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Érica Karine Ramos Queiroz
Nely Rachel Veloso Lauton
Pollyane Bicalho Ribeiro
Sandra Ramos de Oliveira
Waneuza Soares Eulálio
PEDAGOGIA
Língua 
PortuguesaPortuguesa
período
º1
Montes Claros/MG - 2013
Érica Karine Ramos Queiroz
Nely Rachel Veloso Lauton
Pollyanne Bicalho Ribeiro
Sandra Ramos de Oliveira
Waneuza Soares Eulálio
2ª edição atualizada por 
Waneuza Soares Eulálio
Língua Portuguesa
2ª EDIÇÃO
2013
Proibida a reprodução total ou parcial.
Os infratores serão processados na forma da lei.
EDITORA UNIMONTES
Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro
s/n - Vila Mauricéia - Montes Claros (MG)
Caixa Postal: 126 - CEP: 39.401-089
Correio eletrônico: editora@unimontes.br - Telefone: (38) 3229-8214
Catalogação: Biblioteca Central Professor Antônio Jorge - Unimontes
Ficha Catalográfica:
Copyright ©: Universidade Estadual de Montes Claros
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS - UNIMONTES
REITOR
João dos Reis Canela
VICE-REITORA
Maria Ivete Soares de Almeida
DIRETOR DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÕES
Huagner Cardoso da Silva 
EDITORA UNIMONTES
Conselho Editorial
Prof. Silvio Guimarães – Medicina. Unimontes.
Prof. Hercílio Mertelli – Odontologia. Unimontes.
Prof. Humberto Guido – Filosofia. UFU.
Profª Maria Geralda Almeida. UFG
Prof. Luis Jobim – UERJ.
Prof. Manuel Sarmento – Minho – Portugal.
Prof. Fernando Verdú Pascoal. Valencia – Espanha.
Prof. Antônio Alvimar Souza - Unimontes
Prof. Fernando Lolas Stepke. – Univ. Chile.
Prof. José Geraldo de Freitas Drumond – Unimontes.
Profª Rita de Cássia Silva Dionísio. Letras – Unimontes.
Profª Maisa Tavares de Souza Leite. Enfermagem – Unimontes.
Profª Siomara A. Silva – Educação Física. UFOP.
REVISÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA
Carla Roselma Athayde Moraes
Maria Cristina Ruas de Abreu Maia
Waneuza Soares Eulálio
REVISÃO TÉCNICA
Gisléia de Cássia Oliveira
Karen Torres C. Lafetá de Almeida 
Viviane Margareth Chaves Pereira Reis
DESIGN EDITORIAL E CONTROLE DE PRODUÇÃO DE CONTEÚDO
Andréia Santos Dias
Camilla Maria Silva Rodrigues
Fernando Guilherme Veloso Queiroz
Magda Lima de Oliveira
Sanzio Mendonça Henriiques
Sônia Maria Oliveira
Wendell Brito Mineiro
Zilmar Santos Cardoso
Coordenadora Adjunta da UAB/Unimontes
Betânia Maria Araújo Passos
Diretora do Centro de Ciências Biológicas da Saúde - CCBS/
Unimontes
Maria das Mercês Borem Correa Machado
Diretor do Centro de Ciências Humanas - CCH/Unimontes
Antônio Wagner Veloso Rocha
Diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas - CCSA/Unimontes
Paulo Cesar Mendes Barbosa
Chefe do Departamento de Comunicação e Letras/Unimontes
Sandra Ramos de Oliveira
Chefe do Departamento de Educação/Unimontes
Andréa Lafetá de Melo Franco
Chefe do Departamento de Educação Física/Unimontes
Rogério Othon Teixeira Alves
Chefe do Departamento de Filosofi a/Unimontes
Angela Cristina Borges
Chefe do Departamento de Geociências/Unimontes
Antônio Maurílio Alencar Feitosa
Chefe do Departamento de História/Unimontes
donizette Lima do Nascimento
Chefe do Departamento de Política e Ciências Sociais/Unimontes
isabel Cristina Barbosa de Brito
Ministro da Educação
Aloizio Mercadante Oliva
Presidente Geral da CAPES
Jorge Almeida Guimarães
Diretor de Educação a Distância da CAPES
João Carlos Teatini de Souza Clímaco
Governador do Estado de Minas Gerais
Antônio Augusto Junho Anastasia
Vice-Governador do Estado de Minas Gerais
Alberto Pinto Coelho Júnior
Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
Nárcio Rodrigues
Reitor da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes
João dos Reis Canela
Vice-Reitora da Universidade Estadual de Montes Claros - 
Unimontes
Maria ivete Soares de Almeida
Pró-Reitor de Ensino/Unimontes
João Felício Rodrigues Neto
Diretor do Centro de Educação a Distância/Unimontes
Jânio Marques dias
Coordenadora da UAB/Unimontes
Maria Ângela Lopes dumont Macedo
Autoras
Érica Karine Ramos Queiroz
Doutora em Linguística pela Universidade Estadual de Campinas – Unicamp –, especialista 
em Educação e graduada em Letras pela Universidade Federal de Viçosa – UFV. 
C oordenadora de Pesquisa do ISEMOC-CRECIH/SOEBRAS e professora do Departamento de 
Letras da Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes.
Nely Rachel Veloso Lauton
Especialista em Redação pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC/Minas 
–, graduada em Língua e Literatura Francesa pela Associação de Cultura Franco-brasileira 
e graduada em Letras pela Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes. Docente das 
Faculdades São Agostinho.
Pollyanne Bicalho Ribeiro
Doutora em Linguística Aplicada pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC/
Minas –, mestre em Educação, Administração e Comunicação pela Universidade São Marcos, 
graduada em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG – e graduada em Direito 
pelo Centro Universitário Fumec. Consultora da Consultoria Técnica Educacional, professora 
da Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes – e da Faculdade da Cidade de Santa 
Luzia.
Sandra Ramos de Oliveira
Especialista em Linguística Aplicada ao Ensino de Português pela Universidade Estadual de 
Montes Claros – Unimontes. Professora da Unimontes e professora do Instituto Superior de 
Educação – Isemoc.
Waneuza Soares Eulálio
Especialista em Linguística Aplicada ao Ensino da Língua Materna pelas Faculdades Unidas 
do Norte de Minas – Funorte –, especialista em Alfabetização pela Universidade Estadual de 
Montes Claros – Unimontes – e graduada em Letras pela Universidade Federal de Viçosa 
– UFV. Professora da Unimontes e tutora a distância da Universidade Aberta do Brasil – UAB. 
Revisora da Revista Fronteiras do Sertão do Departamento de História.
Sumário
Apresentação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9
Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
Linguagem, língua, fala e gramática. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.2 Conceitos básicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.3 O processo de comunicação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13
1.4 Funções da linguagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15
1.5 Variações linguísticas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19
1.6 Níveis de linguagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.7 Linguagem oral e linguagem escrita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29
Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31
Leitura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31
2.1 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31
2.2 Caracterização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31
2.3 Processos de leitura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31
2.4 Fatores intervenientes no “ato de ler” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .35
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
Unidade 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .39
Texto e textualidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .39
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .39
3.2 O que é texto? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.3 Fatores de textualidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41
3.4 Produção de texto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .42
3.5 Tipologia e gêneros textuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .42
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .47
Resumo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .49
Referências básicas, complementares e suplementares . . . . .51
Atividades de aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .53
9
Pedagogia - Língua Portuguesa
Apresentação
Prezado(a) acadêmico(a),
A disciplina “Língua Portuguesa” integra a grade curricular do 1º período do Curso de Licen-
ciatura em Pedagogia, com 45 horas-aula. É sobre essa disciplina que vamos falar inicialmente, 
pois é necessário que você compreenda a importância do conteúdo a ser estudado para tornar 
sua participação prazerosa e eficaz.
Estudar “Língua Portuguesa” significa rever noções básicas de nossa língua materna, discutir 
e resgatar algumas regras, conceitos e definições que a sustentam. Além disso, o conhecimento 
da base de uma língua, de seu alicerce, torna seu usuário mais competente, mais criativo no trato 
com as palavras; mais seguro e questionador no desempenho de suas atividades cotidianas e no 
convívio com seus pares.
Compreender os fundamentos da língua – e não apenas conhecê-los – possibilita ao falante 
o desenvolvimento de diferentes habilidades, como: reconhecer informações, elaborar hipóteses, 
inferir, relacionar conceitos e fatos, desenvolver reflexões mais abrangentes, argumentar e defen-
der ideias e, principalmente, possibilita-lhe ser um autor/leitor mais completo e consciente do 
uso das palavras.
Na disciplina “Língua Portuguesa”, vamos ajudá-lo(a) a compreender o funcionamento da 
Língua Portuguesa nos seguintes aspectos:
1. Leitura: caracterização, processos, modos de leitura e fatores intervenientes no “ato de ler”
2. Concepções de língua, linguagem, fala, gramática e variedades linguísticas
3. O processo de comunicação
4. Funções da linguagem
5. Texto e fatores de textualidade
6. Tipos e gêneros textuais 
7. Produção textual
Nossa intenção é ressaltar que o estudo da língua/linguagem é extremamente importante, 
pois é por meio da linguagem que interagimos com os outros, informando ou sendo informados, 
esclarecendo ou justificando nossas opiniões, modificando o ponto de vista de nossos interlocu-
tores ou sendo modificados pelo ponto de vista deles.
É pela linguagem que expressamos nossas certezas, nossas angústias, alegrias, tristezas, 
nossos conhecimentos e opiniões. É a linguagem que nos distingue e nos faz capazes de ver a 
vida com novos olhares, principalmente nesta nossa época de globalização, de quebra de tabus 
e preconceitos e de, sobretudo, estabelecimento de novos valores.
O avanço tecnológico deste milênio reflete uma renovada estrutura social em que várias lin-
guagens – verbais, não verbais – se entrecruzam, se misturam, se completam e se modificam 
sem cessar.
Assim sendo, o conhecimento sobre o funcionamento da língua não deve ser algo mecânico 
e passivo. Pelo contrário, deve-se cruzar esse conhecimento com as várias possibilidades de lingua-
gens do mundo atual: cinema, fotografia, pintura, charges, quadrinhos, informática, música, etc., 
percebendo suas intenções comunicativas, contrastes e afinidades, desvelando os “entreditos”, as 
mensagens e ideologias subjacentes, enfim, estabelecendo todas as possíveis interlocuções.
Pretendemos, pois, que você alcance os seguintes objetivos:
•	 refletir sobre os fundamentos da Língua Portuguesa, percebendo-os como processo dinâ-
mico de interação social, isto é, como forma de realizar ações, de agir e atuar sobre o outro 
por meio da linguagem;
•	 melhorar a gramática de uso, substituindo incorreções e inadequações por normas da lín-
gua padrão;
•	 elaborar textos adequados ao interlocutor e à situação comunicativa; 
•	 ser leitor crítico e reflexivo.
Neste primeiro período, nossa disciplina apresenta as seguintes unidades:
Unidade I - Linguagem, língua, fala e gramática
1.1 Introdução
1.2 Conceitos básicos
10
UAB/Unimontes - 1º Período
1.3 Processos de Comunicação
1.4 Funções da linguagem
1.5 Variações Linguísticas 
1.6 Níveis de linguagem
1.7 Linguagem oral e linguagem escrita
Unidade II - Leitura
2.1 Introdução
2.2 Caracterização
2.3 Fatores intervenientes no “ato de ler”
2.4 Processos de leitura
Unidade III - Texto e Textualidade
3.1 Introdução
3.2 O que é texto?
3.3 Fatores de textualidade
3.4 Produção de texto 
3.5 Tipologia e Gêneros Textuais
Esperamos de você uma participação ativa, engajada e proveitosa para desenvolver suas 
potencialidades e realizar, com o devido mérito, seus estudos de graduação que lhe permitirão 
vencer barreiras intelectuais, profissionais e sociais.
De nossa parte, desejamos-lhe sucesso e estamos juntos neste desafio, torcendo por você! 
Estamos à sua disposição!
Seja bem-vindo(a) aos estudos da “Língua Portuguesa”.
Um abraço, 
As autoras
11
Pedagogia - Língua Portuguesa
UNidAdE 1
Linguagem, língua, fala e 
gramática
1.1 Introdução
Esta é a primeira unidade da disciplina Língua Portuguesa e esperamos que você a inicie com 
muita vontade de ampliar os seus conhecimentos sobre a língua portuguesa. Então, vamos lá!
O principal objetivo aqui é que você reflita sobre a importância da linguagem para a comu-
nicação humana e conheça os principais elementos que constituem o processo comunicativo.
Ao ler o texto, temos a certeza de que você aprenderá os conceitos fundamentais de lingua-
gem, língua, fala e de gramática, percebendo a relevância desses aspectos linguísticos para que 
o processo comunicativo aconteça de maneira eficiente.
Nesta unidade, vamos estudar também as funções da linguagem que nos permitirão com-
preender como o emissor e o receptor se relacionam linguisticamente através de um canal que 
permite a interpretação de uma mensagem.
Outro assunto de extrema relevância nesta unidade é a variação linguística. Há muito tem-
po, na escola, só se atribuía à língua as características de “certo” ou de “errado”. Hoje, com o co-
nhecimento das diversas formas de se falar, já se considera também o diferente, ou seja, há usos 
da língua que são errados (aqueles que não estão de acordo com a organização que a língua nos 
possibilita), mas há também usos que, apesar de não estarem de acordo com essa organização,são apenas diferentes, não constituem erro.
Bem, de acordo com o que propomos aqui, esta primeira unidade abordará os conceitos bá-
sicos de Linguagem, Língua, Fala e Gramática e terá as seguintes subunidades:
1.2 Conceitos básicos
1.3 O Processo de Comunicação
1.4 Funções da linguagem
1.5 Variação linguística
1.6 Níveis de fala
1.7 Linguagem oral e linguagem escrita
É importante que você tenha sempre à mão um bom dicionário e que não se esqueça de 
que as atividades sugeridas, os glossários que complementam o texto e os pontos de reflexão 
apresentados são essenciais para que você compreenda satisfatoriamente o texto.
Mãos à obra! Vamos começar a leitura.
1.2 Conceitos básicos
De acordo com Petter (2005), o interesse 
pela linguagem é antigo e remonta ao séc. IV 
a.C., quando os hindus estudaram sua língua 
com o objetivo de evitar que os textos sagra-
dos, reunidos no Veda, sofressem modificações 
ao serem falados.
Atualmente, a linguística moderna define 
a linguagem como manifestação de algo mais 
específico: a língua. A linguagem pertence ao 
domínio individual, porque é propriedade ina-
ta ao ser humano, e social, porque só existe em 
sociedade. Sendo assim, a linguagem é com-
preendida como expressão do pensamento e 
veículo de comunicação social e pode referir-se 
à linguagem dos animais, à música, à dança, à 
pintura, à mímica, etc., assinalando que cada 
uma dessas linguagens tem suas especificida-
des de manifestação.
GLOSSÁRiO
Hindu: natural ou habi-
tante da Índia. 
Veda: conjunto de tex-
tos sagrados da tradição 
religiosa e filosófica da 
Índia.
a.C: antes de Cristo.
Línguas naturais 
(inglês, Português, 
Russo, italiano, Chinês, 
etc.): são sistemas de 
signos linguísticos. Os 
signos linguísticos são 
os elementos de signi-
ficação (significante e 
significado) nos quais 
se baseiam as línguas. 
Para você entender 
melhor os conceitos de 
significante e signifi-
cado, acompanhe esta 
exemplificação: O signi-
ficante é o suporte para 
a ideia, é a sequência de 
sons que se combinam 
nas palavras: flor, fleur, 
fiori, flower, kukka (em 
Português, Francês, Ita-
liano, Inglês e Finlandês, 
respectivamente), e 
significado é a ideia, o 
conteúdo. Observe que 
em todas as línguas do 
exemplo, o significado é 
o mesmo: “flor”, parte da 
planta.
12
UAB/Unimontes - 1º Período
O linguista Ferdinand de Saussure, consi-
derado o pai da linguística moderna, separa a 
linguagem em língua e fala. Conforme Petter 
(2005), a língua, para Saussure, é “um sistema 
de signos” – um conjunto de unidades que se 
relacionam dentro de um todo e é a parte social 
da linguagem, exterior ao indivíduo; não pode 
ser modificada pelo falante e obedece às leis do 
contrato social estabelecido pelos membros da 
comunidade. A fala é um ato individual; resulta 
das combinações feitas pelo sujeito falante uti-
lizando o código da língua; expressa-se pelos 
atos de fonação necessários à produção dessas 
combinações.
Analisando o conceito de Saussure, con-
cluímos que a língua é ampla, coletiva e está à 
disposição de todos os falantes da comunidade. 
A língua obedece a padrões criados pela pró-
pria comunidade, logo, um falante não pode 
modificá-la. Ela serve a toda a comunidade e 
não a um membro isolado. É a parte social da 
linguagem.
Ainda segundo Petter (2005), a fala, ao 
contrário, é individual, representa o uso particu-
lar que se faz da língua. O falante tem a liberda-
de de buscar na língua os recursos que ela ofe-
rece e combinar esses recursos, conforme suas 
necessidades e intenções. Por isso que a fala é 
individual e tem caráter dinâmico, e a língua é 
coletiva e tem caráter mais fixo.
Petter (2005, p. 15) argumenta, ainda, que 
“[...] convém enfatizar que a Linguística detém-
-se somente na investigação científica da lin-
guagem verbal humana”. Assim, a linguística 
tem como objeto de estudo a linguagem verbal 
em uso, ou seja, para o linguista interessa des-
crever e explicar os fatos de linguagem sem es-
tabelecer juízo de valor do uso. A perspectiva 
de estudo da gramática tradicional é contrária à 
do linguista, pois a gramática tem como finali-
dade ditar normas e prescrever os fatos de lin-
guagem.
A gramática, conforme Petter (2005), não 
reconhece a diferença entre fala e escrita e con-
sidera a escrita como modelo de correção para 
a língua falada. A posição da gramática é nor-
mativa ao dizer o que é a língua e como deve 
ser, isto é, a gramática dita regras para o uso 
considerado correto da língua.
Como falantes de uma língua, sabemos 
que a língua escrita não é modelo para a língua 
falada, pois a diferença entre essas duas modali-
dades da linguagem se deve à sua organização 
e ao uso social. Para o linguista, não há uso me-
lhor ou pior, rico ou pobre, visto que seu objeti-
vo é descrever e não prescrever. De acordo com 
a linguística, as línguas naturais são simples-
mente diferentes e, desde que atendam às ne-
cessidades de comunicação entre seus falantes, 
já estão exercendo sua função: COMUNICAR. Os 
estudos sobre as línguas concluem que todas 
elas possuem um sistema de comunicação es-
truturado, complexo e muito desenvolvido.
Outros estudos sobre a linguagem a consi-
deram também como atividade, como ação que 
tem objetivo socialmente definido: o de estabe-
lecer vínculos e compromissos anteriormente 
inexistentes. A linguagem é responsável pela in-
teração entre os indivíduos, estabelecendo pac-
tos interindividuais e exigindo respostas em for-
ma de reações e comportamentos dos falantes.
Estudar, então, a língua é buscar detec-
tar os compromissos que se criam através da 
fala (ato individual) e buscar preencher as 
condições exigidas por uma situação de co-
municação.
1.2.1 Importância da comunicação humana
Como você sabe, na sociedade em que vi-
vemos é de fundamental importância que sai-
bamos nos comunicar de maneira clara e efi-
ciente. Comunicação, pensamento e a própria 
vida são fatores que se complementam e até 
se misturam, já que estamos a todo tempo nos 
comunicando, ora através da fala, ora da escri-
ta, de um gesto, de expressões faciais, sorrisos, 
PARA SABER MAiS
O homem é um “animal 
político”. Assim afirma 
Aristóteles na sua obra 
Política, distinguin-
do o homem (único 
dotado de linguagem) 
dos outros animais 
(que possuem voz). 
Com a voz (“phone”), 
os animais exprimem 
dor e prazer; mas, com 
a palavra (“logos”), o 
homem exprime o bom 
e o mau, o justo e o 
injusto. Ser um “animal 
político” significa, pois, 
compartilhar valores 
com outros indivíduos, 
o que torna possível a 
vida social, cívica e polí-
tica dos homens. Exerça 
sua cidadania através, 
também, do uso da 
linguagem.
Figura 1: A língua se 
concretiza pela fala.
Fonte: Disponível em: 
https://www.facebook.
com/linguaportuguesa07, 
acesso em 31 de mai. 
2013.
►
13
Pedagogia - Língua Portuguesa
da leitura de um texto, de um documento, de 
revistas e jornais, etc.
É preciso ter em mente que só através 
de uma comunicação clara, segura e objetiva 
é que podemos nos aprofundar nos níveis de 
conhecimento pessoal, tecnológico e social.
A comunicação é o centro de todas as ati-
vidades humanas. Com certeza nada acontece 
sem que haja prévia comunicação. Comunicar 
bem não é só transmitir ou receber bem uma 
informação. COMUNICACÃO é uma troca de 
CONHECIMENTOS E DE ENTENDIMENTO e nin-
guém entende ninguém sem considerar além 
das palavras, sem considerar também as emo-
ções, o contexto e a situação em que se tenta 
trocar conhecimentos, ideias ou qualquer ou-
tra mensagem, seja ela verbal (que utiliza pa-
lavras) ou não verbal (que ocorre através de 
gestos, cores, imagens, etc.).
Infante (2005, p. 25) argumenta que “na 
origem de toda a atividade comunicativa do 
ser humano está a linguagem,que é a capaci-
dade de se comunicar através de um código”. 
Entre esses códigos comunicativos, o mais 
utilizado pelos homens é a língua, que é “um 
sistema de signos convencionais usados pe-
los membros de uma comunidade". Em sínte-
se: um grupo social combina entre si e utiliza 
um conjunto organizado de elementos repre-
sentativos – os signos linguísticos. Esses sím-
bolos são diferentes de um idioma para outro 
e foram escolhidos por acaso, variando de 
acordo com cada cultura. O homem inventou 
a linguagem para exprimir seus sentimentos, 
suas intenções e vontades, fazendo com que 
as pessoas interajam e convivam em socieda-
de.
1.2.2 O que é comunicar?
Segundo Martins e Zilberknop (2009, p. 
23), é impossível para o homem moderno vi-
ver sem se comunicar. A comunicação é uma 
“força de extraordinária vitalidade na obser-
vação das relações humanas e no comporta-
mento individual [...]. Provado está que a co-
municação é um processo social e, sem ela, a 
sociedade não existiria”. Sendo assim, a comu-
nicação entre os seres humanos é um proces-
so indispensável à sobrevivência do homem 
na sociedade. 
A comunicação, ainda de acordo com Mar-
tins e Zilberknop (2009), se estabelece através 
de diversos recursos, como a palavra, os gestos, 
os movimentos, os símbolos, o silêncio, etc. No 
entanto, apesar de todos esses recursos, certa-
mente a palavra é o instrumento que tem sido 
preferido pelo ser humano para expressar seu 
pensamento, interagir com o outro e se fazer 
compreender.
Se você pensar um pouco, vai perceber 
que comunicar é estabelecer uma relação com 
alguma coisa ou alguém, transmitindo sinais 
através de um código que pode ser convencio-
nado (linguagem humana) ou natural (sinais 
fisiológicos: dor, febre, etc.).
A comunicação deve acontecer de ma-
neira lógica, clara e coerente, pois ela é a base 
das relações entre os homens que, a partir e 
através dela, se tornam agentes, influenciam o 
meio em que vivem e afetam as pessoas que 
estão à sua volta, o seu ambiente físico e a si 
mesmos, produzindo reações.
Para que uma mensagem seja transmiti-
da com sucesso, é preciso que o falante esteja 
atento a fatores como habilidade comunicativa, 
atitude, nível de conhecimento do ouvinte e as 
posições ocupadas dentro do sistema socio-
cultural. Assim, ele deverá produzir uma men-
sagem adequada ao contexto, ao grupo social 
do receptor e ao momento em que ocorre a 
comunicação. Para uma mensagem que chame 
a atenção do receptor, o falante deverá utilizar 
signos que sejam do seu conhecimento e tam-
bém do conhecimento do receptor que ficará 
interessado na informação.
1.3 O processo de comunicação
Segundo Martins e Zilberknop (2009, p. 
15), “O ser humano tem necessidade imperiosa 
de expressar seus sentimentos ou ideias.” Sen-
do assim, o Processo de comunicação consiste 
em um emissor (a pessoa que fala, o codifica-
dor) emitir uma mensagem (informação ou si-
nal) ao receptor (a pessoa que ouve ou decodi-
ficador), através de um canal (instrumento ou 
meio). O receptor interpretará a mensagem e, 
a partir daí, dará a resposta que demonstrará 
se as informações foram captadas (feedback), 
completando o processo de comunicação.
Ainda de acordo com Martins e Zilberk-
nop (2009, p. 15), "comunicar envolve uma di-
nâmica que não pode dispensar as unidades 
que englobam o processo e que, dissociadas, 
PARA SABER MAiS
Para ampliar seus 
conhecimentos sobre 
esse assunto, assista 
ao vídeodocumentário 
“Um buraco branco no 
tempo”, uma produção 
de Peter Russel, com 
base em uma obra 
romântica. Duração: 27 
minutos. Veja sinopse 
do vídeodocumentário 
no fim da unidade.
GLOSSÁRiO
Léxico: conjunto de 
vocábulos que formam 
uma língua (vocabu-
lário). 
Sintaxe: estudo da 
combinação lógica das 
palavras em uma frase.
14
UAB/Unimontes - 1º Período
constituem os elementos mais importantes da 
comunicação". Toda vez que se estabelece uma 
interação entre as pessoas ocorre uma situação 
comunicativa. Todo o ato de comunicação ver-
bal envolve sempre seis componentes básicos, 
descritos nos anos 1960, pelo formalista russo 
Roman Jakobson. No esquema abaixo, observe 
esses componentes, conhecidos como elemen-
tos da comunicação (código, mensagem, refe-
rente, emissor, receptor e canal).
•	 CÓdiGO: pode ser definido como qualquer conjunto de símbolos usados na transmissão 
e recepção de uma mensagem de maneira a ter significação para alguém, como as pala-
vras de um idioma (língua).
•	 MENSAGEM: expressão de ideias (conteúdo transmitido por um emissor) através de uma 
forma determinada (tratamento) pelo emprego de um código.
•	 REFERENTE: é o contexto em que estão insertos o emissor e o receptor. É também o con-
junto de atitudes e reações dos sujeitos envolvidos no processo de comunicação.
•	 EMiSSOR ou EMiTENTE: quem transmite uma ideia, emite; quem transforma a mensagem 
em código (uma pessoa, uma empresa, uma emissora de televisão, estação de rádio, etc.).
•	 RECEPTOR, RECEBEdOR ou dESTiNATÁRiO: pessoa que recebe, decodifica a mensagem 
(um indivíduo ou um grupo).
•	 CANAL: é o meio através do qual fazemos uma mensagem chegar a outra pessoa, uma es-
pécie de “veículo da mensagem”, como as ondas sonoras, na linguagem oral (fala), ou um 
bilhete, na linguagem escrita, por exemplo.
•	 É muito importante escolher o canal capaz de transmitir sua mensagem com maior quali-
dade e há elementos que podem impedir a eficiência comunicativa, como nos advertem 
Martins e Zilberknop (2009):
•	 RUÍdO: interferência indesejada na transmissão de uma mensagem (na fala pode ser um 
barulho e na escrita, um rabisco ou uma letra ilegível, por exemplo).
•	 AMBiGUidAdE: refere-se à desorganização da mensagem (período fragmentado, ordem 
inversa, inadequação vocabular, etc.).
•	 REdUNdÂNCiA: consiste na repetição desnecessária de palavras ou termos.
Em síntese: 
Em uma sala de aula (referente), se o professor (emissor) expõe oralmente (canal) 
um assunto (mensagem), e o aluno (receptor) ouve com atenção, ele consegue dar res-
posta (feedback) ao ser questionado. Mas, quando há barulho, por exemplo, conversa 
paralela (ruído), a compreensão fica comprometida.
Ao decodificar uma mensagem, você a está percebendo como um estímulo. Ao codificar 
uma nova mensagem, você está dando uma resposta ao estímulo, mostrando como ele foi per-
cebido e interpretado por você. A comunicação compreende, na maioria das vezes, uma ação 
e uma reação, pois a ação do emissor afeta a reação do receptor e a reação do receptor afeta a 
subsequente reação do emissor, tornando o processo circular. Às vezes, quando são utilizados 
dois canais simultâneos, a qualidade da mensagem aumenta (ver e ouvir, por exemplo, é me-
lhor do que só ver ou só ouvir), mas se o falante não souber utilizar bem esses canais, ele pode 
prejudicar o sucesso da sua comunicação. Se um conferencista apresenta um trabalho usando 
um data-show, por exemplo, e não consegue combinar sua fala com as transparências apre-
sentadas, ele pode tornar mais difícil a compreensão do conteúdo pelos expectadores.
PARA SABER MAiS
Leia outros textos sobre 
comunicação e reflita 
sobre a importância 
deste aspecto para a 
vida humana. Pense no 
estreito laço que liga a 
comunicação à cultura e 
anote suas conclusões.
ATiVidAdE
Preste muita atenção 
aos comerciais transmi-
tidos pelo rádio e pela 
televisão e verifique se 
eles atendem às condi-
ções apresentadas no 
texto que você acabou 
de ler. Eles chamam a 
atenção do receptor? 
Usam uma linguagem 
adequada? Estão de 
acordo com o canal 
onde são veiculados? 
Levam em consideração 
o momento e a situação 
em que o receptor está 
inserto?
Figura 2: Elementos da 
Comunicação
Fonte: Disponível em 
http://www.coladaweb.
com/portugues/a-lingua-
gem-e-os-processos-de--comunicacao acesso em 
15 mar. 2008.
►
diCA
O Filme "Nell", do 
Diretor Michael Apted, é 
muito interessante para 
você analisar o impor-
tante papel desempe-
nhado pela linguagem 
na comunicação huma-
na. Nell é o nome da 
jovem que é encontrada 
em uma casa na flores-
ta, onde vivia com sua 
mãe eremita. O médico 
que a encontra, após a 
morte da mãe, constata 
que ela se expressa em 
um dialeto próprio, 
evidenciando que até 
aquele momento ela 
não havia tido contado 
com outras pessoas. 
Intrigado com a desco-
berta e ao mesmo tem-
po encantado com a 
inocência e a pureza da 
moça, ele tenta ajudá-la 
a se integrar a socieda-
de. Assista ao filme e 
tente relacioná-lo aos 
conceitos estudados 
sobre "Processos Comu-
nicativos" e "Funções da 
Linguagem".
15
Pedagogia - Língua Portuguesa
Sempre que comunicamos algo, pensamos no nosso receptor, em quem queremos atingir 
com o que dizemos, assim, tanto o emissor cria expectativas sobre o receptor quanto o receptor 
em relação ao emissor.
Quando duas pessoas interagem, põem-se no lugar uma da outra, procurando perceber o 
mundo como a outra o percebe, tentando predizer a resposta da outra e esse processo possibili-
ta o ideal da comunicação que é a interação humana.
1.4 Funções da linguagem
Agora que você já trabalhou com os Processos Comunicativos e já conhece as noções da Te-
oria da Comunicação, vamos fazer algumas considerações sobre as Funções da Linguagem.
Leia a seguinte tira humorística:
A tira exemplifica uma situação de comunicação. Numa situação de comunicação há, pelo 
menos, duas pessoas interagindo por meio da linguagem: quem fala (locutor ou emissor) e aque-
le com quem se fala (interlocutor ou receptor).
Tradicionalmente, o processo de comunicação verbal está baseado em seis elementos: o 
emissor, o receptor, a mensagem, o código, o canal e o referente.
Tomando a tira como exemplo, vamos rever esses elementos:
•	 O emissor (locutor, remetente) é Helga, a esposa de Hagar.
•	 O receptor (interlocutor, destinatário) é Hagar.
•	 A mensagem é representada pelas falas de Helga; trata-se do aviso de que os construtores 
do telhado acabaram de chegar.
•	 O código é a língua portuguesa (linguagem verbal) usada por Helga e Hagar.
•	 O canal (contato) é o som produzido pelo código (língua oral).
•	 O referente (contexto) é a situação ou contexto em que Helga e Hagar estão e é também o 
assunto da mensagem, isto é, o conjunto de atitudes e reações do emissor e do receptor. 
Repare que a casa está sem telhado e que o casal está esperando há algum tempo a chega-
da dos construtores. O humor consiste justamente no fato de Hagar está sentado em uma 
cadeira com água por todo lado.
Toda mensagem tem uma finalidade, uma intenção predominante que orienta sua produção. A 
mensagem pode ter a finalidade de informar, persuadir, provocar humor, emocionar, etc. Podemos 
sintetizar que, na comunicação, sempre há uma intenção e, assim, podemos considerar algumas fun-
ções da linguagem a partir dessas finalidades, de acordo com os estudos de Jakobson (1977). 
Veja, abaixo, a classificação das funções da linguagem predominante nos textos. Essas fun-
ções são: expressiva, conativa, referencial, fática, metalinguística e poética.
1.4.1 Função expressiva (ou emotiva)
De acordo Martins e Zilberknop (2009), a função expressiva ou emotiva está centrada no 
emissor (remetente ou locutor) e expressa sua atitude, sua emoção, seu estado de espírito em 
relação ao que fala. Exemplificando:
▲
Figura 3: Tira 
humorística
Fonte: Disponível em 
http://www.humorepia-
das.com.br/tag/hagar-e-
-helga/, acesso em 31 mai. 
2013.
diCA
Para reforçar seu 
conhecimento sobre as 
funções da linguagem, 
acesse: www.portras-
dasletras.com.br
16
UAB/Unimontes - 1º Período
BOX 1
Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje, Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios, Nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
Em que espelho ficou perdida a minha face?
Fonte: Cecília Meireles, 1982
Observe que o poema está centrado na expressão dos sentimentos, emoções e estado de 
alma do “eu lírico”. É um texto subjetivo, pessoal. Nele aparecem pronomes de primeira pessoa: 
“Eu não tinha”... “minha face”?
É comum, também, na função emotiva, a presença de interjeições e pontuação marcada por 
exclamações e reticências.
1.4.2 Função conativa (apelativa)
A função conativa é aquela que está centrada no destinatário. Também chamada apelativa, 
essa função estimula o receptor a tomar uma atitude, tentando persuadi-lo, tentando influenciar 
seu comportamento.
Observe a presença da função conativa neste folheto:
PARA SABER MAiS
O estudo das funções 
da linguagem é muito 
importante para perce-
bermos as diferenças e 
as semelhanças entre os 
vários tipos de men-
sagem. Analisar como 
essas funções se organi-
zam nos textos alheios, 
permite-nos perceber 
as finalidades que orien-
tam a elaboração desses 
textos. Aplicando o 
conhecimento de fun-
ções da linguagem nos 
textos que produzimos, 
poderemos planejar 
o que escrevemos e 
fortalecer a eficácia e 
a expressividade das 
mensagens.
Figura 4: Exemplo de 
função conativa
Fonte: Disponível em 
http://vacademica.wor-
dpress.com/2013/02/12/
economia-comportamen-
tal-2-quando-carros-sao-
-iguais-a-cigarros/, acesso 
em 31 mai. 2013.
►
17
Pedagogia - Língua Portuguesa
Você observou que a intenção principal é estimular o receptor a utilizar um serviço dife-
renciado de lavagem de carro? Para isso, o texto da propaganda emprega o verbo no imperati-
vo “Aguarde!”, que faz um apelo direto ao destinatário. Além disso, a mensagem tenta sensibili-
zá-lo quanto à questão do uso racional da água. Isso sinaliza que, se o receptor for uma pessoa 
com consciência social, ele buscará o serviço oferecido.
1.4.3 Função referencial (denotativa)
Classificamos de referencial a função que tem por objetivo transmitir informações. Ela é 
também chamada denotativa e está centrada no contexto.
A mensagem apresenta linguagem clara, direta, procurando traduzir a realidade objetiva-
mente. O anúncio a seguir, com conteúdo essencialmente informativo, exemplifica a função 
referencial.
BOX 2
O MUNdO SEM PETRÓLEO
Em breve, os seres humanos terão de aprender a viver sem o petróleo. Não porque ele vá 
acabar no futuro próximo – os especialistas garantem que as reservas mundiais são mais do 
que suficientes para satisfazer as necessidades do planeta por até 75 anos. Mas porque con-
tinuar usando o combustível que move a economia mundial com essa voracidade faz mal à 
saúde da Terra. [...]
Fonte: Almanaque – Superinteressante. São Paulo: Abril, 2003. Disponível em: http://duvidasredacao.blogspot.com.
br/2009/10/funcao-referencial-ou-denotativa.html, acesso em 2 jun. 2013.
Ao ler a reportagem, você percebe claramente seu objetivo: informar aos leitores do “Alma-
naque Superinteressante” sobre o motivo de o mundo precisar viver sem o petróleo. A lingua-
gem aponta para um significado único, não dando margem à dupla interpretação.
A função referencial aparece em seus livros de estudos, livros técnicos e científicos, bulas de 
remédios, manuais de instruções, etc.
1.4.4 Função fática
A função fática encontra-se centrada no contato (canal) e nela predomina o cuidado de es-
tabelecer ou de manter a comunicação, isto é, manter o contato entre o emissor e o receptor.
Nas conversas telefônicas, o tradicional “alô” e os cumprimentos habituais são maneiras de 
iniciar o contato com o recebedor. As frases-feitas, os clichês de abertura de diálogos: “Olá, como 
vai?”, “Oi, tudo bem?”, têm tambéma finalidade de estabelecer contato.
A função fática está representada por palavras, frases, ou expressões que denotam a neces-
sidade ou o desejo de iniciar, manter ou cortar a comunicação. 
Exemplificando:
Bom dia!
Oi, tudo bem?
Huin... Hum...
Alô, quem fala?
Hã, o quê?
A função fática está bastante evidente nas falas acima. Essas falas não têm necessariamente 
um conteúdo informativo preciso, apenas pretendem criar condições para uma interação verbal. 
Observe a tirinha abaixo:
18
UAB/Unimontes - 1º Período
A expressão "né", usada por Hagar, foi empregada apenas para manter a conexão entre o 
casal. Temos, então, um exemplo de função fática.
1.4.5 Função metalinguística
A função metalinguística está centrada no próprio código, isto é, centrada na língua. O emis-
sor usa a língua (código) para dar alguma explicação, fazer ressalvas, apresentar uma definição, 
um conceito, etc.
No fragmento a seguir, intitulado “Bisbilhotice”, de Luís Fernando Veríssimo, o autor define, 
primeiramente, a palavra “bisbilhotar” para, depois, introduzir o tema propriamente dito: discus-
são sobre o uso de grampos em telefones de magistrados e políticos brasileiros.
Observe a função metalinguística bem marcada no primeiro parágrafo do artigo.
BOX 3
Bisbilhotice
“Bisbilhotar” vem, se não me falha o etimológico, do italiano “bisbigliare”, que não é bis-
bilhotar no nosso sentido, mas quase o seu oposto. Os sinônimos de “bisbigliare” no meu di-
cionário italiano são “mormorare”, “sussurrare”, “dire sottovoce”. Ou seja, o que se faz para evitar 
a bisbilhotice dos outros. Um bisbilhoteiro brasileiro e um “bisbigliatore” italiano, conforme o 
dicionário, não teriam diálogo, um tentando desesperadamente ouvir o que o outro murmura 
ou sussurra.
O que aproximaria os dois seria o fato de que é tão difícil encontrar um italiano falando 
baixo quanto um brasileiro. O sottovoce não pegou em nenhum dos dois povos. E o que sem-
pre agrava as crises brasileiras – como essa dos grampos, ou da bisbilhotice banalizada e oficia-
lizada – é que ninguém, do presidente ao gari, passando por ministros e comentaristas, se se-
gura na hora de dizer bobagens. Se ao menos as dissessem sottovoce, o dano seria menor. (...)
Fonte: Veríssimo. Hoje em Dia. 7 set. 2008. p.8 – PLURAL
Os dicionários são obras de caráter metalinguístico. Neles usa-se a língua (código linguísti-
co) para definir a própria língua.
1.4.6 Função poética
A função poética enfatiza a mensagem. Se, ao ler um texto, você perceber que o objetivo da 
mensagem é mostrar um trabalho de elaboração da linguagem, então você está diante da fun-
ção poética.
Anúncios publicitários (e políticos) recorrem frequentemente à função poética da lingua-
gem. Neles é comum um trabalho com o signo linguístico (rimas, jogo de palavras, neologismos, 
aliterações, assonâncias) com o objetivo de provocar algum efeito de sentido no receptor.
A função poética não abrange somente a poesia, embora, na poesia, a função poética seja 
predominante e, em outras formas de expressão linguística, ela seja acessória.
Veja os exemplos de função poética no texto a seguir:
Figura 5: Função fática
Fonte: Disponível em: 
http://helgacomh.blo-
gspot.com.br/2009/04/
hagar-o-horrivel-e-helga-
-e-claro.html, acesso em 3 
jun. 2013.
►
19
Pedagogia - Língua Portuguesa
BOX 4
O meu tempo e o teu, amada, 
Transcendem qualquer medida. 
Além do amor, não há nada, 
Amar é o sumo da vida.
Fonte: In: ANDRADE, Carlos Drummond de. Amar se aprende amando. São Paulo: Record, 1990)
Nos versos de Drummond, o trabalho com a linguagem (criação das rimas: amada/nada; 
medida/vida) produz efeito melódico. 
A função poética não ocorre somente na poesia. Ela também pode ser encontrada em pro-
vérbios, textos em prosa, ditados, anúncios publicitários, etc. Observe a propaganda do medica-
mento Doril, que além do texto construído em rima, apresenta todo um trabalho com o tamanho 
e diferença das letras.
No texto da propaganda, percebe-se o jogo de palavras entre “doril” e “sumiu” para referir-
-se a eficiência do no produto anunciado (medicamento para dor). Houve, portanto, um trabalho 
intencional de linguagem.
1.5 Variações linguísticas
Após o estudo dos conceitos de língua, linguagem, fala, gramática e das funções da lingua-
gem, será mais fácil e proveitoso trabalhar com as variações linguísticas, pois são conteúdos inti-
mamente relacionados.
A língua é um valioso instrumento de ação social e seu uso, conforme seja adequado ou 
não, pode facilitar ou comprometer nosso relacionamento com as demais pessoas.
Além disso, o uso individual da língua apresenta valores que vão além de nossa intenção de 
transmitir informações, ideias e pontos de vista.
A escolha que fazemos das palavras, certas expressões que empregamos, nossas preferên-
cias por determinadas construções frasais têm o poder de revelar, de “denunciar” quem realmen-
te somos, quais são nossas crenças, em que região do país nascemos, que nível social e de estu-
dos possuímos, qual é nossa profissão, entre muitos outros aspectos.
Isso ocorre porque a língua é um sistema dinâmico, extremamente flexível, que se modela 
com naturalidade a diversos fatores que envolvem o falante, como religião, classe social, região 
geográfica, sexo, idade e a própria evolução histórica da língua e, ainda, o grau de formalidade/
informalidade do contexto em que se dá a situação de fala ou escrita.
◄ Figura 6: Exemplo de 
função poética
Fonte: Disponível 
em: http://redacao-
nocafe.wordpress.
com/2012/02/09/funcao-
-poetica-a-beleza-do-
-texto/, acesso em 2 jun. 
2013..
GLOSSÁRiO
Aliteração: repetição 
da mesma consoante 
no interior de um ou 
mais versos. “Quem com 
ferro fere, com ferro será 
ferido.” (provérbio)
Assonância: repeti-
ção da mesma vogal 
no interior de um ou 
mais versos. Nos versos 
abaixo, há assonância 
das vogais a e o nasais. 
“E bamboleando em 
ronda dançam bandos 
tontos e bambos de 
pirilampos”. (Versos de 
Guilherme de Almeida)
20
UAB/Unimontes - 1º Período
Marcos Bagno é professor de linguística da Universidade de Brasília (UnB), é um pesqui-
sador que se dedica a criticar a ideia, senso-comum, de que o brasileiro fala e escreve mal o 
próprio idioma. Essa visão atinge principalmente as camadas pobres da sociedade, por esta-
rem distanciadas do padrão ensinado na escola. O preconceito linguístico, porém, revela um 
outro preconceito: o social. “A língua, a maneira de falar, é apenas uma desculpa que as outras 
pessoas usam para discriminar, para excluir”, afirma Bagno. Mineiro de Cataguases, ele é autor 
de vários livros que desfazem mitos em torno do português falado e escrito no Brasil, como A 
Língua de Eulália (1997), Preconceito linguístico – o que é, como se faz (1999), Português ou 
Brasileiro? (2002) e A norma oculta (2003).
Nosso contato diário com outros falantes em ambientes diversos – rua, clube, escola, tra-
balho, restaurante, etc. – confirma que não há uniformidade no uso da língua. As pessoas se ex-
pressam de maneiras diferentes e isso é perfeitamente natural no interior de uma mesma língua, 
como é o caso da Língua Portuguesa.
Essas diferenças podem se manifestar em relação ao vocabulário, à pronúncia, à morfologia 
e à sintaxe. Elas aparecem fortemente ligadas ao falante e são justificadas por motivos culturais, 
sociais, históricos, religiosos, geográficos e outros.
A essas diferenças no uso da língua dá-se o nome de variações ou variantes linguísticas.
Antes de prosseguirmos no estudo das variações linguísticas, é bom que se esclareça que 
não há uma “variedade” melhor ou pior, certa ou errada, elegante ou feia, de prestígio ou sem 
prestígio. Essas diferenças linguísticas são como um distintivo dos indivíduos e grupos sociais 
e, por isso, elas são constituintes de sua identidade. Ora, eleger umavariedade linguística como 
melhor significa desprezar as outras. Ao agirmos assim, expressamos um juízo de valor (nesse 
caso, inaceitável) e prejulgamos os falantes usando essas diferenças linguísticas naturais como 
pretexto para a discriminação social dos indivíduos.
Portanto, todas as variações linguísticas são perfeitamente adequadas à realidade do grupo 
social e do contexto em que surgiram, desde que permitam a interação verbal entre os indivídu-
os, isto é, desde que permitam aos indivíduos expressarem suas necessidades comunicativas e 
cognitivas.
1.5.1 Tipos de variações linguísticas
As variações linguísticas ocorrem devido a fatores geográficos (diatópicos), socioculturais 
(diastráticos), históricos ou de época (diacrônicos) e contextuais (diafásicos).
1.5.1.1 Variação geográfica
A variante linguística mais evidente no Brasil é a geográfica. Essa variante se caracteriza, 
principalmente, pelo acento linguístico (altura, timbre, intensidade do som), isto é, pela maneira 
de pronunciar as palavras. Os habitantes de cada região apresentam “melodias” frasais diferentes, 
desenvolvem formas de realização linguística que lhes são próprias e os distinguem dos falantes 
de outras regiões.
Figura 7: Marcos Bagno
Fonte: Disponível em 
http://www.parabolae-
ditorial.com.br/website/
index.php?option=com_
virtuemart&page=shop.
browse&manufacturer_
id=5&Itemid=105 , acesso 
em 4 mai. 2013.
►
21
Pedagogia - Língua Portuguesa
Ao conjunto de características comuns da pronúncia de cada região denomina-se “sotaque”: 
sotaque mineiro, sotaque goiano, sotaque nordestino, etc. ou “dialeto” regional: dialeto mineiro, 
dialeto nordestino, etc.
Alguns aspectos fonéticos regionais bastante conhecidos dos brasileiros são, por exemplo, a 
pronúncia do “s” chiado do carioca; a abertura das vogais pelos nordestinos; a entoação particu-
lar dos gaúchos e o “r” bem marcado no interior de São Paulo. Exemplificando:
Cuitelinho
Cheguei na bera do porto 
Onde as onda se espaia. 
As garça dá meia volta,
 Senta na bera da praia.
E o cuitelinho não gosta
 Que o botão de rosa caia.
Quando eu vim de minha terra, 
Despedi da parentaia.
Eu entrei no Mato Grosso, 
Dei em terras paraguaia. 
Lá tinha revolução, 
Enfrentei fortes bataia.
A tua saudade corta 
Como o aço de navaia. 
O coração fica aflito, 
Bate uma, a outra faia.
E os oio se enche d’água 
Que até a vista se atrapaia.
A letra da música “Cuitelinho”, composta por Paulo Vanzolini, mostra uma variação regional, 
própria do espaço geográfico rural de alguns estados brasileiros.
Na letra da música há também a influência da variação sociocultural, percebida no empre-
go de: “bera” por “beira”, “navaia” por “navalha”, “oio” por “olhos” (aspectos fonológicos) e “os oio 
se enche d’água por “os olhos se enchem d’água; “As garça dá...” por “As garças dão...” (aspecto 
morfológico).
Observe, ainda, que o compositor “brinca” com as rimas para efeito melódico.
A variação geográfica ocorre, também, no vocabulário, em algumas estruturas frasais e nas 
designações diferentes para o mesmo significado, que uma palavra pode adquirir de uma região 
para outra.
Assim é que usamos “mandioca”, “aipim” ou “macaxeira”; “pernilongo” ou “mosquito”, depen-
dendo de nossa região de origem.
Em Montes Claros, Minas Gerais, por exemplo, o objeto escolar onde se guardam lápis, bor-
racha e canetas chama-se “estojo”, no Paraná é “penal” (de pena + al) estojo para guardar penas, 
lápis, etc. Embora a palavra “penal” conste do dicionário como um regionalismo de Minas Gerais, 
ela não é usada entre os mineiros.
diCA
Os romances "O tempo 
e o Vento" (de Érico Ve-
rissimo) e "Vidas Secas" 
(de Graciliano Ramos), 
por exemplo, são obras 
em que você encontra 
vocabulário típico da 
região geográfica em 
que o enredo se situa.
GLOSSÁRiO
Morfologia: Estudo do 
signo linguístico reduzi-
do à sua expressão mais 
simples (morfema) e a 
combinação entre esses 
morfemas formando 
unidades maiores como 
a palavra e o sintagma.
Cuitelinho: Diminutivo 
de cuitelo. Nome popu-
lar dos beija-flores.
◄ Figura 8: Cuitelinho
Fonte: In: BAGNO, Marcos. 
A língua de Eulália São Pau-
lo: Contexto, 1997. p. 45-6.
22
UAB/Unimontes - 1º Período
E as variações geográficas se concretizam nas expressões típicas dos nordestinos: “OXENTE, 
BICHINHO (indicando admiração); VISSE? (ouviste), CABRA MACHO DA MULESTA (indivíduo cora-
joso, valentão); no “BAH, TCHÊ” dos gaúchos ou no uso frequente do diminutivo pelos mineiros: 
“COITADINHO, TADINHO” (coitado) ou mesmo na redução desses diminutivos: “TADIN” (coitadi-
nho), “BONZIN” (bonzinho), etc. Exemplificando:
BOX 5
O Analista de Bagé
Certas cidades não conseguem se livrar da reputação injusta que, por alguma razão, pos-
suem. Algumas das pessoas mais sensíveis e menos grossas que eu conheço vêm de Bagé, as-
sim como algumas das menos afetadas são de Pelotas. Mas não adianta.
Estas histórias do psicanalista de Bagé são provavelmente apócrifas (como diria o próprio 
analista de Bagé, história apócrifa é mentira bem educada), mas, pensando bem, ele não po-
deria vir de outro lugar.
Pues, diz que o divã no consultório do analista de Bagé é forrado com um pelego. Ele re-
cebe os pacientes de bombacha e pé no chão.
- Buenas. Vá entrando e se abanque, índio velho.
- O senhor quer que eu deite logo no divã?
- Bom, se o amigo quiser dançar uma marca, antes, esteja a gosto. Mas eu prefiro ver o vi-
vente estendido e charlando que nem china da fronteira, pra não perder tempo nem dinheiro.
- Certo, certo. Eu...
- Aceita um mate?
- Um quê? Ah, não. Obrigado.
- Pos desembucha.
- Antes, eu queria saber. O senhor é freudiano?
- Sou e sustento. Mais ortodoxo que reclame de xarope.
- Certo. Bem. Acho que o meu problema é com a minha mãe.
- Outro.
- Outro?
- Complexo de Édipo. Dá mais que pereba em moleque.
- E o senhor acha...
- Eu acho uma pôca vergonha.
- Mas...
- Vai te metê na zona e deixa a velha em paz, tchê!
Fonte: Texto extraído do livro “O gigolô das palavras”, L&PM Editores – Porto Alegre, 1982, pág. 78
Apresentamos-lhe um texto de Luís Fernando Veríssimo, escritor gaúcho, como exemplo de 
variação geográfica. Observe o emprego de palavras e expressões peculiares aos falantes gaú-
chos nos diálogos encenados pelo analista e seu paciente.
1.5.1.2 Variação sociocultural
As condições sociais influenciam decisivamente o modo de falar dos indivíduos. A idade, a 
experiência de vida do falante, seu grau de maturidade condicionam sua atuação linguística.
A variação sociocultural corresponde, principalmente, a diferenças que se percebem na 
fonologia (“muié” por “mulher”, “lâmpida” por “lâmpada”, “frecha” por “flecha”, “isquentá” por “es-
quentar”) e na morfologia (“nós vamu”, por “nós vamos, “as pessoa” por “as pessoas”). Exemplifi-
cando: observe que, nos quadrinhos, os termos “firme” e “futebor” são empregados com sentido 
humorístico. O autor se vale da linguagem popular, com bastante criatividade.
GLOSSÁRiO
Apócrifo: não autênti-
co, falso, suposto.
 Bombacha: calças 
largas, apertadas acima 
dos tornozelos por meio 
de botões; vestimenta 
típica do gaúcho cam-
peiro. 
Pelego: Pele de carnei-
ro com a lã. 
Abancar: tomar assento 
à banca ou à mesa. 
Marca: cada um dos 
passos ou evoluções de 
uma dança. 
Charlar: tagarelar, falar 
à toa. 
Pereba: pequena ferida, 
sarna.
diCA
O filme “Carlota Joaqui-
na, Princesa do Brasil”, 
de Carla Camurati 
(1995), representa uma 
ótima oportunidade de 
se verificar as diferen-
ças entre o modo de 
falar de portugueses e 
brasileiros.
PARA SABER MAiS
Usou-se (pre)conceitos 
para salientar que, de 
acordo com a sociolin-
guística, todas as varia-
ções se correspondem, 
todas são adequadas 
às mais diferentes 
situações sociais de que 
participamos.Seja qual 
for a variante usada, ela 
possibilita que os mem-
bros de uma sociedade 
estabeleçam relações 
comunicativas, afetivas 
e humanas.
23
Pedagogia - Língua Portuguesa
As variedades faladas pelos indivíduos de classe social menos favorecida são denominadas 
populares, enquanto as variedades cultas associam-se às classes de maior prestígio e servem de 
referência para a norma escrita.
Existe, no Brasil, uma tendência à discriminação da variante popular, geralmente fundamen-
tada nos (pré) conceitos de que seus falantes não dominam a norma padrão, usam seus próprios 
recursos para se comunicarem, cometem “erros” que viciam e empobrecem a língua
Outros fatores responsáveis pelas variantes socioculturais são: a idade do falante, a classe 
social a que pertence, a raça, a religião, a profissão.
Variações linguísticas referentes ao sexo também ocorrem no Português. É mais comum às 
mulheres, por exemplo, o uso de diminutivos: “comidinha”, “nenenzinho”, “belezinha” e mais fre-
quente que os homens usem aumentativos: “amigão”, “Fernandão”, “partidão” (referindo-se a uma 
boa partida de futebol).
Além desses exemplos, algumas palavras e expressões de nossa língua se destinam exclusi-
vamente ao uso pelas mulheres (“obrigada”, “grata”, “eu mesma”, “eu própria”) e outras, apenas ao 
uso do sexo masculino (“obrigado”, “grato”, “eu mesmo”, “eu próprio”).
No Brasil, a variação sociocultural é bastante evidente. Quanto mais cultura o cidadão tiver, 
mais bem estruturadas serão suas frases, mais rico seu vocabulário, ao contrário do falar das pes-
soas com pouco ou nenhum estudo. Um enfermeiro ou um técnico em enfermagem, por exem-
plo, dominam um vocabulário específico de sua área e são capazes de sustentar um diálogo efi-
ciente com os demais profissionais com quem convivem. A profissão condiciona o falante ao uso 
de expressões típicas de sua área de atuação.
Profissionais da área médica, por exemplo, têm gírias específicas com as quais interagem, 
mesmo à vista do paciente leigo no assunto, sem que este compreenda de que trata.
Do vocabulário específico dos profissionais se formam as gírias, que facilitam a comunica-
ção entre eles e os caracterizam. As gírias ligadas a profissões ou determinados grupos sociais 
(estudantes, capoeiristas, internautas) são denominadas “jargão”. 
A idade é outro fator que influencia as diferenças socioculturais de adolescentes e idosos. Os 
jovens são, comumente, mais abertos a inovações linguísticas advindas do avanço tecnológico, 
enquanto os idosos se mostram mais reservados a isso, são mais conservadores das estruturas e 
usos já internalizados.
Todos os fatores mencionados comprovam que o uso da língua está subordinado ao nível 
social e cultural das pessoas. Nossa fala é o produto de tudo aquilo que nos fez chegar ao que 
somos hoje: o convívio com nossa família, com os amigos, os livros que lemos, os filmes a que 
assistimos, a religião que praticamos, nossas crenças e valores, enfim, é nossa experiência de vida 
que determina nossas escolhas e essas escolhas nos dão identidade.
◄ Figura 9: Variação 
sociocultural
Fonte: Disponível em 
http://colegiomundiala-
teneutec.blogspot.com.
br/2013/02/1-em-nocoes-
-de-variacoes-linguisticas.
htmlwww.portalimpacto.
com.br/09/, acesso em 31 
mai. 2013.
PARA SABER MAiS
Vários fatores como a 
profissão, a idade, o 
sexo, a religião, dentre 
outros e o convívio no 
meio social determinam 
as escolhas e os hábitos 
linguísticos das pessoas. 
Você se importa com 
a impressão que causa 
nos outros, quando usa 
uma linguagem inade-
quada ao contexto?
diCA
Para aprofundar seus 
conhecimentos sobre a 
variação sociocultural, 
sugerimos que você 
faça a leitura do livro: A 
Língua de Eulália "no-
vela sociolinguística, de 
Marcos Bagno, editora 
Contexto, São Paulo. O 
enredo leva o leitor a 
um passeio prazeroso 
pela Sociolinguística 
"ciência ainda nova" e 
lhe permite uma com-
preensão mais ampla 
do papel das variantes 
socioculturais.
24
UAB/Unimontes - 1º Período
1.5.1.3 Variação histórica
Incluem-se, também, no âmbito das variações linguísticas, aquelas denominadas históricas 
ou de época. São variações que ocorrem por um processo natural de desenvolvimento e enri-
quecimento das línguas, ocasionado pelo avanço social, político, tecnológico, científico e cultural 
das sociedades.
Assim é que algumas palavras “envelhecem”, entram em desuso, passam a figurar apenas 
nos dicionários, porque aquilo que elas designavam também deixou de ser usado ou foi substi-
tuído por algo mais eficiente. É o caso, por exemplo, da palavra “escarradeira”. Se ela já foi uten-
sílio de destaque na sala de visitas das famílias patriarcais (literalmente significando “cuspideira”, 
“vaso em que se escarra”), hoje essa palavra é inteiramente desconhecida das gerações mais jo-
vens. Motivo? Desapareceram a casa grande e a senzala, logo, o hábito de se cuspir em vaso tam-
bém desapareceu e, com ele, a palavra que o acompanhava.
Algumas palavras e expressões, às vezes, mudam seu significado e outras mais antigas, ain-
da em uso, alteram sua grafia para acompanharem a evolução social.
Essa mesma evolução social é responsável, em contrapartida, por um incontável número de 
palavras e expressões novas que invadem nosso cotidiano, cada vez mais repleto de tecnologias.
As palavras em desuso são chamadas “arcaísmos” e as de criação recente são denominadas 
“neologismos”.
Muitos escritores brasileiros desfrutam de sua liberdade de uso da língua para criar neolo-
gismos singulares que notabilizam seu estilo e enriquecem nossa literatura. Guimarães Rosa se 
destaca nesse trabalho. Observe um fragmento de seu estilo literário em que ele apresenta al-
guns neologismos.
BOX 6
“do demo? Não gloso. Senhor pergunte aos moradores. Em falso receio, desfalam no 
nome dele – dizem só: o Que-diga. [...] doideira. A fantasiação. E o respeito de dar a ele 
assim esses nomes de rebuço, é que é mesmo que ele forme forma, com as presenças.”
Fonte: Do livro “Grande Sertão: Veredas”. João Guimarães Rosa. p. 26.
O texto que analisaremos a seguir ilustra a variação histórica.
Observe que as palavras “collyrio” e “Brazil” figuram nos dias atuais com a mesma acepção, 
mas com grafia diferente.
É importante ressaltar, ainda, que o espaço rural ou urbano é também responsável por de-
terminadas características da língua. A região rural, por sua localização mais afastada dos centros 
urbanos, tende a manter certa regularidade no uso da língua e é menos afeita a novidades lin-
guísticas.
A região urbana, ao contrário, tende a ser mais flexível a essas novidades, à criação de no-
mes para designarem novas técnicas, aparelhos, remédios, doenças, veículos, etc. e as incorpora 
com maior facilidade.
Assim sendo, pode-se concluir que os falares urbanos são mais dinâmicos, pois refletem a 
velocidade das mudanças, os apelos e as exigências das grandes cidades.
Figura 10: Redame 
(1934) e Colírio Moura 
(2013)
Fonte: Disponível em 
http://blogs.estadao.
com.br/reclames-do-es-
tadao/2011/05/26/cuide-
-dos-seus-olhos/, acesso 
em 24 mai. 2013.
►
25
Pedagogia - Língua Portuguesa
1.5.1.4 Variações contextuais
Como o próprio termo indica, variações contextuais são decorrentes do contexto, ou seja, 
da situação de comunicação. Elas nascem do comportamento linguístico do indivíduo. Ora, por 
experiência pessoal, sabemos que há ambientes e situações que permitem o uso de uma lingua-
gem bastante informal (um diálogo afetivo com uma criança), outros que requerem um nível 
mais formal de linguagem (apresentar um tema em um congresso científico).
Um falante não utiliza a mesma variante em todas suas atividades linguísticas. No ambiente 
familiar, por exemplo, em que as pessoas não estão preocupadas com uma comunicação dentro 
da norma padrão, o falante usará umalinguagem mais descontraída; no ambiente de trabalho, 
certamente utilizará uma linguagem mais técnica, específica de sua profissão; em algum evento 
social de caráter cerimonioso utilizará uma linguagem mais formal, diferentemente do que faria 
se estivesse assistindo a uma partida de futebol de seu time. 
O falante pode se permitir escolher a linguagem mais adequada à situação comunicativa e, 
mesmo sendo extremamente escolarizado e culto, nada o impede de usar uma gíria num bate-
-papo com amigos. No entanto, em um ambiente extremamente formal, deve-se tomar cuidado 
com o emprego da linguagem. Observe a figura abaixo:
A figura humorística acima, que apresentamos para exemplificação, encena exatamente o 
que se acabou de afirmar nos parágrafos anteriores.
Podemos perceber que o contexto apresentado é uma entrevista de emprego. O humor 
decorre da passagem inesperada da linguagem formal para a informal. Quando a candidata ao 
emprego fala das línguas que domina, ela usa perfeitamente a linguagem culta, mas, quando se 
refere ao português, por não dominá-lo, ela acaba se equivocando no emprego do verbo em um 
momento em que deveria mostrar total conhecimento da língua materna.
1.6 Níveis de linguagem
Até aqui, insistimos no fato de que não falamos sempre do mesmo jeito, de que podemos 
nos valer de diversas variantes linguísticas, conforme a circunstância em que se dá a comunicação.
◄ Figura 11: Variação 
Contextual
Fonte: Disponível em: 
http://imagensengraca-
dasparafacebook.com/
falo-fluentemente-ingles-
-frances-espanhol-o-
-portugues-vareia/, acesso 
em 9 jun. 2013.
26
UAB/Unimontes - 1º Período
Dessas possibilidades de uso da língua surgem, consequentemente, diferentes tipos de lin-
guagem, cada qual com suas especificidades. Essas variações de uso da língua por um mesmo 
falante recebem o nome de registros ou níveis de linguagem.
Estudiosos da sociolinguística consideram que são três os níveis de linguagem: nível culto, 
familiar e popular.
1.6.1 Nível culto (formal)
Correspondente à linguagem cuidada, com observância às normas da língua padrão, utiliza-
do por falantes altamente escolarizados – intelectuais, diplomatas, cientistas, literatos. Emprega-
do, principalmente, na forma escrita e em situações de maior formalidade. O vocabulário é am-
plo, apurado, preciso, as construções mais elaboradas.
Exemplificando: o texto a seguir é parte da resposta de um profissional a alguém que pôs 
em dúvida a seriedade de seu trabalho. Apesar de ser um desabafo – desabafos geralmente são 
emocionais – o articulista mantém o tom da gravidade do assunto e usa a linguagem formal cujo 
vocabulário é objetivo, amplo e as estruturas frasais mais complexas.
BOX 7
Fala quem pode
“[...] Todo o relato descrito pela senhora reclamante pode ser verificado diretamente e 
com precisão na central de regulação. Todas as ligações telefônicas e transmissões do Samu 
são gravadas: podem-se verificar os horários, que tipo de informação o solicitante passou, se 
houve um segundo telefonema, que tipo de ambulância compareceu, o momento exato de 
sua chegada, o que foi falado no rádio, etc.
A acusação de omissão de socorro (artigo 135 do Código Penal, ‘deixar de prestar assis-
tência...’) feita pela reclamante é séria e deveria ser oficialmente protocolada por ela. Apesar 
disso, ela se contradiz ao relatar que o paciente em questão chegou a ser atendido. A recla-
mante desconhece que a ambulância enviada ao local é aquela que estiver mais próxima e 
disponível. Todas as unidades básicas (USB) dispõem de desfibrilador automático, equipamen-
to essencial ao atendimento da parada cardiorrespiratória ocorrida nesse caso. [...]
A ‘burocracia’ citada por ela é extremamente simples (basta se identificar endereço da 
ocorrência, situação da vítima e seguir orientações do médico), mas deve ser explanada com 
o mínimo de clareza e educação pelo solicitante, sem agressões verbais à equipe do Samu, 
o que infelizmente ocorre frequentemente. Desconhece que todo este sistema organizado e 
hierarquizado é pioneiro no Brasil. O seu modelo e os protocolos seguidos por ele são adap-
tados de países como a França e Estados Unidos. Esta estrutura possibilita que uma sala de 
emergência seja montada na Savassi ou em Ribeirão das Neves, na rua ou em domicílio, em 
casa ou no 10º andar, dentro da favela ou na estrada e dentro do carro. [...]”
Fonte: Jornal Estado de Minas, 4 de set. 2008. P. 2 Caderno Cultura. Texto fragmentado.
1.6.2 Nível familiar (comum)
Representa a linguagem que foge às formalidades e aos requintes gramaticais. Pode servir 
tanto à utilização oral como à escrita. Caracteriza-se por construções gramaticais mais simples, 
incluindo frases frequentemente curtas e coordenadas, repetições. É um registro intermediário 
das categorias culta e popular. Caracteriza, geralmente, o falante medianamente escolarizado. 
Exemplificando:
BOX 8
Por onde passam, os brasileiros deixam marcas – para as boas e más línguas. Na Inglater-
ra não deve ser diferente. Acredito até que, logo, logo, em vez do chá das cinco, a realeza vai é 
entrar no ritmo do pandeiro e do tamborim. 
Fonte: Estado de Minas, 5 de set. 2008, p. 36 – Texto fragmentado.
ATiVidAdE
Aproveite as oportuni-
dades de situações de 
fala em seu dia a dia 
para verificar a riqueza 
de contrastes que cada 
situação oferece. Faça 
um registro de palavras, 
ou expressões, “estra-
nhas” a seus ouvidos, 
termos regionais, gírias, 
jargões profissionais e 
tudo que você julgar 
interessante do ponto 
de vista linguístico. 
Escreva, após, um texto 
empregando essas 
palavras de modo bem 
criativo.
27
Pedagogia - Língua Portuguesa
1.6.3 Nível popular
Esse registro constitui uma variante informal de menor prestígio, se comparado ao registro 
familiar. Representa um ato de fala mais descontraído, espontâneo, concreto e subjetivo. Distan-
cia-se das normas gramaticais, o vocabulário é restrito, aparecem redundâncias e gírias.
Caracteriza o falante com baixo ou nenhum grau de escolaridade. Nessa modalidade popu-
lar, aparece também o registro vulgar em que se empregam termos chulos e obscenos.
Exemplificando:
BOX 9
“Eu acho que a gente tem de colocar no poder quem ajuda a gente. Coloco meus filhos e 
os vizinhos pra ajudar também. Não tô passando fome por causa do benefício que ele me dá”, 
considera ela, que também afirma nunca ter visto rosto do ministro. 
Fonte: Caderno Distrito Federal. Hoje em Dia. 24 ago. 2008, p. 7 – Texto fragmentado.
As discussões sobre as variações linguísticas que fizemos até aqui confirmam que diversos 
fatores envolvem o processo de comunicação, condicionando as escolhas linguísticas do falante. 
É essa mobilidade da língua que permite a seu usuário realizar com eficiência seus atos de fala e 
escrita.
Portanto, prezado(a) acadêmico(a), você que inicia seus estudos das línguas e linguagens, 
lembre-se de que o conhecimento das variações linguísticas é, também, um conhecimento cien-
tificamente fundamentado nas relações humanas.
Compreender, realmente, as variações linguísticas, fato concreto em nosso Português, pos-
sibilitará que você seja um falante mais cuidadoso, mais humano, capaz de compreender seu se-
melhante e ser compreendido, exercitando sua consciência crítica e cidadã.
Assim sendo, ao usar a língua, ajustando-a às especificidades da situação de comunicação, 
você demonstrará bom-senso, maturidade intelectual e capacidade crítica nos processos de lei-
tura e de produção de textos.
1.7 Linguagem oral e linguagem 
escrita
Nesta subunidade, vamos conversar sobre a distinção entre linguagem oral e linguagem 
escrita.
Temos alguns esclarecimentos a fazer, pois, geralmente, as pessoas não distinguem bem es-
sas duas modalidades principais da língua portuguesa.
Já apresentamos, no item 1.6, os níveis de linguagem e vamosrecorrer a eles, aqui, para iní-
cio de conversa. As modalidades oral e escrita do português não apresentam as formas, os recur-
sos expressivos ou a gramaticalidade idênticas. Independente da utilização de um mesmo nível 
de linguagem para a comunicação oral ou escrita, cada comunicação apresentará suas especifici-
dades, suas características peculiares.
Então, vamos lá!
Há, realmente, diferenças marcantes entre fala e escrita, pois cada modalidade está direta-
mente relacionada a um contexto sociocultural, a um propósito definido, a particularidades lin-
guísticas do falante.
1.7.1 A linguagem oral
A linguagem oral é espontânea, livre e informal. Essas características se justificam porque, 
na comunicação oral, há o contato direto dos interlocutores e pode-se contar também com re-
cursos extralinguísticos: gestos, expressões faciais e corporais, postura, etc. Também, estando em 
ATiVidAdE
Preste atenção a situ-
ações de interlocução 
entre as pessoas nos 
ambientes que você 
frequenta. Você é capaz 
de caracterizar um 
falante desconhecido 
pela linguagem que ele 
usa? Habitue-se a fazer 
essa análise e você verá 
como é enriquecedor (e 
também interessante) 
perceber o outro pelo 
uso da língua.
28
UAB/Unimontes - 1º Período
um mesmo ambiente, os falantes podem recorrer a objetos desse ambiente para facilitar a comu-
nicação de suas ideias, de informações ou emoções.
É por isso que se diz que a linguagem oral é mais criativa. Ela não se prende inteiramente às 
regras gramaticais, seu vocabulário é mais reduzido e constantemente renovado. Exemplificando:
BOX 10
Contraponto Animador de auditório
Surfando em índices de aprovação sempre acima dos 70% em Pernambuco, Lula se sol-
tou durante a inauguração de um campus da Universidade Federal Vale do São Francisco, on-
tem, em Petrolina. O presidente criticou a “elite” que se forma “no exterior” e vai à praia de Boa 
Viagem. Ao lado de uma aluna de psicologia, perguntou:
- Você tem namorado, Janaína?
Diante da negativa da moça, emendou:
- Já que você não tem namorado, eu vou lhe dar um beijo mais carinhoso...
E, sem medo de ser feliz, tascou um beijo na bochecha da universitária, para delírio da 
plateia.
Fonte: Folha de São Paulo, 05 set. de 2008, p.A4
1.7.2 Linguagem escrita
A linguagem escrita é mais elaborada, cuidada, é presa às regras da gramática e ao padrão 
considerado culto. Apresenta vocabulário apurado e preciso.
É importante ressaltar que, na comunicação escrita, locutor e interlocutor estão a distância, 
o contato ente eles é indireto. Assim, a linguagem escrita é mais conservadora em sua constitui-
ção, é mais refletida, exige maior esforço de elaboração por parte do falante, que deve “cumprir”, 
eficientemente, suas intenções comunicativas com um interlocutor “ausente”.
Apesar de apresentarem essas diferenciações básicas, tanto a linguagem oral como a escrita 
apresenta níveis ou registros. Lembra-se de que já estudamos os níveis ou registros de fala? En-
tão, situações formais, seja falando ou escrevendo, exigem maiores cuidados de pronúncia e de 
escrita.
Em situações informais, a expressão linguística se adapta também ao grau de formalidade 
ou informalidade (em família, no trabalho, na igreja, na escola) e as preocupações com a correção 
gramatical tornam-se menos rigorosas.
Imagine, por exemplo, se você falaria com seus amigos durante um churrasco na casa de um 
deles, do mesmo modo como falaria a acionistas de uma empresa durante uma reunião de negó-
cios. É claro que não!
O mesmo ocorre com a comunicação escrita: uma mensagem pessoal e afetiva para um 
amigo apresentará traços informais, subjetivos; para o diretor de uma empresa terá, sem dúvida, 
uma linguagem mais elaborada, mais neutra e objetiva. Exemplificando:
BOX 11
Afra Balazina
da reportagem local
O sistema de monitoramento independente do Imazon (Instituto do Homem e Meio Am-
biente da Amazônia) aponta queda na taxa de desmatamento da floresta amazônica em 2008, 
em comparação com o período anterior.
A avaliação ocorre poucos dias após o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) 
mostrar aumento do desflorestamento na região.
Fonte: Folha de São Paulo, sexta-feira, 05 set. 2008, p. A16
Para que você possa analisar melhor as características entre fala (linguagem oral) e escrita 
(linguagem escrita), apresentamos-lhe o seguinte quadro comparativo:
PARA SABER MAiS
 Não há oposição irredu-
tível entre a linguagem 
falada e a escrita, mas 
"uma interação, que 
admite graus diversos 
de influência da língua 
falada na língua escrita."
(In: LIMA SOBRINHO, 
Barbosa. Língua Por-
tuguesa e a unidade 
do Brasil. Porto Alegre: 
Editora José Olympio, 
1958).
ATiVidAdE
"... a língua escrita, ou 
melhor, a linguagem 
literária se nutre da 
linguagem falada, sob 
pena de se tornar língua 
morta, como sucedeu 
com o latim..." (Lima 
Sobrinho).
O que você infere sobre 
a língua falada, a partir 
dessa afirmativa? Escre-
va suas conclusões.
29
Pedagogia - Língua Portuguesa
QUADRO 1 - Linguagem oral x Linguagem escrita
LiNGUAGEM ORAL LiNGUAGEM ESCRiTA
1. SiTUAÇÃO/CONTEXTO
•	Locutor	e	interlocutor	frente	a	frente.
ISSO POSSIBILITA:
•	Perceber	de	imediato	as	reações	do	interlocu-
tor.
•	Redirecionar	a	mensagem	a	partir	das	reações	
do interlocutor.
•	Reformulação	simultânea	da	mensagem,	tan-
to pelo locutor como pelo interlocutor.
•	Locutor	e	interlocutor	a	distância.
ISSO IMPOSSIBILITA:
•	Perceber	de	imediato	as	reações	do	leitor.
•	Redirecionar	a	mensagem	a	partir	das	rea-
ções do leitor.
•	Reformulação	da	mensagem,	pois	sua	pro-
dução foi anterior.
CARACTERÍSTiCAS CARACTERÍSTiCAS
•	Vocabulário	espontâneo,	restrito,	repetição	de	
palavras.
•	Emprego	de	gírias,	neologismos.
•	Liberdade	de	colocação	dos	pronomes.
•	 Frases	 incompletas,	 com	 implícitos	 e	 suben-
tendidos.
•	Emprego	de	formas	contraídas	(cê,	pra)	e	omis-
são de palavras no interior das frases.
•	Maior	frequência	de	orações	curtas	e	orações	
coordenadas.
•	Ausência	de	pronomes	relativos	(onde,	cujo).
•	Presença	de	clichês,	chavões,	frases	feitas,	pro-
vérbios.
•	 Subjetividade,	 emotividade	 (interjeições,	 di-
minutivos, aumentativos).
•	Vocabulário	formal,	amplo,	mais	apurado.
•	Emprego	de	termos	técnicos.
•	Rigor	na	colocação	pronominal	(Empreste-
-me o lápis).
•	Frases	completas,	com	clareza	de	ideias.
•	Frases	construídas	com	rigor	gramatical,	
sem omissões e ambiguidades.
•	Uso	de	orações	coordenadas	e	subordina-
das, mais elaboradas.
•	Emprego	maior	de	pronomes	relativos.
•	Uso	de	frases	criativas	e	expressivas.
•	Neutralidade,	objetividade.
Fonte: Quadro adaptado de Fávero (1999, p. 74).
Finalmente, é bom relembrar que só há interação quando o falante ajusta sua linguagem 
ao destinatário. Nosso português é uma língua riquíssima e oferece múltiplas possibilidades de 
recursos e usos. Cabe, pois, ao falante, a escolha adequada desses recursos para garantir uma 
comunicação eficiente.
No entanto, mesmo que você saiba que não se pode estigmatizar o ato de fala do indivíduo 
socialmente desfavorecido, nossa sociedade valoriza o domínio da língua escrita, pois ela é fun-
damental para a compreensão da informação tecnológica e científica, para a promoção do indi-
víduo e para a transformação social.
Referências
ABAURRE et al. Português. Língua e Literatura. São Paulo: Moderna, 2003.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Amar se aprende amando. São Paulo: Record, 1990.
BAGNO, Marcos. A língua de Eulália. São Paulo: Contexto, 1997. p. 45-6.
FÁVERO, Leonor Lopes; ANDRADE, Maria Lúcia C, V, O; AQUINO, Zilda G, O. Oralidade e escrita: 
perspectivas para o ensino de língua materna. São Paulo: Cortez, 1999.
FIORIN, José Luís. Teorias do discurso e ensino da leitura e da redação. In: Gragoatá. n. 1 (2. 
sem. 1996). Niterói: EDUFF,

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