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Cardiologia Insuficiência Cardíaca 1 Insuficiência Cardíaca Lara Castro É uma síndrome clínica complexa, de caráter sistêmico, definida como disfunção cardíaca que ocasiona em suprimento sanguíneo inadequado para atender as necessidades metabólicas tissulares, ou fazê-lo somente com elevadas pressões de enchimento ventricular. Então, ocorre uma incapacidade do coração em conseguir cumprir sua função de bomba e atender a demanda tecidual. Isso geralmente ocorre devido à alterações das funções sistólica e /ou diastólica dos ventrículos. Ocorre uma lesão miocárdica inicial para desencadear todo o processo da insuficiência cardíaca que leva a consequente ativação de diversos sistemas na tentativa de compensar os processos que o miocárdio está passando (ativação neuro-hormonal, inflamação, isquemia, estresse oxidativo) gerando alterações cardiovasculares (remodelamento ventricular, disfunção endotelial) seguindo com a progressão da insuficiência cardíaca como um ciclo vicioso de lesão cardiovascular. Com a redução do débito cardíaco, ocorre sensibilização de barorreceptores (que detectam a redução da função sistólica e buscam aumentam o inotropismo e cronotropismo cardíacos) que levam a ativação do SNA simpático, o que leva a aumento de frequência cardíaca, taquicardia, vasoconstrição, além disso ocorre ativação do SRAA --> que leva ao aumento da retenção renal de NA e por último, tem um estímulo do ADH --> que gera retenção renal de água --> todas essas vias citadas foram ativadas na tentativa de manutenção da integridade circulatória arterial. Cardiologia Insuficiência Cardíaca 2 As etiologias mais comuns de ICC no Brasil: cardiopatia isquêmica, cardiopatia hipertensiva, cardiopatias secundárias à valvopatias, cardiomiopatia dilatada (CMD que é na maioria das vezes idiopática, também podendo ser causada por miocardite e doença coronariana), cardiomiopatia alcoólica e cardiomiopatia chagásica. Dentre os fatores de risco para IC: DAC, DM, tabagismo, valvopatias, HAS, obesidade. Causas da disfunção Sistólica (é a mais comum na ICC): Sobrecarga pressórica: HAS, HP, Estenose aórtica (adaptação --> hipertrofia concêntrica) Sobrecarga volumétrica: Insuficiência aórtica, fístulas arteriovenosas, insuficiência mitral (adaptação dilatação e hipertrofia excêntrica). Agressão primária ao miocárdio IAM, miocardites, cardiomiopatias chagásicas e idiopática. Causas de disfunção diastólica Alteração do relaxamento: HVE, isquemia miocárdica. Redução da elasticidade: doenças infiltrativas. Pericardites constritivas, tamponamento cardíaco. Cardiologia Insuficiência Cardíaca 3 Na anamnese e exame físico de uma maneira geral há uma gama de sintomas possíveis, que isolados podem ser inespecíficos, mas associados podem nos trazer os sintomas clássicos da ICC: Dispneia (aos esforços, que tende a aumentar progressivamente com evolução do quadro). Ortopneia DPN (paciente relata acordar durante a noite com falta de ar, que tende a melhorar após alguns minutos sentados ou em pé, ou após tomar um ar). Palpitações, síncope, dor torácica. Edema de MMII. Estase jugular (Cabeceira elevada a 45 graus). Hepatomegalia. Ascite. Cianose. Edema agudo de pulmão (é grave, complicação, em virtude do aumento da pressão hidrostática nos capilares da circulação pulmonar, causando extravasamento de fluidos para os alvéolos e prejudicando a respiração). No exame físico, pode haver a presença de B3 e B4 (disfunção ventricular em B4, HVE). Lembrando-se da gênese da Insuficiência cardíaca, quando você tem um acometimento mais voltado para o lado esquerdo, você pensa em congestão pulmonar dispneia, edema agudo de pulmão, DPN, ortopneia. Quando pensamos em um acometimento direito congestão sistêmica Edema de MMII, estase jugular, hepatomegalia, esplenomegalia, ascite. De acordo com a apresentação da IC, ela pode ser classificada em diferentes perfis: O perfil A é caracterizado como quente e seco: ou seja, bem perfundido e sem congestão. O perfil quente e seco é o alvo terapêutico dos pacientes com IC. Já o perfil B, a apresentação mais comum dos pacientes hospitalizados com IC, o paciente se apresente Quente e úmido: bem perfundido e com congestão. O perfil L apresenta-se frio e seco: Má perfusão e sem congestão. E o perfil C, em que o paciente se apresenta frio e úmido: ou seja, má perfusão e congestão. É o paciente com maior mortalidade na IC, por apresentar ao mesmo tempo hipoperfusão e congestão. Cardiologia Insuficiência Cardíaca 4 Exames complementares: O Exame de escolha é o ecocardiograma, em que você consegue fazer uma avaliação anatômica e funcional do coração, além de conseguir avaliar a fração de ejeção. ECO DEVE FAZER EM TODOS OS PACIENTES QUE SUSPEITA DE ICC. Diagnóstico de disfunção do VE --> FE<50% Consegue avaliar aumento das câmaras cardíacas. Cardiologia Insuficiência Cardíaca 5 Radiografia de tórax para avaliar cardiomegalia, redistribuição vascular para os ápices, derrames pleurais, excluir doenças pulmonares. Laboratorialmente Hemograma, eletrólitos, função renal, hepática, TSH e glicemia. Sorologia para chagas --> cardiomiopatia chagásica. Anemia, hiponatremia e alterações de função renal são considerados marcadores prognósticos. Dosagem de BNP E NT-proBNT (os peptídeos natriuréticos) importância de valor diagnóstico e prognóstico. São peptídeos liberados pelos miócitos ventriculares em resposta à sobrecarga de pressão, volume ou aumento de tensão parietal. Dosa quando há dúvida no diagnóstico, quando tem intenção de estratificar prognóstico em pacientes com IC e também realizam-se medidas seriadas como complemento ao exame físico para guiar o tratamento de pacientes com IC. Investigação de etiologias: Chagásica (antecedentes, sorologia para Chagas, Bloqueio de ramo direito, ECO com aneurisma apical). Isquêmica (FR para DAC, história de IAM, ECG com sinais de isquemia, ECO com alteração de contração segmentar). Hipertensiva (histórico de HAS, exclusão de outras causas). Alcoólica Miocardite (história recente de infecção viral, IC de início recente <2 meses, exclusão de outras causas). Idiopática A classificação será de acordo com a fração de ejeção, com a gravidade dos sintomas e com o tempo de progressão. Com relação à fração de ejeção: ICFEp FE > ou = 50% ICFEi Entre 40-49% ICFEr FE <40% Cardiologia Insuficiência Cardíaca 6 Classificação da ICC (classe funcional da NYHA) Classe I não tem limitações para atividade física, sem sintomas. Classe II sintomas para esforços habituais Classe III sintomas para esforços MENORES que os habituais (mas é confortável ao repouso). Classe IV sintomas até mesmo em repouso. Estágios Tratamento : Uma parte focada no alívio dos sintomas e algumas classes tem potencial de diminuir o fenômeno de remodelamento cardíaco. Terapia tripla que geralmente é a indicação nos casos de ICFEr IECA (enalapril)+ B-BLOQUEADOR (carvedilol) + ESPIRONOLACTONA (poupador de K) Cardiologia Insuficiência Cardíaca 7 Antagonistas mineralocorticoides Para pacientes sintomáticos, redução de hospitalizações com ICC. Espironolactona (25-30mg) Monitorização do K é importante, pois pode gerar hipercalemia. IECAS Inibidores da enzima conversora da angiotensina Redução de sintomas e relação com redução no índices de mortalidade Enalapril (2x/dia --> 20mg por dia) B-bloqueadores Reversão de remodelação ventricular, redução da mortalidade Reduz a dilatação das câmaras cardíacas e auxilia no aumento da FE. Com associação com IECA reduz ainda mais mortalidade Não usar na IC descompensada Carvedilol Contraindicados nos pacientes com asma grave, bradicardias BRA Quando há reações de tosse e hipersensibilidade ao IECA Valsartana (320mg/dia --> dose plena) Também relaciona com aumento da sobrevida assim como IECA Ibravadina Só pode ser usada em pacientes em ritmo sinusal, com FE<35% e FC>70bpm e que estejam sintomáticos mesmo com tratamento com outros medicamentos. Diuréticos Controle dos sintomas de congestão (edema, hepatomegalia, dispneia). Cardiologia Insuficiência Cardíaca 8
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