Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
d) O trabalho domiciliar moderno Volto-me agora para o assim chamado trabalho domiciliar. Para se ter noção dessa esfera de exploração do capital, construída na re- taguarda da grande indústria, bem como de suas monstruosidades, considere-se, por exemplo, a fabricação de pregos, tão idílica na apa- rência,233 em algumas aldeias remotas da Inglaterra. Aqui bastam al- guns exemplos tirados dos ramos da fabricação de rendas e de trançados de palha, que ainda não são mecanizados, ao todo, ou concorrem com empresas mecanizadas e manufatureiras.234 Das 150 mil pessoas empregadas na produção inglesa de rendas, cerca de 10 mil caem no âmbito da Lei Fabril de 1861. A grande maioria das 140 mil restantes são mulheres, pessoas jovens e crianças de ambos os sexos, embora o sexo masculino só esteja fracamente re- presentado. O estado de saúde desse material “barato” de exploração se revela na seguinte tabela do Dr. Trueman, médico no General Dis- pensary235 de Nottingham. De cada 686 pacientes, rendeiras, a maioria, entre 17 e 24 anos de idade, era tuberculosa: Essa progressão na taxa de incidência de tuberculose deve ser suficiente para o mais otimista dos progressistas e o mais mentiroso dos traficantes alemães do livre-cambismo. A Lei Fabril de 1861 regulamenta a feitura propriamente dita de rendas, à medida que ocorre a máquina, e essa é a regra na Ingla- terra. Os ramos, que aqui examinamos sumariamente — não à medida que concentram trabalhadores em manufaturas, estabelecimentos co- merciais etc., mas só à medida que compreendem os assim chamados trabalhadores domiciliares —, dividem-se em 1) finishing (último aca- bamento das rendas confeccionadas a máquina, uma categoria que, por sua vez, compreende numerosas subdivisões); 2) rendas de bilro. O lace finishing236 é feito como trabalho domiciliar nas assim chamadas Mistresses Houses237 ou por mulheres sozinhas ou com seus OS ECONOMISTAS 96 233 Trata-se aí de pregos feitos a martelo e não de pregos recortados e feitos a máquina. Ver Child. Empl. Comm., III Report. p. XI, p. XIX, nº 125, 130; p. 52, nº 11; pp. 113-114, nº 487; p. 137, nº 674. 234 Da 1ª à 4ª edição, apenas: “empresas manufatureiras”. (N. dos T.) 235 Enfermaria geral. (N. dos T.) 236 Acabamento da renda. (N. dos T.) 237 Casa de mestras. (N. dos T.)
Compartilhar