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Sífílis Congênita: Análise Crítica de Caso

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 UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO
 CAMPUS SÃO BERNARDO DO CAMPO
 SÍFILIS CONGÊNITA: ANÁLISE CRÍTICA DE CASO
 ÁGATA BEOLCHI DE ARRUDA GARBINI
Portifólio para conclusão na unidade curricular integrada “Projeto Integrador II”, da Graduação em Medicina no campus São Bernardo da Universidade Nove de Julho.
 SÃO PAULO
 2019
SUMÁRIO
1. Introdução................................................................3
2. Desenvolvimento.....................................................5
3. Considerações Finais.............................................8
4. Referências Bibliográficas.....................................9
1. INTRODUÇÃO
Segundo o Ministério da Saúde, a sífilis congênita é o resultado da disseminação hematogênica do treponema pallidum, da gestante infectada não tratada ou inadequadamente para o seu concepto, geralmente por via transplacentária.
Treponema pallidum é uma espiroqueta de alta patogenicidade cujo único hospedeiro é o homem. Pode ser visualizado sob microscopia de campo escuro, coloração prata ou imunofluorescência direta (Protocolo de Obstetrícia, 2014).
Os principais fatores que determinam a probabilidade de transmissão vertical do treponema pálido são: o estágio da sífilis na mãe e a duração da exposição do feto no útero.
Ocorre aborto espontâneo, natimorto ou morte perinatal em aproximadamente 40% dos conceptos infectados a partir de mães com sífilis precoce não tratadas (Ministério da Saúde, 2006).
Mais de 50% das crianças infectadas são assintomáticas ao nascimento, com surgimento dos primeiros sintomas durante os 3 primeiros meses de vida.
A transmissão da sífilis ao concepto pode ocorrer em qualquer fase da doença, mas é bem maior nas etapas iniciais, quando há “espiroqueta”, quanto mais recente a infecção materna mais treponemas estarão circulantes.
Quanto mais atinge a infecção materna o que leva a formação progressiva de anticorpos pela mãe menor a infecção do concepto e produção de lesões mais tardias.
A taxa de transmissão vertical em mulheres não tratadas é 70% a 100% nas fases primaria e secundária da doença e de aproximadamente 30% nas fases tardias da infecção materna.
Anteriormente se acreditava que a infecção do feto não ocorresse antes da décima oitava semana de gestação pela barreira placentária, porém já se constatou presença do treponema pálido em fetos a partir da nona semana de gestação.
Acredita-se que as lesões não são clinicamente aparentes até a decima oitava ou vigésima semana de gestação porque só nessa fase o concepto começa a adquirir competência imunológica.
A sífilis congênita precoce surge até o segundo ano de vida e deve ser diagnosticada por meio de uma investigação criteriosa da situação materna e de avaliação clínica laboratorial e de imagem na criança (Protocolo de Obstetrícia, 2014).
Os recém-nascidos contaminados podem apresentar baixo peso ao nascer e parto prematuro entre a trigésima e a trigésima sexta semana de gestação (Ministério da Saúde, 2006).
Já a sífilis congênita tardia, os sinais e sintomas são observados a partir do segundo ano de vida, predominantemente do 5 aos 20 anos de idade. São estigmas que em geral resultam de processo inflamatório crônico ou de reações de hipersensibilidade provocados pelo treponema (Ministério da Saúde, 2006).
Nesse grupo destacam-se: fronte olímpica, nariz em sela, região maxilar curta com palato em ogiva e protuberância relativa da mandíbula, alargamento externo clavicular, tíbia ensaibre e defeitos na dentição (Ministério da Saúde, 2006).
O objetivo desse trabalho é correlacionar os principais aspectos que chamaram atenção no caso apresentado, tanto pontos positivos e negativos. E por fim, mostrar a relação do tema com as grades curriculares do terceiro semestre com o tema escolhido.
A escolha de Sífilis Congênita foi devido ao meu amor por ginecologia e obstetrícia, porque essa especialidade é ter o privilégio de ser a primeira pessoa a tocar em uma vida, uma vida nova. 
2. DESENVOLVIMENTO
O caso apresentado trata-se de uma quadrigesta que apresenta sífilis na gravidez, ela adere ao tratamento diferentemente do seu parceiro que não aderiu ao tratamento. O bebê nasceu com 36 semanas, parto prematuro tardio. O recém-nascido apresenta sífilis congênita precoce, pois é diagnosticada até o segundo ano de vida (Protocolo de Obstetrícia, 2014).
Segundo o Protocolo de Obstetrícia (2014), o VDRL indicado para diagnóstico e seguimento terapêutico, devido à propriedade de ser passível de titulação. A sensibilidade do teste, na fase primária, é de 78%, elevando-se nas fases secundária (100%) e latente (cerca de 96%). Com mais de um ano de evolução, a sensibilidade cai progressivamente, fixando-se em média, em 70%. A especificidade do teste é de 98%. Após instituído o tratamento, o VDRL apresenta queda progressiva nas titulações, podendo resultar reagente por longos períodos, mesmo após a cura da infecção (cicatriz sorológica). 
De acordo com o Ministério da Saúde (2010), cicatriz sorológica é o termo utilizado para as situações nas quais o paciente, comprovadamente tratado, ainda apresenta reatividade nos testes. Nestes casos, os testes treponêmicos são geralmente reagentes e os testes não treponêmicos quantitativos apresentam baixos títulos. No caso apresentado, o 1:64 da titulação está diminuindo, podendo fazer cicatriz sorológica. Porém, títulos baixos também são encontrados na sífilis primária, quando os anticorpos estão circulando em baixas concentrações e na sífilis latente não tratada.
A sífilis é facilmente diagnosticada pelo VDRL e, com eficácia tratada pela penicilina, a não realização do pré-natal é considerada como um dos principais fatores responsáveis pelos casos de sífilis congênita (ARAUJO et al., 2016). A paciente realizou 7 consultas de pré-natal, o que foi possível detectar precocemente a presença do Treponema pallidum, porém o parceiro não aderiu ao tratamento fazendo com que ocorra uma reinfecção do processo. A infecção por sífilis faz com que o recém-nascido contaminados podem apresente baixo peso ao nascer e parto prematuro, o que aconteceu no caso relatado, porque é no último trimestre de gestação que ocorre o maior ganho de peso. 
Fonte: Serviço de Vigilância Epidemiológica; Coordenação do Programa Estadual DST/Aids-SP; Coordenadoria de Controle de Doenças CCD; Secretaria de Estado da Saúde SES-SP
Um dos pontos positivos é que o apgar está praticamente adequado, é esperado acima de 6, o recém-nascido apresenta 7 em um primeiro momento e 9 em um segundo momento, houve uma melhora, pois apresentou-se cianótico devido ao fato dele não ter maturidade pulmonar ele fica mais cianótico. De todos os métodos de avaliação da vitalidade do recém-nascido, o mais aceito e utilizado pelos profissionais que prestam assistência ao recém-nascido, no mundo ocidental, é o método de Apgar. O score de Apgar avalia o estado geral do recém-nascido (RN) nos primeiros minutos de vida é de fundamenta l importância pois ela orienta a assistência imediata que o RN deverá receber e alerta quanto a problemas que poderão surgir. (SCHLATTER, 1981)
Além dele apresentar cianose por uma insuficiência respiratória, possui um comprometimento do sistema nervoso central, é uma sífilis congênita que acaba passando a barreira transplacentária e atingindo o feto, podendo ter danos nos olhos, cegueira pela sífilis, problema no coração e problema no cérebro decorrente da infecção.
O recém-nascido nasceu com microcefalia, mas de acordo com uma Nota Informativa do Ministério da Saúde (2016) mostra que as evidências científicas até o momento não mostram vínculo entre sífilis e microcefalia. Porém, se não tratada, a doença pode evoluir a estágios que comprometem a pele e órgãos internos, como o coração, fígado e sistema nervoso central (SERVIÇO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA, 2008).3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como foi visto no desenvolvimento, consegui destrinchar o caso, selecionando os pontos positivos e negativos apresentados por ele, isso fez com que tivesse uma melhor compreensão sobre os cuidados da gestante e do bebê, e fazendo com que pudesse ter uma melhor compreensão sobre o tema de Sífilis dentro das aulas ministradas pelos professores.
Nas aulas de Mecanismo de Agressão e Defesa II pude aprender como a bactéria age no organismo e como ela se torna prejudicial para a mãe e o bebê, podendo apresentar uma série de complicações durante a gestação e posteriormente causar sérios danos ao recém-nascido.
Já em Saúde Coletiva III, a sífilis é uma doença de notificação compulsória, sendo ela obrigatória para médicos, outros profissionais de saúde ou responsáveis pelos serviços públicos e privados de saúde, que prestam assistência ao paciente, em conformidade com o art. 8º da Lei n° 6.259 de 30 de outubro de 1975 (DEPARTAMENTO DE VIGILÂNCIA, 2017).
Um dos pontos que chamou mais atenção no caso apresentado foi a não realização do parceiro diante da Sífilis, pois sem a adesão do tratamento sua parceira apresentaria uma reinfecção, consequentemente se tornando prejudicial ao bebê. 
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Apresentei pouca dificuldade para fazer esse portfólio pois já tinha conhecimento de utilizar um artigo de outra pessoa e fazer as citações e referências, baseado no semestre anterior. Creio que hoje, me sinto mais preparada para novos desafios que estarão pelo meu caminho, esse portfólio é só um início de uma longa trajetória, mas que me ensinou a compreender de uma maneira melhor as matérias presentes na minha grade curricular.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MINISTÉRIO DA SAÚDE (Brasília). Diretrizes para o Controle da Sífilis Congênita. 2006. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_sifilis_bolso.pdf>. Acesso em: 13 jun. 2019. 
MINISTÉRIO DA SAÚDE. SÍFILIS: Estratégias para Diagnóstico no Brasil. 2010. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/sifilis_estrategia_diagnostico_brasil.pdf>. Acesso em: 13 jun. 2019
TRAVERZIM, Maria Aparecida dos Santos; ROSSI, Patrícia de. Protocolos de Obstetrícia do Conjunto Hospitalar do Mandaqui. 2014. Disponível em: <https://drive.google.com/file/d/0B6xD0CJUuYf-RENLLUw2TlEwdGVSZUN2S1pkMC1VQVVLTkdV/view?ts=5cef0ccd>. Acesso em: 13 jun. 2019.
ARAUJO, Eliete da Cunha et al. Importância do pré-natal na prevenção da Sífilis Congênita. Revista Paraense de Medicina, Belém, v. 20, n. 1, p.1-5, mar. 2016.Disponível em: <http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-59072006000100008> Acesso em:13/06/2019
SCHLATTER , E. F. Aprendizagem da avaliação da vitalidade do recém-nascido pelo método de Apgar . Rev. Esc. Enf. USP, São Paulo, 75(3):267-273 , 1981 . Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v15n3/0080-6234-reeusp-15-3-267.pdf> Acesso em: 13/06/2019
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Nota informativa nº 29/2016/DDAHV/SVS/MS. 2016. Disponível em: <http://www.aids.gov.br/sites/default/files/legislacao/2016/-notas_informativas/nota_informativa_no_292016_sifilis_e_microcefalia_14463.pdf>. Acesso em: 13/06/2019 
SERVIÇO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA. Sífilis congênita e sífilis na gestação. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 42, n. 4, p.768-772, 2008. Disponível em: <https://www.scielosp.org/article/rsp/2008.v42n4/768-772/pt/> Acesso em: 13/06/2019
DEPARTAMENTO DE VIGILÂNCIA. Nota informativa nº 2- SEI/2017- DIAHV/SVS/MS. 2017. Disponível em: <http://portalsinan.saude.gov.br/images/documentos/Agravos/Sifilis-Ges/Nota_Informativa_Sifilis.pdf>. Acesso em: 14 jun. 2019.

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