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Tumor Estromal Gastrointestinal (GIST) Stout descreve os GISTs como neoplasias provenientes da musculatura lisa, utilizando os termos leiomioma, leiomiossarcoma e leiomioblastoma. Utilização de microscopia eletrônica permite observar que apenas alguns tumores apresentavam morfologia compatível com diferenciação de músculo liso. Mazur e Clark utilizando imuno- histoquímica comfirmam os achados, passando a designar as lesões como tumores estromais. Grande confusão quanto à origem das lesões: •Miogênica (músculo liso) •Neural •Bidirecional (neural e muscular) Identificação do receptor KIT (CD 117), permite reputar às células intersticiais de Cajal a origem do tumor, que passou a se chamar GIST. Raro na população pediátrica Prevalência ligeiramente maior no sexo masculino Acomete preferencialmente a população de 40-80 anos (mediana de 60 anos) Estimativa de 2.300-2.900 casos/ano no BrasilTumores raros – 5% de todos os sarcomas e 80% doas localizados no TGI Estômago Intestino Delgado Esôfago Cólon/reto Mutação do éxon 11 do KIT Tríade de Carney (GIST/ Paraganglioma/ Condroma pulmonar) Neurofibromatose tipo 1 Fusiformes Epitelióides Misto KIT (CD117) – 95% CD34 – 60-70% SMA – 30-40% S-100 – 5% DOG-1 – sensibilidade semelhante ou KIT, porém positivo em 50% dos casos com KIT negativo Localizado no cromossomo 4q11-q12 Controla a expressão do receptor de tirosina-cinase e está envolvido em muitas funções, incluindo diferenciação, crescimento e sobrevivência celular O ligante natural do KIT, quando acoplado, inicia a uma cascata de sinalização intracelular, que leva a adesão, diferenciação e proliferação No GIST, uma mutação de ganho de função no KIT leva a uma ativação constitutiva da sua função de tirosina-cinase, levando a um estímulo sem oposição e independente para proliferação celular KIT - até 85% dos casos • Éxon 11 – 70% • Éxon 9 – 10% PDGFRa (Éxons 12, 14 e 18) – 3-5% 10-15% não possuem mutação em qualquer dos dois genes Achados de necrópsia Achados de exame físico ou incidental em exames de imagem 20% 10% A apresentação clínica depende de seu tamanho e localização, sendo os sintomas causados normalmente por efeito de massa. Anemia microcítica e fadiga por sangramento subclinico Saciedade precoce Náuseas e vômitos Distensão abdominal Dor Sangramento significativo por erosão ou ruptura – 25% • Entretanto, com uso atual mais liberal de exames de imagem para avaliação dos sintomas abdominais, TC e RNM são frequentemente capazes de sugerir o diagnóstico. • Uma vez que o diagnóstico tenha sido sugerido em exames de imagem axial, a endoscopia pode ser útil em revelar a presença de massas submucosas (esofago- gástricas / colorretais) • EcoEDA ajuda a caracterizar melhor lesões subepiteliais suspeitas. O diagnóstico de GIST é com frequência feito somente após ressecção e exame patológico Biópsia percutânea pré-operatória deve ser considerada conduta de exceção em casos de GIST, uma vez que se associa a disseminação tumoral pelo trajeto e maior risco de sangramento, além de não fornecer amostras de qualidade para o patologista. O ECO EDA POSSIBILITA TAMBÉM A REALIZAÇÃO DE BIÓPSIAS GUIADAS NOS CASOS IRRESSECÁVEIS OU DE RESSECABILIDADE BORDERLINE, NAS QUAIS SE PROGRAMA REALIZAÇÃO DE TRATAMENTO NEOADJUVANTE. • Fornecem material de melhor qualidade e com menor risco de sangramento/ disseminação peritoneal • Taxa de positividade de 17-42% Determinação da altura da lesão em lesões esofago-gástricas / colorretais • Exame útil para melhor caracterização da lesão • Permite a realização de biópsias ecoguiadas Modalidade de escolha para diagnóstico, estadiamento e seguimento do tratamento * Dada a raridade da disseminação metastática para o pulmão, a radiografia simples é adequada para avaliação do tórax. A avaliação pré-tratamento do GIST faz-se quase que exclusivamente por exames não-invasivos. • Método diagnóstico de alta resolução, porém de custo elevado e menor disponibilidade. • Pela melhor resolução espacial e resultados superiores à TC e USG na avaliação da pelve, é o exame de escolha para estudo de lesões ano-retais. • Apresenta boa sensibilidade (80%), porém baixa especificidade. • Papel na avaliação pré-tratamento / reavaliação (2-3 semanas) de GISTs comprovados, com ressecabilidade marginal e que serão submetidos a tratamento prévio com imatinibe. A avaliação pré-tratamento do GIST faz-se quase que exclusivamente por exames não-invasivos. A maioria dos especialistas considera que todos os GISTs apresentam potencial maligno, exceto talvez os <1cm. Tamanho tumoral e número de mitoses têm sido os 2 fatores mais estudados e correlacionados com resultados, sendo utilizados na primeira classificação de risco estabelecida por Fletcher CD et al e que foi inicialmente utilizada pelo National Institutes of Health / National Cancer Institute (NIH/NCI). Localização anatômica, posteriormente, passou a ser também reconhecida como fator prognóstico independente, sendo incorporada como variável Miettinem e Lasota, em na versão revisada da classificação de risco inicial. Outras variáveis têm sido estudadas na avaliação prognóstica: • Estimativa imuno-histoquímica de proliferação celular – Ki67 • Presença de margens microscópicas positivas • Aneuploidia • Expressão de telomerase • Status mutacional do KIT – especial interesse Entretanto, até o momento, não existem dados suficientes para a incorporação de outras variáveis além do tamanho tumoral, número de mitoses e localização anatômica na estratificação de risco e em protocolos de tratamento. Cirurgia tem sido tradicionalmente a base do tratamento do GIST ressecável, sendo a única modalidade terapêutica potencialmente curativa.01 02 0403 • AGA - todo GIST ≥3cm e ainda, tumores <3cm apresentando bordos irregulares, presença de cistos, ulceração, focos ecogênicos ou heterogeneidade à Eco EDA. • ESMO – todo GIST >2cm Ressecções endoscópicas de pequenos GISTs gástricos têm sido tentadas, porém, mais estudos ainda são necessários para determinarmos o papel da abordagem endoscópica no tratamento de pacientes com GIST gástrico. • A via padrão é a laparotômica, havendo respaldo na literatura para ressecções laparoscópicas de lesões <5cm. • Deve ser meticulosa, visando prevenir ruptura tumoral no intra-operatório. • Necessária apenas ressecção segmentar do sítio de origem da lesão, com margens livres de 1-2cm. • Não há evidênica de benefício com RTx ou QTx convencional. • Entretanto, muitos pacientes apresentam recidiva, apesar da ressecção cirúrgica completa do tumor primário. • MD Anderson – 10% dos pacientes livres de doença no acompanhamento a longo prazo. • Padrão inicial de recorrência envolve predominantemente peritônio e fígado. • MSKCC – 40% dos pacientes submetidos a ressecção R0 recidivaram (peritônio 50% / fígado 75%). Sobrevida média de 15 meses após resgate cirúrgico. 01 02 • Em localizações onde ressecções segmentares não são tecnicamente factíveis, ressecções maiores (ex.: esôfago e reto), ou em bloco (epíplon) são recomendadas, objetivando-se cirurgia R0. • Sempre que possível as margens de ressecção devem ser aferidas por exame de congelação. • Como a incidência de comprometimento linfonodal é de 4-10%, não parecendo ter relação com o prognóstico, a linfadenectomia fica reservada aos casos em que há suspeita macroscópica de comprometimento linfonodal. A descoberta do STI571 (Imatinibe) revolucionou o tratamento do câncer, por ser a primeira terapia a agir especificamente na alteraçã molecular responsável pela etiologia do câncer. Incialmente utilizado com sucesso no tratamento de LMC, foi utilizado pela primeira vez para tratamento de GIST em um caso a Finlândia (2000). Terapia adjuvante: A paciente com doença disseminada em fígado e peritônio, sem sucesso após múltiplas terapias, apresentou resposta notávelcom algumas semanas de uso do imatinibe, mensurada em TC de PET. O papel adjuvante do imatinibe em lesões completamente ressecadas foi estabelecido por 2 estudos do American College of Surgeons Oncology Group (ACOSOG): Terapia adjuvante: Z9000 (2003) – 400mg por 12 meses em lesões >5cm, >10cm, ou com relato de ruptura. Sobrevida global em 3 anos de 97% (significativamente maior que controles históricos). Z9001 (2009) – 400mg por 12 meses em lesões >3cm. Estudo interrompido após 13-14meses por diferença estatisticamente significativa na sobrevida livre de doença em favor do grupo imatinibe (97% vs 83%). A diferença foi restrita a lesões >10cm e entre 6-10cm, não sendo detectada diferença em sobrevida global. Em pacientes com doença primariamente irressecável ou de ressecabilidade marginal, o tratamento com imatinibe deve ser indicado. Em alguns casos o tratamento neoadjuvante pode transformar lesões inicialmente irressecáveis em ressecáveis, trazendo ainda como benefício adicional a menor perda sanguínea associada à redução da vascularização em tumores grandes. A avaliação da resposta é feita com TC 1-2 meses após início do tratamento: Os achados característicos são mudança notável no padrão de captação de contraste, partindo do padrão habitual de hipercaptação heterogênea, para uma hipocaptação homogênea, acompanhada de redução na captação de contraste pelos nódulos e diminuição da quantidade de vasos tumorais. Achados independentes da redução de tamanho do tumor (RECIST). Choi et al em 2007 propuseram e validaram novos critérios, mostrando que uma redução de 10% na soma de valores unidimensionais ou 15% na densidade seriam indicativos de resposta tão sensíveis quanto PET-CT, sendo excelentes preditores de sobrevida. Tumores de ressecabilidade marginal (borderline), pelo risco inerente de piora da lesão, que pode se tornar irressecável na vigência do tratamento com imatinibe, a recomendação é a reavaliação com PET-CT em 2-3 semanas. A avaliação com PET-CT requer, entretanto, um exame de base antes do início do tratamento. Manejo semelhante ao dos pacientes com doença irressecável. Acompanhamento por TC ou PET-CT • 45% - resposta parcial. • * 30% - doença estável Estudos dão respaldo para continuidade do tratamento por tempo indefinido, até que ocorra progressão de doença ou toxicidade, uma vez que a interrupção da medicação se associa a PD em uma mediana de 6 meses. A primeira linha de tratamento consiste em imatinibe. Pacientes apresentando GIST primário ressecável associado a metástases sincrônicas igualmente ressecáveis, são candidatos a ressecção primária, especialmente quando sintomáticos. Devido à resposta ao imatinibe, existe frequentemente papel para a cirurgia nesse grupo, havendo consenso para abordagem no 6o mês pós-tratamento. • Nos pacientes em uso de imatinibe a longo prazo para doença avançada, pode acabar acontecendo resistência frequentemente associada a uma mutação secundária no gene KIT. • Em ~50% dos GISTs que progridem na vigência de terapia com imatinibe, essa progressão ocorre à custa de um único nódulo, devendo ser considerada a ressecção da lesão nesses casos. • Em pacientes com GIST resistente ao imatinibe em alta dose ou intolerantes à medicação, a opção de segunda linha é o sunitinibe 50mg/dia. - Inibidor de tirosinocinase multi- alvo, com atividade anti-tumoral e anti-angiogênica. • No demais casos, pode-se prosseguir como escalonamento da dose do imatinibe para 800mg/dia. - Dose 400mg/dia vs 800mg/dia testada em 2 RCT e uma meta- análise (METAGIST). - Pequena vantagem de SLD, especialmente em pacientes com mutação no éxon 9. - 5% - resposta parcial / 30% - doença estável. Nos pacientes tratados com intenção curativa, a recomendação atual do NCCN é: • Exame físico e TC com contraste a cada 3-6 meses por 3-5 anos. • Exame físico e TC com contraste a cada ano, após os primeiros 3-5 anos. • Exame físico e TC com contraste a cada 3-6 meses por tempo indeterminado. • Em caso de imagem suspeita de recorrência, recomenda-se uma nova TC em 1 mês e, em caso de achados inconclusivos, pode-se lançar mão do PET-CT. Nos pacientes em uso de inibidor de tirosinocinase (imatinibe / sunitinibe) para controle de doença irressecável ou metastática O diagnóstico de recorrência ou progressão de doença é feito pelo aumento de nódulos pré-existentes ou surgimento de novos nódulos em sítios de ressecção prévia, bem como identificação de metástases.
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