OBESIDADE Quadro patológico secundário ao aumento da gordura corporal e suas repercussões. V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O INTRODUÇÃO • 700 milhões de obesos no mundo, 2,3 bilhões de pessoas com sobrepeso • 40% da população tem sobrepeso no Brasil, destas, cerca de 20% são obesas! • Nos EUA: 66% da população tem sobrepeso! • Avanço progressivo no Brasil e no mundo • Impacto econômico gigante: No Brasil, o impacto da obesidade é cerca de 3,6 bilhões por ano. • Impacto na saúde: Risco de morte 2-3x aumentado , 7 das 10 doenças que mais matam nos EUA são crônicas e a sua maioria tem haver com obesidade. DIAGNÓSTICO E CLASSIFICAÇÃO → IMC ≥ 30! • Crianças: Obesidade definida por IMC > percentil 95 para sexo e idade. • Idosos > 60 anos: IMC normal entre 22-27. *Outro ponto importante em relação ao risco é como a gordura corporal se distribui, para isso, avaliamos o perímetro da cintura (PC) e a Relação Cintura-Quadril. • Perímetro da Cintura: Se > 94 cm em homens e 80 cm em mulheres, indica maior risco de complica- ções metabólicas e hipertensão arterial. • Relação Cintura-Quadril (RCQ): > 0,9 em homens e > 0,85 em mulheres ETIOLOGIA → COMPLEXA E MULTIFATORIAL • Interação de genes • Fatores ambientais • Estilo de vida • Fatores emocionais ETIOLOGIA: OBESIDADE DE CAUSA SECUNDÁRIA PATOGÊNESE DA OBESIDADE PRIMÁRIA • Causa primária: Acúmulo de tecido adiposo no corpo, este é composto por adipócitos e reveste as vísceras e tecido subcutâneo. A obesidade ocorre quando o paciente está em superávit calórico! • Todo excesso de energia absorvido pelo organis- mo é armazenado em forma de triglicerídeos • Leptina: Hormônio secretado pelos adipócitos em resposta à hiperalimentação e ao ganho gordura, ela inibe o apetite e ativa a saciedade de duas formas: o Bloqueia a liberação hipotalâmica do neuropeptídeo Y (o maior estimulante central do apetite) o Estimula a secreção do α-MSH: Um deri- vado da POMC e promotor de saciedade. o A leptina é um marcador de obesidade: Quanto mais obeso, mais leptina ele tem. V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O • CCK, peptídeo YY, GLP-1: Substâncias anorexíge- nas (Inibem o apetite e estimulam a saciedade). • Grelina: Efeito orexígeno (aumenta o apetite), produzido pelo estômago e duodeno vazios. • Sistema nervoso central: Temos substâncias orexígenas (neuropeptídeo Y) e anorexígenas (serotonina, noradrenalina, CRH, TRH e α-MSH. FATORES DE RISCO PARA OBESIDADE PRIMÁRIA • História familiar: O componente genético é forte! • Baixos níveis socioeconômicos • Sexo feminino FISIOLOGIA DA FOME 1. Sinais de nutrientes: Idealmente, todos os nutrien- tes devem sinalizar os núcleos de saciedade do SNC para diminuir a fome do paciente. 2. Sinais hormonais: Fabricados por estoques estáveis (fabricados segundo a composição corporal e genética) ou dinâmicos (mudam conforme a alimentação). a. Estoques estáveis: Insulina e Leptina (o paciente obeso tem resistência à leptina). b. Estoques dinâmicos: Insulina, glucagon, CCK, Grelina e GLP-1 (incretinas). O único hormônio dinâmico periférico produzido pelo estômago vazio é a grelina, o único que tem função de aumento da fome. 3. Sinais neurais: Neurônios do sistema nervoso autônomo, toda movimentação do trato digestivo é lida (distensão e esvaziamento) de uma forma diferente, fazendo o paciente sentir fome ou sentir saciedade. 4. SNC: Os estímulos que vem de fora chegam no núcleo arqueado hipotalâmico, possuem duas populações de neurônios: a. NPY: Ativada pela grelina, vão agir no núcleo paraventricular, diminuindo a produção de TRH, que diminui o estímulo da tireoide e o indivíduo fica mais letárgico por estar com fome. b. POMC: Estimulam substâncias que agem no núcleo paraventricular e córtex, para fazer o indivíduo parar de sentir fome, aumenta a produção de hormônio tireoidi- ano. GASTO ENERGÉTICO DIÁRIO • Taxa Metabólica Basal (TMB): Corresponde a 70% do seu gasto energético diário, é a taxa que seu organismo precisa pra se manter funcionando. A TMB é proporcional à massa magra e menor nas mulheres, estando na faixa de 1.200-3.000 kcal/d. • 10% após uma refeição: Pela termogênese dos alimentos. • 20% atividades físicas diárias: Inexistente no sedentarismo e aumenta o risco de obesidade! • Quando um obeso perde peso, há uma redução da TMB, numa tentativa de fazê-lo voltar ao peso. • A TMB nunca cai abaixo de 1200 kcal/d, o que significa que não há necessidade de uma dieta com menos do que isso! COMPLICAÇÕES DA OBESIDADE V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O TRATAMENTO OBJETIVO DA TERAPIA ANTIOBESIDADE • Redução global de risco: Mais importante que a estética! • Redução do peso em pelo menos 5-10% do peso anterior em um período de 6 meses • Reduzir o peso em uma taxa de 0,5-1kg/semana • Manter o peso após a perda: Indefinidamente! Há estudos que falam que se o paciente manter o peso durante 2-3 anos, sua tendência a engordar de novo se torna cada vez menor! TERAPIA MULTIDISCIPLINAR • Dieta hipocalórica • Exercícios físicos regulares • Terapia comportamental • Terapia medicamentosa e cirurgia bariátrica! DIETA • Dieta hipocalórica: Deve gerar um déficit calórico de aproximadamente 500-1000 kcal/dia. Para isso, uma dieta entre 1000-1500 kcal/d para mulheres e 1200-1800 kcal/dia para homens é suficiente. • Dietas com restrição calórica acentuada reduzem mais rapidamente o peso, mas tem maior chance de voltar a engordar tudo de novo • Educação alimentar: Orientar bem o paciente! O paciente deve conhecer bem a quantidade calórica dos principais alimentos, qual a dieta se enquadra no paladar, uma visão mais individualizada! EXERCÍCIO FÍSICO REGULAR • Exercicío físico sem dieta não exerce efeito significativo na perda ponderal • Função: Evitar o ganho de peso no futuro, ou seja, ajudar o paciente a manter o peso pós dieta. • Qual a indicação? Pelo menos 150 minutos/sem de exercício físico dividido entre a semana, o ideal é realizar a junção de exercício aeróbico + musculaç. TERAPIA MEDICAMENTOSA CRITÉRIOS PARA INÍCIO (ABESO) *4 drogas no BR aprovadas: Sibutramina, orlistate, liraglutida e lorcaserina. SIBUTRAMINA • Mecanismo de ação: Inibe a recaptação de serotonina e norepinefrina. • Maior efeito sacietógeno do que anorexígeno: Aumenta a saciedade! • Dose inicial 10 mg e máxima de 15 mg • Perda de peso média de 8,9 kg • Efeitos colaterais: Cefaleia, insônia, boca seca, taquicardia. Pode aumentar a PA em hipertensos descontrolados. • Contraindicações: Gestantes, lactantes e pacientes com risco cardiovascular aumentado, doenças psiquiátricas descompensadas. *A Sibutramina é contraindicada pelo FDA e socieda- de europeia, mas aprovado no brasil, caso o paciente e o médico assinem um termo de responsabilidade. • Mas a Sibutramina é segura? O estudo primavera avaliou 80 mil pacientes, comprovando sua eficácia na população específica, cuidado nos DRC e nos pacientes com problemas cardiovasculares! ANFETAMINAS • Representantes: Femproporex, Anfepramona, Fentermina • Mecanismo de ação: Inibe a recaptação de norepinefrina • Efeito sacietógeno e anorexígeno • Vantagem: Barata! • Efeitos colaterais: Iguais aos da sibutramina, mas só que mais rigorosos (também precisa de termo). • Contraindicações: Iguais à sibutramina. ANÁLOGOS DO GLP-1: Liraglutida e Semaglutida LIRAGLUTIDA • Mecanismo de ação: Análogo do GLP-1! Ou seja, atuam como incretinas e também atuam bloqueando a liberação