode ceder-se por título gratuito ou oneroso.
Outros institutos que foram considerados para a solução dessa controvérsia são os artigo 1.725 e inciso I, do art. 1.660, ambos do CC, um trata da aplicação do regime de comunhão parcial de bens nas relações patrimoniais e o outro, define os bens que devem entrar na comunhão:
Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito
entre os companheiros, aplica-se às relações
patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão
parcial de bens.
Art. 1.660. Entram na comunhão:
I - os bens adquiridos na constância do casamento
por título oneroso, ainda que só em nome de um dos
cônjuges;
3 - O QUE DIZ A DOUTRINA: 
3.1 INALIENABILIDADE: 
O direito do usufrutuário é intransmissível, conforme disposto no artigo 1.393 do Código Civil. Caso fosse transmissível, haveria usufruto sobre usufruto (subusufruto), que contraria sua índole. É importante destacar que o usufruto se extingue com a morte do usufrutuário, conforme preconiza o artigo .1410 , inciso I do Código Civil, ou seja o usufruto é intransmissível.
 O exercício do usufruto pode ser cedido tanto de maneira gratuita quanto onerosa (artigo. 1.993 C.C.). Em que pese sua inalienabilidade, nada impede que ocorra sua transferência para o proprietário do bem, porque nesta hipótese, consolida-se a propriedade plena (Viana, 2003:633). É importante mencionar que o bem objeto de usufruto não pode ser objeto de hipoteca, penhor ou anticrese. Os atos mencionados só são autorizados por quem tem poder de alienar. 
Somente o direito de usar e gozar da coisa pode ser cedido, a título gratuito ou oneroso, independentemente de aquiescência do nu-proprietário, que não pode vedá-lo. O direito de usufruto somente pode ser alienado ao nu-proprietário. Em virtude disto, o usufruto é exclusivo do usufrutuário.
3.2 DIREITO DE ACRESCER ENTRE USUFRUTUÁRIOS:
Se a legislação brasileira, veda o usufruto sucessivo, a mesma não impede que seja atribuído a vários titulares simultaneamente. Existem, nessa hipótese, comunheiros no usufruto, co-usufrutuários. O artigo 1.411 se refere a essa possibilidade:
“Constituído o usufruto em favor de duas ou mais pessoas, extinguir-se-á a parte em relação a cada uma das que falecerem, salvo se, por estipulação expressa, o quinhão desses couber ao sobrevivente”.
O artigo é aplicado, aparentemente, na comunhão usufrutuária pro diviso e pro indiviso. Deve ser levado em consideração, contudo que se o usufruto foi estabelecido em partes separadas e destacadas do bem, há tantos usufrutos quantas as porções individualizadas. Não existe propriamente co-usufruto, se cada um exerce o direito em parte certa e determinada de bem divisível.
Na comunhão usufrutuária efetiva, o instituidor deve ser expresso sobre o acréscimo. Esse artigo aplica-se apenas aos usufrutos instituídos por ato entre vivos. Se o instituidor não for expresso quanto ao direito de acrescer, o usufruto extingue-se parcialmente em relação ao usufrutuário falecido. Nessa hipótese, nasce o estranho estado jurídico de conviver o usufrutuário em comunhão com o nu-proprietário, que exerce os direitos de propriedade plena sobre parte ideal do bem sobre a qual foi extinto o usufruto. As relações de usufrutuário remanescente e nu-proprietário não se alteram, continuando a ser regida pelos mesmos princípios.
3.3 DIREITOS DO USUFRUTUÁRIO:
O usufrutuário tem como direitos em virtude do uso e gozo da coisa, posse direta, direito de utilização, administração e percepção de frutos, conforme previsto no artigo 1.394 do Código Civil. Esses direitos podem recair sobre coisas móveis e imóveis, ambos considerados direitos reais.
O usufrutuário exerce posse direta, podendo portanto, valer-se dos remédios possessórios, inclusive contra turbações do nu-proprietário, possuidor indireto. O nu-proprietário não pode obstar o uso e gozo da coisa cedidos ao usufrutuário. Possuindo direito de gozo, seu único limite é a manutenção da substância do bem. O título constitutivo, pode, no entanto, limitar ou restringir a fruição, sem desnaturar o usufruto a ponto de nulificá-lo. Sem qualquer restrição, esse direito de uso é amplo, aproximado do exercício atribuído ao proprietário pleno.
3.4 DEVERES DO USUFRUTUÁRIO: 
 Se comparada com os direitos as obrigações são menores. Como possuidor, deve defender a coisa de turbações ou reivindicações de terceiros, comunicando sempre ao nu-proprietário. Caso permita a perda ou deterioração da coisa por inércia sua, deve responder perante o nu-proprietário.
 Deve zelar pela substância da coisa, como bonus pater familias, de molde a estar apta a ser devolvida ao dono, findo o usufruto. A legislação preconiza a obrigação de inventariar, descrever a sua custa, o objeto do usufruto, o estado em que o recebe. Conveniente que a descrição seja mais detalhada, recomendável a atribuição de valores, embora não essencial. Deverá prestar caução real ou fiduciária por administrar e possuir bem alheio, se assim exigir o nu-proprietário (art. 1.400), garantindo-lhe a devolução da coisa.Deve ser suficiente para garantir o valor da coisa. Na falta de caução, que não puder ou não quiser ser prestada pelo usufrutuário, perde ele o direito à administração, que permanecerá com o nu-proprietário.
3.5 DIREITOS E OBRIGAÇÕES DO NU-PROPRIETÁRIO:
 Os direitos e obrigações do nu-proprietário são os mesmos contrapostos aos do usufrutuário. Exerce seu domínio limitado à substância da coisa, podendo utilizar os remédios jurídicos a ela relativos. Pode valer-se da ação reivindicatória e das ações possessórias contra terceiros, porque mantém posse indireta.
 Sua primeira obrigação é entregar a coisa para desfrute do usufrutuário. Não pode turbar a posse do usufrutuário nem intervir na administração, se esta não lhe foi conferida. Não pode, enfim, dificultar o exercício do usufruto. É direito do seu exigir caução antes da entrada do usufrutuário na posse dos bens, podendo tomar medidas acautelatórias no curso de seu exercício, a fim de resguardar o que a lei denomina de substância do bem.
 A nua-propriedade não fica fora do comércio. Pode ser alienada, gravada, sem que com isso se altere o direito do usufrutuário. Contudo o nu-proprietário mantém permanentemente o direito de fiscalizar a coisa, sua manutenção e destinação a fim de que possa tomar oportunamente as medidas de proteção para a devida restituição do bem.
3.6 EXTINÇÃO DO USUFRUTO: 
 As causas de extinção do usufruto estão previstas no artigo 1.410 do Código Civil.
Art. 1.410. O usufruto extingue-se, cancelando-se o registro no Cartório de Registro de Imóveis:
I - pela renúncia ou morte do usufrutuário;
II - pelo termo de sua duração;
III - pela extinção da pessoa jurídica, em favor de quem o usufruto foi constituído, ou, se ela perdurar, pelo decurso de trinta anos da data em que se começou a exercer;
IV - pela cessação do motivo de que se origina;
V - pela destruição da coisa, guardadas as disposições dos arts. 1.407, 1.408, 2ª parte, e 1.409;
VI - pela consolidação;
VII - por culpa do usufrutuário, quando aliena, deteriora, ou deixa arruinar os bens, não lhes acudindo com os reparos de conservação, ou quando, no usufruto de títulos de crédito, não dá às importâncias recebidas a aplicação prevista no parágrafo único do art. 1.395;
VIII - Pelo não uso, ou não fruição, da coisa em que o usufruto recai (arts. 1.390 e 1.399).
 A regra é que ao usufruto da pessoa natural é que não pode durar além da sua existência. A morte do usufruto o extingue-o, não sendo transferido aos seus herdeiros.
 
3.7 DIREITO REAL DE USO:
 Trata-se, portanto de modalidade de usufruto de menor âmbito, cujas regras se aplicam supletivamente (art. 1.413 C.C.) Enquanto o usufrutuário tem o ius utendi et fruendi, o usuário tem apenas o ius utendi, ou seja, o simples direito de usar de coisa alheia. No ato constitutivo, o concedente pode limitar e descrever o direito de uso, sem privá-lo da essência procurada pela lei.
 Difere do usufruto porque não pode ser cedido, nem mesmo a título gratuito. É também indivisível, não se admitindo que seja concedido pro parte. É instituído pelas mesmas modalidades do usufruto, com exceção da lei, pois não há direito de uso tal como concebido no direito privado, por ele criado. Pode ser atribuído a móveis e imóveis. 
3.8 DIREITO REAL DE HABITAÇÃO:
 É atribuído ao habitador o direito personalíssimo e temporário de residir em imóvel, não podendo ser cedido nem mesmo seu exercício. Cuida-se de direito real sobre coisa alheia, porque o titular reside em imóvel que não é seu.
“Art. 1.414. Quando o uso consistir no direito de habitar gratuitamente casa alheia, o titular deste direito não a pode alugar, nem emprestar, mas simplesmente ocupá-la com sua família”.
 O direito de usufruto pode ser instituído sob termo ou condição, como, por exemplo, quando concedido a alguém enquanto realiza seus estudos ou tratamento médico. O direito de habitação serve para proteger vitaliciamente alguém, provendo-o de um teto de moradia. 
4 - CONCLUSÃO:
O processo tem sua origem na partilha de bens em que foi questionada aquisição imobiliária durante a vigência do matrimônio, comprovada por documento de promessa de compra e venda apresentado pela autora, comprovando a utilização do usufruto por doação de forma simulada. O Art. 544 prevê que “A doação de ascendentes a descendentes, ou de um cônjuge a outro, importa adiantamento do que lhes cabe por herança”. Nessa situação, a autora, sendo meeira, precisava ter participado do negócio jurídico e ter anuído a doação da parte que lhe cabia do bem adquirido por promessa de compra de forma onerosa. Diante das provas apresentadas o pedido foi dado como procedente na instância inicial em favor da autora, pois ficou configurado doação inoficiosa por parte do réu, no que resultou na sentença de partilha do usufruto, passando ela a ter direito a 50%.
 Na tentativa de impedir a partilha do patrimônio, o réu apela utilizando em sua defesa o caráter personalíssimo do instituto para justificar seu direito de uso e gozo aderente ao bem imóvel. Porém o tribunal referendou a decisão do 1º grau com unanimidade, pois é entendimento consolidado no STJ que o uso desvirtuado do instituto do usufruto não deve prejudicar a meação de bem adquirido na constância da união do casal. Assim destaca o ministro Marco Aurélio Bellizze da 3ª turma:
"Reconhecido que ambos são titulares do direito real de usufruto, e não sendo viável o exercício simultâneo do direito, absolutamente possível a cessão do bem imóvel, a título oneroso, a terceiro (v.g., contrato de aluguel), cuja remuneração há de ser repartida, em porções iguais, entre os ex-cônjuges. Alternativamente, no caso de apenas um dos usufrutuários exercer o uso do bem, abre-se a via da indenização àquele que se encontra privado da fruição da coisa, compensação essa que pode se dar mediante o pagamento de valor correspondente à metade do valor estimado do aluguel do imóvel. Em qualquer hipótese, as despesas do imóvel hão de ser arcadas pelos dois usufrutuários."
O Usufruto é um instituto consolidado no rol dos direitos reais, pois tem característica marcante como alternativa em vida a um futuro inventário familiar, os quais habitualmente implica em discussões e brigas. Infelizmente situações e simulações como a abordada acima ocorrem demasiadamente em nossa sociedade, pois o direito que é criado para tutelar a dignidade e proteção das pessoas, muitas vezes é fraudado e desvirtuado de sua função principal.
 
Referências:
CASSETTARI, Christiano, Elementos do D. Civil. Volume Único. 7. Ed. São Paulo: Saraiva, 2019. p. 529
Stolze, Pablo; Pamplona Filho. Manual de Direito Civil. São Paulo: Saraiva, 2017. Volume Único. p. 1098.

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