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CACD História do Brasil - O Processo de Independência - pontos 2.2 e 2.3 do edital

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História do Brasil
OBS.: Esse material é um resumo dos pontos 2.2 e 2.3 do Edital do Concurso de Admissão à Carreira Diplomática e pode sofrer alterações com o passar do tempo. A principal fonte é o livro História do Brasil de Boris Fausto.
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2.2 - A SITUAÇÃO POLÍTICA E ECONÔMICA EUROPEIA;
 
 Em 1776, as colônias inglesas da América do Norte proclamaram sua independência. A partir de 1789, a Revolução Francesa pôs fim ao Antigo Regime na França. Enquanto isso, ocorria a Revolução Industrial na Inglaterra. Na busca pela ampliação dos mercados, os ingleses impõem ao mundo o livre comércio e o abandono dos princípios mercantilistas, ao mesmo tempo que tratam de proteger seu próprio mercado e o de suas colônias com tarifas protecionistas. 
 
 Há ainda um fator importante: a tendência por limitar ou extinguir a escravidão, manifestada pelas maiores potências europeias, Inglaterra e França. Em fevereiro de 1794, a França revolucionaria decretou o fim da escravidão em suas colônias; a Inglaterra faria o mesmo em 1807. Lembremos, porém, quanto à França, que Napoleão revogou a medida em 1802. Todo esse processo daria inicio ao Capitalismo Industrial, que se relaciona com a ascensão da burguesia ao poder. O fim da aristocracia e a consolidação da burguesia como classe dirigente foi um processo complexo, variável de país a país, tecido por alianças de classe e pelo papel do Estado. 
 
 Após a Revolução Francesa, Napoleão chegou a poder e a era napoleônica é marcada por uma guerra principalmente com a Inglaterra. Napoleão não possuía meios para lutar diretamente com a Inglaterra, devido a isso, seu objetivo foi enfraquecer as tropas inglesas, ao instituir um bloqueio continental. Contudo, o elo fraco desse bloqueio passou a ser Portugal por não poder quebrar laços com um dos seus principais aliados. Assim, Bonaparte decidiu atacar Lisboa, o que resultou no deslocamento da família Real para o Brasil.
 
 Na ausência de Dom João, Portugal foi governado, após a derrota de Napoleão, por um conselho de regência presidido pelo marechal inglês Beresford. Depois da guerra, Beresford se tornou o comandante do Exército português.
 
 
2.3 - O BRASIL SEDE DO ESTADO MONÁRQUICO PORTUGUÊS;
 
 Em novembro de 1807, tropas francesas cruzaram a fronteira de Portugal com a Espanha e avançaram em direção a Lisboa. O Príncipe Dom João, que regia o reino desde 1792, decidiu-se pela transferência da Corte para o Brasil, ou nas palavras de Maria Odila Dias "a interiorização da Metrópole". Entre 25 e 27 de novembro de 1807, cerca de 10 a 15 mil pessoas embarcaram em navios portugueses rumo ao Brasil, sob a proteção da frota inglesa. Todo um aparelho burocrático vinha para a Colônia: ministros, conselheiros, juízes da Corte Suprema, funcionários do Tesouro, patentes do exército e da marinha, membros do alto clero. Seguiam também o tesouro real, os arquivos do governo, uma máquina impressora e várias bibliotecas que seriam a base da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
 
 Dom João decretou a abertura dos portos do Brasil às nações amigas. Nações amigas à época era equivalente a Inglaterra e foi uma manobra já prevista tendo em vista que a metrópole estava ocupada por tropas francesas, mas ainda assim marcou o fim de trezentos anos do sistema colonial. Logo após, já no Rio de Janeiro, o príncipe regente revogou os decretos que proibiam a instalação de manufaturas na Colônia, isentou de tributos a importação de matérias-primas destinadas à indústria, ofereceu subsídios para as indústrias da lã, da seda e do ferro, encorajou a invenção e introdução de novas máquinas.
 
 A Inglaterra foi a principal beneficiária da medida e passou a basicamente controlar os portos brasileiros. A abertura dos portos favoreceu também os proprietários rurais produtores de bens destinados à exportação (açúcar e algodão principalmente), os quais se livravam do monopólio comercial da Metrópole. Mas a medida contrariou os interesses dos comerciantes, a ponto do príncipe Dom João ter de fazer algumas concessões. O comércio livre foi limitado ao porto de Belém, São Luís, Recife, Salvador e Rio de Janeiro; o chamado comércio de cabotagem, ou seja, entre portos da Colônia, ficou reservado a navios portugueses; o imposto sobre produtos importados, que fora fixado em 24% do valor da mercadoria, foi reduzido para 16%, quando se tratasse de embarcações portuguesas. Posteriormente essa medida foi alterada com o Tratado de Navegação e Comércio feito com a Inglaterra em que a tarifa paga sobre as mercadorias inglesas exportadas para o Brasil passou a ser de 15%.
 
 A Inglaterra passou a lutar também pelo fim da escravidão e com isso houve algumas tentativas de controle do comércio português de escravo. O Tratado de Aliança e Amizade, a Coroa portuguesa se comprometia a comercializar apenas em territórios sob seu domínio e tomar medidas para restringi-lo. Além disso, após a vitória contra Napoleão, com o Congresso de Viana de 1815, o governo português assinou novo tratado, concordando com a cessação do tráfico ao norte do equador e ainda havia uma cláusula que permitia a visita de ingleses a navios portugueses considerados suspeitos. Em teoria, essa medida deveria cessar o tráfico de escravos, mas na prática foi registrado um aumento no início de 1820, do que era no começo do século.
 
Política externa:
 A política externa do Brasil passou a ser decidida na Colônia, instalando-se no Rio de Janeiro o Ministério da Guerra e Assuntos Estrangeiros. Além de realizar uma expedição à Guiana Francesa, incentivada pela Inglaterra, a Coroa concentrou sua ação no Prata, especificamente na Banda Oriental - atual Uruguai. Foram realizadas duas intervenções militares, 1811 e 1816, com o objetivo de anexar essa região ao Brasil. Em 1821. houve a incorporação da Banda Oriental, chamada de Província de Cisplatina.
*Expedição à Guiana:
 Em represália à invasão de Portugal, dom João declarou guerra à Franca e, em 22/03/1808, mandou invadir a Caiena, capital da Guiana Francesa, território que sempre foi objeto de conflito, por conta da definição dos limites da fronteira da América Portuguesa. Mesmo com a rendição, os portugueses arrasaram com a colônia e a mantiveram como trunfo para futura negociação com a França. Essa oportunidade ocorreu no Congresso de Viena (1815) em que tiveram que devolver a colônia mesmo a contragosto de d. João, porém que nada pôde fazer pois não possuía o apoio da Inglaterra, que era contra a expansão lusitana na América. Ela foi devolvida em 1817, em troca do reconhecimento do rio Oiapoque como limite entre o Brasil e a Guiana Francesa.
 Com a vinda da Coroa, muitas coisas mudaram. O eixo da vida administrativa da Colônia se deslocou definitivamente para o Rio de Janeiro. Esboçou-se uma vida cultural. O acesso aos livros e a uma relativa circulação de ideias foram marcas distintivas desse período. Passou a ter imprensa, mas era controlada pela Coroa para que não fosse publicado nada contra "o governo, a religião e os bons costumes". Ao transferir-se para o Brasil, a Coroa não deixou de ser portuguesa e favorecer os interesses portugueses no Brasil.

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