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PETIÇÃO HABEAS CORPUS

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ
ADVOGADO , brasileiro (a), inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional XXX sob nº XXX, portador do RG nº XXX, inscrito no CPF sob nº XXX, residente e domiciliado na XXX, Bairro XXX, Município de XXX, UF XXX, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fulcro nos artigos 5º, inciso XV, LIV e LXVIII bem como art. 93, IX, da CRFB/88, além do artigo 648, I, do CPP, e artigo 528, § 2º do CPC, impetrar em favor do PACIENTE, Sr. ANTÔNIO, portadora do RG nº XXX, inscrito no CPF sob nº XXX, residente e domiciliado na rua XXX , Bairro XXX, Município de XXX, UF XXX, o presente
HABEAS CORPUS PREVENTIVO, com pedido liminar,
em face da autoridade coatora MM. JUÍZA DE DIREITO DA 1ª VARA DE FAMÍLIA DA COMARCA CURITIBA, situada nas dependências do fórum cível da capital, pelas razões de fato e de direito a seguri expostas.
I. FATOS
O paciente, por meio de acordo homologado judicialmente, obrigou-se a pagar pensão alimentícia à sua filha Sofia, de 3 anos de idade, na quantia de R$ 1.000,00, o que era feito mediante depósito na conta poupança em nome da mãe da menor todo 5º dia útil do mês (não foi estipulado desconto em folha).
Apesar de a mãe de Sofia não enfrentar nenhum tipo de dificuldade financeira, já que é herdeira única de uma fortuna que lhe retorna ganhos mensais altos, ela entendeu necessário garantir o direito de sua filha à pensão alimentar, optando por deixar a quantia depositada para que a menor saque assim que atingir a maioridade.
A obrigação alimentar sempre fora cumprida de forma pontual. Contudo, veio a pandemia pelo COVID-19, e o paciente sofreu grave impacto financeiro, pois a empresa onde trabalha determinou a redução de sua carga horária e consequentemente a redução do salário, assim ele começou a enfrentar dificuldades para pagar o valor integral da pensão, pois ao invés de depositar mensalmente o valor estipulado, passou a depositar R$ 600,00 mensais.
A mãe da menor ajuizou Execução pelo rito do artigo 911 do CPC, após o acúmulo de 5 (cinco) meses de adimplemento parcial da pensão devida pelo genitor, em trâmite na 1ª Vara de Família de Curitiba. O paciente foi citado para pagar em 3 dias a totalidade da quantia de R$ 2.000,00 (dois mil reais), referente aos últimos 05 (cinco) meses do inadimplemento dos alimentos fixados, sob ameaça da sua prisão caso essa quantia integral não fosse paga.
O genitor justificou a real impossibilidade sua em adimplir a dívida, todavia, a magistrada ignorou a situação e decretou a prisão dele, pelo prazo de 30 (trinta) dias. O paciente tomou conhecimento da ordem de decretação da prisão pelo telefone, pois o advogado da exequente lhe contatou na esperança de obter um pagamento voluntário antes que a ordem de prisão chegasse a ele.
Acontece que a prisão civil por dívida alimentar não pode ser aplicada, uma vez que o paciente tem justificativas manifestas de seu involuntário inadimplemento escusável. Desta maneira, como forma de impedir a execução da ordem de prisão e garantir o direito de locomoção, face ao ato ilegal e abusivo praticado pela autoridade ora exposto, faz-se necessário a concessão da ordem aqui pretendida.
II. RAZÕES DE DIREITO
Como exposto, a decretação da ordem de prisão está fundamentada na existência de dívida alimentar de R$ 2.000,00 inadimplida pelo paciente. Não obstante, é nessário ressaltar que o paciente, infelizmente, está em um momento de dificuldade financeiras decorrente de uma significativa redução salarial, o que foi devidamente justificado e não levado em consideração pela magistrada. Portanto, não há negligência quanto a sua obrigação, tanto que, mesmo com as dificuldades, continuou, o paciente, efetuando os depósitos num valor a menor do acordado de R$ 600,00, ou seja 60% da dívida ainda estavam sendo pagas mensalmente. 
Além disso. é preciso esclarecer que a prisão não se torna medida útil ao caso narrado, uma vez que houve a devida justificativa para o inadimplemento e, também, pelo fato de a alimentanda não estar passando por qualquer dificuldade financeira últil para sua sobrevivência, visto que a mãe, Sofia, não se utiliza do dinheiro da pensão devida de forma imediata, pois tem condinçoes financeiras suficentes para supri-las. Diante desse cenário é evidente a ilegalidade do ato da autoridade coatora, incitando, desta forma, o remédio constitucional de HABEAS CORPUS. 
Então, cabe aprensentar que o presente habeas corpus tem a finalidade de proteger garantias fundamentais previstas na Carta Magna, os quais se faz necessário apresentar:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
Nesta mesma linha, o CPP prevê a possibilidade a impetração do referido remédio, ante a imenente prisão ilegal como consequência de coação imotivada, ou seja, sem a devida justa causa, o que se recorre de forma análoga:
Art. 647 CPP. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar.
Art. 648 CPP. A coação considerar-se-á ilegal:
I - quando não houver justa causa;
Portanto, diante do ato coator cometido pela autoridade impetrada, está consubstanciada em manifesta ilegalidade, assim, tem-se por devido e cabível a presente impetração do remédio constitucional habeas corpus, uma vez que se acha o paciente sob grave ameaça em seu direito constitucional, líquido e certo, de ir e vir. Isso em razão de decisão judicial da autoridade coatora, que decretou a sua prisão, apesar de ter sido justificado a real impossibilidade do paciente em adimplir uma parte de sua dívida (40% do valor). Desta maneira, a autoridade desvirtuou a finalidade desta modalidade de prisão, que é coagir ao pagamento, e não deveria ter sido aplicada como forma punição.
Cabe ainda expor que a execução de alimentos foi fundamentada no artigo 911 do CPC, que prevê que o juiz deve mandar citar o executado para quitar as parcelas anteriores ao início da ação de execução e das que vierem a vencer no decorrer do processo ou apresentar uma justificativa caso não tenha condições de quitar o débito alimentar, a qual deverá ser apreciada pelo juiz, conforme artigo 528 do CPC. 
Ante essa informação , observando a decisão da decretação da prisão, é evidente que é ilegal, pois a decisção da magistrada ignou a justificativa plausível apresentada pelo paciente. À vista disso, a decisão fere o que dispõe o art. 93, IX, da CRFB/88, uma vez que a falta de fundamentação torna a sentença nula, uma vez que a fundamentação é elemento essencial para compor a senteça, conforme artigo 489, inciso II, do CPC. Então, devido à explícita demonstração da impossibilidade justificada por parte do paciente, de cumprir seu dever alimentar, nota-se que a prisão no seu caso específico, não poderia ser decretada, e da forma como o fora, revela unicamente seu caráter punitivo, e não coercitivo. 
Diante do exposto, assevera-se que resta demonstrado que o requisito essencial para justificar a decretação da prisão civil, em razão de obrigação alimentícia, que é o inadimplemento voluntário e inescusável, previsto artigo 5º, inciso LXVII, da CRFB, não está presente nesse caso, e, por isso, o direito fundamentalda liberdade de locomoção do paciente está em iminência de perigo e, por isso, ele faz jus a proteção que visa o remédio constitucional habeas corpus.
III. PEDIDO LIMINAR
Cabe expor que estão presentes no caso em tela os requisitos para a concessão da liminar, previstos no artigo 300 do CPC, quem compreendem: a probalidade do direito e o risco de dano.
Desta forma, quanto ao probabilidade do direito, restou comprovado que o paciente tem direito a proteção que visa o habeas corpus, pois está em iminente ameaça de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, uma vez que o ato coator da Juíza de Direito da Vara de Família que decretou sua prisão, é ilegal, quer por não existir justo motivo, quer por falta de fundamentação da senteça o que, por consequência, a torna nula, pois o paciente apresentou justificativa relevante quanto a sua impossibilidade de quitar parte da divida alimentícia.
Já quanto ao risco de dano, basta constatar que a paciente está na iminência de ter concretizada sua ilegal prisão civil, uma vez que houve uma expedição do mandado de prisão contra o paciente a ser cumprimenda a qualquer momento, logo, há evidente risco de dano quanto a apreciação habeas corpus, o qual tem por finalidade previnir a concretização da ordem da autoridade coatora.
Diante do exposto, o paciente faz jus à concessão da liminar, para evitar que ao paciente seja cerceada injustamente em sua liberdade, constitucionalmente garantida, então, requer-se, apreciação pelo Egrégio Tribunal de Justiça do pedido de urgente concessão de liminar ao presente remédio constitucional para evitar a coação que se apresenta, questão de extrema relevância apresentada, impedindo que seja tolhido o Direito Constitucional de livre locomoção, pela coação de seu indevido decreto de prisão.
IV. PEDIDOS
Diante do exposto, requer-se:
a) A notificação da autoridade coatora, a Exma. Drª. Juíza da 10ª Vara de Família da Comarca de Curitiba, para que tome ciência dos fatos narrados e preste as informações que julgue necessárias;
b) A intimação do Ministério Público, na forma do Art. 178, II, CPC, por envolver a presente medida, ainda que indiretamente, interesse de incapaz;
c) O deferimento da liminar para determinar ao Juízo o recolhimento, independentemente, de cumprimento, do mandado de prisão já expedido, ou, alternativamente, caso já cumprido o mandado, seja determinada a imediata colocação em liberdade da paciente.
d) A concessão da ordem de Habeas Corpus Preventivo, com a consequente expedição de Salvo Conduto para a paciente, obstando a grave ameaça em sua liberdade.
Nestes termos, pede-se deferimento.
Local e data.
Advogado, OAB nº.

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