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ATIVIDADE FISICA E OS FATORES DE RISCOS PARA DOENÇAS CRONICAS NAO TRANSMISSIVEIS

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INTRODUÇÃO
A hipertensão arterial (HA) é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento das 
doenças cardiovasculares. No Brasil, esta condição a�nge cerca de 33% das pessoas adultas, 
proporção que chega a mais de 60% nos idosos. De fato, a HA é a condição patológica mais 
prevalente entre adultos nas diferentes regiões do país, sendo uma das principais causas de 
aposentadoria por doença e relacionada com grande proporção dos óbitos – es�ma-se que 
contribua direta ou indiretamente para metade das mortes por doença cardiovascular. Por outro 
lado, estudos epidemiológicos e ensaios clínicos indicam que pequenas reduções nos níveis de 
pressão arterial (PA) se associam a diminuições significa�vas nos níveis de morbimortalidade.
O posicionamento oficial do Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM) sobre “exercício 
e hipertensão” (PESCATELLO et al., 2004), por exemplo, sugere que reduções da ordem de 2 
mmHg na pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD) diminuem em 14-19% os riscos de 
acidente vascular cerebral e em 6-9% os riscos de doença arterial coronariana. Essa premissa foi 
recentemente reforçada no úl�mo relatório do Surgeon General norte-americano (U.S. 
DEPARTMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES, 2020).
A terapia medicamentosa é necessária em grande parte dos casos de HA. Há ainda outras 
estratégias capazes de o�mizar o tratamento, como modificações nos hábitos dieté�cos. Há 
muito se aceita que o risco de HA aumenta consideravelmente entre indivíduos fisicamente 
ina�vos, por isso, agências norma�vas recomendam o aumento dos níveis de a�vidade �sica 
como meio de prevenir e tratar essa condição.
A doença cardíaca é uma grande causa de morte prematura e de limitação funcional, 
acarretando reduções na capacidade de realizar a�vidades co�dianas. Condições patológicas 
classificadas nessa categoria, como a doença isquêmica cardíaca e insuficiência cardíaca, 
consistem na principal causa de mortalidade no mundo, liderando também as esta�s�cas em 
todas as regiões do Brasil (BRASIL, 2011).
Contudo, o avanço da Medicina, as novas técnicas cirúrgicas e formas de tratamento 
aumentaram a quan�dade de pacientes sobreviventes a intercorrências cardíacas ou que foram 
tratados antes de eventos agudos em função de diagnós�co precoce. Com isso, há mais 
indivíduos com doença cardíaca elegíveis para programas de reabilitação cardiopulmonar – no 
Brasil, es�ma-se que mais de 10 milhões de indivíduos se encontram nessa situação.
Comentário
Cardiopatas que têm a oportunidade de par�cipar de programas de reabilitação tendem a ter 
menores taxas de recidiva, hospitalização e mortalidade, com melhor qualidade de vida. O 
obje�vo da reabilitação cardiopulmonar é melhorar a ap�dão �sica e funcional, reduzindo os 
riscos de intercorrências e facilitando a reinserção dos pacientes em suas a�vidades. Para isso, 
estratégias que combinem diferentes modalidades de treinamento são u�lizadas, além de 
reeducação para a modificação de hábitos de vida.
Agora, apresentaremos evidências do papel da a�vidade e exercício �sico na prevenção e 
tratamento da HA, bem como no contexto de programas de reabilitação cardiopulmonar. Além 
disso, resumiremos as caracterís�cas de programas de treinamento �sico para pacientes 
hipertensos e cardiopatas, a par�r de elementos da literatura acerca das variáveis do 
treinamento – frequência, intensidade, tempo e �po de exercício (FITT).
CLASSIFICAÇÃO E DIAGNÓSTICO DA PA
A hipertensão arterial (HA) é de di�cil diagnós�co, pois a pressão arterial (PA) varia durante o 
dia, sendo influenciada pelas emoções, pelo estresse, pelas a�vidades �sicas e até mesmo pelo 
simples fato de estar sendo medida no “efeito do jaleco branco”. Por isso, é importante que a 
aferição da PA respeite procedimentos padronizados, de maneira que elevações transitórias não 
sejam interpretadas como permanentes. Em geral, recomenda-se que a PA seja medida com o 
paciente sempre na mesma posição (sentado ou deitado), por profissional treinado, no mesmo 
horário e em ambiente tranquilo. A medida deve ser tomada mais de uma vez, com intervalos de
alguns minutos. Para confirmar o diagnós�co de HA, valores elevados devem ser detectados em 
pelo menos três oportunidades diferentes.
A HA é definida como uma condição clínica mul�fatorial em que se observam valores de PAS ≥ 
140 mmHg e PAD ≥ 90 mmHg. Contudo, a classificação da PA vem sofrendo modificações nos 
úl�mos anos. Até 2017, a mais u�lizada advinha de um grupo de trabalho conhecido como VII 
Joint Na�onal Comi�ee on Preven�on, Detec�on, Evalua�on, and Treatment of High Blood 
Pressure (CHOBANIAN et al., 2003), conforme ilustrado no Quadro 1.
Quadro 1. Classificação e estratégias de tratamento da PA em adultos de acordo com o VII JOINT.
Classificação PAS (mm Hg) PAD (mm Hg) Mudança de Hábitos Medicação1
Normal
<120
E
<80
Encorajada
Sem indicação
Pré-hipertensão
120-139
OU
80-89
Sim
Sem indicação
Hipertensão Estágio 1
140-159
OU
90-99
Sim
Diuré�cos na maior parte dos casos. Considerar uso de IECA, BRB, BB, BCC (ou combinação)
Hipertensão Estágio 2
≥160
OU
≥100
Sim
Combinação de duas drogas na maioria dos casos2 (usualmente, diuré�cos + IECA, BRB, BB ou 
BCC)
1 Sem condição clínica paralela que imponha terapia medicamentosa;
2 Considerar risco de hipotensão ortostá�ca; IECA: inibidor de enzima conversora de 
angiotensina; BRB: bloqueador de receptor de angiotensina;
BB: betabloqueador; BCC: bloqueador de canais de cálcio.
Fonte: Chobanian et al., 2003.
Em uma revisão, Farina� e Monteiro (2013) apontaram duas grandes razões pelas quais se 
deveria ter atenção com indivíduos pré-hipertensos:
As taxas de morbimortalidade por doença cardiovascular aumentariam em razão direta aos 
valores de PA, relação que se iniciaria já em níveis de 115/75 mmHg.
O risco tende a dobrar a cada 20/10 mmHg de elevação da PA. Com isso, 20% das pessoas 
classificadas como pré-hipertensas podem se tornar hipertensas em prazo curto..
Estudos subsequentes revelaram que lesões em órgãos-alvo poderiam ser encontradas em 
indivíduos com níveis pressóricos no limite superior da normalidade. Logo, indivíduos pré-
hipertensos podem exibir problemas correlatos à HA, dependendo do tempo em que a PA se 
apresenta elevada, ainda que levemente. Por conta disso, uma proposta de revisão da 
classificação do VII JOINT foi apresentada em relatório assinado por diversas ins�tuições, dentre 
elas, o ACSM e a Associação Americana do Coração (AHA).
O Quadro 2 resume essa nova classificação. A categoria de pré-hipertensão foi excluída e 
indivíduos com PA antes �da como “normal alta” foram agrupados em categorias de PA elevada 
(PAS entre 120-129 mmHg e PAD < 80 mmHg). Além disso, as faixas que antes descreviam os 
estágios 1 e 2 de hipertensão foram reduzidas: indivíduos caracterizados como pré-hipertensos 
passaram a ser considerados hipertensos no estágio 1, enquanto os limites anteriormente 
aplicados para o diagnós�co da hipertensão passaram a caracterizar hipertensão em Estágio 2. 
Essa nova classificação é a adotada por associações brasileiras, como a Sociedade Brasileira de 
Cardiologia.
Quadro 2. Categorias de PA para indivíduos adultos.
Categoria PAS (mmHg) PAD (mmHg)
Normal
< 120
E
< 80
Elevada
120 - 129
E
< 80
Hipertensão
Estágio 1
130 - 139
OU
80 - 89
Estágio 2
≥ 140
OU
≥ 90
Indivíduos com PAS e PAD em duas categorias devem ser classificados de acordo com a maior 
delas (com base na média de pelo menos duas medições em pelo menos duas ocasiões).
Fonte: Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2020.
FISIOPATOLOGIA DA HA
Apesar de ser uma condição de alta prevalência, as causas da HA ainda são pouco conhecidas. 
De fato, es�ma-se que razões perfeitamente definidas para HA sejam iden�ficadas em apenas 
10% dos pacientes. Quando isso ocorre, fala-se em hipertensão secundária, ou seja, decorrente 
de outras condições: insuficiência renal, produçãoanômala de hormônios, tumores ou apneia do
sono etc. Em 90% dos casos, a origem da hipertensão é idiopá�ca, não sendo possível iden�ficar 
uma causa – refere-se, então, à hipertensão primária ou essencial. Apesar disso, as evidências 
clínicas e experimentais são vastas no sen�do de que esse �po de hipertensão resulta da 
interação de fatores de natureza gené�ca e comportamentais (consumo excessivo de sal, 
obesidade, fumo etc.) predispondo a mecanismos fisiopatológicos que culminam na elevação da 
PA.
Existem duas linhas propondo causas para HA:
A teoria neurogênica propõe que haveria alterações no sistema nervoso central que levariam a 
um “reajuste” do ponto de aceitação do que seria a “PA normal”.
A teoria renal trabalha com a premissa de que a hipertensão decorreria, principalmente, da 
diminuição da função renal, com maior retenção de sal e água.
Na teoria neurogênica, há evidências de que indivíduos hipertensos apresentam maior a�vidade 
simpá�ca e menor a�vidade parassimpá�ca em repouso. Não por acaso, inibidores simpá�cos 
(betabloqueadores) e drogas parassimpatolí�cas são u�lizados para controlar a PA. Uma maior 
a�vidade simpá�ca elevaria a PA. Em hipertensos, o equilíbrio entre sistemas simpá�co e 
parassimpá�co apresenta-se frequentemente alterado.
O centro vasomotor, situado no cérebro, administra o nível de contração da musculatura lisa dos 
vasos por meio de es�mulação simpá�ca, aumentando ou diminuindo a resistência à passagem 
do sangue em resposta às demandas do sistema cardiocirculatório. Para isso, recebe 
informações dos barorreceptores, localizados na aorta e seios caro�deos. Eles são 
mecanorreceptores, os quais não são es�mulados pela pressão em si, mas por variações no 
es�ramento da parede arterial causadas pelas alterações de pressão dentro do vaso. Uma vez 
es�mulados, enviam impulsos nervosos ao centro vasomotor para que haja o correto balanço 
hemodinâmico.
É fácil de testar a função dos barorreceptores: pressione as caró�das e perceba que há uma 
diminuição da frequência cardíaca. Outro teste que pode ser feito é ficar rapidamente de pé a 
par�r da posição deitada – para prevenir quedas abruptas de pressão e a ver�gem postural, 
assim os barorreceptores captam a redução da pressão sanguínea nas caró�das e disparam 
es�mulos que fazem a pulsação acelerar. Em um caso, a pressão externa é interpretada como 
aumento da PA e há redução simpá�ca para regulá-la, enquanto no outro o contrário ocorre, 
com impactos diversos na frequência cardíaca. A regulação mediada pelos barorreceptores é 
rápida, respondendo imediatamente a mudanças na PA. No entanto, é de curta duração – se a 
PA permanece alterada por algumas horas, o sinal dos barorreceptores adapta-se aos novos 
níveis pressóricos, adotando-os como referência. Uma possibilidade explica�va da hipertensão, 
portanto, decorreria de um desequilíbrio do sistema nervoso autonômico, levando a mudanças 
nos valores de PA que seriam, progressivamente, aceitas como “normais” pelos barorreceptores.
A teoria renal estabelece que o principal determinante da hipertensão seria a disfunção renal. 
Isso decorre do fato de os órgãos que regulam a PA em longo prazo, por meio da excreção de 
sódio e água, serem os rins. Sabe-se que a PA é extremamente sensível à excreção de sódio e 
que pequenas variações no débito renal têm impacto sobre os níveis pressóricos em repouso, 
fenômeno que se conhece como natriurese pressórica. Uma maior excreção de sódio resulta em 
perda de água e redução do volume sanguíneo, com um progressivo retorno da PA a seu valor 
original. Diminuições da PA provocam o mecanismo inverso, com retenção de sódio e líquido. 
Assim, a PA tende a ser determinada pela ingestão de sódio e pela capacidade da natriurese 
pressórica, referente à possibilidade de os rins excretarem sódio em resposta às variações de PA.
A normalização da PA por meio do equilíbrio entre retenção e excreção de sódio é precisa, 
ocorrendo em longo prazo em resposta a uma variação qualquer, até que se retomem os valores 
pressóricos normais.
Fica fácil entender que uma diminuição da capacidade da natriurese pressórica acarreta impacto
na PA, uma vez que se aumenta o volume plasmá�co. Se a capacidade de excretar sódio diminui,
será necessária uma maior elevação da PA para que a perfusão nos rins induza a eliminação da 
mesma quan�dade de sódio. Mesmo que a ingestão de sódio não se altere, observa-se um 
aumento da PA, até que a perfusão adequada seja a�ngida e haja equilíbrio entre excreção e 
ingestão. Essa estabilidade, ocorrerá em um nível pressórico maior que o desejado. Explica-se, 
com isso, porque indivíduos hipertensos devem limitar a ingestão de sal e, em alguns casos, são 
tratados com diuré�cos.
Provavelmente, ambos os mecanismos interagem para produzir a hipertensão primária. Os vasos
renais e o transporte de sódio são influenciados por es�mulação nervosa direta ou substâncias 
vasoconstritoras produzidas em resposta ao balanço simpá�co/parassimpá�co. O sistema 
nervoso central, com isso, tem relação com o funcionamento renal e o desajuste de um pode 
levar ao desajuste do outro. Dentre esses mecanismos de influência, talvez o mais importante 
seja o do sistema renina-angiotensina-aldosterona. Trata-se de um sistema que gera 
vasoconstrição dos vasos renais acarretando um aumento na produção de renina. Isso, por sua 
vez, leva a uma elevação na secreção de angiotensina II, um dos mais potentes vasoconstritores 
conhecidos. Assim, aumenta-se a resistência periférica geral, com elevação da PA.
Adicionalmente, a angiotensina II promove a liberação de aldosterona pelas glândulas 
suprarrenais. Esse hormônio aumenta a reabsorção de sódio pelos rins, contribuindo ainda mais 
para a elevação dos níveis pressóricos. A inibição desse mecanismo configura uma das principais 
estratégias do controle da PA elevada, através de medicamentos que bloqueiam a ação da renina
na produção de angiotensina II, como nos inibidores da enzima conversora da angiotensina 
(ECA).
Figura 1. Fisiopatologia da HA sistêmica.
ATIVIDADE FÍSICA NO CONTROLE DA PA ELEVADA
O tratamento da HA inclui intervenção farmacológica e mudanças no es�lo de vida. O 
tratamento medicamentoso é feito com drogas variadas, como betabloqueadores, diuré�cos, 
inibidores da ECA, bloqueadores de receptores de aldosterona, bloqueadores de receptores da 
angiotensina II, inibidores diretos da renina e vasodilatadores, dentre outros.
Quanto às mudanças no es�lo de vida, destacam-se a prá�ca de exercícios, menor ingestão de 
sódio, moderação no consumo de álcool e suspensão do tabagismo. A prá�ca regular de 
exercícios �sicos contribui com o controle não apenas dos níveis de PA, mas também exercendo 
efeitos terapêu�cos em outros diversos sistemas e fatores de risco, como redução do estresse 
oxida�vo e de marcadores inflamatórios, correção de disfunção barorreflexa, aumento do tônus 
vagal e diminuição da a�vidade simpá�ca, reversão do remodelamento hipertrófico arteriolar e 
redução da resistência vascular periférica.
Os exercícios resis�dos também têm efeito an�-hipertensivo, agindo na preservação ou no 
aumento da força e na massa muscular, fatores que diminuem a intensidade rela�va para 
realização de tarefas do co�diano, com consequente amortecimento da resposta pressórica e 
parecem contribuir com a melhora da sensibilidade barorreflexa. Assim, o treinamento �sico 
atua de maneira ampla nos mecanismos da hipertensão. De maneira geral, es�ma-se que a 
prá�ca de exercícios aeróbios e resis�dos, tanto isolados quanto combinados, pode reduzir a PA 
em repouso e ambulatorial na ordem de 5 a 7 mmHg.
Programas de treinamento são considerados mandatórios em intervenções para o controle da 
HA.
Avaliação pré-par�cipação e cuidados durante a realização dos exercícios
Antes de iniciar um programa de exercícios, é importante ter em mente que o paciente deve ter 
a PA clinicamente controlada. Em algunscasos, indica-se a realização de teste de esforço máximo
antes de se iniciar uma ro�na.
Além das avaliações, um aspecto a ser destacado no controle do exercício diz respeito ao uso de 
medicação. Algumas classes de drogas reduzem os valores de PA no repouso e durante exercício 
submáximo e máximo, com impacto na capacidade de realizar esforço. Os betabloqueadores e 
diuré�cos podem afetar nega�vamente a termorregulação, o que deve ser levado em conta em 
climas quentes e úmidos. Betabloqueadores também aumentam a predisposição à hipoglicemia,
mascarando algumas de suas manifestações (taquicardia), o que é relevante no caso de 
pacientes diabé�cos.
Nessas situações, o paciente deve ser instruído quanto aos sinais e sintomas da intolerância ao 
calor, hipoglicemia e precauções a serem adotadas. Enfim, drogas supressoras do sistema 
simpá�co ou vasodilatadoras aumentam os riscos de hipotensão súbita após o exercício. Nesses 
casos, uma estratégia interessante consiste em estender e monitorar cuidadosamente o período 
de volta à calma ao final das sessões de treinamento.
As sessões não devem ser iniciadas se PAS e PAD forem superiores a 160 e/ou 105 mmHg, 
respec�vamente. Nos limites superiores, aconselha-se manter a PAS ≤ 220 mmHg (exercício de 
força) ou 180 mmHg (exercício aeróbio) e/ou PAD ≤ 105 mmHg, reduzindo-se as cargas 
aplicadas ao serem a�ngidos esses valores. O risco do exercício está diretamente associado à 
intensidade dos picos e à velocidade com que a PA aumenta.
Atenção
Em hipertensos, variações pressóricas intensas e abruptas elevam o risco de eventos 
cardiovasculares, como o rompimento de aneurismas. Por isso, a manipulação de intensidade e 
volume deve ser feita com cuidado.
No exercício de força, as respostas pressóricas decorrem da magnitude e duração da oclusão dos
vasos por causa da tensão muscular. Por isso, devem ser evitadas cargas muito elevadas e 
demasiadas repe�ções, mesmo quando a carga é moderada. Sabe-se que a PA tende a aumentar
ao longo de séries múl�plas. Ro�nas alternadas por segmento ou em circuito, evitando-se 
muitas séries para um mesmo grupamento muscular, parecem diminuir esse impacto.
Recomendação
Deve-se evitar prender a respiração durante os exercícios resis�dos (manobra de Valsalva). Essa 
manobra, além de aumentar a PA, limita o retorno venoso ao coração, elevando os riscos 
durante as sessões de treinamento. Indica-se expirar na fase a�va dos movimentos, aliviando-se,
com isso, a pressão intratorácica, minorando as respostas hemodinâmicas e aumentando a 
segurança do treinamento de forma geral.
Recomendações para a prescrição de exercícios para pacientes hipertensos
A prescrição de exercícios �sicos é norteada por um conjunto de fatores que devem ser 
combinados para os efeitos desejados. Deve-se detalhar a frequência, a intensidade, o tempo da
sessão de exercício e o �po de a�vidade. A melhor combinação desses componentes para 
redução crônica da PA em hipertensos permanece indefinida, carecendo-se de recomendações 
precisas do papel da intensidade e do volume nas diferentes modalidades de exercício. As 
indicações são aqui apresentadas na ordem sugerida pelo acrônimo FITT (frequência, 
intensidade, tempo e �po de exercício), com foco nos exercícios aeróbios e de força.
As evidências do efeito an�-hipertensivo do treinamento aeróbio são extensas demonstrando os
bene�cios dessa modalidade para o controle da PA. No que tange à relação entre intensidade e 
volume dos exercícios, a regularidade da prá�ca seria fator determinante do efeito an�-
hipertensivo. Assim, apesar de as recomendações mencionarem frequências semanais de 3 a 5 
vezes por semana, pode-se pensar que o exercício aeróbio deve ser feito todos os dias da 
semana (PESCATELLO et al., 2015)..
Outro aspecto que valoriza a regularidade da prá�ca dos exercícios aeróbios é o fenômeno 
conhecido como hipotensão pós-exercício. Sabe-se que, após uma sessão de exercícios, há 
tendência de os valores pressóricos permanecerem reduzidos por várias horas em relação aos 
dias em que não se exercita. Então, pra�car exercício diariamente significaria provocar reduções 
diárias da PA, com provável redução do risco cardiovascular nos dias de treinamento.
Recomenda-se que indivíduos hipertensos realizem pelo menos 150 min por semana (5 sessões 
de 30 min) de a�vidade aeróbia com intensidade moderada a alta. Complementarmente, 
sugere-se de duas a três sessões de exercícios resis�dos por semana. Pode ocorrer aumento 
grada�vo até 300 min/semana de exercícios aeróbios de intensidade moderada ou 150 
min/semana de exercícios aeróbios de alta intensidade.
Quanto à intensidade, adaptações favoráveis na PA parecem ocorrer em resposta ao 
treinamento de intensidade moderada (40 a 60 % da máxima capacidade cardiorrespiratória). 
Em geral, o volume é um aspecto mais importante que a intensidade, principalmente, a 
frequência semanal. Isso permite a adoção de estratégias menos ortodoxas de prescrição do 
exercício, como é o caso dos programas extramuros.
Nesse �po de programa, abdica-se do controle fisiológico e da supervisão das a�vidades, 
inves�ndo no treinamento dos pacientes para que possam realizar os exercícios em casa, sem a 
dependência da proximidade de centros de treinamento. Muitas são as estratégias possíveis, 
como encontros periódicos para avaliação e treinamento, prescrições que seguem pela internet. 
Isso favorece a adesão e a independência dos pacientes para a prá�ca de exercícios �sicos, com 
importante economia de recursos humanos e materiais.
Em geral, o tempo es�mado para as sessões de exercício aeróbio, con�nuas ou intermitentes, 
varia entre 30 e 60 minutos por dia. Enfim, quanto ao �po de a�vidades, a maior parte dos 
posicionamentos oficiais propõe exercícios envolvendo grandes grupamentos musculares, que 
possam ser sustentados por períodos adequados na faixa de intensidade preconizada.
No que diz respeito aos exercícios de força, a quan�dade de estudos com pacientes hipertensos 
é menor do que com treinamento aeróbio. Seus resultados, porém, são promissores e sugerem 
que essa modalidade pode ter efeito an�-hipertensivo isolado, que pode mesmo rivalizar com o 
do treinamento aeróbio, ao menos no caso de indivíduos com PA elevada. A principal 
contribuição desse �po de treinamento para o hipertenso reside no fato de que se tornará mais 
forte – com isso, as a�vidades co�dianas passarão a representar menor carga rela�va e 
exercerão menos impacto sobre as respostas da PA. Isso é importante no sen�do de reduzir a 
sobrecarga cardiovascular em tudo o que se faz.
A maior parte dos posicionamentos oficiais recomenda uma frequência semanal de 2 a 3 vezes 
por semana no treinamento de força para hipertensos. Contudo, em função dos obje�vos da 
prescrição, séries parceladas podem ser aplicadas, de modo que se trabalhem grupamentos 
musculares diferentes em cada dia. Pode-se, então, chegar a uma frequência de 4 a 6 vezes 
semanais, com um mesmo grupamento sendo trabalhado dois ou três dias na semana. As 
necessidades dos pra�cantes em termos de deficiência de força podem determinar os 
parcelamentos do trabalho nos diferentes dias de treinamento. Em geral, pode-se assumir que 
intervalos de 48 horas entre sessões de treinamento sejam adequados para indivíduos 
sedentários.
A intensidade dos exercícios resis�dos é determinada pela interação entre cargas e repe�ções, 
número de séries e o tempo de intervalo entre séries. Em pacientes hipertensos, as 
recomendações de intensidade variam de 60–80% da carga correspondente a uma repe�ção 
máxima (1RM) e as repe�ções podem variar de 8 a 12 em cada série. Aconselha-se, no caso de 
indivíduos sedentários, evitar-se a “falha” do movimento ao longo das séries. Além disso, sabe-
se que ro�nas com apenas uma série são capazes de acarretar ganhos iniciais de força em 
indivíduos ina�vos. O tempo de intervalo entre séries devem ser estabelecidos para uma 
recuperaçãoque permita a realização da série subsequente e para reduzir seu efeito cumula�vo 
sobre a PA – períodos de aproximadamente 1 a 2 minutos parecem ser suficientes.
A duração recomendada para sessões de treinamento da força situa-se entre 30 a 60 minutos. 
Evidentemente, isso muda na dependência de outras variáveis, como os obje�vos do 
treinamento. Outro aspecto é a adesão dos pacientes às ro�nas de exercício. Deve-se ter em 
mente que o treinamento da força para hipertensos é complementar ao aeróbio; logo, a relação 
entre efeitos desejados, obje�vos do programa de maneira mais ampla e prazer do pra�cante 
durante as sessões influenciará o tempo diário dedicado aos exercícios de força. Nesse sen�do, 
os �pos de a�vidades propostas deveriam incluir exercícios relacionados às a�vidades diárias. As
recomendações propõem, geralmente, de 8 a 10 exercícios para grupamentos musculares 
variados, realizados em máquinas ou pesos livres.
Os Quadros 3 e 4 a seguir apresentam um resumo das recomendações para a prescrição de 
exercícios aeróbios e resis�dos em hipertensos.
Quadro 3. Recomendações quanto à prescrição de exercícios aeróbios para hipertensos.
Exercício aeróbio
Frequência semanal
Apesar de se considerar suficiente uma frequência de 2 a 3 vezes por semana, as evidências 
indicam que o efeito an�-hipertensivo seria o�mizado em frequências maiores, de preferência, 
todos os dias da semana.
Intensidade
As recomendações disponíveis indicam intensidade leve à moderada (40-60% da capacidade 
cardiorrespiratória máxima, escores de 4-6 na escala CR10 de Borg). Em geral, os estudos 
aplicam intensidades de 65-80% da capacidade cardiorrespiratória máxima. Uma avaliação 
criteriosa da relação risco-bene�cio deve ter lugar antes de optar por programas de intensidade 
muito elevada.
Tempo (duração)
Sessões diárias, de 30 a 60 min, con�nuas ou intermitentes. No caso de exercícios intermitentes, 
cada sessão deveria ter ao menos 10 min de duração.
Tipo (modalidade)
Quaisquer modalidades que recrutem grandes grupamentos musculares e possam ser man�das 
na faixa de intensidade preconizada.
Recomendações adicionais
1- Para pacientes com capacidade funcional reduzida, a�vidades intermitentes com 10-15 
minutos podem ser realizadas em mais de uma sessão diária. Com o avançar do 
condicionamento, recomenda-se que a duração do treinamento aeróbio progrida para durações 
maiores e con�nuas.
2- Em pacientes com baixa capacidade �sica, atenção especial deve ser dada durante as etapas 
de aquecimento e volta à calma. Um aquecimento mais longo pode ajudar na manutenção do 
esforço durante maior tempo. A volta à calma deve ser lenta e progressiva, para evitar 
hipotensão postural e aumentar a segurança na liberação do paciente.
Fonte: EnsineMe.
Quadro 4. Recomendações quanto à prescrição de exercícios resis�dos para hipertensos.
Exercício de força
Frequência semanal
As recomendações sugerem 2 a 3 vezes por semana para cada grupamento muscular. Em 
iniciantes, as frequências podem ser de 1 a 2 vezes por semana. Caso sejam aplicadas séries 
parceladas (poucos grupamentos treinados em cada sessão), pode-se chegar a frequências 
maiores, de 4 a 6 vezes por semana.
Intensidade
Recomendam-se cargas de 60-80% de 1RM, com 8-12 repe�ções (sem falha concêntrica), 2-3 
séries por grupamento e intervalos de recuperação 2 min. Séries alternadas por segmento ou em
circuito elevam menos a PA vs. séries múl�plas tradicionais, permi�ndo diminuir os intervalos de
recuperação.
Tempo (duração)
Na ampla maioria das recomendações, a duração das sessões de exercício resis�dos situa-se 
entre 30 e 60 min.
Tipo (modalidade)
Indicam-se, em geral, de 8 a 10 exercícios (quando muito, 15 exercícios) envolvendo grandes 
grupamentos musculares e movimentos similares às a�vidades co�dianas. Nota-se que esta 
modalidade de treinamento é complementar ao exercício aeróbio no tratamento de hipertensos.
Recomendações adicionais
1- Evitar a manobra de Valsalva durante os exercícios de força. A respiração correta consiste em 
expirar na fase concêntrica do movimento e expirar na fase excêntrica (respiração passiva 
ele�va).
2– O domínio da técnica é importante para minimizar as respostas cardiovasculares durante o 
exercício, além de prevenir a fadiga precoce. Em pacientes iniciantes, deve-se iniciar o 
treinamento com resistências leves, enfa�zando sempre a técnica correta de execução dos 
movimentos.
3– As sequências de exercícios devem associar-se ao menor estresse cardiovascular possível. 
Sessões que impõem maior grau de fadiga, em geral, também provocam respostas 
cardiovasculares agudas mais elevadas. Na medida do possível, portanto, deveriam ser evitadas.
Fonte: EnsineMe.
ATIVIDADE FÍSICA E DOENÇA CARDÍACA: A REABILITAÇÃO CARDIOPULMONAR
Define-se reabilitação cardiopulmonar como o conjunto dos processos de intervenção 
necessários para assegurar aos pacientes acome�dos de doença cardíaca as condições �sicas, 
psicológicas e sociais para que preservem ou reassumam seus lugares na sociedade. Para o 
Departamento de Ergometria e Reabilitação Cardiovascular da Sociedade Brasileira de 
Cardiologia, foi a par�r da década de 1960 que:
“...ocorreram mudanças substanciais de hábitos de vida e treinamento �sico nos pacientes 
cardiopatas, que saíram do imobilismo e da aposentadoria precoce para uma saudável retomada
às a�vidades �sica, social e labora�va, através da recuperação do desempenho �sico e da 
autoconfiança proporcionados pelos programas de reabilitação cardiovascular”.
(DERC/SBC, 1997. p. 268).
Desde então, a literatura acumula resultados indicando que programas desse �po podem reduzir
de maneira importante os níveis de mortalidade entre pacientes com histórico de doença 
coronariana. A reabilitação cardiopulmonar tem sido recomendada para pacientes após infarto 
agudo do miocárdio ou cirurgia de revascularização do miocárdio, pós-operatório de cirurgias 
cardíacas, insuficiência cardíaca crônica, pré e pós-transplante cardíaco, intervenções 
percutâneas do miocárdio, doenças valvares e doença arterial periférica.
Diversas estratégias podem ser u�lizadas nesses programas. O exercício �sico é considerado uma
das mais importantes, ao lado do controle do tabagismo, alcoolismo, estresse, dieta e suporte 
psicossocial, visando mudanças perenes e favoráveis de comportamento. A capacidade de 
realização das a�vidades tende a melhorar em pacientes que par�cipam de programas de 
treinamento �sico. Uma combinação de treinamento aeróbio e de força parece ser a melhor 
opção com esse obje�vo, com respostas independentes da idade.
Vamos discu�r as relações entre doença cardíaca e exercício �sico, com foco em aspectos 
relacionados com a elaboração das sessões de treinamento, desde sua estruturação até a 
definição de intensidade, duração e frequência, bem como a segurança das a�vidades.
Avaliação pré-par�cipação e contraindicações
Antes de iniciar um programa de exercícios, é preciso assegurar que este não representa risco 
para o cardiopata. Além do exame clínico, deve-se realizar teste de esforço máximo para 
iden�ficar a possível presença de isquemia, disfunção ventricular, arritmias ou distúrbios da 
condução. Além disso, o teste de esforço permi�rá estabelecer padrões de comportamento para 
variáveis como a frequência cardíaca e PA e, em alguns casos, o consumo de oxigênio, que serão 
importantes para a prescrição e o acompanhamento do treinamento �sico. Com base nessas 
informações, pode-se estra�ficar o risco do paciente, conforme exibido no Quadro 5. De modo 
geral, pacientes de baixo risco são reavaliados anualmente; já aqueles com maior risco, a cada 
seis meses.
Quadro 5. Estra�ficação do risco para a inclusão de pacientes em programas de reabilitação 
cardíaca.
Risco Caracterís�cas
Baixo
Período superior a 6 meses desde o evento cardiovascular, intervenção cardiovascular ou 
descompensação clínica
Capacidade funcional = 7 METs
Ausênciade isquemia miocárdica em repouso ou em teste de esforço
Fração de ejeção do ventrículo esquerdo = 50%
Ausência de ectopia ventricular significante após o 3º dia pós-infarto
Resposta adequada da PA ao esforço
Capacidade de autocontrolar a intensidade do exercício
Moderado
Período superior de 12 semanas desde o evento cardiovascular, intervenção cardiovascular ou 
descompensação clínica
Capacidade funcional = 5 a 7 METs
Limiar isquêmico acima de 6 METs
Depressão de segmento ST = 2 mm
Fração de ejeção do ventrículo esquerdo = 35-49%
Ausência de ectopias ventriculares complexas
Ausência de queda na PA durante o exercício
Alto
Período inferior de 8 a 12 semanas desde o evento cardiovascular, intervenção cardiovascular ou
descompensação clínica
Capacidade funcional < 5 METs
Limiar isquêmico abaixo de 6 METs
Angina recorrente com alterações isquêmicas no segmento ST
Sinais e sintomas de insuficiência cardíaca conges�va
Fração de ejeção do ventrículo esquerdo = 35%
Ectopias ventriculares complexas
Diminuição ou incapacidade de aumento da PAS durante o esforço
Alterações isquêmicas no segmento ST ou angina durante o exercício
Fontes: Sociedade Brasileira de Cardiologia (2005a).
Sociedade Brasileira de Cardiologia (2020).
Antes da sessão, os pacientes devem ser reavaliados para a detecção de sintomas de problema 
cardiovascular. Não há como pensar em programas de reabilitação cardíaca sem a presença do 
médico. A avaliação inicial determinará se o paciente é ou não elegível para par�cipação em 
programa de reabilitação cardíaca, conforme demonstra o quadro a seguir.
Quadro 6. Paciente elegíveis para programas de reabilitação cardíaca.
Infarto agudo do miocárdio/Síndrome coronariana aguda
Cirurgia de revascularização do miocárdio (ponte safena, mamária e/ou radial)
Angioplas�a coronária
Angina estável
Troca valvar ou plas�a (reparação)
Transplante cardíaco ou cardiopulmonar
Doença vascular periférica
Doença coronariana assintomá�ca
Pacientes com alto risco de doença cardiovascular
Fonte: Sociedade Brasileira de Cardiologia (2020).
Deve-se considerar os cuidados inerentes ao treinamento aplicado a pacientes de alto risco. Em 
pacientes com cardiopa�a isquêmica, atenção deve ser dada à angina. A PA deve ser 
monitorada. No caso de pacientes pós-infarto do miocárdio, é necessário um período de oito 
semanas antes do início da prá�ca de exercícios, pois há evidências que demonstraram aumento
do ventrículo esquerdo em pacientes que se exercitaram precocemente. Veja as 
contraindicações absolutas para o treinamento �sico em cardiopatas.
Quadro 7. Contraindicações absolutas à prá�ca de exercícios �sicos.
1. Tromboflebite
2. Embolia recente
3. Infecção sistêmica aguda
4. Bloqueio AV de 3° grau (sem marca-passo)
5. Pericardite ou miocardite aguda
6. Arritmia não controlada
7. Insuficiência ou estenose mitral ou aór�ca graves sem tratamento adequado
8. Insuficiência cardíaca descompensada
9. HA descontrolada (PAS ≥ 200 ou PAD ≥ 110)
10. Depressão do segmento ST > 2mm
11. Problemas ortopédicos ou neurológicos graves
12. Diabetes mellitus descontrolada
13. Doença sistêmica aguda ou febre de origem desconhecida
14. Outros problemas metabólicos descompensados
Fonte: Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2005a.
Fases de um programa de reabilitação cardiopulmonar
Uma vez consideradas as contraindicações, o programa de reabilitação cardiopulmonar deveria 
começar o mais cedo possível. Dependendo do �po do paciente, as a�vidades costumam iniciar-
se após 2 a 4 dias de um infarto agudo do miocárdio (IAM) sem complicações adicionais. No caso
de pacientes subme�dos à cirurgia de revascularização miocárdica, o programa pode começar de
1 a 2 dias pós-cirurgia. Em termos gerais, um programa de reabilitação cardíaca apresenta 
quatro fases clínicas dis�ntas, sumarizadas na Figura 2.
Figura 2. Fases da reabilitação cardiopulmonar.
Clique nas barras para ver as informações.
FASE I
Corresponde à reabilitação intra-hospitalar imediata, enfa�zando a educação do paciente e a 
modificação dos fatores de risco em combinação com exercícios de resistência muscular 
localizada. Visa restaurar tônus muscular e preparar a retomada das a�vidades diárias, bem 
como as condições para a inclusão nas fases posteriores do programa de reabilitação cardíaca. 
Duração aproximada de 10 a 21 dias.
FASE II
Con�nuação das a�vidades de reabilitação cardíaca dentro do programa ambulatorial, 
geralmente, realizado no hospital ou em centros especializados. O treinamento engloba 
a�vidades aeróbias e exercícios resis�dos de intensidade leve à moderada, com sessões de 60-
90 min e frequência de três sessões semanais, com duração aproximada de 2 a 3 meses 
dependendo do progresso do paciente. A transição para a Fase III baseia-se nas respostas 
clínicas ao treinamento.
FASE III
Programas supervisionados de a�vidades �sicas, com equipe mul�disciplinar. Ênfase na 
educação do indivíduo quanto à modificação dos fatores de risco. O obje�vo desta fase é 
desenvolver uma condição de autonomia para a prá�ca de exercícios �sicos, com treinamento 
aeróbio e neuromuscular, mantendo-se volume similar ao encontrado na Fase II e aumentando-
se paula�namente as cargas aplicadas. Pode-se dizer que, nesta fase, os obje�vos são 
individualizados, no sen�do de que as demandas de cada paciente dependerão das a�vidades a 
serem retomadas ao final do programa. A Fase III tem uma duração aproximada de seis meses, 
mas isso é flexível e depende das respostas do paciente. Os exercícios realizados pelos pacientes 
devem ser monitorados, determinando em intervalos regulares a frequência cardíaca, PA e, se 
necessário, glicemia.
FASE IV
Fase com duração indefinida, treinamento não supervisionado. O paciente, nas fases anteriores, 
deve ser instrumentalizado para permanecer fisicamente a�vo, com condições mínimas para que
exerça controle próprio da intensidade e do volume das a�vidades �sicas que realiza. A 
periodicidade dos encontros do paciente com o médico e demais membros da equipe 
dependerá do �po de doença cardíaca e da evolução que apresentar, ocorrendo em geral a cada 
seis meses. Em suma, trata-se de uma fase estreitamente relacionada com a adesão à prá�ca de 
a�vidades �sicas, mudança de hábito e a adaptações fisiológicas.
Recomendações para treinamento aeróbio e resis�do em programas de reabilitação cardíaca
Programas de exercícios para pacientes cardiopatas dão ênfase ao aumento do gasto calórico e à
melhoria da capacidade de par�cipação em a�vidades co�dianas. Exercícios aeróbios para 
grandes grupamentos musculares em a�vidades cíclicas, como andar, correr ou pedalar. A 
Diretriz Brasileira da Reabilitação Cardiovascular (SBRC, 2020) recomenda uma faixa de 40 e 80% 
da capacidade cardiorrespiratória máxima, correspondendo a uma igual faixa da frequência 
cardíaca de reserva [método de Karvonen: (FC pico – FC de repouso) x percentual de intensidade
+ FC de repouso]. Em pacientes com condição funcional reduzida, o programa inicia com 
intensidade 40 e 50% da capacidade aeróbia máxima, enquanto na maior parte dos casos a 
intensidade corresponderia a 50-70% da FC de reserva. O aumento da intensidade pode ser 
subs�tuído pelo aumento da frequência e da duração do exercício para reduzir o risco de lesões 
e melhorar a adesão.
Os pacientes podem estar sobre medicação que altera as respostas de frequência cardíaca, como
betabloqueadores. O efeito dessas drogas ocorre uma hora após a ingestão em dose única, com 
efeito máximo em duas a quatro horas. Assim, o efeito da dose única pode persis�r através do 
dia, reduzindo a frequência cardíaca e PA durante o exercício. Por isso, outros métodos de 
controle são por vezes u�lizados para estabelecer a intensidade do exercício.
A iden�ficação do limiar de isquemia miocárdica ao esforço é uma das formas u�lizadas quando 
o teste de esforço iden�fica sintomas como angina de peito ou alterações eletrocardiográficas.Para uma maior margem de segurança, sugere-se que a frequência cardíaca máxima de 
treinamento seja de pelo menos 10 bpm abaixo do limiar isquêmico. A classificação da 
percepção de esforço também pode ser apropriada, na carência de alterna�vas, com escores de 
11 a 15 na Escala de Borg de 6 a 20 sendo indicados. Aceita-se, ainda, o estabelecimento de 
frequências cardíacas arbitrárias, geralmente, FC de repouso + 20 bpm para pacientes que 
�veram síndrome coronariana aguda, ou FC de repouso + 30 bpm naqueles subme�dos à 
cirurgia.
Passe o mouse sobre as imagens para ver as informações.
As dificuldades que os indivíduos encontram para aderir aos programas é um desafio. É 
necessário promover uma alteração no comportamento dos pacientes para que incluam a 
prá�ca de a�vidades �sicas na sua ro�na diária. Em relação ao volume de treinamento, as 
recomendações indicam 150 minutos por semana, distribuídos em 3 a 5 sessões.
De acordo com o quadro clínico, tolerância ao esforço, adaptações e preferências, esse total 
poderá alcançar 300 minutos ou mais por semana. Quando há dificuldade de se manter o 
exercício con�nuamente, as sessões podem ser divididas em períodos curtos, de 10 a 15 
minutos, produzindo resultados semelhantes desde que o volume total do treinamento seja 
similar. Para pacientes acome�dos de doença vascular periférica dos membros inferiores, esse 
esquema de treinamento pode ser mais conveniente que uma sessão mais longa devido à dor 
nas pernas.
O ritmo de progressão do treinamento deve ser o mais individualizado possível, com base no 
estado clínico e nos sintomas, devido à ampla variação da capacidade funcional desses 
pacientes. Sujeitos com capacidades funcionais menores necessitam de uma abordagem mais 
conservadora e deverão progredir mais lentamente. Aqueles que exibem capacidades funcionais
mais elevadas tendem a responder bem a progressões mais rápidas.
Em geral, a evolução da intensidade e volume de treinamento é feita em periodizações de três a 
seis meses, até que se chegue a níveis considerados como moderados a vigorosos. A progressão 
do treinamento pode ser feita a cada 1 a 3 semanas, com o obje�vo de se alcançar 20 a 30 
minutos de treinamento con�nuo antes de novos aumentos na intensidade.
Pacientes com alto risco cardiovascular, incapazes de controlarem as cargas de trabalho ou cuja 
adesão depende do apoio do grupo, poderão permanecer em programas supervisionados. 
Preconiza-se que a maioria dos pacientes deveria par�cipar de programas desse �po por pelo 
menos 3 meses, para es�mular as mudanças do es�lo de vida. A progressão para o exercício 
independente, com supervisão mínima, é uma decisão que deve ser tomada pelo médico, 
juntamente com a equipe de reabilitação. Os requisitos da progressão para exercício 
independente, com pouca ou nenhuma supervisão, são exibidos no Quadro 8.
Quadro 8. Requisitos de progressão para exercício não supervisionado em cardiopatas.
1. Capacidade funcional ≥ 8 MET ou 2 vezes o nível da demanda ocupacional.
2. Resposta hemodinâmica apropriada ao exercício (elevação da PA sistólica com o aumento da 
carga de trabalho) e à recuperação.
3. Resposta eletrocardiográfica apropriada no teste de esforço, arritmias estáveis ou benignas e 
resposta isquêmica não diagnós�ca (depressão do segmento ST < 1mm).
4. Sintomas cardíacos estáveis ou ausentes
5. Frequência cardíaca e PA basais estáveis ou controladas
6. Manipulação adequada da estratégia de intervenção nos fatores de risco e par�cipação segura
nos exercícios, de forma que o paciente demonstre um controle independente e efe�vo dos 
fatores de risco com modificações favoráveis destes
7. Conhecimento demonstrado do processo patológico, dos sinais e sintomas anormais, do uso 
de medicações e dos efeitos colaterais
Fonte: Whelton et. al., 2018.
Quanto ao treinamento da força, há reconhecimento de que essa modalidade gere bene�cios ao
cardiopata, modificando fatores de risco e contribuindo para a realização das a�vidades 
labora�vas ou recrea�vas. O aumento da força diminui as demandas rela�vas das a�vidades 
co�dianas e aumenta a resistência durante a�vidades submáximas. Isso é fundamental para o 
cardiopata, pois aumenta a segurança em suas tarefas, diminuindo o risco de eventos 
cardiovasculares.
O treinamento resis�do pode ser iniciado de forma segura cerca de 4 semanas após um evento 
cardíaco agudo ou cirurgia, desde que os pacientes não exibam quadros de isquemia ou 
arritmias complexas. A combinação de treinamento com pesos com a�vidades aeróbias 
resultaria em maior força de braços e pernas, assim como em incremento na capacidade 
aeróbia. Uma ro�na de exercícios resis�dos em reabilitação cardíaca envolveria com frequência 
de 2 a 3 vezes por semana, 8 a 10 exercícios com 1 a 3 séries de 10 a 15 repe�ções. A 
intensidade é moderada, variando entre 50-70% da carga correspondente a uma repe�ção 
máxima (RM) (11 a 13 na Escala de Borg de 6 a 20).
Atenção
Em pacientes que realizaram cirurgia com peito aberto (esternotomia), exercícios para os 
membros superiores devem ser evitados ou envolver cargas restritas durante 5 a 8 semanas 
após a intervenção, sendo realizados com cargas baixas e amplitudes reduzidas. O treinamento 
começa sempre com cargas leves para facilitar o processo de familiarização. Em virtude de as 
respostas de PA serem influenciadas tanto pela magnitude das cargas quanto pela duração das 
contrações, aconselha-se evitar extremos, trabalhando-se com cargas e repe�ções submáximas.
A progressão das cargas é feita lentamente, 1 a 2 kg/sem para exercícios com membros 
superiores e 2 a 4,5 kg/sem para exercícios com membros inferiores. Todos devem ser 
aconselhados a levantar os pesos com movimentos lentos e controlados até a extensão plena. 
Os pacientes devem ser orientados a evitar a manobra de Valsalva. O tempo de intervalo entre 
séries e exercícios pode ser de 45 segundos a 1 minuto, de acordo com a tolerância do paciente.
PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS PARA HIPERTENSOS E REABILITAÇÃO CARDIOPULMONAR
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. Em relação aos bene�cios do exercício �sico para controle da PA, assinale a alterna�va 
correta:
Os efeitos benéficos do exercício �sico regular incluem aumento da a�vidade vagal, melhoria da 
microcirculação, redução do perfil lipídico sanguíneo e melhoria do estado inflamatório, o que 
concorre para uma menor resistência periférica e facilita a redução dos níveis de PA em repouso.
O treinamento resis�do piora o balanço simpatovagal, portanto prejudica os efeitos do 
treinamento aeróbio na correção de distúrbios do sistema nervoso autônomo.
Uma combinação entre treinamento aeróbio e resis�do é contraindicada, pois o efeito 
concorrente de ambas as modalidades anula os efeitos benéficos do exercício na 
microcirculação.
A hipotensão pós-exercício é um efeito indesejado e perigoso do exercício de intensidade 
moderada a alta, porquanto aumenta o risco de ver�gens e quedas no paciente hipertenso.
O treinamento resis�do implica em adaptações neuromusculares importantes no paciente 
hipertenso, mas somente o treinamento aeróbio repercute em adaptações hemodinâmicas 
sa�sfatórias.
Comentário
2. Define-se reabilitação cardiopulmonar como:
Processo de transplante de órgãos vitais para a sobrevivência do paciente.
Intervenção exclusivamente realizada por meio de exercícios �sicos, de maneira a melhorar a 
função cardíaca e pulmonar do paciente cardiopata.
Mudanças substanciais nos modos de vida por meio de tratamento psicossocial, para que 
possam ser retomadas as a�vidades laborais.
Intervenção mul�disciplinar visando construir com o paciente cardiopata as condições para que 
reassuma, com confiança e segurança, seus papéis sociais, no trabalho, família e lazer.
Intervenção mul�disciplinar para orientação do aumento das a�vidades diárias.
Comentário
MÓDULO 2
Descrever os bene�cios e as caracterís�cas de programas de exercícios para a prevenção e otratamento da obesidade, síndrome metabólica e diabetes
INTRODUÇÃO
A obesidade é um problema de saúde pública, dadas as consequências nega�vas sobre a saúde. 
Obesos têm maior risco de desenvolverem diabetes �po 2, doença cardiovascular e câncer em 
comparação com aqueles com peso normal. A obesidade a�nge todas as camadas sociais e 
faixas etárias. Por isso, estratégias para reduzir sua prevalência vêm sendo realizadas para 
promover a saúde das populações. A imagem a seguir ilustra o que aconteceria se todos 
�vessem peso ó�mo.
Figura 3. Obesidade como fator de risco para doença cardiovascular e metabólica.
A perda de peso é um processo que inclui a redução da ingestão alimentar e um aumento no 
dispêndio calórico relacionado às a�vidades �sicas. Tanto a dieta quanto os exercícios �sicos são 
componentes importantes de programas des�nados à perda de peso. As evidências disponíveis 
indicam que programas de reeducação alimentar são mais eficazes quando combinados aos 
exercícios. O exercício voluntário é o componente mais importante do gasto energé�co diário 
total. Programas de controle de peso que incluem exercícios �sicos possuem maior potencial 
para modificar o equilíbrio energé�co, contribuindo com a redução da gordura corporal e 
melhorando fatores relacionados com o risco.
Deve-se notar que modificações de hábitos pela prá�ca de a�vidades �sicas parecem ser mais 
fáceis de manter em longo prazo do que a restrição alimentar. Há evidências de que o excesso de
gordura central (região abdominal) aumenta a resistência à insulina, com impacto desfavorável 
no metabolismo lipídico e nos níveis inflamatórios. Em prazo médio, esses fatores levam a 
disfunções vasculares predispondo ao desenvolvimento de HA. Isso caracteriza uma condição 
conhecida como síndrome metabólica – também chamada de síndrome X, síndrome da 
resistência à insulina, ou síndrome plurimetabólica, que se caracteriza pela presença conjunta de
fatores de risco cardiovascular, como obesidade central, dislipidemia (níveis altos de LDL-
colesterol e triglicerídeos e baixos de HDL-colesterol), HA, resistência à insulina, 
hiperinsulinemia, intolerância à glicose e diabetes �po 2.
Figura 4. Riscos da obesidade para a saúde.
A importância do tratamento da síndrome metabólica reside na associação que esta possui com 
o desenvolvimento de outras doenças. Diversos critérios foram propostos para diagnos�cá-la, 
visando iden�ficar indivíduos com risco elevado de desenvolver doenças mais graves, como o 
diabetes e doença coronariana. Para seu tratamento, estratégias envolvendo medicamentos e 
mudanças na alimentação são importantes. No entanto, coerentemente com o fato de que a 
ina�vidade �sica consiste em um dos fatores determinantes da síndrome metabólica, estudos 
demonstram que a prá�ca regular de a�vidades �sicas é importante para prevenção e 
tratamento.
Sendo o diabetes do �po 2 uma patologia relacionada a problemas metabólicos decorrentes da 
intolerância à glicose e/ou resistência à insulina, entende-se a obesidade e síndrome metabólica 
tendem a aumentar a sua prevalência.
Diabetes do �po 2 é considerada uma das doenças crônico-degenera�vas com maior 
crescimento nas populações. A OMS alerta que glicemia elevada seria o terceiro fator, em 
importância, da causa de mortalidade prematura, superada apenas por PA aumentada e uso de 
tabaco.
Obesidade, síndrome metabólica e diabetes são condições estreitamente associadas. Um es�lo 
de vida fisicamente ina�vo contribui com o ganho de peso, aumento da gordura corporal, 
inflamação e perda de massa muscular. Tais adaptações resultam em redução da ap�dão �sica o 
que exacerba limitações funcionais que levam a mais ina�vidade, com aumento do risco do 
desenvolvimento da síndrome metabólica e diabetes. Por outro lado, a intervenção com 
exercícios �sicos parece ser decisiva para “quebrar” este ciclo.
É inegável que a par�cipação em exercícios regulares resulta em bene�cios para a saúde de 
pacientes com obesidade ou sobrepeso, síndrome metabólica ou diabetes. Assim, veremos as 
principais caracterís�cas de cada uma dessas condições, bem como recomendações para a 
elaboração de programas de exercícios, cuidados a serem tomados durante as sessões e efeitos 
esperados.
ATIVIDADE FÍSICA E OBESIDADE
Definição e e�ologia da obesidade
A obesidade é uma desordem nutricional relacionada a diversos fatores de risco para a saúde. 
Como se sabe, a prevalência de sobrepeso e obesidade vem aumentando nas úl�mas décadas, 
independentemente do nível de desenvolvimento dos países, idade, sexo ou classe social. No 
Brasil, dados dos úl�mos censos do IBGE indicam que os níveis de sobrepeso e obesidade 
aumentaram em mais de 50% nos úl�mos 30 anos (BRASIL, 2011; MALTA, 2014).
sobrepeso e obesidade denotam condições diferentes. O sobrepeso pode ser definido como um 
aumento excessivo da massa corporal em relação à estatura, enquanto a obesidade refere-se a 
um acúmulo demasiado de gordura que compromete a saúde do indivíduo. O excesso de 
gordura corporal decorre de um balanço calórico posi�vo que se dá pela combinação entre 
ingestão calórica demasiada com gasto energé�co diário insuficiente. Em geral, a presença de 
sobrepeso e obesidade é determinada com base no índice de massa corporal (IMC), que 
relaciona a massa corporal à estatura (Kg/m2). A Figura 5 exibe os pontos de corte usualmente 
u�lizados para iden�ficar essas condições.
Figura 5. Pontos de corte para definição de sobrepeso e obesidade.
A obesidade é mul�fatorial, determinada por fatores gené�cos, endócrinos, metabólicos e 
ambientais. Os fatores gené�cos não se encontram bem esclarecidos, mas parecem envolver 
aspectos neurais e hormonais responsáveis pela regulação das sensações de ape�te e saciedade 
em curto e longo prazos. Podem levar à obesidade desordens endócrinas como o 
hipo�reoidismo e problemas no hipotálamo, alterações no metabolismo de cor�costeroides, 
hipogonadismo em homens e ovariectomia em mulheres, síndrome de Cushing e síndrome dos 
ovários policís�cos.
Além disso, o metabolismo em repouso sofre influência gené�ca, com impacto no gasto 
energé�co diário. A maior parte dos autores reconhece que o aumento da prevalência da 
obesidade em termos populacionais se deve a fatores ambientais, principalmente, às dietas 
hipercalóricas e à redução dos níveis de a�vidade �sica. Esses fatores, em combinação com 
condições predisponentes, acarretam acúmulo rápido na gordura corporal.
A�vidade �sica e obesidade: caracterís�cas e recomendações
As evidências sugerem que o papel da ingestão calórica é mais determinante do que o gasto. 
Contudo, a ina�vidade �sica tende a potencializar o problema. Muitos estudos relatam 
associação entre obesidade, ina�vidade �sica e mudanças no es�lo de vida e associam que o 
aumento na quan�dade de a�vidades �sicas e a reeducação alimentar são o melhor tratamento.
Os estudos também indicam que bene�cios em pacientes obesos podem ser ob�dos com 
a�vidades �sicas de intensidades baixas, moderadas ou altas – pois o gasto calórico é o fator 
mais importante.
O gasto energé�co diário é composto de três grandes componentes: taxa metabólica de repouso
(TMR), efeito térmico dos alimentos e efeito térmico da a�vidade �sica. A TMR responde pela 
maior parte (60-80%), correspondendo ao necessário para os sistemas orgânicos funcionarem 
em repouso. A parcela atribuída ao efeito térmico das a�vidades �sicas responde por 15 a 40% 
do gasto energé�co total, dependendo do �po, da intensidade e da duração das a�vidades 
realizadas. O efeito térmico dos alimentos responde por apenas 10% do gasto energé�co total.
Tratar a obesidade por meio de restrição calórica pode levar à diminuição da massa muscular, 
com impacto desfavorável na TMR. Além disso, face à restrição calórica, parece que o organismo 
tende a “reajustar” o metabolismo em repouso, com redução na TMR (teoria do set point). Esses
fatores contribuem com maiordificuldade para perda de peso e facilidade para retomar os níveis
iniciais, mesmo que se mantenha a restrição calórica. Por isso, as intervenções apenas com 
dietas demonstram-se pouco eficazes em longo prazo. Por outro lado, ao combinar restrição 
calórica com exercícios �sicos, contribui-se para manter a massa muscular e a TMR com 
melhores resultados em termos de perda de peso.
Comentário
O gasto energé�co devido às a�vidades �sicas é extremamente variável, podendo ser 
aumentado de acordo com o �po e a duração do treinamento. Exercícios envolvendo grandes 
massas musculares, de intensidade moderada à elevada e duração adequada podem aumentar 
em mais de 10 vezes o gasto energé�co em repouso. Esse é o caso, por exemplo, de caminhadas 
aceleradas, corridas, ciclismo ou natação.
Adicionalmente, o exercício �sico parece aumentar a TMR em termos agudos, em virtude da 
oxidação de substratos produzidos, maiores níveis hormonais, normalização da temperatura 
corporal e es�mulação de síntese proteica. Estudos sugerem que essa elevação da TMR possa 
persis�r várias horas depois de uma sessão de exercícios. Uma consequência prá�ca desse fato é
que programas de treinamento visando perda de peso tendem a dar maior ênfase à frequência 
semanal do que à intensidade dos exercícios.
Os exercícios aeróbios são os mais indicados para o tratamento da obesidade, em função das 
maiores possibilidades de aumentar o gasto calórico e impacto favorável sobre fatores de risco 
cardiometabólicos. O treinamento de força isolado tem pouco impacto no efeito térmico das 
a�vidades �sicas e altera apenas marginalmente a TMR. No entanto, há vantagens em incluir 
exercícios resis�dos, devido aos ganhos de força e massa muscular. No caso da força, há impacto 
posi�vo na capacidade de realização das a�vidades co�dianas, como andar. Indivíduos obesos 
têm pobre força rela�va, ou seja, a capacidade de gerar força em comparação com a massa 
corporal.
O termo sarcopenia refere-se a uma síndrome que associa perda de massa e força musculares e 
limitações funcionais. Quando a perda de massa muscular coexiste com a obesidade, pode 
ocorrer uma condição denominada obesidade sarcopênica.
Sarcopenia.
Nesses casos, apesar de a força absoluta não ser baixa, seus níveis são insuficientes para atender
às demandas. A obesidade sarcopênica associa-se com anormalidades cardiometabólicas e 
fatores de risco para doença cardiovascular, sendo marcador para maior risco de mortalidade. 
Indivíduos obesos, ou apenas sarcopênicos, têm risco de mortalidade cerca de 30% inferior do 
que aqueles diagnos�cados com obesidade sarcopênica. Dados de estudos epidemiológicos 
sugerem que a par�cipação em 30 minutos diários de a�vidades �sicas, com intensidade de 
moderada à vigorosa, reduziria em 30% o risco de desenvolvimento de obesidade sarcopênica 
em pacientes obesos e, quando isso é complementado por treinamento da força, a redução do 
risco chega a 70%. O incremento da força em obesos contribui para um maior conforto durante a
prá�ca dos exercícios �sicos, favorecendo a adesão.
Com a finalidade de reduzir o risco para doença metabólica, usualmente, recomenda-se a prá�ca
mínima de 150 minutos semanais de a�vidades �sicas, com intensidade de leve à moderada, 
distribuídas ao longo de cinco dias na semana. Isso parece não ser suficiente para programas 
com obje�vo de reduzir a massa e gordura corporais. A frequência e duração das sessões, 
obviamente, estão subordinadas às condições clínicas e funcionais. Há recomendações 
sugerindo sessões de 20 a 60 minutos, mas debates existem sobre a per�nência de sessões 
fracionadas, por exemplo, com 10 minutos, feitas diversas vezes ao longo de um único dia. 
Frequências acima de 5 dias/semana parecem não trazer bene�cios adicionais, aumentando o 
risco de lesões.
O volume deve preponderar sobre outros aspectos do treinamento em ro�nas com o propósito 
de reduzir a gordura corporal, por isso programas de treinamento para obesos deveriam apenas 
começar com esse patamar, progredindo para 200 a 300 minutos/semana com aumento da 
intensidade. Se o paciente não puder a�ngir essa meta, deve ser incen�vado na medida de sua 
capacidade a realizar, contudo, pode não haver bene�cios se o treinamento for realizado menos 
do que a recomendação mínima de 30 minutos em 5 dias na semana. O conceito de progressão 
pressupõe que o paciente esteja adaptado às cargas impostas, antes que sejam aumentadas. 
Deve-se aumentar volume e intensidade dos es�mulos, para que as adaptações ocorram.
Em programas de exercícios para obesos, incrementos na duração e frequência das a�vidades 
devem sempre preceder incrementos na intensidade, para que haja conforto na evolução do 
treinamento. Importante lembrar que o gasto calórico associado a caminhar e correr uma certa 
distância é o mesmo. Assim, pode-se compensar a decisão de fazer exercícios com menor 
intensidade através do aumento da duração das sessões ou da frequência semanal. Em obesos, 
o efeito agudo dos exercícios sobre a TMR favorece maiores frequências semanais quando o 
obje�vo é melhorar o balanço energé�co.
Recomendação
Quanto ao treinamento resis�do, complementar ao treinamento aeróbio, as recomendações 
para obesos incluem, em geral, 8 a 10 exercícios para os principais grupamentos musculares, 
realizados com 1 a 3 séries de 8 a 12 repe�ções máximas, com frequência de 2 a 3 dias não 
consecu�vos na semana.
Em termos da promoção da saúde do indivíduo com sobrepeso ou obeso, efeitos sobre fatores 
de risco para a doença cardiovascular ou metabólica podem ocorrer independentemente da 
perda de massa corporal. Isso é importante porque, para o paciente, a carência de resultados na 
balança pode ser deses�mulante.
A corrente teórica do fat but fit (em português, “gordo, mas apto”) trabalha com a hipótese de 
que indivíduos com bons níveis de ap�dão �sica, mesmo com sobrepeso, exibem menor risco de
morbimortalidade por doenças cardiovasculares do que indivíduos que possuem peso normal, 
mas têm ap�dão �sica reduzida. Existem muitos estudos que demonstraram ser possível 
diminuir fatores de risco e aumentar a ap�dão �sica em obesos de idades diversas, sem 
modificações significa�vas no peso, com intervenções tão variadas quanto caminhadas, 
musculação, futebol ou judô. Isso deve ser man�do em mente durante a avaliação do sucesso de
programas de exercícios para esse grupo.
ATIVIDADE FÍSICA, SÍNDROME METABÓLICA E DIABETES
Definição e e�ologia da síndrome metabólica e diabetes
A síndrome metabólica caracteriza-se pela combinação de fatores de risco prevalentes nas 
doenças cardiovasculares e metabólicas, o que aumenta o risco de desenvolvimento em curto 
prazo. Diante disso, diversos critérios para o diagnós�co foram propostos, com o obje�vo de 
uma iden�ficação precoce.
Um dos grandes problemas sobre a síndrome metabólica é o fato de sua definição não ser 
unânime. Assim, diferentes organizações propuseram definições com o intuito de favorecer 
comparações entre as pesquisas sobre esta condição. Aqui, serão apresentados os critérios 
propostos pela OMS (VASCONCELOS, 2013), pelo US Na�onal Cholesterol Educa�on Program – 
Adult Treatament Panel III (NIH, 2001) e pela Interna�onal Diabetes Federa�on (FORD, 2005).
Em 1998, critérios para caracterizar a síndrome metabólica foram definidos pela OMS, incluindo, 
além da HA e da dislipidemia, a obesidade e a microalbuminúria.
Quadro 9. Critérios diagnós�cos para Síndrome Metabólica propostos pela OMS.
Presença de três ou mais dos seguintes critérios:
Obesidade
Relação cintura/quadril > 0,9 em homens e > 0,85 em mulheres e/ou IMC > 30kg/m²
Glicose (≥ 110 mg/dl)
Diabetes, intolerância glicídica ou resistência insulínica comprovada*
Triglicerídeos
≥ 150 mg/dl
HDL
< 35mg/dl em homens e < 39 mg/dl em mulheres
PA
Pressão sistólica ≥ 140 mmHg ou diastólica ≥ 90 mmHg, ou tratamento para HA
Outros
Excreção urinária de albumina ≥ 20 mcg ou relaçãoalbumina/crea�nina ≥ 30 mg/g
*Dois fatores e, obrigatoriamente, o componente assinalado.
Fonte: VASCONCELOS, 2013.
A obesidade visceral era considerada um aspecto secundário, o que foi alvo de muitas crí�cas, 
assim como a presença do IMC e a relação cintura/quadril entre os critérios, de menos 
aplicabilidade clínica e relevância limitada na avaliação da gordura visceral. Por essas razões, em 
2002, o Na�onal Ins�tute of Health norte-americano, por meio do Na�onal Cholesterol 
Educa�on Program (NCEP) formou um grupo de trabalho denominado Third Adult Treatment 
Panel. Como fruto dessas discussões, sugeriu-se um novo critério para caracterizar a síndrome 
metabólica, conforme exposto no Quadro 10.
Quadro 10. Critérios diagnós�cos para Síndrome Metabólica propostos pelo Third Adult 
Treatment Panel.
Presença de três ou mais dos seguintes critérios:
Obesidade central
Circunferência abdominal > 102 cm em homens e > 88 cm em mulheres
Triglicerídeos
≥ 150 mg/dl
HDL
< 40 mg/dl em homens e < 50 mg/dl em mulheres
PA
PAS ≥ 130 mmHg e PAD ≥ 85 mmHg
Glicemia de jejum
≥ 110 mg/dl
Fonte: NIH, 2002.
Esse critério revelou-se mais simples e prá�co, pois não usava o peso e a microalbuminúria, mas 
requeria a presença de três componentes para a sua determinação. Em 2002, estudos já 
demonstravam que as doenças cardiovasculares aumentavam em homens de meia idade com 
síndrome metabólica, mesmo sem doença coronariana ou diabetes estabelecidos.
Quadro 11. Critérios diagnós�cos para Síndrome Metabólica, propostos pela Interna�onal 
Diabetes Federa�on.
Circunferência abdominal de acordo com sexo e etnia
Homens (cm) Mulheres (cm)
Norte-americanos
102
88
Europeus
94
80
Sul-asiá�cos/Chineses
90
90
Sul-americanos/Africanos
90
80
Japoneses
85
90
Presença de dois ou mais dos seguintes critérios
Triglicerídeos
> 150 mg/dl
HDL
≤ 40 mg
≤ 50 mg/dl
PA
Sistólica ≥ 135 mmHg ou diastólica ≥ 85 mm/Hg
Glicemia de jejum
≥ 100 mg/dl
Ou tratamento para dislipidemia e/ou hipertensão
Fonte: FORD, 2005.
Com o acúmulo de evidências da relação entre obesidade e risco cardiovascular, houve uma 
tendência a valorizar mais esse componente para o diagnós�co da síndrome metabólica. Então, 
em 2005, a Interna�onal Diabetes Federa�on (IDF) recomendou novos critérios para o 
diagnós�co da síndrome metabólica, em que a obesidade central, avaliada pela medida da 
circunferência abdominal, passava a ser importante. Conforme se pode observar no Quadro 11, 
o ponto de corte adotado para a medida dessa circunferência abdominal em populações fora 
dos EUA tornou-se mais estrito, sendo ≥ 80 cm para mulheres e ≥ 94 cm para homens.
O diabetes é um distúrbio metabólico caracterizado por hiperglicemia persistente, decorrente de
deficiência na produção de insulina ou sensibilidade a esse hormônio. As complicações 
decorrentes do diabetes incluem distúrbios vasculares, que resultam em re�nopa�a, nefropa�a, 
neuropa�a, doença coronariana, doença cerebrovascular e doença arterial periférica. O diabetes
acarreta problemas no sistema musculoesquelé�co, digestório, função cogni�va e saúde mental,
além de se associar a diversos �pos de câncer.
Os �pos da doença são o diabetes �po 1 e 2. O �po 1 responde por 5-10% dos casos, resultando 
da destruição autoimune das células beta do pâncreas, responsáveis pela produção de insulina. 
Isso pode ocorrer em qualquer idade, mas a prevalência é maior em crianças e jovens em fase 
de crescimento. O diabetes do �po 2 (90-95% dos casos) tem e�ologia complexa e mul�fatorial, 
envolvendo componentes gené�cos e ambientais. Além da história familiar, hábitos dieté�cos e 
ina�vidade �sica são fatores de risco pela sua relação com a obesidade. Em geral, decorre de 
uma diminuição da secreção de insulina, devido a um estado de resistência insulínica 
progressiva. Em 80 a 90% dos casos, o diabetes �po 2 associa-se ao excesso de peso e a outros 
componentes da síndrome metabólica.
Figura 6. Diferenças entre diabetes do �po 1 e 2.
O diagnós�co é complexo e pode tardar anos, em virtude de sua gênese mul�fatorial e por ser 
assintomá�co na maioria dos indivíduos. Normalmente, faz-se o rastreamento de diversos 
fatores de risco, além da glicemia. A tolerância à glicose é um aspecto importante da doença, 
sendo testada por diversos exames, dentre eles, a glicemia em jejum, teste de tolerância oral à 
glicose e hemoglobina glicada. A confirmação do diagnós�co exige a repe�ção dos exames 
alterados, principalmente, quando há ausência de sintomas claros. Os parâmetros de 
normalidade para esses exames, bem como os critérios suges�vos para pré-diabetes e diabetes 
aceitos pela Sociedade Brasileira de Diabetes (2017), são exibidos no Quadro 12.
Quadro 12. Critérios diagnós�cos para o diabetes.
Exame Normal Pré-diabetes Diabetes
Glicemia de jejum (mg/dL)
< 100
100 a 125
≥ 126
Glicemia 2 h após TTOG* com 75 g de glicose (mg/dL)
< 140
140 a 199
≥ 200
Hemoglobina glicada (%)
< 5,7
5,7 a 6,4
≥ 6,5
*TTOG: Tteste de tolerância oral à glicose.
Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes, 2017.
A fisiopatologia da síndrome metabólica e o diabetes �po 2 estão relacionados. Em ambos, 
fatores de risco, como HA, resistência à insulina, hiperinsulinemia, intolerância à glicose e 
dislipidemia, relacionam-se à obesidade. O desenvolvimento dessas doenças resulta da 
quan�dade e da distribuição da gordura. O acúmulo de gordura na região abdominal configura o 
que se conhece como obesidade central ou androide, perfil de distribuição associado à presença 
de níveis plasmá�cos elevados de triglicerídeos e colesterol LDL e níveis reduzidos de colesterol 
HDL. Acredita-se que a resistência insulínica seja o elo entre as respostas fisiopatológicas que 
caracterizam a síndrome metabólica.
Clique nas barras para ver as informações.
O depósito visceral de triglicerídeos passaria por um processo de degradação mais rápido que o 
encontrado no tecido adiposo de outras regiões. Assim, grandes quan�dades de ácidos graxos 
livres seriam liberadas, causando hipertrigliceridemia e es�mulando a produção de glicose pelo 
�gado (gliconeogênese), que também é liberada na circulação. Como consequência, os níveis de 
glicose no sangue aumentam demasiadamente (hiperglicemia), o que es�mula a secreção 
excessiva de insulina (hiperinsulinemia).
O excesso de ácidos graxos compete com a glicose enquanto substrato energé�co u�lizado pelos
músculos, o que leva à necessidade de cada vez mais insulina para que esta úl�ma seja carreada 
para dentro das células. Os níveis elevados de insulina circulante acabam por provocar 
resistência à ação deste hormônio e intolerância à glicose.
Sabe-se que o tecido adiposo produz muitas substâncias inibidoras da insulina, como 
marcadores inflamatórios, citocinas, lep�na, resis�na e adiponec�na. É importante saber que, 
quanto maior o acúmulo de gordura central, maior a chance de se observarem altos níveis de 
insulina circulantes, com baixa eficácia para diminuir a glicemia. Assim, es�mula-se o 
metabolismo dos ácidos graxos, o que aumenta a propensão à hiperlipidemia.
Em uma primeira fase, o acúmulo de gordura central provoca diminuição da sensibilidade dos 
tecidos à insulina, mas as células �po beta do pâncreas conseguem compensar essa situação 
aumentando a sua produção. Nessa etapa inicial, verifica-se hiperinsulinemia e normoglicemia. 
Posteriormente, a resistência à insulina aumenta e a sua produção não consegue normalizar a 
captação de glicose. Sobrevém uma intolerância à glicose, observando-se simultaneamente 
hiperinsulinemia e hiperglicemia. A sobrecarga imposta ao pâncreas acaba por limitar a própria 
produção de insulina, progredindo-se para o diabetes �po 2.
A síndrome metabólica é também caracterizada pela presença de HA, que se faz presente na 
maior parte dos pacientes com diabetes �po 2. De fato, a HA é duas vezes mais frequente nos 
indivíduos diagnos�cados com diabetes. Há evidências de que aobesidade central aumenta a 
pressão intra-abdominal, comprimindo os rins e elevando a pressão. Paralelamente, a produção 
de lep�na pelo tecido adiposo central es�mula o sistema nervoso simpá�co, enquanto os níveis 
elevados de LDL colesterol, marcadores inflamatórios e a própria hiperinsulinemia acarretam 
prejuízos à função endotelial, com tendência à aterosclerose. A HA em indivíduos obesos parece 
decorrer do efeito combinado de aumento da sensibilidade ao sal, a�vação neuro-humoral, 
alterações metabólicas e problemas microcirculatórios, levando a uma maior resistência 
periférica.
ATIVIDADE FÍSICA, SÍNDROME METABÓLICA E DIABETES: CARACTERÍSTICAS E RECOMENDAÇÕES
A prá�ca regular de exercícios provoca efeitos semelhantes em pacientes com síndrome 
metabólica e diabetes. Há efeitos favoráveis sobre a composição corporal, e esse fator é o 
principal responsável por ambas as condições. Assim, não existem grandes diferenças acerca dos
bene�cios da a�vidade �sica para pacientes obesos.
Apesar de potencializados pelo emagrecimento, os efeitos do treinamento, provocados por 
exercícios aeróbios, parecem ser independentes de alterações na composição corporal. Durante 
exercícios aeróbios, a permeabilidade das fibras musculares à glicose pode aumentar em até 
cinco vezes. Em virtude da reposição dos estoques de glicogênio muscular, essa captação de 
glicose permanece elevada por mecanismos independentes da insulina por até 2 h e 
insulinodependentes por até 48 h após as sessões de treinamento, dependendo da sua duração.
A sensibilidade à insulina apresenta-se aumentada durante aproximadamente 24 h após 
exercícios curtos (20-30 min) realizados com intensidade vigorosa. Em obesos, exercícios com 
intensidade moderada e curta duração podem ter esse efeito. Pacientes com síndrome 
metabólica ou diabetes devem exercitar-se na maior frequência possível, acelerando adaptações
que levem a um melhor controle glicêmico.
Em longo prazo, considerando outras adaptações, como abrandamento das dislipidemias e 
menor produção de citocinas inflamatórias, sobrevém uma melhora da tolerância geral à glicose 
e sensibilidade à insulina. Há fortes evidências de que o treinamento aeróbio reduz os níveis 
plasmá�cos de insulina em resposta às taxas de glicemia e que esse efeito independe da redução
de gordura, apesar de ser por ela potencializado. Com isso, contribui-se para o controle geral do 
metabolismo, ajudando a prevenir a progressão da síndrome metabólica para o diabetes ou 
prevenindo o agravamento dos pacientes já diabé�cos.
As melhorias na tolerância à glicose e sensibilidade à insulina parecem ocorrer em proporção ao 
volume de exercícios. Mesmo com volumes rela�vamente pequenos (cerca de 400 kcal/semana),
já haveria melhora na ação da insulina em pacientes sedentários e com alta resistência à 
insulina. Contudo, as melhores relações de dose-resposta têm sido observadas em volumes 
equivalentes a 2.500 kcal semanais. O treinamento da força também traz bene�cios para o 
diabé�co, sobretudo em função de seu impacto na preservação da massa muscular, tecido 
responsável por grande parte da captação da glicose sanguínea.
As evidências disponíveis relatam melhorias na glicemia e resistência à insulina em pacientes 
diabé�cos que pra�cam esse �po de modalidade isoladamente ou combinada ao treinamento 
aeróbio.
Atenção
Modalidades que combinam exercícios aeróbios e resis�dos em alta intensidade parecem ter 
efeitos superiores sobre fatores de risco, glicemia e sensibilidade à insulina de pacientes 
diabé�cos, do que exercícios aeróbios con�nuos.
Caso os pacientes reúnam condições clínicas e �sicas compa�veis com essas modalidades de 
treinamento, bem como mo�vação para aceitá-las, essas opções deveriam ser levadas em 
consideração no delineamento de programas de tratamento envolvendo exercícios �sicos. A 
combinação ideal de variáveis do treinamento para esse �po de intervenção com diabé�cos 
ainda não está esclarecida.
As recomendações quanto à intensidade e ao volume do treinamento aeróbio ou de força para 
pacientes com síndrome metabólica ou diabetes não se diferenciam do que é aconselhado à 
população em geral. As variáveis do treinamento serão manipuladas de acordo com as condições
clínicas e �sicas individuais, buscando o maior volume semanal possível. A maior parte dos 
pacientes acome�dos de síndrome metabólica ou diabetes deveria realizar 150 minutos ou mais 
de a�vidades �sicas de moderadas à vigorosas por semana. Sabendo que o volume de 
treinamento corresponde ao produto entre intensidade, duração e frequência das sessões de 
exercícios, os obje�vos podem ser alcançados através do incremento de quaisquer desses 
fatores, isolados ou combinados.
Uma vez sobre controle metabólico estável, não há impedimentos para que indivíduos 
diabé�cos possam pra�car qualquer �po de modalidade de exercícios – de fato, há atletas 
olímpicos de diversas modalidades com diagnós�co de diabetes.
Recomendação
Precauções especiais devem ser tomadas no caso dos diabé�cos, principalmente no controle da 
glicemia durante e após as sessões de exercícios. Primeiramente, uma avaliação médica pode ser
necessária antes de se iniciar um programa de exercícios �sicos, quando há suspeição de 
complicações secundárias ao diabetes, como doença cardiovascular, HA, neuropa�a, re�nopa�a 
ou comprome�mento microvascular.
Outra vantagem de avaliações pré-par�cipação reside em um melhor controle glicêmico durante 
os exercícios, o que é mais di�cil quando os pacientes fazem uso de insulina. De modo geral, 
avaliações médicas são mandatórias no caso de pacientes com mais de 40 anos de idade ou mais
jovens, quando diagnos�cados com diabetes �po 2 há mais de 10 anos, ou diabetes �po 1 há 
mais de 15 anos. No caso de pacientes idosos ou com neuropa�as, além da avaliação inicial, é 
necessário supervisão direta durante as sessões de treinamento.
Indivíduos com diabetes �po 2 experimentam queda da glicose durante o exercício. Isso é 
agravado quando se encontram sobre tratamento insulínico, pois a permeabilidade das fibras 
musculares à glicose aumenta durante o exercício �sico. Além disso, a a�vidade �sica aumenta a 
absorção de insulina injetada no tecido subcutâneo. Esses fatores predispõem à hipoglicemia em
pacientes diabé�cos, que deve ser prevenida. Vimos que a sensibilidade à insulina pode 
permanecer aumentada durante várias horas após o final de uma sessão de exercícios, elevando 
o risco do que se conhece por hipoglicemia tardia, que pode ocorrer inclusive quando o 
pra�cante está dormindo (hipoglicemia noturna).
Para preveni-las, aconselha-se o monitoramento mais frequente da glicemia, redução na 
administração de insulina e o consumo de lanches extras, principalmente, quando o paciente 
inicia o programa. As estratégias para prevenir a hipoglicemia durante as sessões de exercícios 
incluem a ingestão suplementar de carboidratos ou supressão prévia das doses de insulina, 
conforme resumido abaixo.
Quadro 13. Estratégias para prevenir hipoglicemia antes, durante e após o exercício �sico.
Monitoração glicêmica
Medir antes, durante (a cada 30 min) e depois do exercício �sico.
Em caso de histórico de hipoglicemia tardia, medir a cada 2-4 h após o exercício �sico.
Em caso de hipoglicemia noturna, medir antes de dormir, uma vez durante a madrugada e ao 
acordar.
Ingestão de carboidratos
Ingestão antes do exercício é necessária em caso de glicemia < 100 mg/dL (0,5-1,0 g/kg peso por
h de exercício).
Necessária se insulina prévia não for reduzida em 50% em sessões > 60 min ou 25% em sessões 
com 30-60 min.
Quando exercício é feito no pico de ação da insulina, aconselha-se ingestão adicional.
Para menor risco de hipotensão noturna, aconselha-se fazer refeições leves perto do horário de 
dormir (15 a 30 g de carboidratos).
Ajuste da insulina
Em uso de bomba insulínica, reduzir a insulina basal em 20-50%, 90 min antes do exercício �sico;
Suspender

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