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DOCUMENTÁRIO - PINHEIRINHOS

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CENTRO UNIVERSITÁRIO FRANCISCANO
CURSO DE DIREITO
DOCUMENTÁRIO - PINHEIRINHOS
RELATÓRIO
Na concepção dos acadêmicos, ao analisarmos o caso do Pinheirinhos, chegamos à conclusão de que em nenhum momento foi observada a função social da propriedade, como incurso nos artigos 184 a 186 da Constituição Federal.
Analisa-se que no presente caso não havia exercício anterior de posse por seu proprietário, posto que o imóvel estava abandonado desde 1990, em razão da empresa Selecta do empresário Najir Nahas ter falido, isto é, há 14 anos da ocupação que ocorreu em 28 de fevereiro de 2004, sem qualquer utilidade, não cumprindo, desse modo, a denominada função social, cabendo desapropriação. 
Observa-se também que a reintegração de posse não era a ação mais adequada a referida situação, justamente porque um dos requisitos para a concessão dessa é o exercício anterior de posse. Assim, a ação adequada seria a reivindicatória. Todavia, uma vez que a ação utilizada foi a reintegração de posse, cabe fazer algumas observações a luz do novo Código de Processo Civil.
A reintegração seria realizada por procedimento especial – ação de força nova -, haja vista que o esbulho, como se pode constatar no documentário, ocorreu a menos de ano e dia (ação interposta em 14-12-2004, menos de 6 da ocupação do imóvel).
Dessa forma, além de não estarem presentes os requisitos para concessão da liminar, não foi concedido prazo para que os moradores do Pinheirinhos desocupassem o local, tampouco que retirassem seus pertences do local, sendo estes despejados de suas residências de um dia para o outro. 
Também, não havia qualquer respaldo para a concessão da liminar de urgência, tendo em vista que não se verifica a probabilidade do direito, pois o imóvel estava abandonado há mais de quinze anos, sem cumprir qualquer função social e nem tampouco estava caracterizado o perigo da demora, já que decorrido tanto tempo. Portanto, observa-se um flagrante ativismo judicial e consequentemente um nítido desrespeito à lei.
Em síntese, conclui-se que as medidas adotadas no caso em questão foram em desconformidade com a lei, sendo pautadas por jogo de interesse político e econômico por parte do Poder Público e dos meios de comunicação, bem como manobras de interesse individual por parte do proprietário do terreno Naji Nahas.
A respeito das possíveis medidas cabíveis para solucionar a questão, além da desapropriação já anteriormente mencionada, a área poderia ser convertida em ZEIS (Zona Especial de Interesse Social) a fim de realizar uma espécie de Usucapião Administrativa, visando assegurar o direito de moradia dos ocupantes do Pinheirinhos. 
Caberia, ainda, por parte dos moradores (réus) ação dúplice, procedimento especial previsto no art. 556 do Código de Processo Civil, podendo esses alegarem que possuíam posse e o proprietário desde muito tempo havia abandonado o imóvel.
Salienta-se, ainda, a clara violação ao artigo 6º da Constituição Federal, que, dentre outros direitos sociais, prevê o direito à moradia. Como é possível mais de 5.000 famílias terem sido despejadas de um dia para o outro de seus lares, tendo suas casas demolidas antes da retirada dos bens, e atiradas a própria sorte, em abrigos temporários fornecidos pela Prefeitura de São José dos Campos? O que se pode notar é um desrespeito ao direito de habitação, que inclui o direito de não ser desalojado forçosamente.
Ademais, a operação de reintegração de posse foi uma verdadeira guerra, havendo abusos por parte de policiais, sendo que alguns se utilizaram até mesmo de armas de fogo, o que acarretou na violação de uma série de direitos humanos. Dezenas de pessoas ficaram feridas durante a desocupação.
Por fim, conforme exposto pelo Defensor Público Jairo Salvador: o Pinheirinho é só mais um capítulo do extermínio da pobreza, de uma cidade que quer se vender como perfeita. Não tem lei em São Paulo. É só ter força. Cada um cumpre o que quer".

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