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Profa. Dra. Camila Borghi UNIDADE III Propedêutica e Processo de Cuidar na Saúde da Criança e do Adolescente A alimentação da criança nos primeiros anos de vida Aleitamento materno Introdução alimentar 10 passos para a alimentação saudável Doenças na infância decorrentes de privação alimentar Desnutrição – TIPOS Anemia ferropriva O que vamos falar hoje? Políticas públicas foram criadas buscando diminuir a mortalidade infantil; A desnutrição infantil teve quedas em seus índices (mais de 60%), porém ainda é uma das 10 causas de mortalidade infantil; 2022 – retornamos ao radar da fome mundial. Brasil “A infância é um período em que se desenvolve grande parte das potencialidades humanas.” Uma alimentação adequada, iniciada pela oferta do leite materno nos primeiros meses de vida, permite ainda um grandioso impacto na promoção da saúde integral tanto para a mãe quanto para o bebê. Uma alimentação adequada influencia positivamente no crescimento e desenvolvimento da criança. Alimentação da criança nos primeiros anos de vida “O aleitamento materno é a mais sábia estratégia natural de vínculo, afeto, proteção e nutrição para a criança e constitui a mais sensível, econômica e eficaz intervenção para redução da morbimortalidade infantil” – (BRASIL, 2015b, p. 7). Aleitamento materno As taxas de aleitamento materno exclusivo no Brasil estão longe do recomendado. Cabe ao profissional de saúde identificar e compreender o aleitamento materno no contexto sociocultural e familiar. O profissional precisa estar preparado para prestar assistência eficaz, solidária, integral e contextualizada, que respeite o saber e a história de vida de cada mulher, e que a ajude a superar medos, dificuldades e inseguranças. O enfermeiro é o profissional adequado para orientar e incentivar o aleitamento materno, pois está à frente no atendimento à mulher, seja durante todo o pré-natal, no puerpério e, depois, durante a puericultura, no acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da criança. Aleitamento materno Apesar de a alimentação variar enormemente entre as pessoas, o leite materno, surpreendentemente, apresenta composição semelhante para todas as mulheres que amamentam no mundo. Apenas as com desnutrição grave podem ter o seu leite afetado na qualidade e quantidade (BRASIL, 2015b). Na amamentação, o volume de leite produzido varia, dependendo do quanto a criança mama e da frequência com que mama. Quanto mais volume de leite e mais vezes a criança mamar, maior será a produção de leite. O leite materno possui TUDO o que o bebê precisa. Leite materno Colostro Produzido nos primeiros 3 a 5 dias após o parto. Contém altos níveis de anticorpos, proteínas, minerais e vitaminas lipossolúveis. Baixos níveis de gordura e açúcar. Fácil digestão. Rico em imunoglobulinas, lactoferrina, lisozima e fator bífido (proteção gastrointestinal – microbiota). Efeito laxante, acelera a liberação do mecônio. Leite de transição (entre o colostro e o leite maduro). Aparece de 5 a 2 semanas após o parto. Aumenta a concentração da lactose, das gorduras e das calorias. Leite materno Leite maduro (produzido após a 2ª semana após o parto). Possui cerca de 22,5 Kcal/30 mL, atendendo à demanda calórica. Leite anterior: hidratante. Leite posterior: maior concentração de gorduras. Lipase: ajuda a digestão das gorduras do leite. Proteínas: cadeias menores, de fácil absorção (lactoalbumina). Lactose: melhora a absorção do cálcio. Cálcio, fósforo, Na+ e K+ – menores concentrações – menor sobrecarga renal. Leite materno Composição nutricional do colostro x leite maduro x leite de vaca. Leite materno Em sua definição é quando a criança recebe leite materno (direto da mama ou ordenhado), independentemente de receber ou não outros alimentos (OMS, 2007 apud BRASIL, 2015, p. 13). A Organização Mundial da Saúde classifica o aleitamento materno a partir dos tipos, podendo ser: Exclusivo Predominante Complementado Misto ou parcial Aleitamento materno Aleitamento materno exclusivo – quando a criança recebe somente leite materno, direto da mama ou ordenhado, ou leite humano de outra fonte, sem outros líquidos ou sólidos. Exceção: gotas ou xaropes contendo vitaminas, sais de reidratação oral, suplementos minerais ou medicamentos. Aleitamento materno predominante – quando a criança recebe, além do leite materno, água ou bebidas à base de água (água adocicada, chás, infusões), sucos de frutas e fluidos rituais. Aleitamento materno – TIPOS Aleitamento materno complementado – quando a criança recebe, além do leite materno, qualquer alimento sólido ou semissólido com a finalidade de complementá-lo e não de substituí-lo. Aleitamento materno misto ou parcial – quando a criança recebe leite materno e outros tipos de leite (OMS, 2007 apud BRASIL, 2015, p. 13). Aleitamento materno – TIPOS Fonte: UNICEF/FIOCRUZ, 2007. Promovendo o aleitamento materno fig.1 Disponível em: http://www.redeblh.fiocruz.br/media/albam.pdf O enfermeiro deve conhecer e utilizar as terminologias de acordo com as definições de aleitamento materno adotadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e reconhecidas no mundo inteiro. Assim, de acordo com as classificações do aleitamento materno, uma criança de 6 meses de idade que ainda mama no peito recebe qual tipo de aleitamento materno? Interatividade Assim, de acordo com as classificações do aleitamento materno, uma criança de 6 meses de idade que ainda mama no peito recebe qual tipo de aleitamento materno? Aleitamento materno complementado – quando a criança recebe, além do leite materno, qualquer alimento sólido ou semissólido com a finalidade de complementá-lo, e não de substituí-lo. Resposta O enfermeiro deve orientar a mãe sobre como deve ser a pega da mama adequada pelo RN, observar e corrigir se houver falhas, evitando as complicações mamárias, como ingurgitamentos, fissuras mamilares e a mastite. Apesar de a sucção do recém-nascido ser um ato reflexo, ele precisa aprender a retirar o leite do peito de forma eficiente. Pega correta Aleitamento materno e a pega correta Fonte: UNICEF/FIOCRUZ, 2007. Promovendo o aleitamento materno fig.3 e 4. Disponível em: http://www.redeblh.fiocruz.br/media/albam.pdf Pega correta Posicionamento adequado Pega adequada 1. Rosto do bebê de frente para a mama, com nariz na altura do mamilo. 1. Mais aréola visível acima da boca do bebê. 2. Corpo do bebê próximo ao da mãe. 2. Boca bem aberta. 3. Bebê com cabeça e tronco alinhados (pescoço não torcido). 3. Lábio inferior virado para fora. 4. Bebê bem apoiado. 4. Queixo tocando a mama. Fonte: Adaptado de: Brasil (2015). Boca do bebê deve ficar aqui NÃO aqui O enfermeiro deve orientar a mãe sobre as posições favoráveis para a amamentação, de acordo com as possibilidades. Pega correta e posições Adaptado de: Brasil (2015). O número de mamadas pode variar. No primeiro mês, geralmente, as mamadas são mais frequentes. O leite materno é digerido dentro de 2 horas, portanto a mamada ocorre a cada 2/3 horas (colostro e leite de transição/capacidade do estômago – pequeno). Livre demanda. Mamadas muito longas podem significar “pega” incorreta. A “pega” errada faz a maioria das mulheres pensarem que o seu leite é fraco, levando ao desmame precoce. O enfermeiro deve orientar a nutriz para que insista na amamentação e as implicações do desmame precoce. Aleitamento materno A amamentação em livre demanda deve ser estimulada, portanto o tempo de permanência na mama em cada mamada não deve ser fixado. O tempo necessário para esvaziar uma mama varia: fome da criança; intervalo transcorrido desde a última mamada; volume de leite armazenado na mama. Aleitamento materno O leite materno contém todos os nutrientes essenciais para o crescimentoe o desenvolvimento da criança, ele possui numerosos fatores imunológicos que protegem a criança contra infecções (LEIFER, 2013). IgA, IgM e IgG, macrófagos, neutrófilos, linfócitos B e T, entre outros. Aleitamento materno Vantagens do aleitamento materno: Previne mortes entre as crianças de menor nível socioeconômico, principalmente relacionadas à diarreia. Protege contra infecções respiratórias e diminuição da gravidade dos episódios de infecção respiratória. Diminui o risco de alergia à proteína do leite de vaca, de dermatite atópica e de outros tipos de alergias, incluindo asma e sibilos recorrentes. Beneficia, em longo prazo, doenças crônicas (hipertensão, colesterol total) e menores riscos de apresentar diabetes tipo 2. Prático em relação às condições de higiene, à disponibilidade e ao custo (BRASIL, 2015; LEIFER, 2013). Aleitamento materno Desvantagens em se iniciar os alimentos complementares antes dos seis meses: Maior número de episódios de diarreia. Maior número de hospitalizações por doença respiratória. Risco de desnutrição se os alimentos introduzidos forem nutricionalmente inferiores ao leite materno, como quando as fórmulas lácteas são muito diluídas. Menor absorção de nutrientes importantes do leite materno, como o ferro e o zinco. Menor duração do aleitamento materno (BRASIL, 2015, p. 15). Aleitamento materno O aleitamento materno deve ser exclusivo até os seis meses de idade e complementado até os dois anos ou mais. A partir de seis meses, recomenda-se a introdução de alimentos complementares, já que antes desse período o leite materno é capaz de suprir todas as necessidades nutricionais do bebê. Aleitamento materno e alimentação complementar A formação dos hábitos alimentares se processa de modo gradual, principalmente durante a primeira infância. É necessário que as mudanças de hábitos inadequados sejam alcançadas no tempo adequado, sob orientação correta. Levar em consideração: valores culturais, sociais, afetivos/emocionais e comportamentais, que precisam ser cuidadosamente integrados às propostas de mudanças (BRASIL, 2014). A alimentação da criança Fonte: https://ua.depositph otos.com/12058792 2/stock-photo-child- girl-eating-slice- watermelon.html http://www.nutricioni stapediatrica.com.br /2016/11/meu-bebe- fez-um-ano-o-que- muda-na.html A alimentação complementar deve prover suficientes quantidades de água, energia, proteínas, gorduras, vitaminas e minerais, por meio de alimentos seguros, culturalmente aceitos, economicamente acessíveis (BRASIL, 2014; BRASIL, 2017). A alimentação da criança Características que favorecem a introdução dos alimentos: Reflexos necessários para a deglutição desenvolvidos. Reflexo lingual. Manifesta excitação à visão do alimento. Sustenta a cabeça, facilitando a alimentação oferecida por colher. Início da erupção dos primeiros dentes, o que facilita na mastigação. Desenvolve ainda mais o paladar e, consequentemente, começa a estabelecer preferências alimentares. Fonte: Brasil, 2015; Brasil, 2014; Brasil, 2017. Crianças menores de 2 anos 1º passo Dar somente leite materno até os seis meses de idade. 2º passo A partir dos seis meses, oferecer de forma lenta e gradual, outros alimentos, mantendo o leite materno até os dois anos ou mais. 3º passo A partir dos seis meses, dar alimentos complementares no mínimo duas vezes ao dia e partir dos nove meses no mínimo três vezes ao dia. 4º passo A alimentação complementar deve ser oferecida em intervalos regulares e de forma a respeitar o apetite da criança. 10 passos para a alimentação saudável da criança 5º passo A alimentação complementar deve ser espessa desde o início e oferecida de colher; começar com consistência pastosa e aumentar aos poucos até chegar à alimentação da família. Amassar os alimentos com garfo e cortar a carne bem picada ou oferecê-la moída. 6º passo Oferecer diferentes alimentos ao dia e oferecer água nos intervalos das refeições. 7º passo Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições. 10 passos para a alimentação saudável da criança 8º passo Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes. Utilizar sal com moderação. 9º passo Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos alimentos. 10º passo Estimular a criança doente e convalescente a se alimentar. 10 passos para a alimentação saudável da criança A definição do período adequado para iniciar a introdução dos alimentos deve levar em consideração a maturidade fisiológica e neuromuscular da criança e as necessidades nutricionais. Qual a melhor idade para a introdução alimentar e quais são as características fisiológicas e neuromusculares que precisam ser levadas em conta? Interatividade A partir dos seis meses. A aceitação e a tolerância da alimentação pastosa melhoram sensivelmente não só em função do desaparecimento do reflexo de protrusão da língua, como também pela maturação das funções gastrointestinal e renal e também do desenvolvimento neuromuscular (BRASIL, 2015). Outras características do lactente aos seis meses de idade favorecem a introdução de novos alimentos complementando o aleitamento materno, tais como a tolerância gastrointestinal e a capacidade de absorção de nutrientes atingem um nível satisfatório e, por sua vez, a criança vai se adaptando física e fisiologicamente para uma alimentação mais variada quanto à consistência e à textura. Resposta Fonte: Adaptado de: Hockenberry e Wilson (2014, p. 114). A nutrição adequada nos primeiros anos de vida é fundamental para o crescimento e o desenvolvimento saudáveis. Inadequações no consumo de nutrientes podem comprometer o estado nutricional e levar ao desenvolvimento de carências ou excessos nutricionais. As doenças carenciais aumentam a suscetibilidade das crianças a diarreias e infecções – além de poder comprometer a maturação do sistema nervoso, visual, mental e intelectual (CARVALHO et al., 2015). Doenças na infância decorrentes de privação nutricional Desnutrição: Problema de saúde pública que, durante muitos anos, tem afetado a população, sobretudo em países em desenvolvimento, incluindo o Brasil. Atinge principalmente as crianças, com consequências danosas em seu desenvolvimento, especialmente o motor (FRAGA; VARELA, 2012). Doenças na infância decorrentes de privação nutricional Doença de natureza clínico-social multifatorial cujas raízes se encontram na pobreza. A desnutrição grave acomete todos os órgãos da criança, tornando-se crônica e levando a óbito, caso não seja tratada adequadamente (BRASIL, 2005; BRASIL, 2017). Desnutrição Pode iniciar: Vida intrauterina (baixo peso ao nascer). Continuar na infância: interrupção precoce do aleitamento materno exclusivo e da alimentação complementar inadequada nos primeiros 2 anos de vida. Associada à privação alimentar ao longo da vida e à ocorrência de repetidos episódios de doenças infecciosas (diarreias e respiratórias) (BRASIL, 2005; BRASIL, 2017). Desnutrição Considerada uma das doenças que mais mata crianças abaixo de cinco anos no mundo. No mundo e no Brasil, o tipo prevalente de desnutrição corresponde à baixa estatura. Baixa estatura: indicador de desnutrição e de pobreza, em que o fator ambiental e o fator genético são significativos na determinação da estatura final do indivíduo (SAWAYA, 2006). Desnutrição Consequências do consumo inadequado de alimentos na infância: aumento de doenças; perda de peso; crescimento deficiente; alterações importantes no metabolismo; baixa imunidade; danos na mucosa gastrointestinal; perda de apetite; má absorção do alimento (SAWAYA, 2006). O marasmo, o Kwashiorkor e o nanismo nutricional são tidos como as formas clínicas mais severas da desnutrição (SOARES et al., 2013). Desnutrição A desnutriçãoinfantil pode ser investigada pelas medidas antropométricas, exames laboratoriais, manifestações clínicas e alimentares. Os indicadores antropométricos são mais utilizados (identificação de baixo peso para a idade ou para a estatura). O enfermeiro deve: Verificar a curva de crescimento da criança e identificar o estado nutricional. Avaliação da desnutrição na infância Diretrizes da avaliação do estado nutricional da criança referente à avaliação, classificação e tratamento E s ta d o N u tr ic io n a l Avaliar Classificar Tratar Emagrecimento acentuado visível ou edema em ambos os pés Desnutrição grave Prevenir, controlar e, se necessário, tratar a hipoglicemia. Prevenir a hipotermia. Oferecer vitamina A (caso não tenha recebido nos últimos 30 dias). Referir URGENTEMENTE ao hospital. Peso para idade < –3 escores Z Peso muito baixo Avaliar a alimentação da criança e as possíveis causas. Aconselhar a mãe/pessoa significativa a tratar a criança com dietas especiais (de acordo com a idade e com a clínica da criança). Oferecer vitamina A (caso não tenha recebido nos últimos 30 dias). Uso profilático de ferro (em menores de 24 meses). Retorno para avaliação de ganho de peso e melhora clínica em 5 dias. Orientar sobre sinais de piora e de retorno imediato para avaliação e nova conduta. Fonte: Adaptado de Brasil (2017, p. 19). Diretrizes da avaliação do estado nutricional da criança referente à avaliação, classificação e tratamento E s ta d o N u tr ic io n a l Peso para idade < –2 e > ou = –3 escores Z ou tendência da curva peso/idade horizontal ou descendente Peso muito baixo ou ganho de peso insuficiente Avaliar a alimentação da criança e as possíveis causas. Orientar sobre a alimentação adequada. Uso profilático de ferro (em menores de 24 meses). Retorno para avaliação de ganho de peso em duas semanas. Orientar sobre sinais de piora e de retorno imediato para avaliação e nova conduta. Peso para idade > +2 Peso elevado Avaliar a alimentação da criança e as possíveis causas. Orientar sobre a alimentação adequada. Verificar, estimular e orientar a prática de atividades físicas (adequadas à idade). Uso profilático de ferro (em menores de 24 meses). Retorno para avaliação em duas semanas. Orientar sobre os sinais de retorno, realizando o diagnóstico do estado nutricional. Peso para idade < +2 e > –2 escore Z Peso adequado Elogiar a mãe/pessoa significativa pelo crescimento da criança. Reforçar as orientações sobre a alimentação saudável, adequada à idade. Uso profilático de ferro (em menores de 24 meses). Fonte: Adaptado de Brasil (2017, p. 19). Kwashiorkor Ingestão calórica adequada, mas insuficiente de proteínas. Geralmente são crianças alimentadas à base de carboidratos (mandioca e milho), muitas vezes única e restrita fonte de alimento. Língua de Gana significa “doença do primogênito, quando nasce o segundo filho”. Afeta crianças acima de 2 anos (principalmente 2 e 3). O tecido celular subcutâneo é preservado. Hipoalbuminemia – que leva ao edema. Apresenta hepatomegalia, devido à esteatose hepática e diarreia (BRASIL, 2005). Formas clínicas graves da desnutrição Kwashiorkor Atraso do desenvolvimento neuropsicomotor. Apatia: nunca sorri e é chorosa, adota uma posição encolhida. Pele: ressecada, fria, sem brilho, com descamações e fissuras. Cabelos: finos, secos, quebradiços e avermelhados. Unhas são finas, quebradiças e sem brilho. Emagrecimento relevante na região torácica e dos segmentos proximais. Edema nos segmentos distais. Possuem retração das gengivas e lábios rachados (BRASIL, 2005). Formas clínicas graves da desnutrição Marasmo Desnutrição proteico-calórica do tipo seco, decorrente de déficit calórico-proteico. Geralmente ocorre quando a mãe não pode amamentar, resultando em uma criança extremamente magra, decorrente da perda de gordura corporal e de tecido muscular. Potencializado com situação socioeconômica, escolaridade materna, número de filhos, privação alimentar. Formas clínicas graves da desnutrição Marasmo Lactente (menores de 2 anos). Grave privação ou absorção prejudicada de proteína, carboidratos, lipídeos, vitaminas e minerais. Desenvolvimento atrasado/lento. Perda severa de peso: <60% para a idade. Formas clínicas graves da desnutrição Marasmo Perda muscular grave, com perda de gordura. Ausência de edema detectável. Ausência de fígado gorduroso. Apatia. Cabelo ralo, fino e seco. Pele seca, fina e enrugada (BRASIL, 2005). Formas clínicas graves da desnutrição A desnutrição é uma das doenças que mais mata crianças com menos de 5 anos em todo mundo. Além disso, tem efeito no crescimento e desenvolvimento da criança, podendo afetá-la desde o período intrauterino até a fase adulta. De acordo com as diretrizes do ministério da saúde, caso uma criança esteja a partir da sua avaliação de peso/idade entre o Score Z < –2 e > ou = –3 e/ou com uma tendência da curva horizontal ou descendente, qual orientação você daria à família? Interatividade A partir das diretrizes do MS, as orientações seriam: Avaliar a alimentação da criança e as possíveis causas. Orientar sobre a alimentação adequada. Uso profilático de ferro (em menores de 24 meses). Retorno para avaliação de ganho de peso em duas semanas. Orientar sobre sinais de piora e de retorno imediato para avaliação e nova conduta. Resposta A vitamina A é um importante nutriente: Função na integridade cutânea, proteção de estruturas e funções oculares, sistema imunológico e redução da morbimortalidade por doenças infecciosas, como diarreia, sarampo e malária. Fatores que acarretam a deficiência: Ingestão insuficiente de alimentos-fonte desse micronutriente: produtos de origem animal, frutas e hortaliças. Sociodemográficos. Sinergia entre a carência dessa vitamina com processos inflamatórios. Deficiência de vitamina A Algumas crianças com deficiência de vitamina A podem apresentar manifestações clínicas oculares, como cegueira noturna, alterações na córnea com alto risco de cegueira permanente (BRASIL, 2002). O enfermeiro, mediante suspeita, deve solicitar o exame laboratorial, comprobatório e encaminhar a criança para avaliação médica. Tratamento: administração da vitamina A, VO ou IM (BRASIL, 2017). Deficiência de vitamina A Anemias: Processo patológico no qual a concentração de hemoglobina (Hb), contida nos glóbulos vermelhos, encontra-se anormalmente baixa. Associadas à desnutrição (BRASIL, 2017). Anemias na infância A deficiência de ferro é a responsável pela maior parte das anemias encontradas, sendo denominada de anemia ferropriva. Atualmente, é um dos principais problemas de saúde pública do mundo. No Brasil, a prevalência entre menores de cinco anos é de 20,9%, sendo que na Região Nordeste é de 25,5% (BRASIL, 2012). Anemia ferropriva O ferro apresenta como funções: o transporte de oxigênio para as células, na síntese de células vermelhas do sangue (hemácias) (NETTO, 2011). Anemia ferropriva Principais fatores de risco para anemia ferropriva: Baixa escolaridade materna. Número elevado de pessoas residentes no mesmo domicílio. Reduzida duração do aleitamento materno exclusivo. Baixo peso ao nascer (NETTO, 2011). Anemia ferropriva As principais consequências da deficiência de ferro são: Comprometimento do sistema imune, com aumento da predisposição a infecções. Aumento do risco de doenças e mortalidade perinatal para mães e recém-nascidos. Aumento da mortalidade materna e infantil. Redução da função cognitiva, do crescimento e do desenvolvimento neuropsicomotor de crianças. Diminuição da capacidade de aprendizagem em crianças escolares (BRASIL, 2013, p. 9). Anemiaferropriva Há dois tipos de ferro nos alimentos: Ferro heme (origem animal) – biodisponibilidade maior. Ferro não heme (encontrado nos vegetais) – biodisponibilidade menor. Alimentos que melhoram a absorção desse tipo de ferro: Ricos em vitamina C (laranja, acerola, limão e caju). Ricos em vitamina A: frutas (mamão e manga) e hortaliças (abóbora e cenoura) (BRASIL, 2013). Anemia ferropriva Principais sinais e sintomas: Fadiga generalizada. Anorexia. Palidez de pele e mucosas. Dificuldade de aprendizagem e apatia. Confirmação: os sinais e os sintomas da carência de ferro são inespecíficos, necessitando-se de exames laboratoriais (sangue) (BRASIL, 2012). Anemia ferropriva As reservas de ferro nos neonatos até os seis meses de idade, recebendo a amamentação exclusiva, são suficientes. A partir dos seis meses de idade, o Ministério da Saúde recomenda que, para a prevenção da anemia ferropriva, as crianças recebam 1 mg de ferro elementar/kg, diariamente, até completar 24 meses. As parasitoses intestinais não são causas diretas da anemia, mas podem piorar as condições de saúde das crianças anêmicas (BRASIL, 2013). Anemia ferropriva Recomendações do Ministério da Saúde de como avaliar, classificar e tratar a anemia ferropriva em crianças Fonte: Adaptado de Brasil (2017, p. 19). P a li d e z P a lm a r Avaliar Classificar Tratar Palidez palmar grave ou Hb < 5 g/dl Anemia grave Referir urgentemente ao hospital. Palidez palmar leve ou Hb de 5 g/dl a 10,9 g/dl Anemia Realizar tratamento com ferro. Realizar teste de malária em área de risco. Tratar com anti-helmíntico se a criança tiver um ano de idade ou mais e não tiver tomado nenhuma dose nos últimos 6 meses. Avaliar a alimentação da criança e orientar a mãe/pessoa significativa sobre alimentos ricos em ferro. Marcar retorno após 14 dias. Convido vocês a participarem do chat após a aula! Convite para a participação do chat CARVALHO, C. A. et al. Consumo alimentar e adequação nutricional em crianças brasileiras: revisão sistemática. Rev. Paul. Pediatr., São Paulo, v. 33, n. 2, p. 211-221, 2015. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rpp/v33n2/pt_0103-0582-rpp-33-02-00211.pdf. Acesso em: 27 jun. 2018. FRAGA, J. A. A.; VARELA, D. S. S. A relação entre a desnutrição e o desenvolvimento infantil. Rev. Assoc. Bras. Nutr, v. 4, n. 5, p. 59-62, jan./jun. 2012. Disponível em: https://www.rasbran.com.br/rasbran/article/view/129/105. Acesso em: 27 jun. 2018. LEIFER, G. F. Enfermagem obstétrica. 11. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. NETTO, M. P. et al. Fatores associados a anemia em lactentes nascidos a termo e sem baixo peso. Ver Assoc Med Bras., São Paulo, v. 57, n. 5, p. 550-558, Set./Out. 2011. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ramb/v57n5/v57n5a14.pdf. Acesso em: 27 jun. 2018. Referências SAWAYA, A. L. Desnutrição: consequências em longo prazo e efeitos da recuperação nutricional. Estud. Av., São Paulo, v. 20, n. 58, p. 146-158, set./dez. 2006. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ea/v20n58/14.pdf. Acesso em: 27 jun. 2018. SOARES, L. R. et al. A transição da desnutrição para a obesidade. Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research (BJSCR), Maringá, v. 5, n. 1, p. 64-68, dez. 2013. Disponível em: https://www.mastereditora.com.br/periodico/20131130_150631.pdf. Acesso em: 27 jun. 2018. Referências ATÉ A PRÓXIMA!
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