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HEMOGLOBINOPATIAS E DOENÇA FALCIFORME A doença falciforme (DF) é uma condição genética autossômica recessiva resultante de defeitos na estrutura da hemoglobina (Hb) associados ou não a defeitos em sua síntese. As hemoglobinopatias decorrentes dos defeitos na estrutura da Hb são mais frequentes em povos africanos, e as talassemias decorrentes de defeitos na síntese da Hb em povos do Mediterrâneo, da Ásia e da China. No Brasil, a maior prevalência de DF ocorre nas regiões Norte e Nordeste. Indivíduos com DF obrigatoriamente herdam uma mutação materna e outra paterna. As mutações herdadas podem encontrar-se em estado homozigótico (SS), único genótipo que pode ser denominado “anemia" falciforme, ou heterozigótico composto, ou seja, a doença é causada pela herança de hemoglobina S (HbS) em combinação com outro defeito (estrutural ou de síntese) na Hb [SC, SD, SE, S beta-talassemia (SBetaTAL), S alfa-talassemia ou S mut rara]. A maioria dos genitores de crianças com DF são heterozigotos simples, ou seja, apresentam um gene da HbA (normal) associado com a Hb variante. A heterogeneidade mutac iona l e out ras características genéticas do indivíduo relacionadas a fatores ambientais e sociais são responsáveis por um amplo espectro de manifestações e complicações clínicas da DF, fato relevante que deve ser levado em consideração durante o aconselhamento genético, bem como durante o tratamento e o acompanhamento clínico dos pacientes e de suas famílias. Estima-se que 4% da população brasileira tenha o traço falciforme (heterozigose simples) e que 25.000 a 50.000 pessoas tenham a doença em estado homozigótico (SS - anemia falciforme) ou na condição de heterozigotos compostos ou duplos. A HbS, na forma desoxigenada, perde sua complexa estrutura quaternária e adquire uma estrutura primária (polimerização hemoglobínica). A partir da sua polimerização, a HbS torna-se insolúvel, alterando a forma eritrocitária (que normalmente é um disco bicôncavo) para uma estrutura que lembra uma foice: fenômeno de eritrofalciformação. Os eritrócitos falciformados sofrem alterações de membrana, a qual acaba por se romper, levando a hemólise intravascular e ocasionando anemia hemolítica crônica, geralmente de relevante magnitude. A hemólise intravascular (um dos fatores centrais da fisiopatogenia da DF), compromete o metabolismo do óxido nítrico, o que ocasiona vasculopatia proliferativa. Há alterações endoteliais que geram um estado inflamatório crônico. Portanto, os pilares fisiopatogênicos da vasoc lusão na DF são o fenômeno da eritrofalciformação, a maior interação entre células endoteliais, leucócitos e plaquetas, a vasculopatia proliferativa, o estado inflamatório crônico e a hipercoagubulidade. A identificação dos pacientes antes do início dos sintomas visa a diminuir os episódios vasoclusivos, também denominados de crises falcêmicas. Nessas crises, pode haver dor intensa, lesões isquemias tecidas e danos em todos os órgãos e sistemas (cérebro, coração, fígado, rins, pele, olhos, esqueleto e pulmões). A maioria dos desfechos fatais é precedida por episódios agudos, como a síndrome torácica aguda ou o sequestro esplênico. DIAGNÓSTICO Tanto a eletroforese por focalização isoelétrica (IEF) quanto a cromatografia líquida de alta resolução (HPLC) podem ser utilizadas para o diagnóstico de DF. Exames são compatíveis com doença falciforme ao se detectar bandas ou picos de hemoglobina S. Se HPLC tiver sido o método escolhido, os casos alterados nessa metodologia deverão ter sido confirmados por IEF e ser igualmente reportados. TRATAMENTO Prevenção de crises e complicações A Hidroxiureia (HU) atua na inibição da enzima ribonucleotídeo redutase. Leva ao aumento da produção de HbF, da hidratação do glóbulo vermelho e da taxa hemoglobínica, além de diminuição da hemólise, maior produção de óxido nítrico e diminuição da expressão de moléculas de adesão. Até o momento, a HU é considerada a terapia farmacológica mais eficaz para DF. Estudos apontam que os benefícios do tratamento superam os riscos, uma vez que o uso da HU reduz em 40% o risco de óbito pela DF e diminui significativamente o número anual de episódios álgidos agudos em adultos. Além disso, reduz em cerca de 50% as necessidades transfusionais e o número de episódios de síndrome torácica aguda. A terapia com HU apresenta risco de toxicidade hematológica, necessitando de monitorização rigorosa das contagens de células sanguíneas. Além disso, o potencial carcinogênico e teratogênico do fármaco deve ser considerado. Prevenção de infecções Pacientes com DF são frequentemente acometidos por asplenia funcional (ausência da função normal do baço), com consequente aumento da susceptibilidade a infecções por bactérias com parede celular. O Streptococcus pneumoniae é responsável por 70% das infecções nessa população. O risco de meningite pneumocócica é estimado em 600x maior do que na população em geral. A profilaxia antibiótica deve ser iniciada a partir do 2º ou 3º mês de idade, com penicilina sintética V (fenoximetilpenicilina / suspensão), cuja principal característica é a resistência à degradação pelo ácido gástrico, tornando possível sua administração via oral. E ativa contra estafilococos, estreptococos e neumococos. Na impossibilidade de uso por via oral, a penicilina G injetável deve ser considerada. No caso de crianças alérgicas, utiliza-se eritromicina via oral na dose 20mg/kg/dia, dividida em 2 administrações diárias. Tratamento adjuvante Outros medicamentos utilizados na prevenção de complicações e no tratamento de intercorrências - ácido fólico (uso contínuo), analgésicos e antiinflamatórios. Quelantes de ferro podem ser indicados para tratamento da sobrecarga de ferro, e devem seguir o PCDT específico. Tratamento não medicamentoso Transplante de células-tronco hematopoiéticas (TCTH) - único tratamento curativo existente para a DF. Pacientes homozigotos SS ou S beta em uso de HU e portadores de complicações graves não infecciosas relacionadas a vasoclusão são potencialmente candidatos ao procedimento. FÁRMACOS E ESQUEMA DE ADMINISTRAÇÃO Hidroxiureia - cápsulas de 500mg. Dose inicial: 15mg/kg/dia, VO em dose única. Aumentar em 5mg/kg/dia a cada 4 semanas até atingir a dose máxima de 35mg/kg/dia ou efeitos adversos graves. Para a manipulação da preparação líquida para crianças, recomenda-se dissolver a cápsula de 500mg em 10ml de água filtrada, obtendo a concentração de 50mg/ml, o que facilita a administração da dose correta por peso. A validade da preparação é de aproximadamente 6 meses em temperatura ambiente. O tratamento com HU deve ter duração de pelo menos 2 anos e ser mantido enquanto houver resposta clínica e laboratorial. Cerca de 25% dos doentes não apresentam resposta satisfatória à HU, condição que determina a suspensão do tratamento. Penicilina V (fenoximetilpenicilina potássio): pó para solução oral 80.000 UI/mL Esquema profilático preconizado desde o diagnóstico até os 5 anos de idade, VO. Crianças até 3 anos: 125mg (equivalente a 200.000 UI ou 2,5mL) a cada 12h (250mg/dia). Crianças de 3-5 anos: 250mg (equivalente a 400.000 UI ou 5mL) a cada 12h (500mg/dia) Na impossibilidade do uso oral: Penicilina G benzatina: pó para suspensão injetável de 600.000 UI e 1.200.000 UI. IM, a cada 12 a 28 dias nas seguintes doses: Crianças < 1 ano: 25.000 a 50.000 UI/kg/dose Crianças até 25kg: 600.000UI Crianças > 25kg: 1.200.000 UI A via oral deve ser retomada logo que possível. Assinale a alternativa correta: a. Síndrome Torácica Aguda é uma das principais causas de mortalidade na doença falciforme b. Deve-se considerar a terapia de hidratação para diminuir os efeitos vaso-oclusivos da doença falciforme c. A dactiliteé manifestação precoce de crise vaso-oclusiva em bebês com DF d. Todas as alternativas acima estão corretas. Assinale a alternativa correta: a. As crianças com DF devem manter o uso de antibiótico profilático até os 5 anos de idade b. A redução do nível de hemoglobina fetal contribuiu para evitar as manifestações clínicas relacionadas à doença c. A colecistectomia de urgência está indicada em todos os adolescentes com sintomas de litíase biliar em pacientes com DF d. Todas as alternativas acima estão corretas ENQUETE 01 Pré escolar, 4 anos de idade, portador de anemia falciforme é levado ao atendimento médico de urgência devido a quadro de dor em MMII que não cedeu com uso de analgésico comum ou antiiflamatório. F a z u s o c r ó n i c o d e á c i d o f ó l i c o e fenoximetilpenicilina. Cartão vacinal em dia. Alimentação balanceada. DNPM adequado. Já apresentou episódios anter io res semelhantes . Nunca recebeu hemotransfusão. Ao exame: T: 36ºC; FC: 130bpm; FR: 30 irpm; PA: 88x50 mmHg; SatO2: 94% em ar ambiente REG, pálido 3+/4+, mucosas com reserva salivar diminuída, ictérico 2+/4+, acianótico, chorando continuamente de dor. AR: MVF, Sem ruídos adventícios, sem desconforto respiratório ACV: BRNF em 2T, sopro sistólico 2+/4+. Pulsos periféricos presentes e simétricos. ABD: globoso, RHA +, normotenso, indolor à palpação, fígado palpável a 2cm do rebordo costal direito, baço palpável no rebordo costal esquerdo. Membro inferior direito: ausência de hiperemia ou calor local Pele: sem lesões Neurológico: sem sinais meníngeos, pupilas isocóricas e fotorreagentes. Qual a principal HD e CD mais adequada no momento? a. Crise vaso-oclusiva, puncionar acesso venoso, hidratar, aquecer as extremidades, iniciar opioide e solicitar exames b. Síndrome torácica aguda, solicitar hemograma, reticulócitos, raio x de tórax e iniciar antibiótico via oral e dar alta c. Infecção, solicitar hemograma, reticulócitos, hemocultura, internação e iniciar antibiótico imediatamente d. Sequestro esplênico, solicitar hemograma, reticulócitos, puncionar acesso venoso e discutir hemotransfusão e. Anemia moderada, solicitar hemograma, reticulócitos, puncionar acesso venoso e discutir reposição de ferro endovenoso ou hemotransfusão. DOENÇA FALCIFORME Desordem genética da hemoglobina causada por mutação que gera a hemoglobina S e afeta a função dos glóbulos vermelhos. Tem elevada morbidade e mortalidade por causar episódios de vaso-oclusão e predisposição a infecções, sendo o diagnóstico e o tratamento precoces necessários. Das crianças com diagnóstico, 20% não irão completar 5 anos de idade. Essa hemoglobina mutante está presente em 2-6% da população geral e em 6 a 12% dos afrodescendentes. É a doença genética mais prevalente no Brasil. Bahia: SS - 1:650 (doença falciforme); AS - 1:17 (traço falciforme) RS: SS - 1:13.000 Na maioria das pessoas, a Hb é do tipo A, de adulto. Em alguns casos, porém, em vez de receber o gene pra a Hb A, a pessoa recebe o gene para produzir uma hemoglobina diferente, C, D e beta talassemia. Todas essas combinações possíveis com a Hb S são exemplos de doença falciforme. Hemoglobinas normais no RN a termo: - HbF: 80 a 90% - HbA: 10 a 20% (mais baixa no prematuro) - HbA2: 0 a 1% Hemoglobinas normais no adulto: - HbA: 96 a 98% - HbA2: 2,5 a 3,5% - HbF: 0 a 1% Hemoglobina fetal tem alta avidez pelo oxigênio FISIOPATOLOGIA HbS na forma desoxigenada, perde sua estrutura quaternária e adquire uma estrutura primária (polimerização). A partir da sua polimerização, a HbS torna-se insolúvel, alterando a forma eritrocitária para a forma de foice. Por alterações de membrana ocorre hemólise intravascular e anemia hemolítica crônica. Compromete o metabolismo do óxido nítrico, o que ocasiona vasculopatia proliferativa. Há alterações endoteliais que geram um estado inf lamatór io crônico. O endotél io lesado desencadeia a cascata da coagulação Fatores que desencadeiam a alteração da forma da hemácia: • Diminuição de pH • Aumento de temperatura • Diminuição de oxigênio SINAIS E SINTOMAS As doenças falciformes são caracterizadas por sua variabilidade clínica: alguns pacientes têm quadro grave e são sujeitos a inúmeras complicações e outros apresentam evolução mais benigna. A maioria das pessoas afetadas pela DF exibe anemia crônica com Hb ao redor de 8g/dL. Padrão SS: mais grave. O sopro sistólico é o sinal mais frequente no exame cardiovascular. Cardiomegalia em até 80% dos pacientes, devendo- se à hipertrofia excêntrica do ventrículo esquerdo, de caráter progressivo; dilatação do ventrículo direito de forma mais tardia e menos intensa. SÍNDROME TORÁCICA AGUDA Caracteriza-se por infiltrado pulmonar novo, sintoma ou sinal respiratório (dor torácica, tosse, dispneia, taquipneia) e hipoxemia. Em crianças, a febre está presente em 85% dos casos Não é incomum ocorrer hipercapnia Causada por infecção, embolia de medula óssea necrótica e vaso-oclusão pulmonar e deverão ser imediatamente examinadas. FEBRE As crianças com menos de 3 anos de idade e temperatura superior a 38,3ºC devem ser admitidas em hospital CRISES DE DOR Crises dolorosas são as complicações mais frequentes e comumente a sua primeira manifestação Em geral, duram de 4 a 6 dias e podem persistir por semanas. A primeira manifestação de dor, na maioria das crianças, é a dactilite (ou síndrome mão-pé). ASPLENIA FUNCIONAL E SEPSE Por processos vaso-oclusivos repetidos no baço com redução na capacidade imunológica para combater bactérias com parede celular. O pneumo é responsável por 70% das infecções. O risco de meningite pneumocócica é estimado em 600 vezes maior do que na população em geral. A dificuldade de opsonização faz que esses pacientes sejam suscetíveis às infecções devendo atentar para vacinação. SEQUESTRO ESPLÊNICO Em crianças menores de 7 anos, as hemácias falcizadas podem ficar retidas no baço, levando ao quadro súbito de anemia intensa e esplenomegalia - denominado sequestro esplênico agudo (quadro súbito de dor abdominal). Tal intercorrência inicia-se a partir dos 5 meses de vida, sendo rada após os 2 anos. Esta crise é uma das principais causas de morte nas crianças. CRISE APLÁSTICA Crises aplásticas severas costumam se relacionar com infecção pelo Parvovírus B19. Clinicamente, apresentam-se por sintomas de anemia aguda sem aumento do baço. A principal diferença laboratorial entre essas crises e o sequestro esplênico está na presença de reticulocitopenia na crise aplástica e de reticulocitose no sequestro esplênico. PRIAPISMO Ereção dolorosa e prolongada do pênis, não acompanhada de desejo ou estímulo sexual, que habitualmente persiste por mais de 4 horas. Pode levar a disfunção do órgão. Prevalência de 2 a 6%, com predominância em maiores de 10 anos de idade. Tratar com: Analgesia, ingesta hídrica, realização de caminhada e estímulo à micção, banhos mornos. Esse tratamento por ser domiciliar, em um prazo máximo de 2 horas. Não havendo melhora, hospitalizar e realizar: hidratação e analgesia parenteral, ansiolíticos, oxigenoterapia, até um prazo de 4 horas do início do quadro. Após 4-6h: avaliação do urologista para realizar medidas anestésico-cirúrgicas, como punção dos corpos cavernosos. A transfusão de concentrado de hemácias pode ser necessária. ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO O genótipo HBSC tem risco 5x menor quando comparado aos indivíduos HBSS. Há queda da incidência na segunda década de vida e novo aumento após os 29 anos de idade. AVE isquêmico é mais comum em crianças que o hemorrágico, com relação estimada de 1 em 4 e tem risco de recorrência em 30% a 75% dos casos, dentro dos primeiros 2 ou 3 anos após o evento inicial, em pacientes não submetidosao tratamento com terapia transfusional crônica. Após um AVE 50% apresentação algum grau de sequela, sendo graves em 18% dos casos. O rastreamento com DTC em pacientes como DF dos 2 aos 16 anos de idade. A prevenção primária do AVE deve ser realizada pela instituição de um regime transfusional crônico. Vigilância para o risco de aloimunização eritrocitária e de sobrecarga de ferro. O risco de recorrência do AVE após o início das transfusões é de 45% em 5,5 anos. LITÍASE BILIAR Por hemólise crônica e a hiperbilirrubinemia indireta: ocorre em 14% das crianças menores de 10 anos, em 30% dos adolescentes e em 75% dos adultos. Os pacientes podem permanecer assintomáticos por muito tempo e repentinamente iniciarem com manifestações de dor abdominal no quadrante superior direito, náuseas, vômitos, agravamento da icterícia, febre e leucocitose. A cirurgia deve ser programada eletivamente após 6 semanas de melhora clínica. SÍNDROME DO QUADRANTE SUPERIOR DIREITO - EM CASO DE SUSPEITA, O QUE FAZER: • Internar prontamente • Hemograma • PCR • Bilirrubinas • Transaminases • Amilase • Lipase • Sorologias - todas relacionadas com o fígado • US de abdome total TRATAMENTO: antibioticoterapia MANEJO Numa criança com quadro crônico, sempre se preocupar com focos infecciosos: • Investigação dentária semestral; • Avaliação nutricional anual • Exame oftalmológico direto, anual, em maiores de 10 anos. • Em maiores de 5 anos, radiografia simples de tórax e testes de função pulmonar devem ser feitos bianualmente • Avaliação cardíaca deve ser bianual (ECG e ECO) • Função hepática anual • Anticorpos e antígenos para hepatite B e C anual nos transfundidos • US abdominal anual em maiores de 6 anos • Aleitamento materno deve ser incentivado e a suplementação de ferro não deve ser prescrita, a não ser que haja deficiência de ferro documentada • Ácido fólico em doses de 0,5-1.0 mg/dia, visto que a eritropoese acelerada leva ao rápido consumo desse elemento MANEJO HOSPITALAR O tratamento consiste em eliminar os fatores precipitantes, com repouso, boa hidratação e analgesia adequada. Conduta humanizada. Na suspeita de infecção, pelo risco para bacteremia pelo pneumococo e organismos que não podem ser prevenidos pela imunização a antibioticoterapia parenteral deve ser prontamente administrada, mesmo antes dos estudos laboratoriais e de imagem estarem prontos. O uso de antibiótico deve ser iniciado já na sala de emergência. Discutir hemotransfusão, sempre avaliar riscos e benefícios. FENOXIMETILPENICILINA Crianças com 2 meses até 5 anos de idade com diagnóstico de doença falciforme. Penicilina sintética resistente à degradação pelo ácido gástrico. É ativa contra estafilococos, estreptococos e pneumococos Na impossibilidade de uso VO, a penicilina injetável deve ser considerada. No caso de crianças alérgicas: eritromicina. Principais indicações para transfusões: • Queda ≥ 2g/dL da hemoglobina basal • Crise aplástica • Sequestro esplênico agudo • Síndrome torácica aguda • Piora da hipóxia crônica, com disfunções orgânicas. Exsanguíneotransfusão parcial: • AVC • Síndrome torácica aguda • Procedimento com contraste • Preparo cirúrgico • Tipo de cirurgia • Duração da cirurgia • Porte da cirurgia • Tempo da anestesia (> 2h) • Outras complicações graves HIDROXIURÉIA Melhora clínica e hematológica, pela redução da incidência de episódios vaso-oclusivos. Reduz em 40% o risco de óbito. Usada indefinidamente pelos pacientes de que dela necessitam. A concentração da hemoglobina fetal (HbF) apresenta relação indireta com a redução das crises dolorosas, durante o tratamento. A HU tem efeitos múltiplos sobre a linhagem eritrocitária, isto é, promove elevação do nível de HbF em 60% das pessoas tratadas, eleva a taxa de hemoglobina e do volume corpuscular médio (VCM), assim como reduz o número de reticulócitos. Medicamento antineoplásico. Com muitos efeitos colaterais, mas o benefício é melhor do que os riscos. Diminui a adesão vascular e reduz as crises vaso- oclusivas em metade dos casos e diminuição na necessidade de transfusões de sangue. Indicado a partir dos 2 anos de vida (ou a partir dos 9 meses conforme casos especiais devido a possíveis efeitos teratogênicos e carcinogênico), havendo um histórico de 3 ou mais episódios de crises vaso-oclusivas; crise torácica aguda recidivaste; um ou mais acidentes vasculares e n c e f á l i c o s ; a l t e r a ç õ e s n o e c o d o p p l e r transcraniano; priapismo recorrente; anemia grave e persistente; retinopatia proliferativa ou quaisquer outras situações em que haja comprovação de lesão crônica de órgão. EFEITOS ADVERSOS HU produz macrocitose: é recomendado o emprego profilático concomitante de ácido fólico 5mg 3x/ semana, devem ser observados os cuidados com a dieta. Letargia: cefaleia, tonturas, desorientação e alucinações; estomatite, anorexia, náuseas, vômitos, diarreia e constipação; erupções maculopapulares, eritema fácil e periférico, ulceração da pele ou agravamento de úlcera já existente, elevação dos níveis séricos de ureia e creatinina; febre, calafrios, mal estar, astenia. TRANSPLANTE DE CÉLULAS-TRONCO HEMATOPOIÉTICAS Único tratamento curativo existente para a doença falciforme. Pacientes SS ou S beta em uso de HU e portadoras de complicações graves não infecciosas relacionadas a vasoclusão são candidatas ao procedimento. Na presença de doador compatível, os familiares devem ser informados sobre essa possibilidade terapêutica; havendo consentimento, o paciente será encaminhado para concluir avaliação em centro transplantador. Regimes mieloablativos de condicionamento se baseiam no uso quimioterápicos / irradiação linfoide total A maioria dos pacientes recebem enxertos de medula óssea e imunossupressores para profilaxia da doença do enxerto - hospedeiro. A sobrevida global é de 90-95%. 5-10% morrem de complicações Tratamento muito agressivo, no período da mieloablação o paciente fica muito suscetível a complicações. ENQUETE 02 Assinale a alternativa correta: a. As crianças com DF devem manter o uso de antibiótico profilático até os 5 anos de idade. b. A redução do nível de hemoglobina fetal contribui para evitar as manifestações clínicas relacionadas à doença c. A colecistectomia de urgência está indicada em todos os adolescentes com sintomas de litíase biliar em pacientes com doença falciforme d. Todas as alternativas acima estão corretas B: o aumento da HbF que contribuiu para evitar as manifestações clínicas.. C: a colecistectomia é programada e eletiva.
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