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1 Lucas Dominguez 2020.2 – Terceiro Semestre - Medfacs EFEITOS DOS HORMÔNIOS TIREOIDEANOS AULA DA PROF. MARINA HILTNER - 07/09 HORMÔNIOS TIREOIDEANOS Basicamente eles vão ter como efeitos: • Estimular o metabolismo (metabolismo de tudo). • Estimular a atividade celular. • Crescimento e desenvolvimento. Basicamente, não tem uma célula do corpo que não sofra ação direta ou indireta dos hormônios tireoideanos, ou seja, praticamente todos os tecidos expressam receptores para eles. Eles vão afetar inúmeros eventos celulares, sendo fundamentais para o metabolismo. • Mesmo que não tenha receptores para esses hormônios, os hormônios tireoideanos têm a capacidade de otimizar outros hormônios (têm efeito sinérgico com adrenalina, glucagon, cortisol, GH). A ação deles vão ser de regulação transcricional de genes alvo -> Vão ter o Efeito Genômico (induzir a transcrição gênica, controlando a produção de proteínas específicas – gene alvo - e, assim, gerando seus efeitos). É lipofílico, devido à molécula de iodo, por isso deve ser carreado no sangue. Para fazer a ação, os receptores desses hormônios não estão na membrana da célula, eles são nucleares. O que temos na membrana são transportadores (não específicos) que permitem a entrada do hormônio juntamente com o iodo. Esse transporte é feito com Na+, que entra junto com o iodo, por isso o sal é iodado. Em qual gene é que o receptor está localizado é o que governa qual a proteína vai ser produzida mediante a transcrição desse gene. Logo, em uma mesma célula vão ter vários genes que podem ser ativados, podendo ter várias proteínas sendo produzidas (é daí que temos as várias funções dos hormônios tireoideanos). Basicamente, como ele vai estimular a célula a consumir mais O2 para gerar mais energia, ele precisa agir em todos os locais para que essa célula tenha condições de fazer isso, fornecendo mais glicoes (aumentando absorção), mais O2 (aumentando a entrada, os transportadores no sangue, etc), tudo isso para garantir que a célula que ele está estimulando tenha condição de funcionar da forma q foi estimulada. EFEITOS NO METABOLISMO BASAL Palavra de Ordem: Hormônio tireoideano estimula. Sua falta deixa tudo mais devagar, enquanto seu excesso acelera demais. O T3 aumenta a taxa metabólica basal dos tecidos, através do aumento do gasto energético, aumento da taxa de consumo de O2 e aumento da produção de calor (como está aumento o consumo de energia, acaba aumentando a produção de calor). Como ele faz isso na célula, ele acaba dando condição para todo o corpo fazer aquilo, gerando um aumento na temperatura corporal (dentro de uma variação fisiológica). Isso vai ser compensado pelo aumento de fluxo sanguíneo, sudorese e respiração (meios de dissipar esse calor). Lembrando que tudo isso é fisiológico e está dentro do equilíbrio homeostático, mas quando há um desequilíbrio nisso, nós temos: • Hipertireoidismo: Intolerância ao calor. • Hipotireoidismo: Intolerância ao frio. Como ele dá todo um substrato para que a célula consiga aumentar seu metabolismo, vai ter: • Aumento de absorção intestinal de glicose. • Aumento do turn over (uso e renovação) de glicose. • Aumento do turn over de lipídios. • Aumento do turn over de proteínas. • FOME. EFEITOS CARDIOVASCULARES Efeitos inotrópicos e cronotrópicos positivos -> Estimulam a frequência cardíaca e a força contrátil do coração. Lembrando que com o aumento do metabolismo celular, precisa passar mais sangue para fornecer suprimentos, dissipar calor e colher excretas. Aumenta o volume sanguíneo e reduz a resistência vascular periférica, através da estimulação do SRAA e a vasodilatação -> Tudo isso para aumentar o fluxo sanguíneo! Aumento da pressão arterial sistólica e diminuição da diastólica. Aumento do débito cardíaco, por ações cardiovasculares e periféricas. 2 Lucas Dominguez 2020.2 – Terceiro Semestre - Medfacs EFEITOS RESPIRATÓRIOS Aumento do aporte e utilização de O2 (não dá para ordenar que a célula trabalhe mais sem ofertar O2 para ela). Aumenta a frequência respiratória, aumento da ventilação/minuto. Aumento da resposta ventilatória à hipercapnia e hipóxia (aumenta ainda mais a resposta que o organismo já teria). Aumento discreto de hematócrito (concentração de hemácias dentro do volume sanguíneo total) -> Aumento de eritropoietina (estimula a produção de hemácias) e aumento da capacidade transportadora de O2. • Não adianta nada aumentar o O2 e não dá condições para aumentar seu transporte. EFEITOS NO SISTEMA NERVOSO Fundamental para o desenvolvimento adequado do SN em fetos e crianças. -> Ou seja, falta de hormônios tireoideanos durante a gravidez ou durante o desenvolvimento inicial dessa criança podem causar danos cerebrais irreversíveis -> Hipotireoidismo Congênito! • Regula a velocidade e o ritmo de desenvolvimento do SNC. Nos adultos tem ação sinérgica com catecolaminas, aumento da ativação e excitação do SN Simpático. Ações Normais: • Aumenta a vivacidade e estado de alerta. • Resposta a estímulos, audição, memórias, capacidade de aprendizagem. • Consciente de fome. • Aumento de motilidade no trato gastrointestinal. • Aumento de reflexos periféricas. • Respostas emocionais normais. EFEITOS NOS OSSOS Ativação de osteoclastos (retiram) e osteoblastos (depositam) -> Mantém a reciclagem dos ossos. Crescimento e desenvolvimento ósseo. Ausência na infância: Afeta o crescimento. Excesso em adultos: Osteoporose. (? – fiquei confuso) EFEITOS NA PELE, DENTES E UNHAS Desenvolvimento e erupção progressiva dos dentes. Ciclo normal de crescimento e maturação na epiderme, folículos capilares e unhas. Aumento ou redução dos hormônios -> Perda de cabelo e formação anormal das unhas (bagunça o ciclo!). Altera a estrutura do tecido subcutâneo -> Inibe a síntese e aumenta a degradação de mucopolissacarídeos e fibronectina. EFEITOS NA REPRODUÇÃO Regulação da função reprodutiva (masculino e feminino). Ciclo ovariano, desenvolvimento e maturação folicular, ovulação, espermatogênese. Manutenção da gestação saudável. CASOS CLÍNICOS OBSERVAÇÕES IMPORTANTES Hipertireoidismo: vai causar anemia porque todo o ferro está sendo consumido -> Que nem uma fábrica. Se você ligar a máquina o tempo todo para trabalhar e não repor a matéria prima, vai chegar uma hora que ela vai parar. Hipotireoidismo: Também causa anemia, mas aqui é um mecanismo diferente. A anemia se dá pela falta de estímulos para produzir. Bócio no Hipotireoidismo: Se a causa for na glândula (primária), o hipotálamo vai liberar bastante TRH e a hipófise liberar muito TSH, tudo isso para ficar estimulando a tireoide para produzir T3 e T4. Bócio no Hipertireoidismo: As células estão sofrendo hiperplasia e hipertrofia para aumentar de tamanho/quantidade e suprir a demanda. HIPOTIREOIDISMO Síndrome clínica resultante da deficiente produção ou ação dos hormônios tireoideanos. “Alentecimento” generalizado dos processos metabólicos. Pode decorrer de problemas na Alça de Retroalimentação: • Primário: Problema na tireoide -> Vai ter bócio, pois as duas outras partes da alça estão estimulando muito a tireoide em busca de uma resposta. • Secundário: Causa hipofisária. • Terciário: Causa hipotalâmica. Pode ser também por uma resistência periférica à ação dos hormônios, mas é muito rara (apenas 1000 casos descritos). Primário: - Mais comum – 95% dos casos, com prevalência mundial de cerca de 5%. - Pode ser endêmico em áreas com deficiência de iodo. - Mais comum em mulheres. - Aumento da prevalência com a idade. Hipotireoidismo Central: Problemas na hipófise ou hipotálamo (secundário ou terciário), vai ser muito raro. Hipotireoidismo Congênito: Afeta 1 a cada 4-5 mil nascido vivos e é detectável no teste do pezinho. Manifestações Clínicas As manifestações do hipotireoidismo vem de duas coisas principais:• Desaceleração generalizada dos processos metabólicos. 3 Lucas Dominguez 2020.2 – Terceiro Semestre - Medfacs • Acúmulo de glicosaminoglicanos no espaço intersticial. Comprometimento geral do organismo. Grande variação e riqueza de sintomas -> Perda gradual da função >> Clínica insidiosa (ou seja, pode demorar meses para desenvolver). Pode ser assintomático ou oligossintomáticos -> Gravidade da doença, exames de triagem. • No início da síndrome o paciente pode ter um nível de hormônios tireoideanos normal, mas as custas de um TSH muito alto (consegue segurar a barra por enquanto). • Por isso que quando a gente suspeita, a gente mede primeiro o TSH e não o T3 e T4, pois eles ainda podem estar normais! Astenia, sonolência, intolerância ao frio, pele seca e descamativa, voz arrastada, hiporreflexia profunda, edema facial, anemia, bradicardia, ganho ponderal, irregularidade menstrual, queda de cabelo. Pele: Fria e pálida, por diminuição do fluxo sanguíneo, atrofiada camada celular, hiperceratose com aspecto de pele áspera (o ciclo de renovação não está correto!). Diminuição da sudorese por queda da calorigênese e produção de calor. Descoloração cutânea. Unhas frágeis, cabelo quebradiço, alopecia. Edema sem cacifo (mixedema). • Casos mais graves. Infiltração por glicosaminoglicanos e retenção hídrica. Aparelho Cardiovascular: Bradicardia, diminuição do débito cardíaco, bulhas hipofonéticas, derrame pericárdico. Função Pulmonar: Diminuição da resposta ventilatória à hipóxia e hipercapnia = Respirações superficiais e lentas. Função Renal: Retenção hídrica pela incapacidade de excretar sobrecarga de líquidos -> EDEMAS! • Não vai estimular o SRAA. Aparelho Reprodutor: Hipermenorragia, infertilidade, galactorréia, disfunção erétil, redução de libido. Olhos: Edema periorbitário e mixedema. Sistema Digestório: Redução de motilidade, constipação, anemia perniciosa, doença celíaca, anorexia, distensão. Muscular: Cãibras, fraqueza, mialgia. Metabólico: Aumento de LDL e triglicérides, aumento das transaminases, LDH. Neurológico: Cefaleia, tonturas, zumbido, hiporreflexia, alterações vestibulares, déficits cognitivos, distúrbios visuais e auditivos, parestesias, nistagmo, tremores. Anemia: Diminuição da síntese de hemoglobina, deficiência de ferro por hipermenorréia e menor absorção, deficiência de folato (< absorção de ácido fólico), deficiência de vitamina B12. Hipotireoidismo no Recém Nascido: - Persistência da icterícia fisiológica (lembrando que essa icterícia é normal no RN, mas com o hipotireoidismo ele persiste por mais tempo!), choro rouco, constipação, sonolência, hérnia umbilical, atraso da maturação óssea. Retardo mental importante e irreversível. Triagem neonatal! -> O teste do pezinho é muito importante, uma vez que conseguimos repor esse hormônio, quando detectado cedo. Início após os dois anos: • Ausência de retardo mental. • Baixa estatura, rendimento escolar ruim, atraso do desenvolvimento puberal (dos caracteres sexuais secundários). DOENÇA DE HASHIMOTO A causa mais comum de hipotireoidismo é a Doença de Hashimoto, que é uma destruição inflamatória autoimune de glândula. Por que pode essa doença pode começar com manifestações de hipotireoidismo? - Porque na hora que destrói a glândula, com a inflamação, libera todo o hormônio que já estava estocado. Então, primeiro vem uma clínica de hipertireoidismo, por conta do aumento de liberação do hormônio que já tinha sido produzido, e depois evolui para a clínica de hipotireoidismo! - Então vai ter um aumento da concentração de T3 e T4 no sangue, sem um aumento de produção desses! Logo, o hipotireoidismo pela Doença de Hashimoto pode começar por um quadro clínico de hipertireoidismo! HIPERTIREOIDISMO Vai ter um efeito estimulatório sobre o metabolismo e tecidos. Sintomas Gerais: Palpitações, sudorese, intolerância ao calor, perda de peso, hiperfagia (come muito), fadiga fácil, fraqueza muscular, nervosismo, insônia, tremores. Pele e Anexos: Pele quente, sudorese, unhas de Plummer (unhas descoladas do leito ungueal). Sistema Cardiovascular: Taquicardia, fibrilação atrial, dispneia aos esforços (pois está gastando demais), hipertensão sistólica, IC de alto débito (mesmo com o alto débito, vai continuar tendo uma deficiência em fornecer O2 para os tecidos que estão exigindo demais, logo vai ser uma IC -> Tempestade Tireotóxica!). Sistema Digestório: Aumento da motilidade intestinal -> Hiperdefecação! Sistema Reprodutor: Oligomenorréia, abortos repetidos, diminuição da libido, disfunção erétil. 4 Lucas Dominguez 2020.2 – Terceiro Semestre - Medfacs DOENÇA DE GRAVES É a causa mais comum do Hipertireoidismo. Lembrando que nem todo o hipertireoidismo vai fazer bócio, só a doença de graves mesmo. É uma doença autoimune poligênica e multifatorial (muitos genes envolvidos, além de fatores ambientais). Há a produção de um anticorpo (TRAb), que vai “fingir” que é o TSH, se ligando ao receptor de TSH e o estimulando como se fosse o TSH. Porém, ele vai estimular de forma contínua, e é isso que causa o bócio! • Vai ter um bócio com níveis baixos de TSH! Estímulo ao crescimento da glândula e síntese de hormônio. O T4 livre e o T3 vão estar muito altos, suprimindo a produção do TSH normal (feedback negativo). Logo, o TSH normal vai estar baixo. Só que, como vai ter esse anticorpo, o T3 e T4 não vão abaixar, continuando altos. Manifestações Clínicas: - Hipertireoidismo com bócio difuso! -> Quem tem hipertireoidismo não deveria ter bócio, pois o TSH vai estar baixo. Mas no caso de Graves, vai ter o anticorpo mimetizando o TSH. • Ou seja, Hipertireoidismo + Bócio difuso = Graves!! - Oftalmopatia Infiltrativa -> Exoftalmia! • Além de agredir a tireoide, esse anticorpo vai agir na região do olho por agressão autoimune intraorbitária. • Clinicamente evidente em até 50%. • Espessamento dos músculos extraoculares, aumento da gordura retrobulbar, aumento da pressão intraorbitária. • Exoftalmia, redução da drenagem venosa, edema periorbital, hiperemia. • Diplopia, ptose, disfunção do nervo óptico. - Dermopatia -> Mixedema pré-tibial. • 5-10% dos casos. • Espessamento da pele, principalmente na área pré- tibial. • Acúmulo de glicosaminoglicanos -> Desequilíbrios na matriz extracelular. • Placas com pele espessada, aspecto de casca de laranja, coloração violácea. - Separação da unha de seu leito -> Unhas de Plummer. Normalmente é discreto!
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