Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
GESTÃO DO CONHECIMENTO E COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL: ESTUDO DA APLICAÇÃO DE UM MODELO DE COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL PARA DISSEMINAÇÃO DO CONHECIMENTO Cláudio Oliveira Gonçalves Djenane da Silveira Filuszteck Ramos Marcio Sá dos Santos PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇAO EM ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ESPECIALISTA EM GESTÃO DO CONHECIMENTO E INTELIGÊNCIA EMPRESARIAL. Aprovado por: _______________________________________________ Prof. Marcos do Couto Bezerra Cavalcanti, D.Sc. _______________________________________________ Prof. Paulo Josef Hirsch, D.Sc. RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL DEZEMBRO / 2009 - 2 - GONÇALVES, O. CLAUDIO; RAMOS, F. S. DJENANE; SANTOS. SÁ. MÁRCIO Gestão do Conhecimento e Comunicação Organizacional: Estudo da aplicação de um modelo de comunicação organizacional para disseminação do conhecimento / Cláudio Oliveira Gonçalves, Djenane da Silveira Filuszteck Ramos, Márcio dos Santos Sá, - Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2009. XII, 83 p.: il.; 29,7 cm Orientador: Paulo Josef Hirsch Especialização (Projeto Final) – UFRJ/COPPE/Programa de Engenharia de Produção, 2009. Referências Bibliográficas: p. 81-83. 1. Gestão do Conhecimento. 2. Comunicação Organizacional. 3. Cultura Organizacional. 4. Tecnologia da I. Hirsch, Paulo Josef. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE, Programa de Engenharia de Produção. III. Título. - 3 - AGRADECIMENTOS Nesse tão singelo momento, gostaríamos de agradecer em primeiro lugar a Deus, autor e consumador de nossa fé, por nos fazer fortes quando já não tínhamos força, por nos fazer enxergar quando nossos olhos não podiam ver, por nos fazer sonhar quando nossos sonhos já se encontravam em ruínas, por aumentar nossa fé quando tudo parecia perdido. Foi Ele quem nos proporcionou a oportunidade de vivenciar este desafio e ao mesmo tempo condições para cumpri-lo. Gostaríamos também de agradecer a todos os nossos familiares que, sem exceção, foram nossos portos seguros após momentos de muita tempestade, fazendo com que repousássemos calmamente para termos motivação de enfrentar esse mar novamente. Além do grupo, muitas pessoas tiveram a disposição de colaborar prestando informações, sugerindo correções, dispondo de seus tempos para auxiliar e incentivar o propósito deste estudo, entre outros. A todas elas o nosso sincero agradecimento e que Deus as abençoe. Agradecemos também ao nosso orientador Paulo Josef por acreditar em nosso potencial, fazendo com que cada encontro fosse uma injeção de ânimo em nossa trajetória acadêmica e profissional. Aos professores que cruzaram nossos caminhos durante a trajetória do MBKM, compartilhando seus conhecimentos e nos orientando inúmeras vezes em nossa caminhada pessoal e profissional. Por fim, à Paula Salgado pela disponibilidade e simpatia que nos conduziu nesse período dedicado ao MBKM. Aqueles que não citamos por serem muitos, mas tão importantes quanto, a nossa eterna gratidão. - 4 - DEDICATÓRIA Este trabalho é dedicado a minha esposa Gisela que sempre me incentivou e se manteve confiante na trajetória percorrida nesse período do MBKM, compartilhando angústias, receios, descrenças, esperanças. Aos meus pais, eternos mestres, que, saindo um dia de uma terra distante, sonharam com esse momento e não mediram esforços para que se concretizasse. E, finalmente, aos meus grandes amigos que tanto me apoiaram e fizeram com que tivesse forças para continuar nessa caminhada, em especial, ao Jeferson e à Renata. Claudio Gonçalves Dedico este trabalho à minha amada família, minha amiga Fabi pelos momentos e experiências vividos juntos, e pelo carinho e cuidado que tiveram comigo, nos mais diversos e difíceis momentos que passei durante este estudo e ainda para a querida Ivone que, desprendidamente nos enriqueceu com todo seu conhecimento para que pudéssemos concluir com êxito esta obra. Djenane Filuszteck A minha família, que sempre me apoiou, pela sua compreensão, paciência, nos momentos que fui ausente para perseguir este objetivo, quando agiram de maneira compreensiva e companheira ao longo do estudo. Márcio Sá - 5 - Resumo do Projeto Final apresentado à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Especialista em Gestão do Conhecimento e Inteligência Empresarial. GESTÃO DO CONHECIMENTO E COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL: ESTUDO DA APLICAÇÃO DE UM MODELO DE COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL PARA DISSEMINAÇÃO DO CONHECIMENTO Cláudio Oliveira Gonçalves Djenane da Silveira Filuszteck Ramos Marcio Sá dos Santos Dezembro/2009 Orientador: Paulo Josef Hirsch Programa: Engenharia de Produção O presente trabalho tem o propósito final de promover uma mudança comportamental/cultural em uma empresa brasileira de capitalização, líder de mercado em sua área de atuação se utilizando, para isso, de um estudo sobre o processo de comunicação organizacional e da gestão de conhecimento no ambiente corporativo. Assim, o que se pretende com este trabalho é se utilizar da inexistência de uma política de comunicação organizacional para promover a construção da mesma se utilizando de práticas de gestão do conhecimento. Através dessa adoção de práticas de Gestão do Conhecimento, procura-se contemplar sugestões de melhorias que iniciem um processo de Gestão do Conhecimento, estabelecendo uma política de comunicação interna através do uso de ambientes colaborativos que facilitarão também a questão mais eminente relatada pelos colaboradores, que é o problema de busca de documentos que, hoje, estão impactando na efetividade nas rotinas diárias. Com isso, pretende-se semear a mudança comportamental/cultural instaurada numa organização que possui forte influência do “jeito conservador” do sócio majoritário. Palavras-chave: comunicação organizacional, gestão do conhecimento, cultura organizacional e ambiente colaborativo. - 6 - Abstract of Final Project presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of specialist in knowledge Management and Enterprise Intelligence. KNOWLEDGE MANAGEMENT AND ORGANIZATIONAL COMMUNICATION: A STUDY OF THE APPLICATION OF A MODEL OF ORGANIZATIONAL COMMUNICATION FOR DISSEMINATION OF KNOWLEDGE Cláudio Oliveira Gonçalves Djenane da Silveira Filuszteck Ramos Marcio Sá dos Santos December/2009 Advisor: Paulo Josef Hirsch Departament: Industrial Engineering This work has the ultimate purpose of promoting behavior/cultural change in a Brazilian capitalization company, the market leader in its area of operation is using for this, a study on the process of organizational communication and knowledge management in corporate environment. So what we propose in this paper is to use the absence of a policy of organizational communication to promote the building is using the same practices of knowledge management. Through this adoption of practices of Knowledge Management, seeks to include suggestions for improvements to begin a process of Knowledge Management, establishing a policy of internal communication through the use of collaborative environments which would also question the most prominent reported by employees, who is the problem of searching for documents that today are impacting on the effectiveness in daily routines. Thus, it is intended to sow behavioral change / cultural established organization that has a strong influence of the "conservative way" the majority stakeholder. Keywords: organizational communication, knowledge management,organizational culture and collaborative environment. - 7 - SUMÁRIO 1. Introdução ................................................................................................................... - 12 - 1.1. Objetivos .............................................................................................................. - 13 - 1.1.1. Objetivos Gerais ............................................................................................. - 13 - 1.1.2. Objetivos Específicos ..................................................................................... - 13 - 1.2. Procedimentos metodológicos .............................................................................. - 14 - 2. Caracterização do Problema ....................................................................................... - 14 - 3. Contextualizando o tema ............................................................................................. - 16 - 4. Contextualização da Empresa ..................................................................................... - 18 - 5. Diagnóstico do Problema ............................................................................................ - 19 - 6. Relevância do Trabalho ........................................................................................... - 23 - 6.1. Delimitações do Trabalho ..................................................................................... - 24 - 7. Gestão do Conhecimento ............................................................................................ - 24 - 7.1. Abordagem Conceitual ......................................................................................... - 27 - 7.1.1. Conhecimento ................................................................................................ - 27 - 7.1.2. A Conversão do Conhecimento ...................................................................... - 32 - 7.2. Informação e Conhecimento no Contexto Organizacional .................................... - 34 - 8. Comunicação Organizacional ...................................................................................... - 37 - 8.1. Conceito de Comunicação .................................................................................... - 37 - 8.2. Definições de Comunicação Organizacional ......................................................... - 37 - 8.2.1. Evolução da comunicação organizacional ...................................................... - 39 - 8.2.2. O Processo de Comunicação nas Organizações ........................................... - 40 - 8.2.3. Fluxos da Comunicação ................................................................................. - 42 - 8.3. Comunicação Organizacional como suporte à Gestão do Conhecimento ............. - 43 - 8.3.1. Evolução – Comunicação “Um para Muitos” na Web ..................................... - 45 - 8.3.2. Evolução – Comunicação “Muitos para Muitos” na Web ................................ - 46 - 8.4. Comunicação Organizacional como Estratégia de Negócios ................................ - 47 - - 8 - 9. Tecnologia da Informação ........................................................................................... - 50 - 9.1. As Tecnologias da informação e comunicação: o papel nas organizações .............. - 51 - 9.2. A Tecnologia da Informação e comunicação na Gestão do Conhecimento........... - 55 - 9.3. Ferramentas Tecnológicas de Apoio a Gestão do Conhecimento ......................... - 58 - 10. Estudo de Caso ......................................................................................................... - 62 - 10.1. Estrutura organizacional ..................................................................................... - 62 - 10.2. Perfil das pessoas .............................................................................................. - 62 - 10.3. Ferramentas tecnológicas usadas para disseminação do conhecimento ............ - 63 - 10.4. Processo de criação e armazenagem do conhecimento organizacional ............. - 65 - 10.5. Soluções propostas ....................................................................................... - 66 - 10.6. A Solução ...................................................................................................... - 70 - 10.7. Análise dos resultados do estudo .................................................................. - 75 - 11. Considerações Finais ........................................................................................... - 77 - 11.1. Sugestões de melhorias em estudos futuros ...................................................... - 79 - 12. Referências Bibliográficas .................................................................................... - 81 - - 9 - ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1: O processo de comunicação e gestão do conhecimento. 16 Figura 2: Modelo que ilustra as relações entre processos de comunicação, cultura e gestão do conhecimento. 22 Figura 3: Modelo que representa um diagnóstico das relações entre processos de comunicação, cultura e gestão do conhecimento. 22 Figura 4: Abrangência dos termos: Dados x Informação x Conhecimento. 31 Figura 5: Modos de conversão do conhecimento. 33 Figura 6: Espiral do Conhecimento. 34 Figura 7: Representação dos tipos de fluxos de comunicação nas organizações. 42 Figura 8: Gráfico de Geração de Riqueza. 44 Figura 9: Modelo de comunicação de massa – um para muitos. 45 Figura 10: Modelo de comunicação de massa – muitos para muitos. 47 Figura 11: Evolução da tecnologia da informação e comunicação nas organizações. 53 Figura 12: Modelo que representa um diagnóstico das relações entre processos de comunicação, cultura e gestão do conhecimento. 68 Figura 13: Modelo que representa um diagnóstico das relações entre processos de comunicação, cultura e gestão do conhecimento. 69 Figura 14: Modelo que representa um diagnóstico das relações entre processos de comunicação, cultura e gestão do conhecimento. 78 - 10 - ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1: Conceitos de Gestão do Conhecimento. 25 Tabela 2: Os princípios da organização do conhecimento. 28 Tabela 3: A evolução da Literatura científica relacionada a gestão do conhecimento. 29 Tabela 4: Diferenciando dados, informação e conhecimento. 31 Tabela 5: Evolução dos Sistemas de Informação. 56 - 11 - GLOSSÁRIO Blogs - abreviação de weblogs. Eles já são usados há algum tempo, mas eram tratados como diários pessoais, nos quais as pessoas escreviam sobre hábitos, preferências e rotinas. Competência – combinações sinérgicas de conhecimentos, habilidades e atitudes que permitam expressar o desempenho demandado no contexto de atuação. Estratégia – categoria geral ou tipo de ação para se atingir determinado objetivo. FAQ - acrônimo da expressão inglesa Frequently Asked Questions, que significa Perguntas Frequentes. Um FAQ, quando usada num contexto pluralista, significa uma compilação de perguntas frequentes acerca de determinado tema. Fórum – espaços privilegiados para a discussão e compartilhamento de idéias, informações e experiências. Com isso, essa prática contribui para a disseminação de conhecimentos e para o desenvolvimento de determinadas competências. Intranet – prática que visa preservar a memória organizacional. Além disso, tem a função de divulgação de assuntos de interesse da organização e dos seus colaboradores. GC – Gestão do Conhecimento. Organização - agrupamento formal de pessoas e diversos recursos que tem como propósito alcançar metas e objetivos, como a produção de mercadorias e serviços. TICs – tecnologias de informação e comunicação.Wikis - sites que permitem a edição da própria página utilizando ferramentas de formatação, sem necessidade de conhecimentos sobre HTML. - 12 - 1. Introdução A área de estudo que trata do tema “Gestão do Conhecimento” ou da ”Gestão de pessoas na era do conhecimento”, ao longo de sua trajetória, tem dedicado cada vez mais esforços em busca da compreensão dos contextos nos quais ocorrem os processos de comunicação e como eles se relacionam com o conhecimento e seu respectivo gerenciamento. Esse fato se torna mais evidente quando se percebe que a gestão do conhecimento não existe de forma isolada, influenciando também as teorias de gestão de pessoas, de tecnologia da informação, de gestão organizacional, de processos, entre outras. Prova disso é o cenário traçado pelas organizações, ao longo de suas trajetórias, buscando transformações importantes em suas estruturas e processos em função do aparecimento e, da conseqüente, evolução das formas de se gerir as pessoas, os processos, enfim, o próprio conhecimento. Todavia, sabe-se que mudanças geram incertezas, receios e resistências quando não são comunicadas de forma clara e transparente. Esse fato faz com que as organizações busquem não só uma forma mais equilibrada de gerir as pessoas, mas também procuram constantemente encontrar alternativas de melhorar a comunicação para diminuir o impacto dessas mudanças sobre os colaboradores. E nesse momento, algumas ferramentas e/ou práticas de gestão do conhecimento são fundamentais para uma melhor disseminação, geração e compartilhamento das informações sobre a empresa. Neste contexto, significa dizer que a informação se utiliza de formas de linguagem distintas, ou seja, escrita, falada e audiovisual, para transmitir uma mensagem. Seguindo essa linha de raciocínio, segundo MORESI (2000), a informação é um recurso importante para a organização e pode ser utilizada como instrumento de gestão. O conhecimento, segundo DAVENPORT e PRUSAK (1998), é definido como o resultado entre experiências construídas, valores, informação contextual e perspicácia do especialista que provê uma estrutura para avaliar e incorporar novas experiências e informação. Nas organizações, ainda segundo os autores, o conhecimento se encontra não só em documentos e arquivos, mas também em rotinas organizacionais, procedimentos, diretrizes e normas. Nesse momento, pode-se perceber que tanto a informação como o conhecimento podem ser analisados e entendidos em diferentes contextos, teorias ou abordagens, porém nunca de forma dissociada e estanque. Nessa perspectiva, o presente trabalho tem como objetivo estabelecer o elo fundamental entre informação, comunicação e conhecimento, demonstrando que a informação tem estreita e fundamental relação com o estudo da - 13 - comunicação organizacional, especificamente quanto à qualidade dos fluxos de informações desses processos no âmbito das organizações. Segundo KUNSH (2003), processos comunicacionais são processos que ocorrem nas organizações conduzindo uma mensagem e são constituídos por determinados elementos como fonte, codificador, canal, mensagem, decodificador e receptor. Para isso, busca-se compreender as questões relativas à comunicação organizacional em uma empresa de capitalização brasileira à luz da gestão do conhecimento. O objetivo, com isso, é a discussão e proposição de um modelo de comunicação organizacional que propicie uma estrutura mais adequada para gerenciar melhor as informações, contribuindo dessa forma para a incorporação de novas experiências que possibilitem a gestão dos conhecimentos já existentes dentro da organização. Através da introdução dessas ferramentas e/ou práticas de gestão do conhecimento, visa-se uma mudança comportamental/cultural da empresa com a adoção de um ambiente colaborativo para o estabelecimento de uma política de comunicação. 1.1. Objetivos Este trabalho tem como objetivo principal promover uma mudança comportamental/cultural em uma empresa de capitalização, líder do mercado em seu segmento, se utilizando com pano de fundo a implantação de práticas de gestão do conhecimento auxiliando na criação de uma política de comunicação organizacional orientada a um ambiente colaborativo. 1.1.1. Objetivos Gerais Analisar as questões relativas à comunicação organizacional e gestão do conhecimento através de um estudo de caso de uma empresa privada líder do segmento de capitalização que possam servir como alicerce para a implantação de uma nova cultura organizacional nessa mesma organização. 1.1.2. Objetivos Específicos Nesse presente trabalho, têm-se como objetivos específicos: - 14 - • Relacionar os conceitos de gestão do conhecimento aos de comunicação organizacional, observando a total dependência existente entre ambos; • Estudar possíveis razões que levam a empresa em questão a estar aquém de seu melhor desempenho operacional; • Identificar a relação entre conhecimento tácito e explícito e os modelos de comunicação existentes na empresa, abordando a questão da perda da memória organizacional; • Identificar os elementos que pertencem ao processo de gestão do conhecimento no âmbito da comunicação organizacional. • Promover a mudança comportamental/cultural na empresa através da adoção de práticas de gestão do conhecimento. 1.2. Procedimentos metodológicos Considerando os vários tipos de pesquisa existentes, optou-se por um estudo de caso o qual a não existência de uma política de comunicação bem como de iniciativas coerentes e integradas de gestão de conhecimento de uma empresa líder de mercado no setor de capitalização fizesse com que o desempenho operacional da empresa ficasse abaixo do que poderia render, existisse uma perda de tempo na busca de documentos, caracterizando a dificuldade na recuperação da informação, além de existir um retrabalho por parte dos empregados em refazer o que já foi feito, culminando com a perda de memória organizacional. Com isso, a manutenção da atual cultura é favorecida pela forte influência do “jeito conservador” do sócio majoritário. Pretende-se, com este trabalho, plantar a semente da colaboração, do compartilhamento e da construção conjunta de documentos e de ações, mudando, mesmo que paulatinamente, o comportamento/cultura dos colaboradores dessa organização. 2. Caracterização do Problema As mudanças no cenário mundial, a transição de uma sociedade industrial para uma sociedade do conhecimento, a velocidade e o volume da informação, a rapidez com que a tecnologia mudou o cotidiano, novos códigos e comportamentos fizeram com que as pessoas e as organizações mudassem seus valores, hábitos e costumes frente a questões como consumo, relacionamento, interação, competitividade, cooperação e competição. - 15 - Uma das respostas para essas alterações é o conhecimento. Hoje se convive com jatos de última geração, telefones conectados totalmente ao mundo através da Internet, blogs, redes sociais, sites de relacionamento, enfim, inúmeras ferramentas tecnológicas que possuem como base a comunicação, que jamais seriam obtidas sem o investimento no conhecimento. Esses poucos exemplos citados já demonstram a iniciativa dos nossos ancestrais ao longo da história em reter o conhecimento, em transformar as experiências práticas, cotidianas, tácitas, em documentos explícitos, utilizáveis e reutilizáveis, moldando até hoje a nossa sociedade através do seu legado deixado em cavernas, em livros e papiros, guardados em templos, bibliotecas e universidades. Quer-se falar a partir desses exemplos que o homem, independente da época que viveu, teve sempre uma preocupação exacerbada em armazenar o conhecimento, para garantir que o mesmo pudesse ser reutilizado. O homem sempre primou pela construção de uma base de conhecimento que propiciasse a ele uma fácil recuperaçãoda informação. Entretanto, o mundo atual nos revela outra realidade: dados estatísticos comprovaram que a humanidade gerou a mesma quantidade de informação nos últimos 50 anos que nos cinco mil anteriores. Em 2010, a informação duplicará a cada 11 horas. (Fonte: CENADEM). Por conseqüência, a informação produzida atualmente é imensamente maior que a capacidade de absorção do indivíduo, fazendo com que seja imperativa a criação de sistemas de armazenamento da informação, cada vez mais intuitivos, para que a recuperação das informações solicitadas seja feitas de forma ágil (Fonte: Palestra realizada no Ministério do Planejamento em Fevereiro de 2002 na PUC-PR). Essas mudanças também impactam de forma direta as organizações, fazendo com que criem instrumentos que desenvolvam competências para enfrentar esses desafios. Uma das formas muito utilizadas são as práticas e/ou ferramentas de gestão do conhecimento que propiciam a geração, disseminação e compartilhamento das informações. Nesse momento, uma pista da interdependência entre conhecimento, informação e comunicação nos é apresentada. Estudos feitos relacionando os temas comunicação e gestão do conhecimento têm indicado a necessidade de se inserir a comunicação como um elemento chave da gestão do conhecimento. Ash (2000) afirma que uma comunicação efetiva é essencial para qualquer programa de gestão do conhecimento. Da mesma forma, Jensen (1998), afirma que a comunicação e a gestão do conhecimento estão ligadas, sendo que a diferença entre uma e outra é que a gestão do conhecimento está voltada para a - 16 - sistematização, retenção e reutilização do que a organização necessita e a comunicação é a responsável pelas interações, trocas, compartilhamentos. Segundo TEIXEIRA FILHO (2001), os processos de comunicação organizacional são essenciais para a organização. Ele afirma que esses processos devem superar todos os impedimentos existentes nas organizações para fins de captura, tratamento e comunicação da informação tanto para os empregados da organização como para o ambiente externo (clientes, fornecedores, parceiros, etc.) Ainda segundo o autor, os processos de comunicação eficazes são responsáveis diretos para a eficácia das ações de gestão do conhecimento nas organizações, pois esses processos possibilitam que a informação correta chegue a quem deve chegar, da forma como deve se apresentar e de maneira que o entendimento seja claro e transparente. Assim sendo, a gestão do conhecimento é “uma coleção de processos que governa a criação, disseminação e utilização do conhecimento para atingir plenamente os objetivos da organização” (TEIXEIRA FILHO, 2000) conforme ilustração da figura 1. Figura 1: O processo de comunicação e gestão do conhecimento Fonte: Elaboração própria 3. Contextualizando o tema Atualmente, a condição de uma organização bem-sucedida não se limita mais à questão econômica, extrapolando muito esses limites. A organização que hoje se destaca preza pelo conhecimento que possui, sabendo investir tanto na retenção como na aquisição do conhecimento, criando-o, explicitando-o e transmitindo-o. Em suma, é a organização que aprende constantemente (TEIXEIRA FILHO, 2000). Segundo Davenport e Prusak (1998) conhecimento é uma mistura fluida de experiência condensada, valores, informação contextual e insight experimentado, a qual proporciona uma estrutura para avaliação e incorporação de novas experiências e informações. Ele tem origem e é aplicado na mente dos conhecedores. O conhecimento é - 17 - transmitido por pessoas e para pessoas, através de alguns meios como vídeos, livros, documentos, páginas Web e outros. Além disso, as pessoas obtêm conhecimento daqueles que já o têm, pelo aprendizado interpessoal e o compartilhamento de experiências e idéias. Nesse contexto surge a preocupação em gerenciar todo esse conhecimento que circula no ambiente organizacional. (TERRA e GORDON, 2002). Na empresa em questão, apesar de já existirem alguns canais que a auxilie na disponibilização de informação, tais como jornais, revista impressa, email, livretos de procedimentos e intranet, essas iniciativas não têm se mostrado muito efetivas, uma que vez que todos estes canais são utilizados apenas para divulgar informações, não havendo nenhuma espécie de troca ou retroalimentação. Atualmente, dentre os canais existentes, a Intranet é o veículo de divulgação de informação mais utilizado pela abrangência e pela questão da memória organizacional. Entretanto, não é correto afirmar que esta venha sendo efetiva em seu papel de viabilizar mecanismos que fomentem o enriquecimento do conhecimento, haja vista existirem informações muitas vezes desatualizadas e em não conformidade com as novas determinações, gerando, segundo os colaboradores, um canal desgastante, desinteressante e principalmente um canal que não favorece a interatividade (via de “mão dupla”). Com isso, um dos primeiros campos a ser prejudicado é o desempenho operacional da empresa que, muitas vezes fica completamente prejudicado haja vista existirem graves problemas no que tange a perda de tempo na obtenção de documentos, um retrabalho constante por parte dos colaboradores em refazer o que já foi idealizado anteriormente, além de todo um problema de perda de memória organizacional. Nesse contexto, aliado a um perfil desprendido, jovem e curioso que os colaboradores se mostram, acredita-se que uma solução seria a aplicação de uma ferramenta colaborativa que fomentasse a participação e a troca de experiências visando com isso introduzir uma mudança comportamental/cultural na organização, similar as que são utilizadas, pelos mesmos, em ambientes mais descontraídos, como por exemplo, em momentos de lazer. Aliado a essa falta de sistematização nas práticas de gestão de conhecimento e comunicação existentes na organização, vem a inexistência de uma política de comunicação organizacional, favorecendo a manutenção da atual cultura da empresa que se baseia na comunicação realizada de forma descendente, ou seja, da direção para os colaboradores sem nenhum tipo de discussão, consulta ou construção coletiva prévia. - 18 - Nesse caso, para inserir paulatinamente uma cultura colaborativa e visando a necessidade de se construir uma política de comunicação, considerando a visão dos colaboradores, será implantada, como pano de fundo, práticas de gestão do conhecimento tais como fóruns de discussão, blogs e wikis. O Fórum de discussão, por exemplo, servirá para que os colaboradores criem espaços para discutir, homogeneizar e compartilhar informações, idéias e experiências a respeito de práticas de sucesso e experiências em relação ao tema comunicação. Com o objetivo de identificar a percepção dos colaboradores na utilização da ferramenta colaborativa e de criar um espaço na empresa o qual o colaborador pode inserir suas principais competências, publicar textos e indicar livros, utilizar-se-á um Blog Corporativo. Por fim, para sanar a questão da dificuldade do acesso às informações, usar-se-á a ferramenta wiki. Em um primeiro momento, os documentos piloto estariam relacionados a soluções de Tecnologia da informação. Com a adoção dessas práticas, visa-se inserir no âmbito corporativo uma cultura completamente diferente da vigente na organização. A idéia é a promoção de um ambiente colaborativo, o qual o compartilhamento das informações seja privilegiado e os colaboradores se sintam parte integrante do processo, aumento assim a valorização do profissional, a motivação e a mudança comportamental/cultural dessa empresa. 4. Contextualização da Empresa A Empresa alvo de nosso estudo foi criada em 1995 a partir de uma parceria entre um grande banco controlado pelo governo federal e algumas empresas da iniciativa privada. Em seu primeiro produto, revolucionou o mercado de capitalizaçãodevolvendo 100% da aplicação do cliente em apenas 36 meses. Atualmente, possui uma operação abrangente, pois atende um dos maiores bancos brasileiros no que tange a produtos de capitalização. Visa segmentar os produtos por perfil de clientes, preocupando-se em atender todos os tipos e tamanhos de “sonhos”. Conta hoje com mais de três milhões de títulos ativos e uma carteira de aproximadamente dois milhões de clientes. Embora conte com basicamente todos os processos e atividades de empresas de grande porte, possui um grupo restrito de colaboradores, aproximadamente 500, divididos em 12 gerências e 21 coordenadorias de áreas, o que configura a necessidade de atuação das pessoas de forma mais generalista e com o uso extensivo de tecnologia. - 19 - Tem como missão garantir as melhores soluções em capitalização, contribuindo para a concretização dos sonhos e projetos de clientes e parceiros. A visão é ser reconhecida como a empresa de referência no mercado de capitalização tendo como valores a ética, qualidade, respeito, valorização, transparência, inovação e cidadania. Em um ambiente como este é natural que ocorram concentrações de conhecimento setorizado. Em 14 anos de existência, vem ocupando a liderança do mercado em que atua, internalizando as melhores práticas, talentos e tecnologias a fim de cumprir sua missão. No primeiro semestre de 2009, as receitas dessa empresa superaram os R$ 1,1 bilhão, sendo que o mês de junho obteve o maior faturamento da história com R$ 205 milhões. O fato de ter como negócio produtos caracterizados como de oferta, onde o conhecimento tem alto valor agregado, determina que as informações e os sistemas de informação têm que ser precisos, imediatamente disponíveis no tempo e espaço, e em um formato que facilite seu uso. Porém, mesmo com todos esses números e toda a confiabilidade passada pela empresa aos clientes e fornecedores, atualmente, ela ainda não contempla uma estratégia de gestão de conhecimento, com processos que auxiliem na criação, coleta, compartilhamento, disseminação, uso e armazenagem constante das informações que podem agregar mais valor ao negócio, nem mesmo na intranet. Nesse contexto, diversos autores tais como Nonaka e Takeuchi (1997), Leonard- Barton (1998), Gomes e Braga (2001), Probst, Raub e Romhardt (2002) já ressaltavam a importância de coletar informação e conhecimento não somente com os clientes, mas também com fornecedores, distribuidores, órgãos governamentais, colaboradores e até mesmo com os concorrentes no intuito de gerar novas idéias de negócio. Vale ressaltar que o colaborador deve fazer parte desta cadeia de informação. 5. Diagnóstico do Problema Durante a etapa de diagnóstico da empresa, através de conversas informais e de vivência diária na organização, um fato despontou entre os mais observáveis e despertou o desejo de estudar o assunto: a ausência do entendimento de que a informação, quando estruturada e inserida em um processo contínuo de retroalimentação, se transforma em conhecimento. A partir desse dado, ficou bastante evidente que a primeira barreira a ser vencida para se fazer gestão do conhecimento nesta empresa era fazer com que os - 20 - colaboradores percebessem que a informação, o conhecimento e a comunicação faziam parte de uma mesma tríade, indissociáveis e dependentes. Mesmo com alguns canais de comunicação existentes, observa-se claramente que ainda há uma grande divergência na forma como essa informação existente é gerenciada, pois desde as informações mais elementares às mais complexas, o colaborador não tem ciência sobre qual mecanismo poderá acionar para encontrar um determinado conhecimento. Em decorrência desse fato, ainda há uma grande lacuna entre a informação desejada e o colaborador, gerando falta de agilidade e baixa tempestividade na tomada de decisão, mantendo assim a cultura que conhecimento é poder. A constatação de que a empresa não está voltada para esta questão – o conhecimento como valor agregado - se evidenciou ainda mais quando observamos a ausência de uma política de comunicação organizacional e conseqüentemente a falta de um direcionamento institucional para gerar conhecimento. Com isso, percebe-se claramente a idéia de alguns membros da alta administração em manter o conhecimento e a disseminação da informação ainda nas mãos de poucas pessoas, mantendo assim uma cultura de não compartilhamento da informação. Portanto, não se percebem iniciativas corporativas que privilegiem a criação de ambientes colaborativos muito menos de retenção de conhecimento. Não há nem a percepção por parte da empresa que o investimento em capacitação poderia ser revertido em conhecimento para a empresa caso fosse compartilhado e existissem instrumentos de retenção e disseminação. Caso esta fizesse uso de mecanismos que possibilitassem, não somente a retenção do conhecimento, mas, sobretudo o compartilhamento, com implantação de um ambiente que apresentasse mecanismos de gerir o conhecimento, fatalmente a organização teria mais um diferencial competitivo, tendo as informações e os conhecimentos armazenados e as pessoas como componentes do patrimônio da empresa. Torres (2004, p.4) afirma que, “por meio de uma comunicação e colaboração interpessoais eficazes, as pessoas podem criar, aprender e transmitir seu conhecimento e assim colaborar para o sucesso da organização”. No que tange a utilização de ferramentas web, a empresa possui algumas maneiras (escritas e verbais) de divulgar informações. Porém, especificamente a intranet, que é o canal web na qual nos referimos, não é reconhecida pelos colaboradores como um canal atrativo de acesso e divulgação das informações. Fato esse que não causa espanto, haja vista ter-se o conhecimento que a última vez que se pensou em modificações na intranet ocorreu no ano de 2003. E, esta, já na sua - 21 - criação, teve mais foco na “harmonia de layout” do que na arquitetura da informação. Também não foram considerados conceitos básicos necessários para que uma empresa fizesse uso de ferramentas web para comunicação. Ao conhecermos os outros veículos de comunicação desta empresa, tais como: revista impressa e jornal mural, verificou-se que ambos retratam muita atenção quanto à estética, pois são harmoniosos, mas também não apresentam uma estrutura que contemple, minimamente, o uso e a aplicação da informação. Quer-se dizer que independente se a informação é estratégica, gerencial ou operacional, enfim, não se considera em sua estrutura, a finalidade do canal. Por isso, a forma mais utilizada de comunicação entre os colaboradores desta empresa, são as verbais e as enviadas por emails. Além disso, outro fator bastante externalizado pelos colaboradores foi o grande e negativo impacto que a estrutura atual da intranet gera pela forma como são armazenados procedimentos, normativos, projetos, planejamento estratégico, manuais de instruções, informações de mercado, informações de faturamento, notícias mais recentes, entre outros. Percebe-se que, mesmo sendo uma ferramenta web, a maneira como está estruturada esta taxonomia, atualmente, tem gerado grande angustia ao colaborador que precisa localizar quaisquer informações neste canal. Outro fato identificado pelo grupo, que corrobora a urgência de ações que transformem este modelo de operar a informação nesta empresa, foi a constatação de que algumas áreas, no intuito de manter as informações minimamente organizadas, facilmente encontradas, gerenciadas e, principalmente, disponibilizadas para todos, estão construindo suas próprias soluções, independentes de um alinhamento estratégico e de iniciativas corporativas. Podem-se encontrar ações isoladas em diversas áreas como wikis, blogs departamentais e diretórios protegidos por senha, onde somente um determinado grupo tem acesso. Esse fato contribui efetivamentepara a manutenção da linha de pensamento baseada no conhecimento e no poder que ele acarreta. Os departamentos vão se fechando em verdadeiras ilhas corporativas, não dando acesso a nenhuma outra área, facilitando assim a manutenção dessa cultura. Nesse momento, a partir dessas reflexões feitas em torno do que acomete a empresa no que tange a gestão do conhecimento e a comunicação organizacional, é correto afirmar que essa organização, da mesma forma que em qualquer outro ambiente organizacional a relação entre comunicação, cultura organizacional e a gestão do conhecimento pode e deveria ser representada da seguinte forma: - 22 - Figura 2: Modelo que ilustra as relações entre processos de comunicação, cultura e gestão do conhecimento. Fonte: Leite (2006). Com esse fluxo implantado, fatalmente vários processos seriam otimizados, além da atual cultura instalada na organização dar espaço a um novo modo de pensar e agir frente aos desafios que o mundo contemporâneo coloca frente às organizações na sociedade do conhecimento. Entretanto, atualmente o que vemos na organização foco do estudo é representado no fluxo abaixo: Figura 3: Modelo que representa um diagnóstico das relações entre processos de comunicação, cultura e gestão do conhecimento Fonte: Elaboração própria. - 23 - 6. Relevância do Trabalho O conhecimento, sempre presente no processo evolutivo do homem e das sociedades, adquire uma nova conotação no meio organizacional, sendo percebido como um dos principais recursos para a economia da era do conhecimento. A riqueza dessa nova era é produto do conhecimento. “O conhecimento e a informação - não apenas o conhecimento científico, mas a notícia, a opinião, a diversão, a comunicação e o serviço - tornaram-se as matérias-primas básicas e os produtos mais importantes da economia (Stewart, 1998). Já para Davenport e Prusak (1998) conhecimento é uma mistura fluida de experiência condensada, valores, informação contextual e intuição, a qual proporciona uma estrutura para avaliação e incorporação de novas experiências e informações. Ele tem origem e é aplicado na mente dos conhecedores. Nas organizações ele costuma estar embutido não só em documentos, ou repositórios, mas também em rotinas, processos, práticas e normas organizacionais. Portanto, mais relevante se torna tratar a questão da comunicação interna de qualquer organização como fator de grande atenção, já que a falta ou a ineficácia deste processo é fator crítico de sucesso para a mudança e sedimentação da cultura organizacional, para a transmissão de valores e para o estabelecimento de uma estratégia de Gestão do Conhecimento. Ou seja, a comunicação interna é considerada um instrumento que promove não só a simples comunicação de determinados fatos importantes da organização, mas que também promove a melhoria nas relações, nos processos e nos resultados da empresa. Caso os processos de Comunicação e de Gestão do Conhecimento estivessem alinhados e estruturados de maneira correta, fornecendo ao colaborador as informações disponibilizadas com facilidade de acesso e dando a possibilidade de colaboração observando que sua contribuição estaria agregando valor à empresa, mais facilmente o colaborador se sentiria motivado e poderia assim contribuir para melhorias em diversos processos, divulgar êxitos das áreas e assim alavancar ainda mais a organização e seus resultados modificando com isso a atual postura da empresa frente à cultura da organização. - 24 - 6.1. Delimitações do Trabalho No presente trabalho, procura-se abordar o tema da comunicação interna nas organizações como estratégia de gestão do conhecimento em uma empresa do setor de capitalização para fins de mudança comportamental/cultural. Dessa forma, nosso intuito será elencar os aspectos positivos em relação à importância da comunicação organizacional nas empresas que sobrevivem nessa sociedade do conhecimento, onde o valor do intangível é o grande diferencial competitivo, como também apontar como a falta de estratégias de comunicação bem definidas para os processos operacionais dessa empresa de capitalização pode agir no caminho contrário ao desenvolvimento, gerando falta de transparência, desconhecimento, desinformação e falta de capacitação para os colaboradores. Nesse estudo, dar-se-á foco em fazer uma análise dos benefícios e da importância da construção de uma política de comunicação organizacional de maneira colaborativa, utilizando uma ferramenta que tem como proposta não só a introdução de ferramentas e/ou práticas de gestão do conhecimento, mas também uma mudança comportamental/cultural na empresa em questão. Desta forma, além de construir-se um documento, contemplando a visão dos colaboradores, dando importância a voz da organização, introduziremos na empresa o uso de ambientes colaborativos e os benefícios trazidos por ele. Outro fator importante que a solução propõe é a melhoria no processo de busca de documentos, haja vista a solução proposta oferecer um ambiente colaborativo com a funcionalidade de busca de documentos. Esse fato certamente possibilitará uma melhoria visível ao acesso às informações, especialmente aos processos e procedimentos, acarretando mais agilidade ao acesso as informações e conseqüentemente mais efetividade nas rotinas diárias e celeridade nas ações e decisões. 7. Gestão do Conhecimento A Gestão do Conhecimento é, atualmente, um tema muito discutido, seja no meio empresarial como no meio acadêmico; empresários, estudantes, acadêmicos e consultores apontam a Gestão do Conhecimento como um dos principais ativos das organizações e a forma de compartilhá-lo é a chave para a vantagem competitiva e fonte para o sucesso, sendo apontada como o modelo emergente de gestão do século XXI por diversos autores do tema. - 25 - Halcimara Souza (2007 apud Carvalho, 2003) resume o conceito de Gestão de Conhecimento apresentado por diversos autores, fazendo uma divisão em três áreas distintas: • Gestão do Conhecimento como processo • Gestão do Conhecimento como gestão do capital intelectual • Gestão do Conhecimento como gestão de ativos intangíveis. A tabela a seguir demonstra o pensamento de diversos autores do tema Gestão do Conhecimento a respeito da divisão proposta acima, demonstrando a variabilidade do tema. Tabela 1: Conceitos de Gestão do Conhecimento. Autor Gurteen 1998 Harris et al 1999 Spek e Spijkervet 1995 Diepstraten 1996 Sprenger 1995 1. Habilidade de absorção - Assimilar um novo conhecimento 2. Difusão da capacidade - envolve a troca de conhecimento 3. Geração de conhecimento - significa desenvolver novo conhecimento através de conhecimento já existente. 4. Extração - o conhecimento é aplicado em nome da organização. 5.Distribuição e uso do conhecimento. 6.Aquisição de conhecimento dos fornecedores. Gestão do Conhecimento é o conjunto visível do desenho e dos princípios organizacionais, processos, estruturas, aplicações e tecnologias que ajudam os trabalhadores a alavancar sua criatividade e habilidade para adicionar valor ao negócio. Gestão do Conhecimento é um processo de negócio para o gerenciamento empreendedor do ativo intelectual. É uma disciplina que promove uma aproximação integrada e colaborativa para criação, captura, organização, acesso e uso da informação. Ex.: informações textuais como polí tica e documentos de procedimento. Gestão do Conhecimento é central para a criação dos processos da organização onde o novo conhecimento é desenvolvido e distribuído para todos que dele necessitam para realizar bem suas atribuições, torna-se acessível para futura utilização, inclusive coletiva e os campos de conhecimento são combinados. Gestão do Conhecimento é como um fluxo ou um processo contínuo em uma organização,que é realizado em quatro fases: Conceitos de Gestão do Conhecimento como Processo. Gestão do Conhecimento é um processo que compreende seis fases: 1. Extração de conhecimento para adicionar valor aos clientes. 2. Desenvolvimento de um novo conhecimento 3.Disseminação, associação ou combinação de diferentes conhecimentos. 4.Disponibilizar uma documentação com o conhecimento. - 26 - Autor Stewart 1998 Sullivan 2000 Weggeman 1997 Assim a Gestão do Conhecimento é um processo contínuo e cíclico por sua própria natureza. A visão, a missão, os objetivos e a estratégia da organização são as forças direcionadoras da rede de valor de conhecimento. A gerência sistemática do capital intelectual gera aumento do valor para os acionistas. Realiza-se isso, entre outras coisas, através da reciclagem contínua e de uma utilização criativa do conhecimento e da experiência compartilhados. Isso, por sua vez, requer a estruturação e o acondicionamento de competências com a ajuda da tecnologia, de descrições do processo, manuais, redes, e assim por diante, a fim de assegurar a permanência da competência da empresa quando os funcionários forem embora. Uma vez acondicionados, esses elementos tornam-se parte do capital estrutural da empresa – ou mais precisamente, seu capital organizacional. Capital intelectual é o conhecimento que pode ser t ransformado em lucro. Ele possui dois componentes principais: o capital humano e os at ivos intelectuais. A principal dist inção entre capital humano e ativos intelectuais reside no fato que o capital humano, se não convertido em ativos, não pode ser possuído pelos acionistas. Assim, o maior desafio dos gestores se constitui em transformar o capital humano em ativos. Gestão do Conhecimento significa uma rede de valor que inclui as seguintes fases: 1. Determinar o conhecimento de acordo com a estratégia da organização. 2. Listar os conhecimentos disponíveis. 3. Desenvolver conhecimento. 4. Compartilhar conhecimento. 5. Aplicar e avaliar o valor do conhecimento para o negócio. Gestão do Conhecimento como Gestão do Capital Intelectual Autor Davenport e Prusak 1998 Rowley 2003 A Gestão do Conhecimento não é algo totalmente novo. Ela baseia-se em recursos existentes, com os quais organizações já podem estar contando. Deste modo, novo é reconhecer o conhecimento como ativo corporativo e entender a necessidade de geri-lo e cercá-lo do mesmo cuidado dedicado aos ativos tangíveis. A gestão do conhecimento incorpora três processos: geração, codificação e transferência de conhecimento. Embora o termo gestão conhecimento implique a transferência formalizada, um de seus elementos essenciais desenvolvimento de estratégias específicas para incentivar estas trocas espontâneas. Gestão do conhecimento implica na extração e desenvolvimento de ativos do conhecimento de uma empresa com objetivo de promover os objetivos organizacionais. 2007 Apud Carvalho 2003 - adaptação Gestão do Conhecimento como gestão de Ativos Intangíveis Apesar das diversas definições e pensamentos sobre o tema, eles possuem forte semelhança, enfatizando que o pensamento dos teóricos do assunto é muito similar, diferindo apenas na forma de enfatizar o assunto, que podem ser: • A importância da cultura organizacional. • A importância dos recursos humanos. • A importância dos ativos humanos. Nonaka e Takeuchi (1997) descrevem a Gestão do Conhecimento como um processo interativo de criação do conhecimento organizacional, definida literalmente como “a capacidade que uma empresa tem de criar conhecimento, disseminá-lo na organização e incorporá-lo a produtos, serviços e sistemas”. Podemos sintetizar as definições de uma forma geral e considerar que a Gestão do Conhecimento é um processo moderno e sistemático de aprendizagem organizacional com distribuição do saber coletivo, apoiado na geração, codificação, disseminação, apropriação - 27 - do conhecimento e habilidades individuais, baseado num processo de inovação continua, de modo a fazer com que a informação certa chegue à pessoa certa, na hora certa, buscando a excelência organizacional e valorização humana. 7.1. Abordagem Conceitual 7.1.1. Conhecimento As empresas vêm, ao longo de anos, passando por diversos processos evolutivos, os quais podemos destacar a gestão como o principal foco de mudanças. As organizações passaram por diversas formas e modelos de gestão diferentes para conseguirem se adaptar aos novos desafios impostos pela sociedade vigente naquele determinado período contribuindo para que muitas atravessassem as várias fases que a economia passou nos últimos séculos. O conhecimento, entretanto, sempre esteve presente nas diversas eras da economia, começando na era agrícola, passando pela revolução industrial e se alongando até ao dias de hoje como um fator marcante, mas quase sempre despercebido. Foi a partir da segunda metade do século XX que o tema Gestão do Conhecimento se tornou mais notória e o conhecimento passou a ser algo mais evidente e valorizado. Segundo TOFFLER (1994), a diferença desta fase atual de desenvolvimento capitalista fomentada a partir de uma “Revolução da Informação” e as fases passadas, é que agora existe uma maior necessidade de se gerar inovações, sendo dessa forma um fator crucial para a sobrevivência das organizações. Dentre os fatores que mudaram o foco de uma sociedade industrial para uma sociedade do conhecimento, podemos destacar desde transformações na economia até a mudança de perfil exigido para um funcionário conseguir destaque numa organização. Segundo SVEIBY(2002) as organizações do conhecimento são aquelas que contam com uma estrutura focada no conhecimento e não no capital, são aquelas cujos ativos intangíveis são muito mais valiosos que os tangíveis, cuja qualificação do trabalhador é fator chave para o seu crescimento. A tabela 2 demonstra essa idéia de mudança de uma maneira bem resumida, demonstrando a contribuição de diversos autores sobre o tema. - 28 - Tabela 2: Os princípios da organização do conhecimento Item Vistos pelo paradigma Industrial Vistos pelo paradigma do Conhecimento Pessoas Geradoras de custos ou recursos Geradores de Receita Base de poder dos gerentes Posição na hierarquia organizacional Apoio aos colegas Manifestação da produção Predominantemente tangível (hardware) – trabalhadores físicos processando recursos físicos para criar produtos tangíveis Predominantemente intangível (conceito de software) – trabalhadores do conhecimento convertendo conhecimento em estruturas intangíveis Estrangulamento na produção Capital financeiro e habilidades humanas Tempo e Conhecimento Modelo da produção Estruturas intangíveis Estruturas Intangíveis Fluxo de produção Regido pela máquina – seqüencial Regido pelas idéias – caótico Fluxo da Informação Via hierarquia – instrumento de controle Via rede – ferramentas para o recurso da comunicação Forma básica de receita Tangível – dinheiro Intangível (aprendizado, novas idéias, novos clientes, P&D) Efeito da pane Economia de escopo das redes Economia de escopo das redes Relacionamento com o cliente Unilateral pelos mercados Interativo pelas redes pessoais Conhecimento Uma ferramenta ou um recurso entre outros existentes Foco empresarial Finalidade do aprendizado Aplicação de novas ferramentas Criação de novos ativos Inovação Itinerante Constante - 29 - Infra-estrutura Ênfase no transporte físico Ênfase em infovias Velocidade das transações Rápidas Em tempo real Valores do mercado acionário Regidos pelo ativo tangível Regidos pelos ativos intangíveis Fonte: Sveiby (1998) Essas mudanças de paradigmas descritas na tabela a seguir começaram a ser abertamentediscutidas a partir da década de 1980 com o surgimento dos autores do conhecimento. Krücken (2000), conforme a tabela 3, demonstra as principais idéias dos autores do conhecimento e a década que foram propostas essas idéias: Tabela 3: A evolução da Literatura científica relacionada à gestão do conhecimento ÉPOCA AUTOR FOCOS E TERMOS UTILIZADOS Porter Conhecimento estratégico Nonaka; Takeuchi Compartilhamento do conhecimento Drucker Sociedade do conhecimento Senge 5ª disciplina, pensamento sistêmico Quinn Inteligência organizacional Linpnack, Stamps Networking Nonaka; Takeuchi Teoria da criação do conhecimento organizacionalSveiby Ativos intangíveis Wigg Métodos de gestão do conhecimento Stewart Capital intelectual Devenport; Prusak Ecologia da informação Ruggles Ferramentas de gestão do conhecimento Geus Empresa viva Amidon Conhecimento e inovação Von Krogh; Ichijo; Nonaka Consolidação da teoria da criação de conhecimento organizacional Pesquisadores diversos Consolidação de conceitos, discussão interdisciplinar, difusão de conhecimento, estudos de casos em inteligência emocional e gestão do conhecimento. Fonte: Krücken - Gestão do conhecimento aplicada a novos produtos. Década de 80 Década de 90 A partir de 2000 Tabela 2.2 : A evolução da Literatura científica relacionada a gestão do conhecimento Fonte: Krucken – Gestão do conhecimento aplicada a novos produtos. Assim, para entender essa seqüência cronológica citada acima, é necessário entender por completo o que é Gestão do Conhecimento e qual o seu papel na visão estratégica das empresas. Para isso precisamos antes entender o que é conhecimento. - 30 - Apesar de não ser uma base científica, a Wikipédia define que conhecimento é aquilo que se sabe; é o conjunto de todo saber de um indivíduo ou sociedade e ela ainda define a gestão do conhecimento como: “A Gestão do Conhecimento possui o objetivo de controlar, facilitar o acesso e manter um gerenciamento integrado sobre as informações em seus diversos meios. Entende-se por conhecimento a informação interpretada, ou seja, o que cada informação significa e que impactos no meio cada informação pode causar, de modo que a informação possa ser utilizada para importantes ações e tomadas de decisões.” Davenport e Prusak (1998) definem conhecimento como uma mistura fluida de experiência, valores e informações que servem para gerar novas informações, ou seja, novos formas de conhecimento, dando ao conhecimento uma conotação similar a um sistema de feedback, ou seja, o conhecimento gera conhecimento. E que ao longo do tempo se desenvolve, seja por experiências, por livros, por formações curriculares ou mesmo por uma forma informal, como num dialogo entre amigos. Nonaka e Takeuchi (2001) citam que conhecimento não é a mesma coisa que informação, pois conhecimento diz respeito a crenças e compromissos e a informação é uma função de uma perspectiva ou atitude, haja vista a informação estar relacionada à atitude. Ou seja, o conhecimento é a verdade sobre algo do ponto de vista de quem o detém ou utiliza. Para compreender o conhecimento, devemos, também, distingui-lo de dados ou informação, e para isso a tabela a seguir resume essa distinção pelo pensamento de importantes autores do tema: - 31 - Tabela 4: Diferenciando dados, informação e conhecimento Autores Dado Informação Conhecimento Churchuman - - É o resultado da interação dos usuários de um conjunto de informações Nonaka e Takeuchi - É um fluxo de mensagens é criado por um fluxo de informações, suportado por crenças e valores Davenport e Prusack É o conjunto de fatos distintos e objetivos, relativos a um evento É um conjunto de dados organizados com finalidade definida É a soma de experiencias, valores e insights Spender É um sinal sem significado É um sinal cujo significado pertence a uma pessoa São implicações da informação Davenport, Long e Beers - - É a informação combinada com experiencias Telles e Teixeira É um simbolo ou um conjunto deles é um conjunto organizado de dados É o elemento que dá forma a informação Lamfranco É um conjunto de ruídos e hipóteses São dados com pensamento crítico São informações com um propósito Fonte: Ricardo Luiz Paixão “Gestão do conhecimento: Estudo de caso: Estudo de caso do setor público” Segundo Ricardo Paixão (2002), as definições apontadas pela tabela acima possuem algo em comum, o que demonstra um consenso entre os autores mais expressivos da Gestão do Conhecimento. Ele propõe que existe uma hierarquia entre esses termos que pode ser exemplificada como uma sendo um subconjunto da outra, melhor demonstrada na pela figura abaixo: Figura 4: Abrangência dos termos: Dados x Informação x Conhecimento Fonte: Ricardo Luiz Paixão “Gestão do conhecimento: Estudo de caso: Estudo de caso do setor público” Portanto, podem-se interpretar as diversas definições como uma só: conhecimento é a soma de dados com informações, seguindo regras pessoais de crenças e valores, - 32 - agregando experiências pessoais como uma nova parcela dessa equação, e assim definir conhecimento com algo mais amplo. 7.1.2. A Conversão do Conhecimento Para poder ser compartilhado entre as pessoas da organização, o conhecimento tácito necessita ser convertido em conhecimento explícito e o conhecimento explícito também tem de ser convertido em conhecimento tácito. Essas conversões são as responsáveis pela criação do conhecimento organizacional que por sua vez é responsável pelo processo de aprendizagem organizacional, o qual os participantes da organização compartilham experiências, informações e conhecimento. Nonaka e Takeuchi, (2001), apresentam quatro formas para compor essa transformação de conhecimentos denominada de Técnica SECI (Socialização, Externalização, Combinação e Internalização). Segundo os autores a interação social é o fator que determina a criação e expansão do desenvolvimento humano nas organizações: Socialização – Conversão do conhecimento tácito em conhecimento tácito – Criação do conhecimento tácito, como modelos mentais e habilidades técnicas, através do compartilhamento de experiências por meio de conversas e práticas. Externalização – Conversão do conhecimento tácito em conhecimento explícito – faz referencia à criação de novos conceitos. O conhecimento tácito pode ser, através de ferramentas específicas, convertido em conhecimento explícito. Combinação – Conversão do conhecimento explícito em conhecimento explícito – a combinação ocorre quando indivíduos trocam ou combinam conhecimentos explícitos através de documentos, normas ou treinamento formal. Internalização – Conversão do conhecimento explícito em conhecimento tácito – está relacionado à prática de atividades em conjunto com outros indivíduos da organização visando transferência de conhecimento através de documentos, manuais ou transferência oral (aula). Essa técnica pode ser sintetizada na figura abaixo, onde Nonaka e Takeuchi, (2001), introduzem o conceito de espiral do conhecimento, que ajuda a compreender o equilíbrio - 33 - existente nos diversos modos de conversão do conhecimento tácito (de difícil articulação) em conhecimento explicito (linguagem formal) compartilhado em nível de grupos, organizações e inter organizações. Figura 5: Modos de conversão do conhecimento. Do Conhecimento Tácito Conhecimento Explicito Conhecimento Tácito Conhecimento Explicito Dialogo C o n stru çã o d o C a m p o A sso cia ç ã o d o C o n h e c im e n to E x p licito EM Socialização Conhecimento Compartilhado Externalização Connhecimento Conceitual Internalização Conhecimento Operacional Combinação ConhecimentoSistêmico Fonte: adaptado de Nonaka e Takeuchi. Nonaka e Takeuchi (2001) escrevem: “Em primeiro lugar, o modo da socialização normalmente começa desenvolvendo um ‘campo’ de interação. Esse campo facilita o compartilhamento das experiências e modelos mentais dos membros. Segundo, o modo de Externalização é provocado pelo “diálogo ou reflexão coletiva” significativos, nos quais o emprego de uma metáfora ou analogia significativa ajuda os membros da equipe a articularem o conhecimento tácito oculto que, de outra forma, é difícil de ser comunicado. Terceiro, o modo de combinação é provocado pela colocação do conhecimento recém-criado e do conhecimento já existente provenientes de outras seções da organização em uma “rede”, cristalizando-os assim em um novo produto, serviço ou sistema gerencial. Por fim, o aprender fazendo provoca a Internalização.” Consuelo Lara, (2001 apud Nonaka e Takeuchi 2001), cita que a espiral do conhecimento demonstra que os novos conhecimentos sempre se originam das pessoas. Um pesquisador brilhante tem um insight que resulta em uma nova patente. A criação de novos conhecimentos envolve tanto ideais quanto idéias. Com isso, auxilia na compreensão da questão do equilíbrio, ficando esse processo de transformação continuada, como demonstrado na figura abaixo. - 34 - Figura 6: Espiral do Conhecimento Fonte: Nonaka e Takeuchi, 2001 Takeuchi e Nonaka (2001) destacam que existe uma grande dificuldade em se trabalhar com o compartilhamento de conhecimento tácito numa organização, pois esse conhecimento foi adquirido por meio de experiências pessoais e não por técnicas documentadas, e por isso são de difícil transmissão. Apesar de difícil, sempre se deve tentar converter o conhecimento tácito em explícito, pois essa é a única forma do conhecimento não se perder. Apesar das pessoas pertencerem à organização, as mesmas não são a própria organização. Portanto, a perda de um membro de equipe pode significar a extinção de um conhecimento especifico e de experiências adquiridas durante a realização de atividades. E é esse um dos focos da Gestão do Conhecimento. 7.2. Informação e Conhecimento no Contexto Organizacional É impossível tentarmos dissociar o conhecimento encontrado nas empresas e o conhecimento das pessoas que fazem parte de sua estrutura organizacional. Esse conhecimento adquirido, tácito ou explícito, se desenvolve ao longo da trajetória pessoal e - 35 - profissional do colaborador, através da experiência, e pode abranger, também, o que se absorve de cursos e treinamentos, de leituras e do aprendizado informal. Nesse sentido Davenport e Pruzak (2003, p.9) afirmam que: “o ‘conhecimento’ nascido da experiência reconhece padrões que nos são familiares e pode fazer inter-relações entre aquilo que está acontecendo agora e aquilo que antes aconteceu”. O conhecimento do ponto de vista organizacional também pode ser encontrado em documentos e repositórios, em rotinas, processos, práticas e normas organizacionais. Um dos grandes desafios das empresas e, em especial neste estudo, é o de reter o conhecimento de seus colaboradores. Davenport e Pruzak (2003), afirmam que existe uma grande dificuldade de se conceituar o que é conhecimento e que muitos teóricos passam a vida tentando definir o que significa a palavra “conhecer”. Nessas condições, os autores definem que: Conhecimento é uma mistura fluída de experiência condensada, valores, informação contextual e insight experimentado, a qual proporciona uma estrutura para avaliação e incorporação de novas experiências e informações. Ele tem origem e é aplicado na mente dos conhecedores. Nas organizações, ele costuma estar embutido não só em documento e repositórios, mas também em rotinas, processos, práticas e normas organizacionais (DAVENPORT; PRUZAK, 2003, p. 6). As empresas têm grande necessidade de utilizar a informação para manterem-se vivas em ambientes cada vez mais competitivos e, inúmeras são as variáveis a serem analisadas, a qual a informação é imprescindível. Atualmente obter grandes quantidades de informação sem possuir um valor agregado e trabalhar apenas com informações de caráter interno não é mais o que se anseia. Quer-se hoje a informação tratada, analisada, compreendida em seu contexto e que seja de interesse da organização. A facilidade de acesso a redes e a inúmeros bancos de dados coloca ao alcance de todos uma quantidade de informações impossível de ser absorvida como um todo. Nesse contexto, Carvalho (2001) assegura que é necessária a criação de profissionais da informação, assim como sistemas que permitam a gestão dessa informação. Nas organizações, a informação possui diversas denominações com o intuito de diferenciá-la quanto ao seu ambiente de origem, sua formatação, sua aplicação. As classificações de informação, segundo Moresi (2000) e Falsarella et all (2003), são: - 36 - Quanto ao ambiente de origem: Informações internas: são as produzidas no ambiente interno da empresa, ou seja, aquelas produzidas pelos seus sistemas administrativos, por exemplo: contas a pagar, contas a receber, folha de pagamento, compras, controle de estoque entre outros. Informações externas: são as que vêm de fora da empresa, sejam das instituições com as quais a empresa mantém algum relacionamento direto e contatos ou realiza negócios, sejam as que a empresa busca no mercado com a intenção de conhecer o cenário em que opera, o qual pode ser econômico, político, social, etc. Quanto à formatação: Informação estruturada: é a codificada, sistematizada numa estrutura previamente estabelecida, o que permite a comparação entre informações do mesmo tipo em períodos de tempos diferentes, por exemplo. Informação não estruturada: é a não contextualizada, a qual, vista de modo isolado, não contribui para uma conclusão efetiva de uma determinada situação. Configura-se como dado. Pode-se citar como exemplo: o volume de venda de um determinado produto, sem que apresente relação com um determinado período. Quanto ao uso/aplicação: Informação estratégica ou de nível institucional: é a disponibilizada para o nível estratégico das instituições, normalmente responsável em delinear as estratégias competitivas da empresa. Esse tipo de informação tem uma característica macro, pois contempla a empresa em sua totalidade, é a interação entre a informação interna e a informação externa. Tem como finalidade monitorar e avaliar o desempenho, o planejamento e as decisões de alto nível. Informação gerencial ou de nível intermediário: permite à média gerência observar variáveis presentes tanto no ambiente interno quanto no externo, assim como monitorar e avaliar seus processos. Informações transacionais ou de nível operacional: possibilita ao nível Operacional executar suas atividades e tarefas, ao monitorar o espaço geográfico sob sua responsabilidade. São as informações referentes à operacionalização e ao controle das atividades imprescindíveis ao funcionamento da instituição, e visa a auxiliar o planejamento e a tomada de decisão de nível operacional (MORESI, 2000; FALSARELLA; JANNUZZI; BERAQUET, 2003). Independente de seu tipo, nível ou classificação, a informação tem como seu maior objetivo o auxílio nos processos de tomada de decisões (REZENDE, 2003). A não adequação de informações ao seu uso específico são queixas comuns dos executivos, o que para o autor, decorre da informatização, do não conhecimento específico por parte do pessoal de processamento de dados e da visão coletiva de quem prepara as informações. É mais fácil preparar informes coletivos do que ‘a la carte’ (LEVY, 1993). - 37 - Deve-se considerar a gestão da informação na empresa tão importante quanto a própria informação, portanto, deve ser tratada como um processo. “Trata-se de um conjunto estruturado de atividadesque incluem o modo como as empresas obtêm, distribuem e usam a informação e o conhecimento” (DAVENPORT, 2003, p. 173). As informações resultam de um processo e devem ser comparadas a um produto que pode ter sua qualidade, quantidade, custo e utilidade questionados, como é feito com qualquer outro produto (MAÑAS, 1999). A informação nas empresas não deve possuir donos, e sim, clientes. Deve concentrar seu enfoque nas necessidades e na satisfação dos mesmos, o que torna a administração mais efetiva (DAVENPORT, 2003). 8. Comunicação Organizacional 8.1. Conceito de Comunicação De acordo com a definição etimológica, a palavra comunicação vem do latim comumnicatio, ónis, que significa a ação de tornar algo comum a muitos. A comunicação pode ser considerada como um processo intermediário que permite a troca de informação entre as pessoas (LE COADIC, 2004, p.11). Na visão de Ferreira (et al. 1998), comunicar significa e, de certa forma, edifica um entendimento recíproco. Os autores descrevem que só há comunicação quando, de alguma forma, o conteúdo da mensagem é interpretado pelo receptor. O que leva à ocorrência de algum tipo de retorno da mensagem transmitida, ou seja, feedback. Corroborando essas definições, Maximiniano (2000, p.282) afirma, também, que a comunicação diz respeito ao processo de transferir e receber informações. Diante disso, a comunicação pode ser considerada como um processo que permite a ocorrência de relacionamentos e a permuta de informações por meio da transmissão de pensamentos e sentimentos entre indivíduos. 8.2. Definições de Comunicação Organizacional No contexto organizacional, a comunicação da informação abrange todas as formas de comunicação formal ou informal usadas nas organizações nos processos de - 38 - comunicação para contribuir no relacionamento e na interação entre os seus indivíduos (KUNSCH, 2003). Segunda a autora: A comunicação formal é a que procede da estrutura organizacional propriamente dita, de onde emana um conjunto de informações pelos mais diferentes veículos impressos, visuais, auditivos, eletrônicos, telemáticos e outros, expressando informes, ordens, comunicados, medidas, portarias, recomendações, pronunciamentos e discursos (KUNSCH, 2003, p.84). Kunsch (2003) aponta que a comunicação informal tem a sua origem no convívio e no relacionamento diário dos integrantes da organização, no ambiente interno ou nas relações sociais. Somando-se as afirmações de Kunsch (2003), a ação da comunicação pode ser ampliada, extrapolando a simples difusão da mensagem; pois, conforme afirma Berlo (1997), a comunicação pode influenciar o ambiente e as pessoas. É em diversos ambientes que a comunicação assume características influentes no processo de criação e compartilhamento de conhecimento e de facilitação para a ocorrência da aprendizagem organizacional. Na opinião de Torquato (2002), a comunicação organizacional é um processo utilizado para se comunicar, ligado à identidade, à imagem, à cultura e ao clima. O autor afirma, ainda, que a comunicação é uma forma de poder. Esse poder atua no ambiente interno da organização e é consolidado nas estruturas, na linguagem e na forma de emprego de canais que serão utilizados para comunicar a informação. Para Scroferneker (2000), a comunicação organizacional abrange todas as formas de comunicação utilizadas pela organização para relacionar-se e interagir com seus públicos. A comunicação organizacional é considerada como um processo dinâmico por meio do qual as organizações se relacionam com o meio ambiente e por meio do qual as sub- partes da organização se conectam entre si. Por conseguinte, a comunicação organizacional pode ser vista como o fluxo de mensagens dentro de uma rede de relações interdependente (GOLDHABER, 1991). O autor acrescenta em suas afirmações que existem vários pontos que podem caracterizar a comunicação organizacional: A comunicação organizacional ocorre em um sistema complexo e aberto que é influenciado e influencia o ambiente; a comunicação organizacional implica mensagens, seu fluxo, propósito, direção e o meio empregado; a comunicação organizacional implica pessoas, suas atitudes, seus sentimentos, suas relações e habilidades (GOLDHABER, 1991) - 39 - Do ponto de vista de Casali (2002), a comunicação organizacional pode assumir duas formas distintas de comunicação empregadas por uma organização. A primeira forma refere-se à difusão de informação e a segunda diz respeito ao emprego dos processos comunicativos existentes na organização para propiciar as relações sociais. Segundo a autora, as organizações, como sistemas sociais, têm na comunicação uma condição essencial para seu funcionamento, pois elas gerenciam informações relativas a processos de trabalho que permitem a racionalização das atividades e a persecução dos objetivos organizacionais. De outra forma, Bueno (2003) define comunicação organizacional como sendo um conjunto complexo de atividades, ações, estratégias, produtos e processos desenvolvidos para criar e manter a imagem da organização junto a seus indivíduos. Assim, é possível entender que a comunicação organizacional pode ser considerada um mecanismo que, por meio de processos comunicacionais formais ou informais, possibilitam os relacionamentos ou interações entre os indivíduos na organização. 8.2.1. Evolução da comunicação organizacional Torquato (2002) mapeia a cronologia que marca a história da comunicação organizacional no Brasil. Torquato (2002) estabelece uma importante relação entre o estabelecimento da comunicação organizacional e o desenvolvimento econômico, político e social do país desde a década de 50. Entretanto, a década de 60, segundo o autor, é o marco inicial do emprego da comunicação organizacional. De forma cronológica, Torquato (2002, p.3) descreve as fases que marcaram a evolução da comunicação organizacional: O início foi a década de 50, com a concentração da comunicação na ênfase ao produto, deixando a imagem da organização em segundo plano; Na década de 60, a comunicação passa a ser empregada como um suporte para o marketing empresarial; tanto a imagem do produto como a imagem da organização tornavam-se importantes; Na década de 70, foi marcado pelo início do emprego da comunicação organizacional para promover o clima interno da organização. Nessa década, a comunicação começa a assumir uma escala de posicionamento estratégico com influência em diversas áreas – recursos humanos, relações públicas, marketing, vendas e jornalismo. Surgem os primeiros modelos corporativos, integrando as diversas áreas de atuação direcionadas para a comunicação; Na década de 80, ocorreu a consolidação da construção de modelos integrados de comunicação e seus efeitos na definição de parâmetros de eficiência e eficácia organizacional. Nessa década, as organizações passaram a utilizar o conceito estratégico com mais intensidade. Ou seja, a era da informação trazia a necessidade de a organização ser a primeira no - 40 - mercado. Surgiram assim novos modelos de gestão em que a comunicação visava à centralização das chamadas funções-meio (planejamento, recursos humanos e comunicação) e a descentralização das chamadas funções-fim (fabricação, vendas e distribuição). A consolidação de todas as atividades relativas à comunicação organizacional ocorreu na década de 90, agregando o surgimento de novas formas de gestão e de tecnologias. Isso possibilitou que a comunicação organizacional viesse à tornar-se importante para o equilíbrio dos ambientes internos. Assim, a era da informação passou para a era do conhecimento, despertando a atenção de outras áreas que se interessam em estudar a disseminação da informação. Como por exemplo, a Ciência da Informação, que passou a inserir em seus estudos outros contextos que abordam o estudo da informação e
Compartilhar