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Fundamentos basicos da Grupoterapia

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Centro Universitário Campo Real
FUNDAMENTOS BÁSICOS DAS GRUPOTERAPIAS
Suliane Aparecida Eckert
Introdução
O livro aborda a questão de como o comportamento humano é dependente de relações interpessoais e do contexto grupal. A definição de “grupo	“, no entanto, não é meramente a somatória de pessoas. Um grupo é uma unidade estruturada que possui regras e mecanismos próprios e específicos. Ele se organiza a serviço de seus membros, que estão ligados por interações afetivas e reunidos por uma tarefa e objetivos comuns.
Com a aprendizagem centrada nos processos grupais, há possibilidade de uma nova elaboração de conhecimento, de integração e de questionamentos acerca de si e dos outros. Dentro da psicologia social, a modalidade de grupos terapêuticos como propósito da relação grupal uma terapia sob orientação de um ou mais coordenadores.
O autor nos mostra como ocorre o processo seleção e formação dos grupos terapêuticos, que demanda do profissional conhecimento e objetivos claros de forma a consolidar grupos dinâmicos e compromissados com a terapia, evitando assim o desenvolvimento de resistências e abandonos prematuras. 
Ainda, aborda e exemplifica os fenômenos e comportamentos que são frequentemente observados em grupoterapias, tais como transferência, cotransferência e acting. Além disso, norteia o processo de aquisição de insights, elaboração e resultados terapêuticos.
Por fim, a obra evidencia o potencial terapêutico da grupoterapia, deixando claro que essa estratégia não é indicada para todo paciente, assim como também não é uma modalidade em que todo profissional pode atuar. Ela demanda do terapeuta requisitos específicos, tais como capacidades de “continência” e discriminação, mas principalmente, o profissional deve acreditar na grupoterapia. 
Resumo
O ser humano é gregário, e ele existe em função de suas relações interpessoais. Os comportamentos humanos, suas interações e transformações ocorrem dentro de ambientes sociais e, portanto, dependem de um contexto grupal. 
O indivíduo está frequentemente convivendo e interagindo com diferentes grupos, que mudam ao longo do tempo. Dessa forma, o ser humano busca uma identidade grupal e social ao mesmo tempo desenvolve sua identidade individual. 
O contato grupal ocorre desde seu nascimento, em que ele participa do agrupamento natural que é a família. À medida que cresce e cria novos contatos, os grupos vão se ampliando e renovando, tais como escolas em que estuda, locais de trabalho, grupos de amigos com interesses em comum, entre outros.
A definição do que é um grupo pode ser vaga e imprecisa, porém há requisitos para caracterizá-lo. Primeiramente, um grupo comporta como se fosse uma individualidade, tendo leis e mecanismos próprios e específicos. Além disso, há uma interação afetiva entre seus membros, que estão reunidos em torno de uma tarefa e objetivos comuns. Sendo assim, o grupo deve ter objetivos definidos de forma clara e também deve levar em consideração uma estabilidade de espaço, tempo, regras e outras variáveis que delimitam e normatizam a atividade grupal proposta.
Ainda, o grupo é uma unidade que se manifesta como uma totalidade. Ele se organiza a serviço de seus integrantes, havendo reciprocidade. Portanto, é fundamental que dentro do grupo fiquem preservadas identidades específicas de seus integrantes, assim como é essencial a manutenção da comunicação entre eles, sendo ela visual, auditiva, verbal e conceitual.
A psicologia social privilegia o grupo como unidade de interação. A aprendizagem centrada nos processos grupais coloca em evidência a possibilidade de uma nova elaboração de conhecimento, de integração e de questionamentos acerca de si e dos outros.
As modalidades grupais se ramificam em grupos operativos e terapêuticos. A técnica de grupo operativo consiste em um trabalho com grupos, cujo objetivo é promover um processo de aprendizagem para os sujeitos envolvidos. Assim, pode ser utilizada no contexto de ensino-aprendizagem, instituições ou comunitário. Já os grupos terapêuticos, por sua vez, têm como propósito da relação grupal uma terapia sob orientação de um ou mais coordenadores. Os grupos terapêuticos podem ser classificados em autoajuda, em que é composto por indivíduos portadores de uma mesma categoria de necessidade; ou psicoterápicos propriamente dito, entre os quais se situam grupos na área psicanalítica, psicodramática, a da teoria sistêmica, e da corrente cognitivo-comportamentalista. 
A formação de um grupo terapêutico de base analítica é um processo e possui etapas. A primeira é o encaminhamento de pacientes. É recomendado iniciar com poucos indivíduos, mantendo comunicação regular e sessões individuais caso necessário. É fundamental que o grupoterapeuta tenha uma definição clara quanto ao nível de seus objetivos e de qual tipo de paciente que ele aguarda que lhe seja encaminhado.
Após esta etapa, há a necessidade de seleção dos pacientes encaminhados. Aconselha-se entrevistar o paciente de forma a confirmar se a grupoterapia é indicada ou não a ele, evitando assim o abandono prematura do tratamento. Por fim, há a etapa de compor o grupo. É essencial definir a homogeneidade e heterogeneidade do grupo de interesse, seja quanto a características como idade, sexo, classe diagnóstica, estilo de comunicação, entre outros.
Dessa forma, observa-se que a formação de um grupo é mais do que a somatória de pessoas com problemas exclusivamente pessoais. A grupoterapia gera um ambiente dinâmico, em que se entrelaçam simultaneamente medos, desejos, necessidades, etc. Por isso, é preciso que o grupoterapeuta consiga identificar os principais elementos que compões a dinâmica grupal. Dentre eles, há estados de ansiedade, que sinalizam perigos ao equilíbrio interno; mecanismos de defesa e identificações.
O grupo terapêutico, por sua vez, comporta-se da mesma maneira que qualquer outro grupo social e, portanto, apresenta uma distribuição complementária de papéis e posições entre seus integrantes. Assim os indivíduos adquirem sua própria identidade dentro do grupo. São vários os papéis que podem se desenvolver dentro dele, porém os mais comumente observados são o porta-voz, instigador, sabotador, líder, etc.
A liderança emerge no grupo e são várias as definições para caracterizar o conceito de “líder”. No entanto, elas levam ao conceito de que o líder comanda e sua liderança é aceita de forma autônoma pelos membros do grupo. Com isso em mente, um indicador da evolução de uma grupoterapia é a verificação de alternância de e modificação de papéis desempenhados pelos integrantes, em especial aos papéis de liderança.
Portanto, cada grupo possui sua estrutura e enquadre grupal, isto é, o conjunto de regras, atitudes e combinações do grupo. Ele varia de acordo com o nível do objetivo e tipo de formação da grupoterapia. Todavia, outro elemento inerente ao enquadre é a “atmosfera grupal”, que depende da atitude afetiva do grupoterapeuta e de seu estilo pessoal de trabalho; mas sempre mantendo as regras técnicas clássicas da psicanálise de Freud: livre associação de ideias, abstinência, neutralidade e atenção flutuante.
A livre associação de ideias se baseia no livre fluxo de pensamento do paciente, em que deve dizer tudo que lhe venha à mente, sem censura ou seleção prévia; sendo estimulado para que ele mesmo encontre elos associativos entre o que diz e pensa, sente e faz. Entretanto, essa regra sofre modificações no grupo terapia, pois apesar do fluxo de pensamentos e sentimentos partir livremente do membro, a cadeia associativa se processa entre o grupo. Dessa maneira, observa-se um fenômeno específico dos grupos conhecido como “ressonância, que consiste na comunicação inconsciente entre os integrantes. Nela, alguma experiência individual de um participante provoca uma vibração no mundo psíquico dos outros.
Já a regra da neutralidade diz respeito à imparcialidade, ou seja, o terapeuta deve aceitar o paciente pelo que ele é, sem ter preferência pelas escolhas dele. Essa regra é muito ameaçada em grupoterapiadevido à multiplicidade de estímulos. O grupoterapeuta deve manter um intercâmbio afetivo com os pacientes, porém não pode haver comprometimento dos limites e da hierarquia do enquadre grupal.
A regra da abstinência está ligada ao nível de envolvimento que o terapeuta tem com o paciente, e defende que o tratamento analítico deve ser conduzido de modo que o paciente encontre o mínimo possível de satisfações substitutivas para seus sintomas. Em grupoterapias, ela destaca que os pacientes e grupoterapeuta devem se abster em comentar com outras pessoas o que se passa dentro do grupo.
Porém, com o tempo, estabelece-se um sentimento de confiabilidade dentro do grupo e seus integrantes permitem a participação de outras pessoas, como familiares e pessoas próximas, sem que afete o enquadre grupal. O desenvolvimento dessa confiança pode ser um desafio à grupoterapia. A situação grupal tem vantagens e desvantagens em relação à terapia individual, pois a presença do grupo pode incitar o indivíduo a ocultar seus sentimentos e aflições, mas ao mesmo tempo a franqueza dos demais participantes pode incentivar o paciente a se expressar. 
Além disso, como parte do desenvolvimento e estabelecimento da unidade grupal, observa-se a função “continente” do enquadre grupal. O grupo começa como um aglomerado de indivíduos sem coesão entre si, e é no grupoterapeuta que o grupo irá se apoiar para evoluir para uma situação de integração e identidade social e grupal. 
Por conseguinte, essa é uma das resistências que surgem nas grupoterapias que podem atrapalhar a continuidade do trabalho. Alguns exemplos de resistência, além da confiabilidade entre os membros, são atrasos e faltas, surgimento de líderes com papel negativo, prejuízo da comunicação verbal, como pacientes monopolizadores ou silenciosos. Sendo assim, as resistências e causas são as mais variadas e, portanto, é importante que o grupoterapeuta saiba discriminar as resistências que possam interferir no processo e identificar os autores e causas delas.
O terapeuta, no entanto, não é imune às questões de resistência de seus pacientes. Ele, como um ser psíquico, tem suas necessidades sempre presentes, questões inconscientes e questões narcísicas. Essa questão é caracterizada como contra resistência, fenômeno em que as resistências dos pacientes mobilizam uma resposta análoga do terapeuta.
Os sinais da contra-resistência são modificações sucessivas e frequentes do enquadre grupal, estagnação dos objetivos propostos, e imutabilidade de papéis. Logo, se o grupoterapeuta apresentar determinada resistência, o grupo todo tende a se identificar com ela.
Outros fenômenos que podem ser observados é o da transferência, que ocorre quando se projeta em pessoas do convívio presente, figuras importantes do passado do paciente; e contransferência, na qual o terapeuta experimenta emoções em relação ao paciente no decorrer de uma análise. Sendo assim, são projeções típicas entre paciente e terapeuta e podem se caracterizar de forma positiva ou negativa. Em um grupo, todavia, observa-se com frequência uma multiplicidade de vetores transferenciais denominadas “transferências cruzadas”, e sua manifestação varia de acordo com o momento evolutivo do grupo e necessidades de seus integrantes. 
A grupoterapia, por envolver maior número de pessoas, também é a modalidade que mais propicia o surgimento de problemas de comunicação e interpretação. Portanto, também é importante que o terapeuta saiba como lidar com essas situações para evitar resistência e atritos dentro do grupo. Para tanto, há mudanças em vários aspectos, tais como estimular os próprios pacientes a realizar a função interpretativa, maior valorização de aspecto cotransferenciais, e outros.
Uma conduta observada na terapêutica é o acting, ou atuação, um termo que indica ações impulsivas que uma pessoa pode ter e contradiz seu comportamento comum. Ela se manifesta como uma forma de comunicação não-verbal, de natureza primitiva, como uma tentativa de preencher vazios e acalmar.
Na terapia em grupo, há maior probabilidade do acting estar presente. Isso ocorre com frequência em grupos com adolescentes. O acting é recorrente em situações em que há quebra de sigilo, controle, acasalamento, convívio social, etc. Há ainda a possibilidade do grupoterapeuta contra-atuar, podendo perder os limites da hierarquia; então é essencial que esse comportamento deve ser cuidadosamente avaliado.
Por fim, o processo de aquisição de insight, de elaboração e os resultados terapêuticos estão ligados entre si. A aquisição do insight, ou seja, da visão interna, ocorre a partir da interpretação do terapeuta e ocorre de forma temporal em modos distintos: intelectivo, cognitivo e afetivo. Como vantagem da grupoterapia, ela permite a obtenção de uma visão interna mais profunda, com identificação projetivas e introjetivas, apropriação e expropriação de papéis, mal-entendidos de comunicação, e dialética entre identidade individual e social. 
Em seguida, tem-se a elaboração, que consiste na aquisição de um insight total e definitivo a partir de insights parciais. Na terapia em grupo, no entanto, deve-se levar em consideração que o processo de elaboração e de mudança tenha ritmos diferentes entre os integrantes. Já a cura, por sua vez, é relativa e imprecisa e mais difícil de conceituar.
Os resultados da terapia podem ser divididos em benefícios terapêuticos, os quais abrangem três níveis: resolução de crises situacionais; remoção de sintomas; e melhoras adaptativas, sendo que nessa o paciente consegue melhorar seu padrão de ajuste, seja familiar ou social, porém pode apresentar recaídas. Ademais, também são divididos em resultados analíticos, os quais ocorreram por conta de mudanças estruturais e, assim, caracterizam-se por modificações de características e de conduta mais estáveis.
Portanto, como visto, a grupoterapia se apresenta como uma estratégia eficiente. Entretanto, nem todo terapeuta tem indicação para atuar nessa modalidade. Para que o profissional possa seguir nessa área, há alguns requisitos que deve cumprir. O grupoterapeuta deve gostar de trabalhar com grupos de pacientes e é indispensável que acredite nessa estratégia terapêutica. Além disso, deve apresentar as capacidades de ser “continente”, empatia, intuição, comunicação, discriminação e resiliência, podendo suportar as pressões internas e externas; e apresentar forte senso de ética e respeito.
Conclusão
Acredito que a principal contribuição do livro foi evidenciar de forma transparente e objetiva a importância da competência e do preparo do terapeuta para indicação da melhor terapêutica ao paciente e, assim, para a obtenção de resultados satisfatórios. 
A grupoterapia, apesar de menos conhecida que a terapia individual, apresenta o mesmo potencial, porém mostra-se como um desafio a mais, pois a heterogeneidade de personalidades e estilos dentro do grupo pode causar atritos e descontinuidade do tratamento. 
Nesse contexto, mostra como a dedicação do grupoterapeuta é fundamental durante o processo, desde o encaminhamento dos pacientes até a elaboração do resultados, além de apontas os principais requisitos que o profissional deve possuir para se especializar nessa área.

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