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unid_3 Propedêutica e Processo de Cuidar da Saúde da Criança e do Adolescente

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Unidade III
5 ALIMENTAÇÃO DA CRIANÇA NOS PRIMEIROS ANOS DE VIDA
A infância é um período em que se desenvolve grande parte das potencialidades humanas. Os distúrbios que 
incidem nessa época são responsáveis por graves consequências para indivíduos e comunidades (BRASIL, 2015b).
O ritmo de declínio médio das taxas de mortalidade entre 1990 e 2015 foi de 4,41% ao ano. A redução 
total nos níveis da mortalidade na infância no Brasil foi, em geral, acima de 60%, muito maior na região 
Nordeste do que nas demais regiões do País. Porém, em todos os estados das regiões Norte e Nordeste, 
além dos estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Espírito Santo, a desnutrição ainda aparece 
entre as dez principais causas de mortalidade em menores de cinco anos em 2015, porém com taxas de 
mortalidade baixas (FRANÇA, 2017).
Uma alimentação adequada, iniciada pela oferta do leite materno nos primeiros meses de vida, 
permite ainda um grandioso impacto na promoção da saúde integral da dupla mãe/bebê e regozijo de 
toda a sociedade.
Se a manutenção do aleitamento materno é vital, a introdução de 
alimentos seguros, acessíveis e culturalmente aceitos na dieta da criança, 
em época oportuna e de forma adequada, é de notória importância para o 
desenvolvimento sustentável e equitativo de uma nação, para a promoção 
da alimentação saudável em consonância com os direitos humanos 
fundamentais e para a prevenção de distúrbios nutricionais de grande 
impacto em Saúde Pública (BRASIL, 2015b, p. 7).
5.1 Aleitamento materno
Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2015b, p. 7), “o aleitamento materno é a mais sábia estratégia 
natural de vínculo, afeto, proteção e nutrição para a criança e constitui a mais sensível, econômica e 
eficaz intervenção para redução da morbimortalidade infantil”.
A amamentação traz outros benefícios, além de nutrir a criança. É um processo que envolve interação 
profunda entre mãe e filho, com repercussões no estado nutricional da criança, em sua habilidade de se 
defender de infecções, em sua fisiologia e no seu desenvolvimento cognitivo e emocional, além de ter 
implicações na saúde física e psíquica da mãe.
Apesar de todas as evidências científicas provando a superioridade da 
amamentação sobre outras formas de alimentar a criança pequena, e apesar 
dos esforços de diversos organismos nacionais e internacionais, as taxas de 
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aleitamento materno no Brasil, em especial as de amamentação exclusiva, 
estão bastante aquém do recomendado, e o profissional de saúde tem um 
papel fundamental na reversão desse quadro. Mas para isso ele precisa estar 
preparado, pois, por mais competente que ele seja nos aspectos técnicos 
relacionados à lactação, o seu trabalho de promoção e apoio ao aleitamento 
materno não será bom.
Portanto, cabe ao profissional de saúde identificar e compreender o 
aleitamento materno no contexto sociocultural e familiar e, a partir 
dessa compreensão, cuidar tanto da dupla mãe/bebê como de sua 
família. É necessário que busque formas de interagir com a população 
para informá‑la sobre a importância de adotar práticas saudáveis 
de aleitamento materno. O profissional precisa estar preparado para 
prestar assistência eficaz, solidária, integral e contextualizada, que 
respeite o saber e a história de vida de cada mulher, e que a ajude a 
superar medos, dificuldades e inseguranças (CASTRO; ARAÚJO, 2006 
apud BRASIL, 2015b, p. 11).
Embora a maioria dos profissionais de saúde considere‑se favorável ao aleitamento materno, 
muitas mulheres se mostram insatisfeitas com o tipo de apoio recebido. Isso pode ser devido 
às discrepâncias entre as percepções do que é o apoio na amamentação. As mães que estão 
amamentando querem suporte ativo (inclusive o emocional), bem como informações precisas 
(BRASIL, 2015b).
O enfermeiro é o profissional adequado para realizar essas orientações e incentivar o aleitamento 
materno, pois está à frente no atendimento à mulher, seja durante todo o pré‑natal, na maternidade 
e depois, durante a puericultura, no acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da criança.
Vamos falar um pouco sobre as características do leite materno e as vantagens para o recém‑nascido.
Apesar de a alimentação variar enormemente entre as pessoas, o leite materno, surpreendentemente, 
apresenta composição semelhante para todas as mulheres que amamentam no mundo. Apenas as com 
desnutrição grave podem ter o seu leite afetado na qualidade e quantidade (BRASIL, 2015b).
 Observação
Na amamentação, o volume de leite produzido varia, dependendo do 
quanto a criança mama e da frequência com que mama. Quanto mais volume 
de leite e mais vezes a criança mamar, maior será a produção de leite.
Os primeiros dias após o parto são fundamentais para o sucesso da 
amamentação. É um período de intenso aprendizado para a mãe e o bebê.
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Nos primeiros dias, o leite materno é chamado colostro, que contém mais proteínas e menos 
gorduras do que o leite maduro, ou seja, o leite secretado a partir do sétimo ao décimo dia pós‑parto. 
O leite de mães de recém‑nascidos prematuros é diferente do de mães de bebês a termo. A tabela a 
seguir demonstra a composição do colostro e do leite materno maduro de mães de crianças a termo e 
pré‑termo e do leite de vaca, comparativamente:
Tabela 9 – Composição nutricional do colostro em comparação ao leite materno maduro e 
ao leite de vaca
Nutriente
Colostro (3 a 5 dias) Leite maduro Leite de vaca
A termo Pré-termo A termo Pré-termo
Calorias (kcal/dl) 48 58 62 70 69
Lipídios (g/dl) 1,8 3,0 3,0 4,1 3,7
Proteínas (g/dl) 1,9 2,1 1,3 1,4 3,3
Lactose (g/dl) 5,1 5,0 6,5 6,0 4,8
Fonte: Brasil (2015b, p. 29).
É muito importante conhecer e utilizar as definições de aleitamento materno adotadas pela 
Organização Mundial da Saúde (OMS) e reconhecidas no mundo inteiro. Assim, o aleitamento materno 
costuma ser classificado em:
• Aleitamento materno exclusivo – quando a criança recebe somente 
leite materno, direto da mama ou ordenhado, ou leite humano de 
outra fonte, sem outros líquidos ou sólidos, com exceção de gotas 
ou xaropes contendo vitaminas, sais de reidratação oral, suplementos 
minerais ou medicamentos.
• Aleitamento materno predominante – quando a criança recebe, além 
do leite materno, água ou bebidas à base de água (água adocicada, 
chás, infusões), sucos de frutas e fluidos rituais.
• Aleitamento materno – quando a criança recebe leite materno (direto 
da mama ou ordenhado), independentemente de receber ou não 
outros alimentos.
• Aleitamento materno complementado – quando a criança recebe, 
além do leite materno, qualquer alimento sólido ou semissólido com 
a finalidade de complementá‑lo, e não de substituí‑lo.
• Aleitamento materno misto ou parcial – quando a criança recebe leite 
materno e outros tipos de leite (OMS, 2007 apud BRASIL, 2015b, p. 13).
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O aleitamento materno é recomendado, por várias instituições de referência, nacionais e 
internacionais, para ser mantido por dois anos ou mais, sendo exclusivo nos primeiros seis meses. Não 
há vantagens em iniciar os alimentos complementares antes dos seis meses, podendo, inclusive, haver 
prejuízos à saúde da criança, pois a introdução precoce de outros alimentos está associada a:
• Maior número de episódios de diarreia.
• Maior número de hospitalizações por doença respiratória.
• Risco de desnutrição se os alimentos introduzidos forem 
nutricionalmente inferiores ao leite materno, como, por exemplo, 
quando as fórmulas lácteas são muito diluídas.• Menor absorção de nutrientes importantes do leite materno, como o 
ferro e o zinco.
• Menor eficácia da amamentação como método anticoncepcional.
• Menor duração do aleitamento materno (BRASIL, 2015b, p. 15).
Devido aos inúmeros fatores existentes no leite materno que protegem contra infecções, ocorrem 
menos mortes entre as crianças amamentadas. Nenhuma outra estratégia isolada alcança o impacto 
que a amamentação tem na redução das mortes de crianças menores de 5 anos. A proteção do leite 
materno contra mortes infantis é maior quanto menor é a criança (BRASIL, 2015b).
Figura 79 – Amamentação retratada no século XIX
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Dessa forma, então, além de o leite materno conter todos os nutrientes essenciais para o crescimento 
e o desenvolvimento ótimos da criança pequena, e de ser mais bem digerido, quando comparado com 
leites de outras espécies, ele possui numerosos fatores imunológicos que protegem a criança contra 
infecções (LEIFER, 2013).
Além da IgA, o leite materno contém outros fatores de proteção, tais como 
anticorpos IgM e IgG, macrófagos, neutrófilos, linfócitos B e T, lactoferrina, 
lisosima e fator bífido. Este favorece o crescimento do Lactobacilus 
bifidus, uma bactéria não patogênica que acidifica as fezes, dificultando a 
instalação de bactérias que causam diarreia, tais como Shigella, Salmonella 
e Escherichia coli (BRASIL, 2015b, p. 30).
Sendo assim, podemos apontar inúmeras vantagens da amamentação: a prevenção de mortes entre 
as crianças de menor nível socioeconômico, principalmente relacionadas à diarreia; proteção contra 
infecções respiratórias; diminuição da gravidade dos episódios de infecção respiratória; diminuição do 
risco de alergia à proteína do leite de vaca, de dermatite atópica e de outros tipos de alergias, incluindo 
asma e sibilos recorrentes; beneficia, em longo prazo, doenças crônicas como hipertensão, colesterol 
total e menores riscos de apresentar diabetes tipo 2. Além das vantagens exclusivas à saúde da criança, 
é importante salientar sobre as questões favoráveis quanto à praticidade, às condições de higiene, 
à disponibilidade e ao custo. A criança amamentada possui um melhor desenvolvimento cognitivo 
(BRASIL, 2015b; LEIFER, 2013).
 Lembrete
Na amamentação, o volume de leite produzido varia, dependendo 
do quanto a criança mama e da frequência com que mama. Quanto 
mais volume de leite e mais vezes a criança mamar, maior será a 
produção de leite.
Apesar de a sucção do recém‑nascido ser um ato reflexo, ele precisa aprender a retirar o leite do 
peito de forma eficiente. Quando o bebê pega a mama adequadamente – o que requer uma abertura 
ampla da boca, abocanhando não apenas o mamilo, mas também parte da aréola –, forma‑se um lacre 
perfeito entre a boca e a mama, garantindo a formação do vácuo, indispensável para que o mamilo e a 
aréola se mantenham dentro da boca do bebê. A língua eleva suas bordas laterais e a ponta, formando 
uma concha (canolamento) que leva o leite até a faringe posterior e esôfago, ativando o reflexo de 
deglutição. A retirada do leite (ordenha) é feita pela língua, graças a um movimento peristáltico rítmico 
da ponta da língua para trás, que comprime suavemente o mamilo. Enquanto mama no peito, o bebê 
respira pelo nariz, estabelecendo o padrão normal de respiração nasal (BRASIL, 2015b).
O enfermeiro deve orientar a mãe sobre como deve ser a pega da mama adequada pelo RN, observar 
e corrigir se houver falhas, evitando as complicações mamárias, como ingurgitamentos, fissuras 
mamilares, mastite, entre outras.
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A figura a seguir ilustra o local correto para a pega do RN no seio materno:
A gengiva do 
bebê deve ficar 
aqui
Não aqui!
Figura 80 – Local correto para a pega do RN ao seio materno
O quadro a seguir elenca os pontos‑chave do posicionamento adequado do bebê para a pega correta 
na mama:
Quadro 9 – Demonstração dos pontos‑chave do adequado posicionamento 
do bebê para a pega correta da mama durante a amamentação
Posicionamento adequado Pega adequada
1. Rosto do bebê de frente para a mama, com nariz na 
altura do mamilo. 1. Mais aréola visível acima da boca do bebê.
2. Corpo do bebê próximo ao da mãe. 2. Boca bem aberta.
3. Bebê com cabeça e tronco alinhados (pescoço não 
torcido). 3. Lábio inferior virado para fora.
4. Bebê bem apoiado. 4. Queixo tocando a mama.
Adaptado de: Brasil (2015b).
A figura a seguir, ilustra as posições da nutriz que são favoráveis para a amamentação e que devem 
ser estimuladas e ensinadas pelo enfermeiro durante o pré‑natal e na maternidade.
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Figura 81 – Posições favoráveis para estabelecer a amamentação
 Lembrete
Uma nutriz que amamenta exclusivamente produz, em média, 800 
mL por dia. Em geral, uma nutriz é capaz de produzir mais leite do que a 
quantidade necessária para a criança.
Uma iniciativa da OMS, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e do Ministério da 
Saúde, concede o título de Hospital Amigo da Criança a maternidades que atendem aos “Dez Passos 
para o Sucesso do Aleitamento Materno”. São eles:
1. Ter uma norma escrita sobre aleitamento, que deveria ser rotineiramente 
transmitida a toda a equipe de cuidados de saúde.
2. Treinar toda a equipe de cuidados de saúde, capacitando‑a para 
implementar esta norma.
3. Informar todas as gestantes sobre as vantagens e o manejo do aleitamento.
4. Ajudar as mães a iniciar o aleitamento na primeira meia hora após o nascimento.
5. Mostrar às mães como amamentar e como manter a lactação, mesmo se 
vierem a ser separadas de seus filhos.
6. Não dar a recém‑nascidos nenhum outro alimento ou bebida além do 
leite materno, a não ser que tal procedimento seja indicado pelo médico.
7. Praticar o alojamento conjunto – permitir que mães e bebês permaneçam 
juntos – 24 horas por dia.
8. Encorajar o aleitamento sob livre demanda.
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9. Não dar bicos artificiais ou chupetas a crianças amamentadas ao seio.
10. Encorajar o estabelecimento de grupos de apoio ao aleitamento, para 
onde as mães deverão ser encaminhadas por ocasião da alta, no hospital ou 
ambulatório (BRASIL, 2011a, p. 14).
 Saiba mais
Conheça mais sobre os “Dez Passos para o Sucesso do Aleitamento 
Materno” lendo o artigo a seguir:
SILVA, C. M. et al. Práticas educativas segundo os “Dez passos para o 
sucesso do aleitamento materno” em um Banco de Leite Humano. Ciênc. 
Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 22, n. 5, p. 1661‑1671, maio 2017. Disponível 
em: <https://www.scielosp.org/article/ssm/content/raw/?resource_ssm_
path=/media/assets/csc/v22n5/1413‑8123‑csc‑22‑05‑1661.pdf>. Acesso 
em: 26 jun. 2018.
Quando a mama está muito cheia, a aréola pode estar tensa, endurecida, dificultando a pega. Em tais 
casos, recomenda‑se, antes da mamada, retirar manualmente um pouco de leite da aréola ingurgitada 
(BRASIL, 2005a).
 Lembrete
Os primeiros dias após o parto são fundamentais para o sucesso da 
amamentação. É um período de intenso aprendizado para a mãe e o bebê.
Uma importante causa de desmame é o choro do bebê, pois as mães, com frequência, o interpretam 
como fome ou cólicas. É preciso esclarecer que existem muitas razões para o choro, incluindo adaptação 
à vida extrauterina e tensão no ambiente. As mães devem saber que recém‑nascidos a termo, em 
situações especiais (principalmente no estado quieto‑alerta), são capazes de:
• Ir ao encontro da mama da mãe por si próprios logo após o nascimento, se colocados em seu tórax.
• Reconhecer a face da mãe após algumas horas de vida.
• Ter contato olho no olho.• Seguir um objeto com os olhos e, às vezes, virar a cabeça na sua direção.
• Distinguir tipos de sons, tendo preferência pela voz humana, em especial a da mãe, e pelos sons agudos.
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• Reconhecer sabores, tendo preferência por doces.
• Reconhecer e distinguir diferentes cheiros, inclusive o da mãe.
O Ministério da Saúde recomenda que a amamentação em livre demanda deve ser estimulada, e, 
portanto, o tempo de permanência na mama em cada mamada não deve ser fixado. O tempo necessário 
para esvaziar uma mama varia para cada dupla mãe/bebê e, numa mesma dupla, pode variar dependendo 
da fome da criança, do intervalo transcorrido desde a última mamada e do volume de leite armazenado 
na mama, entre outros. O mais importante é que a mãe dê tempo suficiente à criança para ela esvaziar 
adequadamente a mama. Dessa maneira, a criança recebe o leite do final da mamada, que é mais 
calórico, promovendo a sua saciedade e, consequentemente, maior espaçamento entre as mamadas 
(BRASIL, 2015b; BRASIL, 2005; LEIFER, 2013).
 Saiba mais
Leia o artigo a seguir e conheça mais sobre o papel do enfermeiro na 
promoção, incentivo e apoio ao aleitamento materno:
MARINHO, M. S.; ANDRADE, E. N.; ABRÃO, A. C. F. V. A atuação do(a) 
enfermeiro(a) na promoção, incentivo e apoio ao aleitamento materno: 
revisão bibliográfica. Revista Enfermagem Contemporânea, Salvador, v. 4, n. 2, 
p. 189‑198, jul./dez. 2015. Disponível em: <https://www5.bahiana.edu.br/
index.php/enfermagem/article/viewFile/598/547>. Acesso em: 26 jun. 2018.
São poucas as situações em que pode haver indicação médica para a substituição parcial ou total do 
leite materno. Nas seguintes situações, o aleitamento materno não deve ser recomendado:
• Mães infectadas pelo HIV.
• Mães infectadas pelo HTLV1 e HTLV2.
• Uso de medicamentos incompatíveis com a amamentação. Alguns fármacos 
são considerados contraindicados absolutos ou relativos ao aleitamento 
materno, como os antineoplásicos e radiofármacos.
• Criança portadora de galactosemia, doença rara em que ela não 
pode ingerir leite humano ou qualquer outro que contenha lactose 
(BRASIL, 2015b, p. 77).
O aleitamento materno não deve ser contraindicado em casos em que a mãe esteja com tuberculose, 
hanseníase, hepatite B, hepatite C e dengue. Mães que sejam tabagistas ou utilizem bebida alcoólica 
devem ser desestimuladas a esse consumo. No caso da bebida alcóolica, a ingestão de doses iguais ou 
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PROPEDÊUTICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
maiores que 0,3 g/kg de peso pode reduzir a produção láctea. O álcool pode modificar o odor e o sabor 
do leite materno, levando à recusa pelo lactente (BRASIL, 2005a; BRASIL, 2015b).
Água, chás e principalmente outros leites devem ser evitados, pois há evidências de que o seu uso 
está associado ao desmame precoce e aumento da morbimortalidade infantil. A mamadeira, além de ser 
uma importante fonte de contaminação, pode influenciar negativamente a amamentação (MARINHO; 
ANDRADE; ABRÃO, 2015; BRASIL, 2015b).
Como mencionado, nos primeiros meses é normal que a criança mame com frequência e sem 
horários regulares. Assim, em geral, um bebê em aleitamento materno exclusivo mama de oito a 12 
vezes ao dia (BRASIL, 2015b).
Quando, por alguma razão, o bebê não estiver sugando ou a sucção é ineficaz, e a mãe deseja 
amamentá‑lo, ela deve ser orientada a estimular a sua mama regularmente (no mínimo cinco vezes ao 
dia) por meio de ordenha manual ou por bomba de sucção. Isso garantirá a produção de leite (MARINHO; 
ANDRADE; ABRÃO, 2015).
Alguns bebês não conseguem pegar a aréola adequadamente ou não conseguem manter a pega. 
Isso pode ocorrer porque o bebê não está bem posicionado, não abre a boca suficientemente ou está 
sendo exposto à mamadeira e/ou chupeta.
Figura 82 – Demonstração de família retratada por pintura em tela no século XX
Não é raro recém‑nascidos, aparentemente normais, não sugarem ou apresentarem sucção débil, 
ineficaz, logo após o nascimento. Essa condição pode durar poucas horas ou dias. As seguintes medidas 
são úteis para o adequado estabelecimento da amamentação:
• Enquanto o bebê não estiver sugando vigorosamente, orientar a mãe 
a estimular suas mamas regularmente (no mínimo cinco vezes ao dia) 
por meio de ordenha manual. Isso garantirá a produção de leite e 
permitirá que o bebê receba leite de sua própria mãe.
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• Se houver resistência às tentativas de ser amamentado sem causa 
aparente, acalmar o bebê e a mãe, suspender o uso de bicos e chupetas 
e insistir nas mamadas por alguns minutos cada vez. Observar se o 
bebê sente dor quando posicionado para mamar.
• Se o bebê não consegue pegar a aréola adequadamente ou não 
consegue manter a pega, observar se ele está bem posicionado, se 
abre bem a boca, se as mamas estão muito tensas, ingurgitadas, 
ou se os mamilos são invertidos ou muito planos. O manejo vai 
depender do problema detectado. Se após alguns segundos do início 
da mamada o bebê larga a mama e chora, considerar se ele está 
bem posicionado, se o fluxo de leite é muito intenso ou se ele está 
recebendo mamadeira.
• Se o problema for dificuldade do bebê para sugar em apenas uma 
das mamas, isso pode ocorrer porque existe alguma diferença entre 
elas (mamilos, fluxo de leite, ingurgitamento), ou a mãe não consegue 
posicionar adequadamente o bebê. Reavalie e tente posicionar o bebê 
da melhor maneira (BRASIL, 2012a, p. 133‑134).
 Observação
O bebê pode não abocanhar adequadamente a mama porque elas estão 
muito tensas, ingurgitadas ou os mamilos são invertidos ou muito planos. 
O manejo vai depender do problema detectado.
Embora o aleitamento materno deva ser estimulado a ser feito no seio materno, em geral, pode ser 
oferecido por translactação ou copinho. O uso de mamadeira deve ser evitado. O uso do copinho pode 
ser liberado quando o bebê for capaz de fazer protrusão lingual para sorver o leite no copinho (acima de 
35 semanas de gestação) (CASTRO; ARAÚJO, 2006).
 Saiba mais
Conheça mais sobre o desmame precoce lendo o artigo a seguir:
BARBOSA, M. B. et al. Fatores de risco associados ao desmame 
precoce e ao período de desmame em lactentes matriculados em 
creches. Rev. Paul. Pediatr., São Paulo, v. 27, n. 3, p. 272‑281, 2009. 
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rpp/v27n3/07.pdf>. Acesso 
em: 26 jun. 2018.
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Algumas malformações orais podem impedir a realização da sucção durante o aleitamento materno. 
Mesmo assim, é importante que sejam amamentadas, porque o aleitamento materno, nessas situações, 
ajuda a diminuir a probabilidade das infecções do ouvido médio e reduz a inflamação da mucosa nasal 
causada por refluxo do leite, comum nessas crianças. A amamentação também promove o equilíbrio da 
musculatura orofacial, favorecendo o adequado desenvolvimento das estruturas do sistema motor‑oral, 
que estão afetadas nessas crianças. Mãe, bebê e família necessitam de auxílio para que a amamentação 
seja bem‑sucedida nessas circunstâncias. Dentre essas malformações encontram‑se a queilosquise e a 
palatosquise (BRASIL, 2015b; HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
 Lembrete
Palatosquise: também conhecida como fenda palatina ou do palato, de 
caráter congênito.
Queilosquise: também conhecida como lábio leporino, em que ocorre 
uma fissura mediana do lábio superior.
As principais dificuldades na amamentação relatadas pelas mães de bebês com malformações 
orofaciais são: sucção fraca, dificuldade de pega, refluxo de leite pelas narinas, engasgos do bebê, ganho 
de peso insuficiente, pouco leite, ingurgitamento mamário e trauma mamilar(BRASIL, 2015b; BRASIL, 
2017; HOCKENBERRY; WILSON, 2014).
Dentre as atribuições do enfermeiro no processo de promoção, incentivo e apoio ao aleitamento, 
destacam‑se o acolhimento, a comunicação e o processo educativo em saúde como ferramentas 
utilizadas na intenção de promover o estímulo e a adesão das mães à amamentação (MARINHO; 
ANDRADE; ABRÃO, 2015).
O desmame é um processo que faz parte da evolução da mulher como mãe e do desenvolvimento da 
criança, que deve ocorrer naturalmente, na medida em que a criança vai amadurecendo. No desmame 
natural, a criança se autodesmama, o que pode ocorrer em diferentes idades, em média entre dois e 
quatro anos, raramente antes de um ano. Geralmente, o desmame natural ocorre na criança com idade 
maior que um ano, que passa a demonstrar menos interesse nas mamadas e aceita variedade de outros 
alimentos (BRASIL, 2015b; BRASIL, 2017).
 Observação
É importante salientar que as fórmulas infantis para lactentes 
correspondem a leites industrializados indicados para lactentes que não 
estão em aleitamento materno.
A grande maioria das fórmulas existentes no comércio é elaborada à base de leite de vaca. No 
entanto, apesar de sua adaptação com relação ao carboidrato, proteínas e vitamina, os fatores 
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anti‑infecciosos e bioativos encontrados no leite materno não são encontrados nas fórmulas infantis. 
Diante da impossibilidade do aleitamento materno, é recomendado que crianças menores de seis meses 
de vida sejam alimentadas com fórmulas infantis para lactentes, e as de seis a doze meses, com fórmulas 
de seguimento para lactentes (BRASIL, 2015b).
5.2 Alimentação da criança do 6º mês até o 1º ano de vida
De acordo com os princípios de uma alimentação saudável, todos os grupos de alimentos 
devem compor a dieta diária. A alimentação saudável deve fornecer água, carboidratos, 
proteínas, lipídios, vitaminas, fibras e minerais, os quais são insubstituíveis e indispensáveis 
ao bom funcionamento do organismo. A diversidade dietética que fundamenta o conceito de 
alimentação saudável pressupõe que nenhum alimento específico, ou grupo deles isoladamente, 
é suficiente para fornecer todos os nutrientes necessários a uma boa nutrição e consequente 
manutenção da saúde (BRASIL, 2014).
No segundo ano de vida, o leite materno continua sendo importante fonte 
de nutrientes. Estima‑se que dois copos (500 ml) de leite materno no 
segundo ano de vida fornecem 95% das necessidades de vitamina C, 45% 
das de vitamina A, 38% das de proteína e 31% do total de energia. Além 
disso, o leite materno continua protegendo contra doenças infecciosas. 
(OMS, 2005 apud BRASIL, 2015b, p. 15).
O aleitamento materno deve ser exclusivo até os seis meses de idade e complementado até os 
dois anos ou mais. A partir de seis meses, recomenda‑se a introdução de alimentos complementares, 
já que antes desse período o leite materno é capaz de suprir todas as necessidades nutricionais do 
bebê. Assim, a alimentação complementar deve prover suficientes quantidades de água, energia, 
proteínas, gorduras, vitaminas e minerais, por meio de alimentos seguros, culturalmente aceitos, 
economicamente acessíveis e que sejam agradáveis à criança (BRASIL, 2014; BRASIL, 2017).
A garantia do suprimento adequado de nutrientes para o crescimento e desenvolvimento da criança 
após os seis meses de vida depende da disponibilidade de nutrientes provenientes do leite materno e da 
alimentação complementar.
A definição do período adequado para iniciar a introdução dos alimentos deve levar em consideração 
a maturidade fisiológica e neuromuscular da criança e as necessidades nutricionais. Por volta dos quatro 
a seis meses de vida, a aceitação e a tolerância da alimentação pastosa melhoram sensivelmente não 
só em função do desaparecimento do reflexo de protrusão da língua, como também pela maturação 
das funções gastrointestinal e renal e também do desenvolvimento neuromuscular. Por volta dos seis 
meses de vida, o grau de tolerância gastrointestinal e a capacidade de absorção de nutrientes atingem 
um nível satisfatório, e, por sua vez, a criança vai se adaptando física e fisiologicamente para uma 
alimentação mais variada quanto à consistência e à textura (BRASIL, 2015b).
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Figura 83 – Criança e a alimentação saudável
Algumas características importantes verificadas aos seis meses de idade favorecem a introdução de 
alimentos complementares, conforme as demonstradas no quadro a seguir:
Quadro 10 – Características do lactente que 
favorecem a introdução de alimentos complementares
Características do lactente
Reflexos necessários para a deglutição desenvolvidos.
Reflexo lingual.
Manifesta excitação à visão do alimento.
Sustenta a cabeça, facilitando a alimentação oferecida por colher.
Início da erupção dos primeiros dentes, o que facilita na mastigação.
Desenvolve ainda mais o paladar e, consequentemente, começa a estabelecer preferências alimentares.
Adaptado de: Brasil (2014; 2015b; 2017).
A formação dos hábitos alimentares se processa de modo gradual, principalmente durante a primeira 
infância. É necessário que as mudanças de hábitos inadequados sejam alcançadas no tempo adequado, 
sob orientação correta. Não se deve esquecer que nesse processo também estão envolvidos valores 
culturais, sociais, afetivos/emocionais e comportamentais, que precisam ser cuidadosamente integrados 
às propostas de mudança (BRASIL, 2014).
Figura 84 – Criança no pomar, escolhendo e saboreando uma fruta
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Aleitamento materno complementado é quando a criança recebe, além 
do leite materno, qualquer alimento sólido ou semissólido com a finalidade 
de complementá‑lo, e não de substituí‑lo.
Após os seis meses, a criança amamentada deve receber três refeições ao dia (duas papas 
de fruta e uma salgada/comida de panela). Após completar sete meses de vida, respeitando‑se 
a evolução da criança, a segunda papa salgada/comida de panela pode ser introduzida (arroz, 
feijão, carne, legumes e verduras). Entre os seis e 12 meses de vida, a criança necessita se 
adaptar aos novos alimentos, cujos sabores, texturas e consistências são muito diferentes do 
leite materno. Com 12 meses a criança já deve receber, no mínimo, cinco refeições ao dia. A 
transição do cardápio e a introdução dos alimentos devem ser feitos gradativamente, como 
demonstrado no quadro a seguir:
Quadro 11 – Orientação de cardápio para a transição 
e introdução de novos alimentos aos 6 meses de idade, 
aos 7 meses de idade e dos 12 meses aos 2 anos de idade
Aos 6 meses de idade Ao completar 7 meses de idade Dos 12 meses aos 2 anos de idade
Leite materno (livre demanda) Leite materno (livre demanda) Leite materno (livre demanda)
Fruta (raspada ou amassada)
+
Refeição almoço (amassada)*
+
Fruta (raspada ou amassada)
Fruta (raspada ou amassada)
+
Refeição almoço (amassada) – 
almoço*
+
Refeição almoço (amassada) – 
jantar*
Fruta ou cereal ou tubérculo
+
Frutas aos pedaços
+
Refeição da família (almoço)*
+
Frutas aos pedaços
+
Refeição da família (jantar)*
* A refeição deve conter um alimento de cada grupo (cereais ou tubérculos + leguminosas + legumes ou verduras ou carne ou ovos).
Adaptado de: Brasil (2015b).
Aos seis meses de idade, além do leite materno (livre demanda), a fruta é o primeiro 
alimento que deve ser oferecido à criança, na forma raspada ou amassada. Deve‑se iniciar 
com um tipo de fruta, no período matutino, lembrando que a amamentação deve ser 
prioritária. Ao preparar, o cuidador deve ser orientado a oferecer a fruta higienizada e 
descascada. Inicialmente, as frutas ácidas devem ser evitadas, como o abacaxi. Sucos in 
natura podem ser oferecidos,porém a fruta amassada conserva mais as suas propriedades 
nutritivas. Deve‑se escolher um ambiente tranquilo e colocar a criança confortavelmente 
sentada, com apoio e segurança.
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Figura 85 – Oferta de fruta amassada a uma criança de 6 meses de idade, 
demonstrando a transição do aleitamento materno para o complementar
Como descrito anteriormente, a fruta deve ser raspada e não triturada, pois nesse momento 
é importante que a criança seja exposta a novas texturas e sabores. Pode ser que inicialmente a 
criança não aceite plenamente todo o alimento oferecido. O importante é que ela seja sensibilizada 
com o novo alimento.
Após o aparecimento da dentição, as frutas podem ser oferecidas em pedaços pequenos ou inteira, 
conforme a idade e o desenvolvimento da criança. O tipo de fruta a ser oferecido deve respeitar as 
características regionais, custo, estação do ano e hábito alimentar da família (BRASIL, 2015b).
A escolha de uma colher adequada (pequena) para servir os alimentos é fundamental para contribuir 
com o sucesso esperado, e deve‑se lembrar que a quantidade inicialmente não deve ser considerada. 
Nos primeiros dias da introdução dos alimentos complementares, não é preciso se preocupar com a 
quantidade de comida ingerida, o mais importante é proporcionar a introdução lenta e gradual dos 
novos alimentos para que a criança se acostume aos poucos.
Em média, são necessárias de oito a dez exposições a um novo alimento para que ele seja aceito pela 
criança (BRASIL, 2015b).
Agora vamos aprender sobre as refeições salgadas. É importante que elas sejam equilibradas em 
relação aos seus componentes nutricionais, contendo um alimento de cada grupo, tais como os cereais 
ou tubérculos, leguminosas, carnes, hortaliças (verduras e legumes) e ovos. O óleo vegetal deve ser usado 
em pequena quantidade (BRASIL, 2017).
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A energia requerida pela alimentação complementar para as crianças em aleitamento materno, em 
países em desenvolvimento, é de aproximadamente 200 kcal/dia de seis a oito meses de idade, 300 kcal/
dia de nove a 11 meses de idade e 550 kcal/dia de 12 a 23 meses (WHO, 2009). As sopas, por serem mais 
diluídas, são menos calóricas. Dessa forma, para conseguir atingir as calorias diárias recomendadas, é 
sugerido que a refeição salgada seja em forma de papa e, portanto, menos liquefeita.
Boas opções de alimentos complementares são:
• Alimentos comumente preparados e consumidos no domicílio, 
como feijão, arroz, carnes, batata, legumes, dentre outros que são 
importantes fontes de energia, proteína e micronutrientes, como 
ferro, zinco, cálcio, vitamina A e C e folato.
• Pouco temperados ou salgados.
• De fácil consumo para a criança.
• Disponível e acessível localmente (BRASIL, 2015b, p. 111).
O gosto por alimentos salgados é um aprendizado que se adquire e é recomendável que 
o enfermeiro sugira a quem os prepara que administre quantidade mínima de sal, observando a 
aceitação da criança.
A quantidade inicialmente oferecida tende a ser memorizada e induz a criança a aceitar, no mínimo, as 
mesmas quantidades em suas próximas refeições. Ao contrário do que tem sido construída socialmente, 
por meio de informação equivocada veiculada principalmente pela mídia, a alimentação saudável não é 
cara, pois se baseia em alimentos in natura e produzidos regionalmente.
A transição da consistência do alimento oferecido à criança, da papa para pequenos pedaços macios, 
ocorre a partir dos seis meses até o primeiro ano de vida. O ideal é que com um ano de idade a criança 
esteja familiarizada com os alimentos, e as principais refeições devem ser as mesma que as família 
consome, desde que de acordo com os padrões nutricionais recomendados.
 Lembrete
Além de suprir as necessidades nutricionais, a partir dos seis meses a 
introdução da alimentação complementar aproxima progressivamente a 
criança aos hábitos alimentares de quem cuida dela e exige todo um esforço 
adaptativo a uma nova fase do ciclo de vida, na qual lhe são apresentados 
novos sabores, cores, aromas, texturas e sabores.
As situações mais comuns relacionadas à alimentação complementar oferecida de forma inadequada 
são: anemia, deficiência de vitamina A e outras deficiências de micronutrientes, excesso de peso e 
desnutrição (BRASIL, 2014).
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Oriente o cuidador para iniciar a alimentação complementar aos poucos e aumentar gradativamente, 
até atingir cerca de 4 a 6 colheres de sopa. Começar sempre com um só tipo de fruta, cereal ou legumes e 
a cada 2 a 3 dias ir substituindo por outro para a criança conhecer novos sabores e texturas nos alimentos.
Caso a criança recuse determinado alimento, oferecê‑lo novamente em outras refeições. 
Lembrar que é necessário oferecer várias vezes um determinado alimento para que ele seja 
aceito pela criança. Quando oferecer mais de uma fruta ou legume por refeição, eles podem ser 
amassados e colocados no prato em porções separadas, possibilitando que o paladar seja mais 
bem percebido pela criança.
O enfermeiro deverá oferecer adequada orientação para as mães durante esse período, não somente 
sobre a transição gradual dos alimentos complementares, mas também sobre a prática de higiene como 
meio de prevenção e redução da ocorrência das doenças diarreicas e suas consequentes repercussões 
negativas para o estado nutricional das crianças (BRASIL, 2017).
O período de introdução da alimentação complementar é de elevado risco para a criança, tanto pela 
oferta de alimentos inadequados, quanto pelo risco de sua contaminação devido à manipulação ou 
preparo inadequados, favorecendo a ocorrência de doença diarreica e desnutrição.
 Observação
O enfermeiro deve orientar o cuidador sobre a importância de cozinhar 
bem as carnes, pois temperaturas superiores a 70 °C destroem os micróbios. 
Para ter certeza do completo cozimento, deve ser observada a mudança na 
cor e textura da parte interna do alimento (BRASIL, 2015b).
A água usada no preparo deve ser de boa qualidade, e quando se desconhece a procedência da 
água, é recomendado tratá‑la, adicionando um agente desinfetante, com o objetivo de eliminar os 
microrganismos e tornar a água própria para consumo, ou seja, potável (BRASIL, 2017).
Os pais podem ainda contribuir positivamente para a aceitação alimentar por meio da estimulação 
dos sentidos. Isso pode ser feito por meio de palavras elogiosas e incentivadoras, com o toque carinhoso 
e permitindo ambiente acolhedor, com pouco ruído, boa luminosidade e conforto à criança. Muitos pais, 
talvez por falta de informação, não entendem esse comportamento como normal e interpretam a rejeição 
inicial pelo alimento como uma aversão permanente, desistindo de oferecê‑lo à criança. Além disso, como 
consequência do seu desenvolvimento, a criança não se satisfaz mais em apenas olhar e receber passivamente 
a alimentação. É comum querer colocar as mãos na comida. É importante que se dê liberdade para que ela 
explore o ambiente e tudo que a cerca, inclusive os alimentos, permitindo que tome iniciativas. Isso aumenta 
o interesse da criança pela comida (BRASIL, 2015b).
Crianças a partir do 6º mês de vida, além da oferta da alimentação complementar, precisam ser 
suplementadas com ferro para a prevenção da anemia.
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Figura 86 – Atividades lúdicas com a criança no 
preparo do alimento: estímulo à alimentação saudável
6 DOENÇAS NA INFÂNCIA DECORRENTES DE PRIVAÇÃO NUTRICIONAL
A nutrição adequada nos primeiros anos de vida é fundamental para o crescimento e o desenvolvimentosaudáveis. Inadequações no consumo de nutrientes podem comprometer o estado nutricional e 
levar ao desenvolvimento de carências ou excessos nutricionais. As doenças carenciais aumentam a 
suscetibilidade das crianças a diarreias e infecções, além de poder comprometer a maturação do sistema 
nervoso, visual, mental e intelectual (CARVALHO et al., 2015).
6.1 Desnutrição na infância
A desnutrição é um problema de saúde pública que, durante muitos anos, tem afetado a população, 
sobretudo em países em desenvolvimento, incluindo o Brasil. Esse mal faz milhares de vítimas de todas 
as idades, mas atinge principalmente as crianças, que, quando vítimas da desnutrição, podem sofrer 
consequências danosas em seu desenvolvimento, especialmente o motor (FRAGA; VARELA, 2012).
É considerada como uma doença de natureza clínico‑social multifatorial, cujas raízes se encontram 
na pobreza. A desnutrição grave acomete todos os órgãos da criança, tornando‑se crônica e levando 
a óbito, caso não seja tratada adequadamente. Pode começar precocemente na vida intrauterina 
(baixo peso ao nascer) e frequentemente cedo na infância, em decorrência da interrupção precoce 
do aleitamento materno exclusivo e da alimentação complementar inadequada nos primeiros 2 anos 
de vida, associada, muitas vezes, à privação alimentar ao longo da vida e à ocorrência de repetidos 
episódios de doenças infecciosas (diarreias e doenças respiratórias). Isso gera a desnutrição primária 
(BRASIL, 2005a; BRASIL, 2017).
A desnutrição está associada a várias outras doenças e ainda hoje é considerada uma das doenças 
que mais mata crianças abaixo de cinco anos. No mundo todo, e também no Brasil, o tipo prevalente 
de desnutrição corresponde à baixa estatura, que vem ganhando relevo como indicador não só de 
desnutrição, mas também de pobreza, pois hoje se sabe que o fator ambiental é significativo, assim 
como o fator genético, na determinação da estatura final do indivíduo (SAWAYA, 2006).
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Há evidências de que o organismo de uma criança desnutrida promove uma diminuição da 
atividade perceptível quando comparada às atividades de crianças que se alimentam de maneira 
adequada. Isso ocorre porque o organismo lança mão de mecanismos de adaptação, com a finalidade 
de promover um balanço energético (UNICEF, 2005).
É bem conhecido também o ciclo vicioso do consumo inadequado de alimentos/aumento de doenças: 
perda de peso, crescimento deficiente, baixa imunidade, danos na mucosa gastrointestinal, perda de 
apetite, má absorção do alimento, alterações importantes no metabolismo (SAWAYA, 2006).
Recentemente, dados epidemiológicos têm mostrado uma diminuição em torno de 50% nos índices 
de prevalência da desnutrição infantil no Brasil, sendo que dois terços desse declínio se efetuaram por 
intermédio de melhorias na escolaridade materna, ampliação do poder aquisitivo familiar da parcela 
carente, em especial, além dos avanços no que diz respeito ao acesso à assistência à saúde e às condições 
do saneamento básico (SOARES et al., 2013).
Como já comentado, a classificação da desnutrição se faz conforme sua origem ou gravidade. 
Quanto à origem, a desnutrição pode ser primária, caso a oferta e/ou disponibilidade de alimentos 
são insuficientes, e secundária, quando os alimentos são fornecidos de maneira satisfatória, mas com 
aproveitamento inadequado e/ou elevação do gasto energético associado a alguma doença de base, 
como nos casos de vômitos na estenose hipertrófica do piloro, síndrome de má absorção, cardiopatia 
congênita, fibrose cística, síndrome do intestino curto, entre outras (LEÃO et al., 2005).
A prevenção e o controle da desnutrição dependem de medidas mais amplas e eficientes de combate 
à pobreza e à fome, e de políticas de inclusão social. No entanto, é responsabilidade dos profissionais 
de saúde o atendimento à criança com desnutrição, de acordo com o atual conhecimento científico 
disponível e a atuação efetiva, tanto para salvar as vidas dessas crianças, como para promover a sua 
recuperação e evitar recaídas (BRASIL, 2005a).
Figura 87 – Prato com alimentos brasileiros diversificados, 
exemplificando a alimentação saudável
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O sucesso no cuidado da criança com desnutrição grave requer que ambos os problemas, clínico e 
social, sejam identificados, prevenidos e resolvidos da melhor forma possível. Se a doença é abordada 
apenas do ponto de vista clínico, é provável que a criança tenha uma recaída quando voltar para casa 
e que outras crianças da família estejam, entrem ou permaneçam em risco de desnutrição. Do mesmo 
modo, se o problema é abordado apenas como social, muitas vidas serão perdidas, uma vez que a 
desnutrição requer agilidade e presteza no seu enfrentamento.
A criança com desnutrição grave tem sua fisiologia muito alterada em relação à criança eutrófica, 
necessitando de cuidados hospitalares especializados, principalmente na fase mais grave da doença, 
quando frequentemente estão presentes as infecções e distúrbios hidroeletrolíticos associados, que 
podem levar a criança à morte (UNICEF, 2005).
A desnutrição pode ser classificada como:
• Específica: quando falta um nutriente específico. Exemplos: anemia ferropriva, escorbuto, raquitismo.
• Global: quando é caracterizada por um déficit proteico e um déficit calórico (energético). Exemplo: 
desnutrição proteico‑calórica (marasmo, Kwashiorkor).
A desnutrição calórico‑proteico decorre da interação de três fatores: alimentar (deficiência de 
nutrientes e energia), infeccioso (diarreia e infecções respiratórias) e muitas vezes psíquico (falta de 
estimulação e vínculo mãe‑filho).
A criança com desnutrição pode apresentar deficiência de enzimas digestivas, particularmente 
lactase, diminuição de sais biliares e de sua conjugação, ineficiente absorção de lipídeos, de 
hidratos de carbono e, em menor intensidade, das proteínas. Ou seja, a criança, além de não 
absorver os nutrientes necessários, o estado de desnutrição favorece a mínima absorção dos 
nutrientes ingeridos. E pensando que crianças menores, como neonatos e lactentes já possuem 
alguns sistemas imaturos, como o fígado, essas complicações serão ainda mais sentidas, sendo 
muitas vezes incompatíveis com a vida.
Outros comprometimentos são verificados na criança desnutrida, como o sistema imunológico, 
que fica propenso às infecções, e a desregulação do metabolismo de água e eletrólitos. Observam‑se 
também a atrofia da mucosa gástrica, diminuição das secreções gástricas e pancreáticas, 
alterações da função cerebral e de aprendizagem, privação de estímulos, perda de massa muscular 
com dificuldades recomposição normal, redução da secreção de insulina, bradicardia, hipotensão 
e deficiências associadas, como depleção de ferro, ácidos graxos essenciais e da vitamina E 
(BRASIL, 2017).
O marasmo, o Kwashiorkor e o nanismo nutricional são tidos como as formas clínicas mais severas 
da desnutrição. Existe a forma mista, ou Kwashiorkor‑marasmático, na qual as duas formas isoladas se 
sobrepõem (SOARES et al., 2013).
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6.1.1 Kwashiorkor
É uma doença ocasionada pela desnutrição, em que a ingestão calórica é adequada, mas insuficiente 
de proteínas. Geralmente são crianças alimentadas à base de carboidratos (mandioca e milho), muitas 
vezes única e restrita fonte de alimento.
A palavra kwashiorkor, na língua de Gana, significa “doença do primogênito, quando nasce o segundo 
filho”. Dessa forma, pensando que, ao nascer o segundo filho, ocorre o desmame do primeiro, e a falta 
de alimentos, pobreza e condições de vida, faz com que essas crianças não se alimentem efetivamente, 
levandoà desnutrição calórico‑proteica (BRASIL, 2002).
Afeta crianças acima de 2 anos (principalmente 2 e 3), quando se verifica carência mais proteica 
do que energética, em que o tecido celular subcutâneo é preservado. A falta de ingestão proteica 
leva à hipoalbuminemia, que leva ao edema, importante sinal desse tipo de desnutrição. Apresenta 
hepatomegalia, devido a esteatose hepática e diarreia (BRASIL, 2005a).
A criança com Kwashiorkor, além do atraso do desenvolvimento neuropsicomotor, é apática, nunca 
sorri e é chorosa, adota uma posição encolhida, apresenta lesões de pele, que se encontra ressecada, 
fria, sem brilho, com descamações e fissuras. Os cabelos são finos, secos e quebradiços, avermelhados. 
As unhas são finas, quebradiças e sem brilho.
Demonstra, devido à baixa oferta de nutrientes, emagrecimento relevante na região torácica e dos 
segmentos proximais, além de apresentar edema nos segmentos distais. Possuem retração das gengivas 
e lábios rachados.
6.1.2 Marasmo
O marasmo é uma desnutrição proteico‑calórica do tipo seco, decorrente de déficit calórico‑proteico. 
Isso ocorre quando a mãe não pode amamentar, resultando em uma criança extremamente magra, 
decorrente da perda de gordura corporal e principalmente de tecido muscular, fazendo com que o peso 
e a altura dessa criança sejam baixos em relação a sua idade. Observa‑se uma criança muito emagrecida 
e desidratada (BRASIL, 2005a; BRASIL, 2017).
Acomete geralmente crianças menores de 1 ano (lactentes), que apresentam características 
como fácies senil, perda do tecido celular subcutâneo e muscular, cabelos escassos e finos, ausência 
de lesões de pele, ausência de esteatose hepática, albumina sérica, geralmente dentro dos valores 
normais de referência. Abdome proeminente devido à magreza e a pele na região glútea, frouxa e 
solta (CARVALHO et al., 2015).
No quadro a seguir, encontra‑se um resumo das principais características encontradas na desnutrição 
dos tipos: marasmo e Kwashiorkor:
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Quadro 12 – Principais características encontradas na 
criança com desnutrição dos tipos Marasmo e Kwashiorkor
Marasmo Kwashiorkor
Magreza extrema e atrofia muscular.
Perda intensa de tecido subcutâneo.
Abdome proeminente devido à magreza.
Aspecto simiesco.
Pele frouxa, sobretudo nas nádegas.
Peso para idade sempre inferior ao percentil 3.
Irritabilidade.
Apetite preservado na maioria dos casos.
Edema geralmente generalizado.
Perda moderada de tecido subcutâneo.
Hepatomegalia.
Cabelo fraco, seco e descolorido.
Alterações cutâneas são frequentes.
Peso para idade muito abaixo do percentil 3.
Apatia.
Anorexia.
Adaptado de: Brasil (2002).
 Saiba mais
Conheça um pouco mais sobre a desnutrição na infância e suas 
consequências, lendo os artigos indicados a seguir:
CARVALHO, C. A. et al. Consumo alimentar e adequação nutricional em 
crianças brasileiras: revisão sistemática. Rev. Paul. Pediatr., São Paulo, v. 33, 
n. 2, p. 211‑221, 2015. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rpp/v33n2/
pt_0103‑0582‑rpp‑33‑02‑00211.pdf>. Acesso em: 27 jun. 2018.
SAWAYA, A. L. Desnutrição: consequências em longo prazo e efeitos 
da recuperação nutricional. Estud. av., São Paulo, v. 20, n. 58, p. 146‑158, 
set./dez. 2006. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ea/v20n58/14.pdf>. 
Acesso em: 27 jun. 2018.
A desnutrição infantil pode ser investigada pelas medidas antropométricas, exames laboratoriais, 
manifestações clínicas e alimentares. Os indicadores antropométricos são mais utilizados, sendo muito 
comum a denominação de desnutrido quando a criança tem baixo peso para a idade ou para a estrutura.
Como já mencionado anteriormente, o enfermeiro, durante o exame físico, deve, dentre tantas outras 
avaliações, verificar a curva de crescimento da criança e identificar o estado nutricional em que se encontra.
As medidas adotadas em relação à desnutrição, ou o risco para desnutrir (em casos de pesos abaixo da 
curva de referência), devem ser pontuais, considerando a conduta que deverá ser tomada no atendimento 
quanto ao monitoramento/ acompanhamento e, nos casos mais graves, o encaminhamento da criança 
para a atenção terciária. A conduta do enfermeiro perante a avaliação do estado nutricional da criança 
deverá ser considerada mediante as diretrizes demonstradas no quadro a seguir:
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Quadro 13 – Diretrizes da avaliação do estado nutricional 
da criança referente a avaliação, classificação e tratamento
Avaliar Classificar Tratar
Emagrecimento 
acentuado visível ou 
edema em ambos os 
pés
Desnutrição 
grave
Prevenir, controlar e, se necessário, tratar a hipoglicemia.
Prevenir a hipotermia.
Oferecer vitamina A (caso não tenha recebido nos últimos 30 dias).
Referir URGENTEMENTE ao hospital.
Peso para idade < –3 
escores Z Peso muito baixo
Avaliar a alimentação da criança e as possíveis causas.
Aconselhar a mãe/pessoa significativa a tratar a criança com dietas especiais (de 
acordo com a idade e com a clínica da criança).
Oferecer vitamina A (caso não tenha recebido nos últimos 30 dias).
Uso profilático de ferro (em menores de 24 meses).
Retorno para avaliação de ganho de peso e melhora clínica em 5 dias.
Orientar sobre sinais de piora e de retorno imediato para avaliação e nova conduta.
Peso para idade < –2 
e > ou = –3 escores Z 
ou tendência da curva 
peso/idade horizontal 
ou descendente
Peso muito baixo 
ou ganho de 
peso insuficiente
Avaliar a alimentação da criança e as possíveis causas.
Orientar sobre a alimentação adequada.
Uso profilático de ferro (em menores de 24 meses).
Retorno para avaliação de ganho de peso em duas semanas.
Orientar sobre sinais de piora e de retorno imediato para avaliação e nova conduta.
Peso para idade > +2 Peso elevado
Avaliar a alimentação da criança e as possíveis causas.
Orientar sobre a alimentação adequada.
Verificar, estimular e orientar a prática de atividades físicas (adequadas à idade).
Uso profilático de ferro (em menores de 24 meses).
Retorno para avaliação em duas semanas.
Orientar sobre os sinais de retorno, realizando o diagnóstico do estado nutricional.
Peso para idade < +2 e 
> –2 escore Z Peso adequado
Elogiar a mãe/pessoa significativa pelo crescimento da criança.
Reforçar as orientações sobre a alimentação saudável, adequada à idade.
Uso profilático de ferro (em menores de 24 meses).
Adaptado de: Brasil (2017, p. 19).
O atendimento à criança desnutrida deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar. Uma 
alimentação correta deve ser estabelecida e a família, orientada na forma de introduzi‑la. É essencial que 
a alimentação esteja de acordo com as peculiaridades da fisiopatologia da desnutrição, principalmente 
nos casos graves e que atenda adequadamente às necessidades nutricionais, primeiro para a estabilização 
metabólica da criança e, em seguida, para a sua reabilitação.
O cálculo do ganho médio de peso semanal permite avaliar se as medidas adotadas para corrigir a 
desnutrição estão sendo eficientes e, consequentemente, refletidas no ganho de peso esperado. Esse cálculo 
deve ser feito quando a criança já se encontra hidratada e sem edema e a partir do dia em que começa a 
receber o preparado alimentar. Se a criança estava inicialmente com edema ou desidratada, considerar o 
peso inicial como aquele em que a criança edematosa deixa de perder peso e a desidratada já está hidratada. 
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Marque no gráfico de crescimento da criança o dia em que isso acontece para que se saiba, com precisão, 
qual era o seu grau de desnutrição, segundo o indicador de peso por altura (BRASIL, 2005a; BRASIL, 2017).
Quadro 14 – Classificação de ganho de peso esperado, de acordo 
com valoresde referência (g/kg/dia) e a conduta recomendada
Classificação do 
ganho de peso Valor de referência Conduta
Insuficiente < 5 g/kg de peso/dia A criança necessita de reavaliação completa.
Moderado 5‑10 g/kg de peso/dia Verifique se a meta de ingestão calculada está seno atingida ou se existe infecção
Bom > 10 g/kg de peso/dia A criança está evoluindo bem, continue com os mesmos procedimentos
Fonte: Brasil (2005a, p. 69).
Exemplo de aplicação
Uma criança com desnutrição hidratada e sem edema pesou, no primeiro dia após a introdução 
do preparado alimentar inicial, 8.500 g. No 7º dia, seu peso foi de 8.850 g. Calcule seu ganho médio 
semanal de peso/dia no período:
Calcule primeiro o ganho médio de peso/dia (GMP), no período de 7 dias:
Peso em gramas no 7º dia (P2) menos o peso no 1º dia, ou quando a criança já está hidratada e sem 
edema (P1), dividido pelo período (no caso, 7 dias).
GMP/dia = P2 – P1/7 dias = 8.850 – 8.500/7= 350/7 = 50 g por dia
Calcule em seguida o ganho médio de peso (GMP)/kg de peso da criança/dia neste período:
GMP/Kg de peso/dia dividido pelo peso médio da criança = GMP/dia, seguindo a orientação abaixo:
a) calcule o peso médio da criança (em kg):
8,5 (1º peso) + 8,85 (2º peso)/2 = 8,675 kg (peso médio da criança)
b) calcule o GMP no período = 50 (g/dia) / 8,675 kg = 5,76g/kg de peso/dia
Nesse exemplo, o ganho médio de peso/kg de peso/dia é considerado moderado, quando o desejado 
é acima de 10 g/dia (BRASIL, 2005a).
A criança deverá ser avaliada semanalmente até que esteja fora do risco de desnutrição.
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6.1.3 Deficiência de vitamina A
A vitamina A é um importante nutriente, destacando‑se por sua função na integridade cutânea, 
proteção de estruturas e funções oculares, sistema imunológico e redução da morbimortalidade por 
doenças infecciosas, como diarreia, sarampo e malária. Segundo Silva et al. (2015, 363):
Entre os fatores que acarretam tal deficiência, tem‑se: ingestão insuficiente 
de alimentos‑fonte desse micronutriente, como produtos de origem animal, 
frutas e hortaliças; fatores sociodemográficos, maternos; e, ainda, a sinergia 
entre a carência dessa vitamina com processos inflamatórios.
Algumas crianças com deficiência de vitamina A podem apresentar manifestações clínicas oculares, 
como cegueira noturna, xerose conjuntival, xerose corneana ou ulceração de córnea ou ainda o 
amolecimento da córnea (queratomalácia) e têm alto risco de cegueira permanente (BRASIL, 2002).
 Observação
A deficiência da vitamina A é avaliada no sangue, por meio de exames 
laboratoriais, no qual se verificam os níveis de retinol sérico, a saber: 
deficiente (< 0,35 μmol/L); baixo (≥ 0,35 μmol/L e < 0,70 μmol/L); aceitável 
(≥ 0,70 μmol/L e < 1,05 μmol/L); adequado (1,05 μmol/L).
O enfermeiro, mediante suspeita, deve solicitar o exame laboratorial, comprobatório e encaminhar 
a criança para avaliação médica.
O tratamento é a administração da vitamina A, preferencialmente pela via oral usando a preparação 
de base oleosa. No caso de não poder usar a via oral, porque a criança está com vômito, inconsciente 
ou em anorexia intensa, pode ser administrada por via intramuscular em solução aquosa em dosagens 
específicas para a idade (BRASIL, 2017).
 Saiba mais
Conheça mais sobre a hipovitaminose A na infância lendo o artigo 
a seguir:
PAULA, W. K. A. S. et al. Anemia e deficiência de vitamina A em crianças 
menores de cinco anos assistidas pela Estratégia de Saúde da Família no 
Estado de Pernambuco, Brasil. Cien Saúde Colet., Rio de Janeiro, v. 19, n. 4, 
p. 1209‑1222, abr. 2014. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csc/
v19n4/1413‑8123‑csc‑19‑04‑01209.pdf>. Acesso em: 27 jun. 2018.
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6.2 Anemia ferropriva
Uma implicação clínica associada à desnutrição são as anemias, uma vez que com a ingestão 
insuficiente de macro e micromoléculas, podem ocorrer distúrbios metabólicos a médio ou longo prazo.
A anemia é definida como processo patológico no qual a concentração de hemoglobina (Hb), contida 
nos glóbulos vermelhos, encontra‑se anormalmente baixa, respeitando‑se as variações segundo idade, 
sexo e altitude em relação ao nível do mar, em consequência de várias situações, como infecções crônicas, 
problemas hereditários sanguíneos ou carência de um ou mais nutrientes essenciais necessários na 
formação da hemoglobina, como ácido fólico, vitaminas B12, B6 e C e proteínas. Entretanto, não resta 
dúvida de que a deficiência de ferro é a responsável pela maior parte das anemias encontradas, sendo 
denominada de anemia ferropriva (BRASIL, 2017).
A anemia por deficiência de ferro, em termos de magnitude, é atualmente um dos principais 
problemas de saúde pública do mundo. A prevalência de anemia em crianças tem sido muito explorada 
nos últimos 20 anos no Brasil, e esses estudos mostram que ela pode ser muito elevada dependendo 
da localização geográfica e condição socioeconômica da população avaliada. A prevalência de anemia 
entre menores de cinco anos é de 20,9%, sendo que na Região Nordeste esse percentual alcança 25,5% 
(BRASIL, 2012a).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a prevalência da deficiência de ferro é, em 
média, 2,5 vezes maior do que a prevalência de anemia observada, e também estima que 50% dos casos 
de anemia acontecem em função da deficiência de ferro (WHO, 2009).
O ferro apresenta como funções o transporte de oxigênio e elétrons para as células, além de integrar os 
sistemas enzimáticos de diversos tecidos. Sua deficiência pode comprometer o desenvolvimento mental, 
cognitivo e físico, além de diminuir a resistência às infecções, com repercussão no aumento da frequência 
de morbidades. Baixa escolaridade materna, número elevado de pessoas residentes no mesmo domicílio, 
reduzida duração do aleitamento materno exclusivo e baixo peso ao nascer são alguns dos principais 
fatores de risco para anemia (NETTO, 2011).
Cerca de 50% dos casos da anemia ferropriva acontecem em função da deficiência de ferro determinada 
pela dieta insuficiente em ferro. As outras causas são relacionadas às deficiências de folato, vitamina B12 
ou vitamina A, inflamação crônica, infecções parasitárias e doenças hereditárias (WHO, 2012).
As principais consequências da deficiência de ferro são:
• Comprometimento do sistema imune, com aumento da predisposição 
a infecções.
• Aumento do risco de doenças e mortalidade perinatal para mães e 
recém‑nascidos.
• Aumento da mortalidade materna e infantil.
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• Redução da função cognitiva, do crescimento e desenvolvimento 
neuropsicomotor de crianças com repercussões em outros ciclos vitais.
• Diminuição da capacidade de aprendizagem em crianças escolares 
(BRASIL, 2013d, p. 9).
O ferro é um micronutriente essencial para a vida e atua principalmente na síntese de células vermelhas 
do sangue (hemácias) e no transporte do oxigênio no organismo. Há dois tipos de ferro nos alimentos: 
ferro heme (origem animal, sendo mais bem absorvido) e ferro não heme (encontrado nos vegetais).
 Observação
São alimentos fontes de ferro heme: carnes vermelhas, principalmente 
vísceras (fígado e miúdos), carnes de aves, suínos, peixes e mariscos.
São alimentos fontes de ferro não heme: hortaliças folhosas 
verde‑escuras e leguminosas, como o feijão e a lentilha.
O ferro não heme possui baixa biodisponibilidade, então, o enfermeiro, com base nessa informação, 
deve orientar a mãe/cuidador que é importante que a criança faça a ingestão, na mesma refeição, de 
alimentos que melhoram a absorção desse tipo de ferro, por exemplo, os ricos em vitamina C, disponível 
em frutas cítricas (como: laranja, acerola,limão e caju), os ricos em vitamina A, disponível em frutas 
(como: mamão e manga) e as hortaliças (como: abóbora e cenoura) (BRASIL, 2013d).
As ações de educação alimentar e nutricional para a promoção da alimentação adequada e saudável 
preveem o estímulo ao consumo de alimentos que contenham ferro de alta biodisponibilidade na fase 
de introdução da alimentação complementar e em fases de maior vulnerabilidade para essa deficiência.
A utilização de suplementação medicamentosa com sais de ferro para prevenir e tratar a anemia é um recurso 
tradicional e amplamente utilizado, sendo a forma oral de administração a preferencial. Ela deve ser usada como 
ação curativa em indivíduos deficientes ou, profilaticamente, em grupos com risco de desenvolver anemia.
 Observação
A fortificação de alimentos refere‑se à fortificação de farinhas de 
trigo e milho com ferro e ácido fólico – Resolução RDC nº 344, de 13 
de dezembro de 2002, da Anvisa.
As reservas de ferro nos neonatos até os seis meses de idade, recebendo a amamentação exclusiva, 
são suficientes. A partir dos seis meses de idade, o Ministério da Saúde recomenda que, para a prevenção 
da anemia ferropriva, as crianças recebam 1 mg de ferro elementar/kg, diariamente, até completar 24 
meses (BRASIL, 2013d).
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As parasitoses intestinais não são causas diretas da anemia, mas podem piorar as condições de 
saúde das crianças anêmicas. Por isso, para o melhor controle da anemia, faz‑se necessário que, além 
da suplementação de ferro, sejam implementadas ações para o controle de doenças parasitárias, como 
a ancilostomíase e a esquistossomos.
A suplementação profilática com ferro pode ocasionar o surgimento de efeitos colaterais em função 
do uso prolongado. Os principais efeitos são: vômitos, diarreia e constipação intestinal.
 Observação
As dosagens normais de ferro no exame de sangue dos recém‑nascidos 
é de 90 a 240 mcg/dL; lactentes, de 35 a 90 mcg/dL.
Os sinais e sintomas da carência de ferro são inespecíficos, necessitando‑se de exames laboratoriais 
(sangue) para que seja confirmado o diagnóstico de anemia ferropriva. Os principais sinais e sintomas são: 
fadiga generalizada, anorexia, palidez de pele e mucosas, dificuldade de aprendizagem, apatia (BRASIL, 2012a).
 Saiba mais
Para saber mais sobre a anemia ferropriva e a hipovitaminose A na 
infância, leia:
SILVA, A. M. et al. Prevalência e fatores associados à anemia ferropriva e 
hipovitaminose A em crianças menores de um ano. Cad. Saúde Colet., Rio de 
Janeiro, v. 23, n. 4, p. 362‑367, out./dez. 2015. Disponível em: <http://www.scielo.
br/pdf/cadsc/v23n4/1414‑462X‑cadsc‑23‑4‑362.pdf>. Acesso em: 27 jun. 2018.
Quadro 15 – Recomendações do Ministério da Saúde de como avaliar, 
classificar e tratar a anemia ferropriva em crianças
Avaliar Classificar Tratar
Palidez palmar grave ou Hb < 5 g/dl Anemia grave Referir URGENTEMENTE ao hospital.
Palidez palmar leve ou Hb de 5 g/dl 
a 10,9 g/dl Anemia
Realizar tratamento com ferro.
Realizar teste de malária em área de risco.
Tratar com anti‑helmíntico se a criança tiver um ano 
de idade ou mais e não tiver tomado nenhuma dose 
nos últimos 6 meses.
Avaliar a alimentação da criança e orientar a mãe/
pessoa significativa sobre alimentos ricos em ferro.
Marcar retorno após 14 dias.
Adaptado de: Brasil (2017, p.19).
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 Resumo
Uma alimentação adequada, iniciada pela oferta do leite materno nos 
primeiros meses de vida, permite ainda um grandioso impacto na promoção 
da saúde integral da dupla mãe/bebê e regozijo de toda a sociedade.
O aleitamento materno é a mais sábia estratégia natural de vínculo, 
afeto, proteção e nutrição para a criança e constitui a mais sensível, 
econômica e eficaz intervenção para redução da morbimortalidade infantil.
A amamentação é um processo que envolve interação profunda 
entre mãe e filho, com repercussões no estado nutricional da criança, em 
sua habilidade de se defender de infecções, em sua fisiologia e no seu 
desenvolvimento cognitivo e emocional, além de ter implicações na saúde 
física e psíquica da mãe.
Cabe ao profissional de saúde identificar e compreender o processo 
do aleitamento materno no contexto sociocultural e familiar e, a partir 
dessa compreensão, cuidar tanto da dupla mãe/bebê como de sua família. 
O enfermeiro é o profissional adequado para realizar essas orientações e 
incentivar o aleitamento materno, pois está à frente no atendimento à mulher 
seja durante todo o pré‑natal, na maternidade e depois durante a puericultura, 
no acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da criança.
O aleitamento materno costuma ser classificado em aleitamento 
materno exclusivo, aleitamento materno predominante, aleitamento 
materno complementado e aleitamento materno misto ou parcial.
Não há vantagens em iniciar os alimentos complementares antes dos 
seis meses, podendo, inclusive, haver prejuízos à saúde da criança.
O leite materno contém todos os nutrientes essenciais para o crescimento 
e o desenvolvimento ótimos da criança pequena, além de ser mais bem 
digerido, pois quando comparado com leites de outras espécies ele possui 
numerosos fatores imunológicos que protegem a criança contra infecções.
Apesar de a sucção do recém‑nascido ser um ato reflexo, ele precisa 
aprender a retirar o leite do peito de forma eficiente, realizando a pega 
da mama adequadamente. O enfermeiro deve reconhecer quando o 
posicionamento e a pega são adequados e eficientes para poder orientar 
a mãe que tenha a dificuldade em reconhecê‑los. Dessa forma estará 
prevenindo o desmame precoce.
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Crianças com malformações orais devem ser amamentadas sempre que 
possível, porque o aleitamento materno diminui as infecções do ouvido 
médio e reduz a inflamação da mucosa nasal causada por refluxo do leite, 
comum nessas crianças.
As principais dificuldades na amamentação relatadas pelas mães de 
bebês com malformações orofaciais são: sucção fraca, dificuldade de pega, 
refluxo de leite pelas narinas, engasgos do bebê, ganho de peso insuficiente, 
pouco leite, ingurgitamento mamário e trauma mamilar.
A desnutrição é um problema de saúde pública que, durante muitos 
anos, tem afetado a população, sobretudo em países em desenvolvimento, 
incluindo o Brasil. É considerada como uma doença de natureza clínico‑social 
multifatorial cujas raízes se encontram na pobreza. A desnutrição grave 
acomete todos os órgãos da criança, tornando‑se crônica e levando a óbito, 
caso não seja tratada adequadamente.
Quanto à origem, a desnutrição pode ser primária, caso a oferta e/
ou disponibilidade de alimentos seja insuficiente, e secundária quando os 
alimentos são fornecidos de maneira satisfatória, mas com aproveitamento 
inadequado e/ou elevação do gasto energético associado a alguma doença 
de base, como nos casos de vômitos na estenose hipertrófica do piloro, 
síndrome de má absorção, cardiopatia congênita, fibrose cística, síndrome 
do intestino curto, entre outras.
A prevenção e o controle da desnutrição dependem de medidas mais 
amplas e eficientes de combate à pobreza e à fome, e de políticas de inclusão 
social, porém, quando instalada, cabe ao profissional da saúde tratá‑la.
A desnutrição pode ser classificada como específica quando falta 
um nutriente específico e global, quando é caracterizada por um déficit 
proteico e um déficit calórico (energético).
A criança com desnutrição apresenta deficiência de enzimas digestivas, 
particularmente lactase, diminuição de sais biliares e de sua conjugação, 
ineficiente absorção de lipídeos, de hidratos de carbono e, em menor 
intensidade, das proteínas.
O marasmo, o kwashiorkor e o nanismo nutricional sãotidos como as 
formas clínicas mais severas da desnutrição.
A criança com kwashiorkor, além do atraso do desenvolvimento 
neuropsicomotor, é apática, nunca sorri e é chorosa, adota uma posição 
encolhida, apresenta lesões de pele, que se encontra ressecada, fria, sem 
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brilho, com descamações e fissuras. Os cabelos são finos, secos e quebradiços, 
avermelhados. As unhas são finas, quebradiças e sem brilho. Demonstram 
emagrecimento relevante na região torácica e dos segmentos proximais, 
além de apresentar edema nos segmentos distais. Possui retração das 
gengivas e lábios rachados.
O marasmo é uma desnutrição proteico‑calórica do tipo seca, 
decorrente de déficit calórico‑proteico. Isso ocorre quando a mãe não pode 
amamentar, resultando em uma criança extremamente magra, decorrente 
da perda de gordura corporal e principalmente de tecido muscular, fazendo 
com que o peso e a altura dessa criança sejam baixos em relação a sua 
idade. Observa‑se uma criança muito emagrecida e desidratada.
O atendimento à criança desnutrida deve ser realizado por uma 
equipe multidisciplinar. Uma alimentação correta deve ser estabelecida e a 
família, orientada na forma de introduzi‑la. É essencial que a alimentação 
esteja de acordo com as peculiaridades da fisiopatologia da desnutrição, 
principalmente nos casos graves e que atenda adequadamente às 
necessidades nutricionais, primeiro para a estabilização metabólica da 
criança e, em seguida, para a sua reabilitação.
A vitamina A é um importante nutriente, destacando‑se por sua função 
na integridade cutânea, proteção de estruturas e funções oculares, sistema 
imunológico e redução da morbimortalidade por doenças infecciosas, como 
diarreia, sarampo e malária. A deficiência dessa vitamina na infância causa 
manifestações clínicas oculares e pode ser prevenida com a ingesta de 
alimentos, fonte desse micronutriente, como produtos de origem animal, 
frutas e hortaliças.
A deficiência de ferro é a responsável pela maior parte das anemias 
encontradas, sendo denominada de anemia ferropriva, considerada um 
dos principais problemas de saúde pública do mundo. Cerca de 50% dos 
casos da anemia ferropriva acontecem em função da deficiência de ferro 
determinada pela dieta insuficiente em ferro.
Para prevenir essa anemia, a criança deve se alimentar, na mesma 
refeição, de alimentos que melhoram a absorção do ferro, como os ricos 
em vitamina C, disponível em frutas cítricas, como laranja, acerola, limão e 
caju, os ricos em vitamina A, disponível em frutas como mamão e manga, 
as hortaliças como abóbora e cenoura.
A partir dos seis meses de idade, o Ministério da Saúde recomenda que 
para a prevenção da anemia ferropriva, as crianças recebam 1 mg de ferro 
elementar/kg diariamente, até completar 24 meses.
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Os principais sinais e sintomas da criança com anemia ferropriva são: 
fadiga generalizada, anorexia, palidez de pele e mucosas, dificuldade de 
aprendizagem e apatia.
 Exercícios
Questão 1. (FUNCAB, 2011) O aleitamento materno, por suas qualidades bioquímicas e nutritivas, é 
o melhor alimento para a criança. O Ministério da Saúde recomenda que:
A) As mamadas no seio sejam intercaladas com mamadeiras de leite em pó.
B) A mãe deve amamentar com horários preestabelecidos.
C) A amamentação deve ser exclusiva nos primeiros quatro meses, depois se introduz, gradualmente, 
os sucos de fruta e água.
D) Nos casos de diarreia da criança, a amamentação seja suspensa.
E) A amamentação no seio, se possível, seja iniciada dentro da primeira hora após o parto.
Resposta correta: alternativa E.
Análise das alternativas
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: recomenda‑se que nos primeiros 6 meses o bebê tome apenas leite materno. A mamadeira, 
além de ser uma importante fonte de contaminação, pode influenciar negativamente a amamentação. 
Observa‑se que algumas crianças, depois de experimentarem a mamadeira, passam a apresentar dificuldade 
quando vão mamar no peito.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: recomenda‑se que a criança seja amamentada na hora que quiser e quantas vezes 
quiser. É o que se chama de amamentação em livre demanda. Nos primeiros meses, é normal que a 
criança mame com frequência e sem horários regulares. Em geral, um bebê em aleitamento materno 
exclusivo mama de oito a 12 vezes ao dia.
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: o Ministério da Saúde recomenda a amamentação até os dois anos de idade ou mais, e 
que nos primeiros 6 meses o bebê receba somente leite materno, sem necessidade de sucos, chás, água e 
outros alimentos. Quanto mais tempo o bebê mamar no peito, melhor para ele e para a mãe. Depois dos 6 
meses, a amamentação deve ser complementada com outros alimentos saudáveis e de hábitos da família.
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PROPEDÊUTICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: o leite materno protege contra diarreias, infecções respiratórias e alergias.
E) Alternativa correta.
Justificativa: a importância do aleitamento materno na primeira hora de vida se refere às condições 
propícias para que ocorra o processo de lactação, uma vez que tanto o neonato quanto a parturiente 
encontram‑se em um estado fisiológico de alerta que dura em torno de quarenta minutos e favorece 
a pega e a primeira mamada, além de estimular a hipófise na produção de prolactina e ocitocina, 
incentivando a produção láctea.
Questão 2. (FUNCAB, 2011) A doença que afeta a criança causada pelo suprimento inadequado de 
proteína, de energia ou de ambas, considerada como resultante de desnutrição grave é denominada de:
A) Botulismo.
B) Marasmo.
C) Diarreia.
D) Estrongiloidíase.
E) Virose.
Resolução desta questão na plataforma.

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