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Conceito: é a manifestação de vontade que, respeitados os planos da existência, validade e eficácia, têm o poder normativo esperado pelos participantes – será que ele existe? (teoria estruturalista - Antônio Junqueira de Azevedo). Toda ação humana, de autonomia privada, com o qual o particular regula por si os próprios interesses. Nele há uma composição de interesses. Exemplos de negócios jurídicos: contratos, testamento, promessa de recompensa. Autonomia privada – autonomia controlada pelas normas constitucionais – princípios da solidariedade social, boa-fé, dignidade a pessoa humana, função social, etc, - restringem a autonomia Elementos do Negócio Jurídico: Elementos Essenciais: imprescindível, é a substancia do negócio, sem o qual este não existiria. Consiste na manifestação de vontade, agente capaz, objeto licito, possível e determinado, forma prescrita ou não defesa em lei. Estão no plano da existência e validade do negócio jurídico. Elementos Naturais: identificam determinado negócio jurídico celebrado, tem a origem nos efeitos comuns do negócio, aqueles que decorrem do negócio jurídico são considerados implícitos ao negócio. Ex: preço no contrato de compra e venda, garantia contra um vício defeito, não precisa estar expresso na lei nem no contrato. Podem ser essenciais. Elementos Acidentais: estipulações facultativas adicionais do Negocio Jurídico (condição, termo, encargo), não é necessário mas se tiver deve ser respeitado para ter eficácia. Planos de validade do NJ: existência (elementos essenciais), validade (art. 104 CC) e eficácia (elementos acidentais). MANIFESTAÇÃO DE VONTADE - É o pressuposto do Negócio jurídico, uma condição sem a qual inexiste o Negócio jurídico. Quando não existir pelo menos aparência de declaração de vontade, não podemos sequer falar de negócio jurídico. A vontade, sua declaração, além de condição de validade, constitui elemento do próprio conceito e, portanto, da própria existência do negócio jurídico. É um comportamento que pode ser escrito, falado, gestos e silêncio. FORMA DE EXTERIORIZAÇÃO Declaração expressa: um comportamento ativo, facilmente reconhecido no negócio jurídico. Não deixa margem de dúvidas do real querer da pessoa, não precisa ser escrita. Ex: sinal taxi, leilão de quadro. Declaração tácita: Decorre de um comportamento do agente, que expressa a vontade por determinada atitude, ou seja, sem uma ação direta, mas que pode ser percebida em um comportamento indireto. Ex: contrato com prazo de 12 meses. A cláusula 10 desse contrato diz assim: o contratado poderá denunciar o contrato 60 dias antes de setembro. Se não o fizer, o contrato prorroga-se por novo período de 12 meses. É uma hipótese de aceitação tácita do negócio jurídico. Já estava clausulado anteriormente. Reserva mental – art. 110 CC - Declara algo mas internamente fala que não vai cumprir. Ocorre quando o sujeito emite uma declaração que não coincide com a vontade real, ela subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento. Se o destinatário não tem conhecimento da reserva mental, vale a vontade declarada. Silencio - Em regra, quem cala não consente.Isso só ocorre quando o indivíduo podia e deveria se manifestar e não o fez. Ex: art. 1804 CC – aceitação tácita herança. Quem cala pode consentir? Pode. Aceitação tácita está ligada às partes, a presumida na lei e a expressa não dá margem a dúvidas. Eu vou ligar o silêncio a quê? Aos usos e costumes. E também a boa-fé objetiva. O silêncio sempre foi um instituto mais investigado do direito comercial, já que no direito civil ele era visto como um instituto abusivo, nunca foi muito tolerado no direito civil. Ex: A CICA, pessoa jurídica, todo ano comprava toda a produção de determinados trabalhadores rurais. Um ano abusivamente a CICA não comprou os tomates. Comprou de outro. Os trabalhadores rurais quebraram, foram a juízo pedir a eficácia do contrato porque para eles, naquela hipótese, quem cala consente. A CICA, se não quisesse adquirir os tomates naquele ano, ela tinha que advertir. Faltou a CICA boa-fé objetiva. Ver o que foi criado no sentido da expectativa. O silêncio importa anuência (consentimento de aprovação) quando as circunstancias ou os usos o autorizarem e não for necessária a declaração expressa de vontade – CC/16 sem previsão com a unificação do direito privado - art. 111 CC/2002. REQUISITOS PARA A VALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO O negócio jurídico é uma emissão volitiva dirigida a um determinado fim. Para que produza todos os efeitos, é necessário que se revista de certos requisitos referentes à pessoa do agente, ao objeto da relação e à forma da emissão da vontade. Art . 104 CC: “A validade do negócio jurídico requer: I – agente capaz; II – objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III – forma prescrita ou não defesa em lei”. Agente Capaz - Por agente capaz há que se entender a pessoa capaz ou emancipada para os atos da vida civil. Capacidade de fato pois todos os seres humanos possuem capacidade de direito (art. 3º e 4º CC, o agente não pode praticar o ato sozinho – representante legal). Objeto lícito: A licitude - É necessário que o alcance visado pelo ato não seja ofensivo à ordem jurídica. Objetos lícitos, possíveis e determinados ou determináveis: A determinação diz respeito à sua identificação específica, quando o bem for determinado; ou identificação pelo gênero, quando o bem for determinável. Fisicamente impossíveis: é inidôneo, não pode ser realizado por ninguém (na praticável, não há possibilidades) como, p.ex, venda de lotes na lua. • Juridicamente impossíveis: atos contra as leis, a moral e aos bons costumes ou não existe para o nosso Direito, p.ex, vender toda a água do rio Amazonas. Alguns autores entendem que é a mesma definição que objeto lícito outros não, um é proibido pelo direito (objeto lícito) e outro não existe no nosso direito (juridicamente impossível) • Deve ser levado em conta também que pode ser impossível para uns, pode não ser para todos. Levemos em conta, também, que a impossibilidade para o presente não significa sempre impossibilidade para o futuro. Objeto determinado ou determinável – pode ser obrigação de dar coisa incerta – objeto ainda pendente de determinação, que se dá pela escolha ou concentração (art. 243 e 244 CC) Forma prescrita ou não defesa em lei - Todo negócio jurídico tem uma forma. A vontade, manifestada pelas pessoas, pode ser verbal, por escrito, ou através de gestos. Em numerosos casos a lei exige das partes uma forma especial. A regra geral é a forma livre. “A validade da declaração de vontade – diz o art. 107 do CC - não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir”. Isto significa que todas as exceções devem ser respeitadas, ou seja, se a lei impuser forma especial, esta deverá ser atendida. Por exemplo, a compra de uma casa à vista, deve ser através da escritura pública. Se realizada por instrumento particular, não tem validade, porque a lei impõe uma forma (CC, artigo 108). Atos formais ou solenes: aqueles que a lei exige que o ato se realiza por certo forma, como o casamento ou compra e venda de imóveis, testamentos. Atos não formais ou solenes: não precisam de forma determinada, o ato pode ser provado por quaisquer dos meios admitidos em Direito (liberdade da forma). INTERPRETAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS - 112 do CC – vontade real Divergência entre o pensamento e a exteriorização: deve prevalecer o que foi mentalizado ou externado? Divergente: 1- Vontade deve ser privilegiada – crítica: não tem como saber o que passa na mente do indivíduo; 2- destacando o elemento intenção sobre a literalidade da linguagem. Cabe ao intérprete investigar qual foi a real intenção dos contratantes na elaboração da cláusula contratual duvidosa ou obscura. Art. 113 CC - boa-fé objetiva - era aplicada apenas nas relações consumeristas, onde o consumidor usualmente figura em desvantagem, agora ela integra também as relações contratuais paritárias,em que não há pólo desvantajoso. Boa fé objetiva: cria dentro do negócio jurídico obrigações que as partes sequer cogitaram. Diz respeito à lealdade, à função social do contrato e cria um dever social de garantia. Assim o juiz deve repelir a intenção dos declarantes de vontade, em qualquer negócio jurídico, que se desvie da boa-fé objetiva. Essa boa fé é a que dará a segurança ao julgador e ao sistema. Combater a omissão de informação (ex: venda pela internet de livro que não tem no estoque, pintura apartamento de preto) ELEMENTOS ACIDENTAIS DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS São elementos dispensáveis para a celebração do negócio jurídico. Têm como objetivo modificar uma ou algumas conseqüências naturais dos negócios jurídicos. São declarações acessórias de vontade. São elementos acidentais: a) Condição (art. 121 a 130); b) Termo (art. 131 a 134); c) Encargo (art. 136 a 138). 1- Condição – Arts. 121 a 130 É uma cláusula que derivando exclusivamente da vontade das partes subordina o efeito jurídico ao efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto. Trata-se de uma cláusula acessória. Requisitos dos negócios sob condição Voluntariedade – vontade das partes. Determinação do evento futuro e incerto – deve-se saber qual é esse evento. Futuridade e incerteza - incerteza objetiva e futuridade no evento. Licitude –não pode a condição violar a lei Possibilidade – devem ser possíveis. Ex: clube contrata um jogador e coloca uma cláusula que vai aumentar o salário em 20% caso ele venha a ser convocado pela seleção. Classificação da condição POTESTATIVA - depende da vontade da vontade humana para ser implementada. Divide-se em: - simplesmente ou meramente potestativa - dependente da manifestação volitiva de uma das partes. Ex.: Pagarei a coisa adquirida quando a revender. Te dou uma casa se escrever um livro. - puramente potestativa - fica ao arbítrio de uma das partes, por isso é ilícita – art. 122 CC. Ex.: Se eu quiser, depois eu pago pela compra. QUANTO AO MODO DE ATUAÇÃO: Suspensiva (Art. 125/126) – a eficácia do negócio jurídico fica suspensa até a implementação de evento futuro e incerto. As partes protelam temporariamente a eficácia do negócio, quando o evento futuro e incerto acontecer o negócio se realiza. Tem expectativa de direito, o evento pode não ocorrer. se Ex: prometer comprar um cavalo se ele ganhar a corrida do jóquei. Ex: A promete doar a B um objeto, sob a condição de que ele seja aprovado no vestibular da UERJ, mas enquanto pende a condição, a aliena a C o bem, será nulo este contrato de compra e venda. Resolutiva (art. 127)– subordina a ineficácia do negócio a evento futuro e incerto. Quando ocorre o evento futuro e incerto extingue-se os efeitos do negócio jurídico. O negócio produz efeitos desde o início. Até que Ex.: frequentar minha biblioteca até que termine o doutorado; ceder uma casa a alguém enquanto a pessoa for solteira, se ela se casar, extingue-se o direito – condição ilícita. SÃO CONDIÇÕES NÃO ACEITAS PELO DIREITO – art. 123 CC: a) não se casar; b) exílio ou morada perpétua em determinado lugar; c) exercício de determinada profissão; d) seguimento de determinada religião; e) aceitação ou renúncia de herança; f) reconhecimento de filho; g) emancipação. TERMO – 131 a 135 CC- Evento futuro e CERTO que condiciona o início ou fim dos efeitos do negócio jurídico. Não existe dúvida que ele ocorrerá É o dia que começa ou extingue o negócio jurídico, subordina-se, então, a evento futuro e certo. Classifica-se da seguinte forma: TERMO CERTO – estabelece de uma data de calendário; Ex.: Contrato de locação de 06 meses. b) TERMO INCERTO – evento futuro, que se verificará em data indeterminada; Ex.: Pago seus estudos durante dois anos, depois seus pais pagam, mas se eles morrerem continuo pagando. ENCARGO OU MODO – art. 136 e 137 CC. É cláusula acessória, em regra, que descreve atos de liberalidade inter vivos ou causa mortis , que impõe ônus ou obrigação a uma pessoa contemplada pelos referidos atos. Restrição a uma vantagem criada. O encargo não suspende a aquisição ou exercício de direito, o favorecido já tem o direito adquirido. Está presente nas hipóteses de doação e testamento. Gera direito adquirido a seu destinatário, que já pode exercer o seu direito, ainda que pendente o cumprimento da obrigação que lhe fora imposta. O não cumprimento do encargo gera a possibilidade de revogar o negócio jurídico ou pleitear judicialmente o cumprimento da exigência – art. 555 CC. ex: doação da capela com o encargo de pintá-la todo ano Classificação dos negócios jurídicos Quanto à manifestação da vontade: unilaterais – a declaração de vontade, feita por uma ou mais pessoas, na mesma direção; Ex.: doação, promessa de recompensa. b) bilaterais – duas manifestações de vontade, em sentido oposto, porém há coincidência em relação ao objeto. Ex.: contratos em geral, compra e venda. 2. Quanto às vantagens: gratuitos – só uma das partes aufere vantagem; ex: doação sem encargo onerosos – ambos os celebrantes possuem ônus e vantagens recíprocas. Ex: compra e venda 3. Quanto ao tempo em que devam produzir efeitos: a) inter vivos – destinados a produzir efeitos durante a vida dos interessados; b) causa mortis – emitidos para gerar efeitos após a morte do declarante. Quanto à subordinação: a) principais – são os negócios jurídicos que têm existência própria e não dependem de nenhum outro; b) acessórios – aquele cuja existência subordina a um outro. 5. Quanto às formalidades: solenes – são celebrados de acordo com a forma prevista na lei; ex: compra e venda de imóvel b) não solenes – não dependem de forma rígida para sua celebração. Ex: compra e venda de bem móvel 6. Quanto à pessoa: a) impessoais – não importa quem sejam as partes ex: emprestimo de R$ 100,00; b) intuitu personae – aquele realizado de acordo com as qualidades especiais de quem o celebra. Ex: contrato de uma ator famoso gravar um filme, pintor DA REPRESENTAÇÃO (Arts.115 a 120 CC) A noção fundamental, pois, é a de que o representante atua em nome do representado, no lugar do representado. O representante conclui o negócio não em seu próprio nome, mas como pertencente ao representado. Quem é a parte no negócio é o representado e não o representante. Estritamente falando, o representante é um substituto do representado, porque o substitui não apenas na manifestação externa, fática do negócio, como também na própria vontade do representado. A procuração é o instrumento no qual o representado estabelece os limites da atuação do representante. Representação Legal e Voluntária - A representação pode ser legal ou voluntária, conforme resulte de disposições de lei (pais, tutores – ausência dos pais ou perda do poder familiar, curadores – outros tipos de incapacidades – interdição ex: doença mental) ou da vontade das partes – art. 653 CC. Também pode ser considerada forma de representação, ainda que anômala, aquela que tenha um fim eminentemente processual, como é o caso do inventariante, do síndico da massa falida, do síndico de edifícios de apartamentos etc. Art. 117 CC – auto-contratação – não é possível a não ser que o representado permita.
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