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DOENÇA DE NEWCASTLE Introdução • É uma infecção viral •Possivelmente a mais devastadora entre as doenças da criação industrial de aves •Pode matar até 100% das galinhas em até 72 horas pós-infecção sem apresentar sinais clínicos evidentes. Grande impacto econômico: 1. Despesas com erradicação 2. Custos com enfrentamento de surtos 3. Perdas de mercados durante a interdição A Doença de Newcastle tem controle oficial pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, no Programa Nacional de Sanidade Avícola. Etiologia •Família Paramyxoviridae •Subfamília Paramyxovirinae •Gênero Avulavirus Newcastle •Morbillivirus - rubéola, cinomose canina •Respirovirus - parainfluenza humana e bovina •Rubulavirus – caxumba humana •Henipavirus - agente zoonótico de equinos. • São vírus RNA envelopados, fita simples, genoma não segmentado de polaridade negativa • Partículas esféricas e pleomórficas, variando entre 100 e 500 nm de diâmetro • Há no total nove sorotipos descritos de Paramyxovirus aviários (APMV-1 a APMV-9) • APMV-1 é a única que causa a doença de Newcastle. • Os sorotipos APMV-2, APMV-3, APMV-6, e APMV-7 ocasionalmente, causam doenças em aves domésticas • Estirpes patogênicas de APMV-1 emergem de não-patogênicas por mutação no código genético no clivagem da glicoproteína de fusão •As aves silvestres não são reservatórios assintomáticos de estirpes patogênicas. •Os isolados de APMV-1 podem ser classificados de acordo com a virulência para embriões ou pintinhos: 1. Velogênicos 2. Mesogênicos 3. Lentogênicos Velogênicos • São altamente patogênicas e podem resultar em 100% de mortalidade em aves de qualquer idade - Visceral Trópicas (hemorragias gastrointestinais e diarreia) ou em neurotrópicas (lesões no sistema nervoso central). Mesogênicos • Resultam em baixa mortalidade e até mediana mortalidade - Causam lesões respiratórias moderadas e raramente neurológicas. Lentogênicos •Pouco virulentas e usadas como vacinas. - Podem determinar infecções secundárias e diminuição da produção de carne e ovos. Índice de patogenicidade intracerebral (IPIC) •Inoculação do líquido alantóico infectivo pela via intracerebral, em 10 pintos SPF, • Examinar os pintos, a cada 24 horas, por um período de oito dias. •Em cada dia as aves devem receber uma das seguintes pontuações: pintos saudáveis = 0 pintos doentes = 1; pintos mortos = 2. •O índice IPIC é a pontuação média recebida por ave, por dia, durante o período de oito dias. •Nas amostras do VDN mais patogênicas, este índice se aproxima de 2.0 enquanto para as estirpes vacinais, este índice se aproxima de 0,0. • É importante ressaltar que a definição mais recente da DN, é uma infecção de aves causada por um vírus do sorotipo Parainfluenzavirus aviário tipo 1 (APMV-1) que apresente IPIC maior do que 0,7. Tempo médio de morte embrionária (TMME) • Inocular o líquido alantóico infectivo em 5 ovos SPF embrionados, com 9 a 11 dias de incubação • Os ovos devem ser observados durante sete dias, duas vezes ao dia, e os dados de mortalidade embrionária devem ser registrados. • TMME é o tempo médio, em horas, para a dose letal mínima matar todos os embriões e se classifica em: 1. Velogênica:menos de 60 horas para matar. 2. Mesogênica: entre 60 e 90 horas para matar. 3. Lentogênica: mais de 90 horas para matar. Índice de patogenicidade intravenosa (IPIV) •Este índice é calculado a partir da inoculação intravenosa em frangos SPF, com seis semanas de idade, do líquido alantóico infectivo por via intravenosa; • Devem-se examinar as aves, a cada 24 horas, por um período de 10 dias. • Em cada dia as aves devem receber uma das seguintes pontuações: ave saudável = 0 ave doente = 1 ave paralítica = 2 ave morta = 3. • O índice IPIV é a pontuação média recebida por ave, por dia, durante o período de 10 dias. • Amostras lento gênicas e algumas mesogênicas apresentam IPIV zero, enquanto que amostras patogênicas o IPIV se aproxima de 3.0. Potencial Zoonótico • É uma zoonose com infecção humana ocorrendo por quaisquer estirpes, incluindo vacinais. •A infecção não é grave •Não há relato da transmissão entre seres humanos. Infecção: 1. Pela inalação do vírus excretado por aves com sinais respiratórios. 2. Pelo contato com produtos como ração ou utensílios (bebedouros, comedouros) contaminados, 3. Por aerossóis de fezes ou produzidos na respiração de aves infectadas. 4. A replicação intestinal resulta em maior amplitude de contaminação, por exemplo, da água e alimentos, sendo importantes fontes de infecção •A doença em humanos ocorre em funcionários de frigoríficos de aves, laboratoristas e vacinadores que aplicam a vacina com o vírus vivo e sem máscara de proteção •O período de incubação em humanos é de 24 horas Quadro clínico •Conjuntivite com hiperemia •Lacrimejamento •Edema das pálpebras e hemorragia • Em geral a infecção é transiente e a1 córnea não é afetada Epidemiologia •APMV-1: ocorre em 27 das 50 ordens de aves conhecidas, incluindo todas as espécies domésticas; Transmissão horizontal: Direta: de ave doente ou portadora para ave suscetível, com a inalação de aerossóis respiratórios ou das fezes Indireta: por utensílios, alimento ou pessoal contaminado. Ordem Anseriformes: • São mais resistentes à manifestação de doença, por isso são importante fator de risco para aves galináceas. Ordem Galliformes: • Estão entre as espécies mais sensíveis. Ordem Columbiformes •Os pombos domésticos (Columba livia) podem ser infectadas com estirpes de APMV-1 próprias, designados Paramixovirus dos pombos, mas são também suscetíveis a infecção por estirpes de galinhas •Devem ser considerados como fonte potencial de APMV-1 e de risco para criações comerciais Ordem Passeriformes • Sorologia positiva e identificação viral em 10% dos pardais (Passer domesticus ) analisados em granja de postura Principais rotas •migratórias de aves entre os hemisférios Ocorrência O primeiro surto da doença ocorreu em 1926, em Java, na Indonésia e em Newcastle, na Inglaterra. Ocorrência no Brasil • Primeiro relato de surto em Belém (PA) e Macapá (AP), em 1953 , com a suspeita de importação de carcaças congeladas de aves de corte procedentes dos Estados Unidos da América. • A partir desta data, a doença foi observada em todo o território nacional em vários surtos. • Desde 1997 não foram relatados surtos em criatórios comerciais. • Em 1997, foram descobertas estirpes virulentas de APMV-1 em avestruzes importados (São Paulo) e em pássaros exóticos também importados (Paraná). • Os casos mais recentes ocorreram em galinhas e patos de fundo de quintal : Rio de Janeiro em 2000 Goiás em 2001 Rio Grande do Sul, Amazonas e Matogrosso em 2006 Amazonas em 2008 Sinais clínicos e lesões Estirpes velogênicas •Quadros graves, com alta mortalidade súbita (superagudos), muitas vezes sem sinais. Estirpes mesogênicas • Sinais respiratórios (conjuntivite, lacrimejamento até hemorragia), corrimento nasal, diarreia, hemorragias (úlceras) intestinais e sinais nervosos centrais (incoordenação motora, opistótono, torcicolo). •Hemorragia focal e necrose das tonsilas cecais •Baço mosqueado indicando necrose multifocal •Proventriculite com hemorragia multifocal na mucosa •Biliverdinúria – Doença hepática •Coloração imuno-histoquímica para nucleoproteína viral revela numerosas células infectadas no baço, 3 dias após a infecção. •Cromógeno vermelho naftol, contracoloração com hematoxilina. Barra = 100 μm. Morbidade e mortalidade •Patotipo velogênico viscerotrópico: em aves susceptíveis a mortalidade freqüentemente chega a 100% • Patotio velogênicos neurotrópicos: geralmente, próxima de 50% em aves adultas e de até90% em aves jovens. Diagnóstico •No Brasil pode-se cogitar a possibilidade de surto de DN, por ocasião de doença de média ou alta mortalidade, especialmente em aves galináceas não vacinadas contra a DN •Considerando que os sinais clínicos e lesões não são patognomônicos e podem ser confundidos com outra doenças, o diagnóstico definitivo depende de examelaboratorial •Para a confirmação laboratorial, é necessário convocar o serviço oficial de vigilância no Estado, que fará a colheita de material e o envio ao laboratório de referência Isolamento viral •Ovo embrionado de galinha • A inoculação em ovos embrionados de 8 a 11 dias; •Saco corioalantoide Cultura de células • Os ovos são inoculados na cavidade córioalantóide com aproximadamente 0,2ml de uma suspensão da amostra, tratada com antibióticos. Identificação viral – Teste de Hemaglutinação •O líquido alantóide são testados para a presença da atividade hemaglutinante Imunodifusão em Gel • A presença do vírus Newcastle pode ser confirmada pelo teste de imunodifusão, entre o vírus concentrado e um soro preparado. Sorologia •Várias técnicas são utilizadas para a monitorização sorológica e diagnóstico: •Inibição da hemaglutinação; Imunodifusão para detectar anticorpo. Ensaio imunoenzimático (ELISA). •Os testes sorológicos utilizados devem ser feitos de 7 a 10 dias depois da infecção, para se caracterizar a infecção pelo vírus da influenza aviária Sorologia - Inibição da Hemaglutinação •Sorologia - Imunodifusão para detectar anticorpos •No centro - Soro de controle positivo •Poços A, C e E – Controle Positivo •Poço D – Controle negativo •Poço F – Amostra positiva •Poço B – Amostra fracamente positiva Detecção direta do vírus •A demonstração direta do vírus, ou de proteínas virais em amostras de tecidos de animais doentes Imunohistoquímica •Técnicas de imunofluorescência, ELISA por captura de antígeno, PCR. Detecção direta do vírus Imunohistoquímica •Detecção direta do vírus - imunofluorescência PCR •Diagnóstico Diferencial Enfermidades Virais nas Aves Intoxicações, Pasteurelose, Salmonelose •Doenças que causam hemorragias, sinais respiratórios e nervosos. Prevenção e controle •Vacinação •Vacinas vivas preparadas com estirpes não patogênicas (lentogências) no 1o dia de vida e revacinações periódicas. •Para aves de maior longevidade (poedeiras e reprodutores), revacinação com vacina viva durante o crescimento e a revacinação com vacina inativada via intramuscular antes da postura. •Vacinação nos plantéis de aves de reprodução e comerciais somente poderá ser realizada com vacina devidamente registrada no MAPA.
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