Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Universidade Veiga de Almeida Aluno: Lorrany Lima de Araujo Pedagogia Matrícula: 20191109606 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NO ENSINO REMOTO Disciplina: Alfabetização e Letramento Professora: Maria das Graças de Oliveira Dez/2020 Rio de Janeiro INTRODUÇÃO Alfabetizar é um grande desafio, tanto para os professores quanto para os alunos, por este motivo é necessário criar diferentes estratégias para despertar o gosto pela leitura. Quando se trata do ensino remoto esta necessidade torna-se ainda mais evidentes, visto que é através da alfabetização e letramento que a criança irá desenvolver o pensamento crítico e desenvoltura social. Por este motivo, este trabalho tem como objetivo debater sobre a alfabetização e o letramento no decorrer do ensino remoto, atualmente instaurado no Brasil, assim como os desafios socioemocionais desta modalidade de ensino. ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO ENQUANTO PROCESSO DE APRENDIZAGEM A alfabetização e o letramento são cruciais para o desenvolvimento estudantil e social do indivíduo, visto que é através da alfabetização que o aluno aprenderá a reconhecer os elementos que compõem a escrita (letras, ligação entre sílabas e formação de palavras) e decodificar números simples; porém, é através do processo de letramento que este aluno irá se apropriar da interpretação e domínio da língua, ou seja, torna-se capaz de entender um texto, interpretar uma história, falar com clareza e se expressar de forma eficaz por meio das palavras empregadas por ele. Entretanto, é importante ressaltar que a forma como é disposto o processo de alfabetização, a metodologia em sala de aula pode se alterar, já que segundo o estudo realizado por Marilane Maria Wolff Paim da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) em conjunto com um grupo de professores alfabetizadores em processo de formação continuada, uma maneira de ampliar as possibilidades de leitura e escrita dos alunos é dissocia-lo da “situação real vivida, bem como de seu significado ao contrário”, pois dessa maneira o indivíduo ultrapassará um entendimento restrito e limitado. Paim (2014) destaca que: “Aprender a língua escrita por repetição, cópia, reprodução de letras, palavras e frases isoladas, leitura em coro, não garantem que a criança aprenda a linguagem escrita, mas somente a escrita das letras.” Para Magda Soares, professora titular emérita da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e fundadora da instituição o Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale) em entrevista em 2018 para a Revista Pátio Ensino Fundamental: “A aprendizagem inicial da língua escrita, a alfabetização, o ensinar a ler e escrever, é atribuição de um profissional que conheça, como disse, o processo linguístico e cognitivo de apropriação da língua escrita por crianças no início de seu processo de escolarização, (o que considero ser a pré-escola e os dois anos iniciais do ensino fundamental). A seguir, no que se refere ao desenvolvimento da leitura, ao ler com compreensão, sabendo interpretar, inferir, relacionar ideias em textos de diferentes gêneros, entre outras habilidades leitoras, a atribuição, se é específica do professor de português, é também de todos os outros professores, porque todos eles trabalham intensamente com textos, e textos de gêneros específicos de seu campo de conhecimento, portanto, textos cuja leitura, compreensão e interpretação só eles têm plenas condições de orientar. Quanto a questões ortográficas, de concordância, de regência, supõe-se que, como professores de todas as áreas têm, ou devem ter, o domínio da variedade formal da língua escrita, é também a eles que cabe orientar os alunos para o domínio dessa variedade.” De acordo com isso, fica notório que para o desenvolvimento do pensamento crítico do indivíduo é necessário que toda a comunidade escolar tenha participação ativa no aprendizado; para o letramento a interdisciplinaridade torna-se essencial, pois é através dela que se estimula o progresso cognitivo dos alunos. Contudo, o ano de 2020, transformou a realidade da alfabetização e letramento de todos os estudantes do país, já que com a pandemia do coronavírus, o isolamento social fez-se necessário, assim como a adição do ensino remoto e/ou híbrido no Brasil, o que provocou reinvenções escolares, além de quando se trata de crianças em processo de alfabetização e letramento, uma maior participação dos responsáveis dos alunos, evidenciando que o andamento do letramento também pode através da interação dentro da própria residência das crianças. A INTERAÇÃO NO ESPAÇO VIRTUAL O ambiente escolar é um espaço de aprendizagem, conhecimento e socialização. Não se pode negar que as novas gerações de crianças e jovens que frequentam as unidades escolares, em sua maioria, convivem com as novas tecnologias desde muito novo, o que torna o mundo virtual parte de seu cotidiano. A escola deve ser para expandida para além dos muros e promover a união da interação entre o mundo real e virtual. A utilização da interação tecnologia-professor-aluno possibilitou uma maior troca com os indivíduos, já que as informações advêm com maior facilidade, o que proporciona enriquecimento cultural. No decorrer da alfabetização e letramento, a tecnologia não pode ficar de fora, pois ela pode ajudar os professores com a utilização de trilhas de aprendizagem e dinâmicas que estimulem o desenvolvimento do lúdico da criança. No entanto, de acordo com a reportagem da revista Exame, a utilização exagerada das tecnologias tem diminuído o armazenamento da memória de curto prazo, o que impede a interpretação profunda do texto. Segundo Nicholas Carr: “A profundidade da nossa inteligência depende na nossa habilidade em transferir informações da nossa memória de trabalho, um tipo de bloco de notas do nosso consciente, para a memória de longo-prazo, que é o sistema de arquivamento da mente”. Revista Wired, 2010 De acordo com esse contexto, fica notório que o papel do educador é de saber dosar a quantidade de interação virtual que os alunos, porém de maneira que mantenha livre o espaço para reflexão crítica dos impactos das tecnologias dentro e fora do ambiente escolar, “na produção de conhecimento, nas relações sociais e em outros tantos aspectos da vida das crianças e adolescentes”. A CONTRIBUIÇÃO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO PARA O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO. Para as ciências humanas, a interação social é determinada através das relações sociais desenvolvidas pelos indivíduos e grupos sociais. No campo da educação, diferentes autores abordam a importância destas interações sociais no desenvolvimento da aprendizagem. Vygotsky (1993), é um exemplo claro de defesa desta abordagem, pois ele é até hoje um dos maiores representantes da Teoria Sociointeracionista, devido aos seus estudos que apontam “o homem como sujeito social e em constante interação com o meio”, ou seja, para este autor, o desenvolvimento intelectual do indivíduo ocorre através de brincadeiras que envolvem o seu ambiente, no qual é através da internalização dos instrumentos culturais que a criança constrói o seu próprio conhecimento. Com a criação das novas tecnologias, não foi diferente, pois atualmente existe a troca de informações de forma mais ágil e principalmente de maneira ampla, ou seja, “de um para todos” à “todos a todos”. Dentro da sala de aula a interatividade digital tem cada vez mais se tornado parte do cotidiano de diversas escolas no Brasil – infelizmente em escola na maioria particulares. Para Kenski (2012) a introdução das novas tecnologias como instrumento para aprendizagem modifica comportamentos e o saber de maneira muito rápida.:Um saber ampliado e mutante caracteriza o estágio do conhecimento na atualidade. Essas alterações refletem-se sobre as tradicionais formas de pensar e fazer educação. Abrir-se para as novas educações, resultantes de mudanças estruturais nas formas de ensinar e aprender possibilitadas pela atualidade tecnológica, é o desafio a ser assumido por toda a sociedade. (KENSKI, 2012, p. 41). A realidade do mundo contemporâneo mostra que a tecnologia necessitar estar alinhada à boas práticas pedagógicas, pois elas podem contribuir de forma efetiva no processo de alfabetização e letramento. De acordo com a educadora e presidente do Sindicato das Escolas Privadas do Amazonas (Sinepe/Am), Elaine Saldanha, (2017), “enquanto estão mexendo em um computador ou tablet, as crianças desenvolvem a concentração e o raciocínio lógico". Com o ensino remoto, é necessário que o professor estimule os alunos a conhecerem o alfabeto de maneira lúdica e criativa, recorrer a outros matérias que não sejam os didáticos, como sites, vídeos e até mesmo aplicativos que incentivem o indivíduo a saber mais sobre o tema, os mantendo voltados para a leitura e escrita e os tornando protagonista de sua própria educação. OS FATORES EMOCIONAIS QUE AFETAM O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA LEITURA E DA ESCRITA. A educação à distância apesar de ter pontos positivos, possui também consequências emocionais para os estudantes, pois em muitos modelos de ensino remoto existe a ausência do suporto socioemocional, devido a má estruturação educacional e falta de organização adequada e isso pode representar um fator de risco ao desenvolvimento da aprendizagem. Como abordado anteriormente, o ensino remoto e/ou híbrido foi instaurado no Brasil de forma emergencial, devido a pandemia do coronavírus, por este motivo a Universidade de São Paulo (USP) começou uma pesquisa para avaliar a saúde mental das crianças de adolescente do país. De acordo com esta pesquisa foi averiguada que o isolamento social tem desenvolvido cada vez mais cedo nos indivíduos problemas como ansiedade e depressão; isso se deu não apenas pela falta de convívio social, mas também pela mudança brusca na rotina com o ensino remoto. É no ambiente escolar que as crianças aprendem, desenvolvem a interação social, que através dela, os alunos conseguem praticar conceitos aprendidos em sala de aula, como a oralidade, interpretação de situações, desenvolvimento sociocognitivo, entre outros. Por isso, quando o ensino se mantém unicamente remoto, muitas crianças adquirem dificuldade de interação com o mundo real, mas também o desenvolvimento adequado de demais inteligências que só podem ser adquiridas quando há convívio com o meio externo. Para o psicólogo Bruno Jardini Mäder, da Universidade Federal do Paraná: “Sem os vínculos da escola, as crianças e adolescentes podem se sentir confusos, pois a inserção no grupo é fundamental na elaboração de identidades e vontades” O psicólogo, também chama atenção para a sobrecarga de trabalho das famílias, que unem as tarefas domésticas com as demandas educacionais, que por muita das vezes os alunos não possuem local adequado para concentrar-se em seus estudos, gerando assim desânimo. Por este motivo, os educadores necessitam ficar atento aos seus alunos, para qualquer sinal de desestabilidade emocional para que estes não acarretem problemas mais graves no futuro, tanto no ambiente escolar como no social. ANEXO 1. AUTOAVALIAÇÃO O isolamento social trouxe alguns danos a minha saúde mental e por este motivo me proporcionou um mal desempenho dentro da disciplina de Alfabetização e Letramento, que era extremamente aguardada por mim, devido a gostar extremamente no assunto e querer me especializar nesta área. Tenho certeza que com as férias e a falta de pressão de ser uma aluna excelente que eu mesma coloco, irei reler todos os textos para assim poder me aprofundar com maior qualidade no assunto, já que a professora Graça é excelente em compartilhar seus conhecimentos com todos os alunos, além de nos dar uma grande gama de materiais de estudo. Infelizmente a má qualidade na internet de ambos os lados dificultou um pouco o processo de assistir as aulas ao vivo, mas sempre que possível (quando a internet e meu estado emocional permitia) assistia as aulas gravadas. Deste modo, acredito que mesmo com as dificuldades tenha sido enriquecedor o processo de aprendizagem desta disciplina, já que encontrei um apoio direto e constante na professora e em alguns colegas de classe, que mesmo sem conhecê- los pessoalmente estavam dispostos a ajudar. REFERÊNCIAS GUIMARÃES, Amanda. Letramento e Alfabetização: entenda as diferenças. Portal: SuperAutor. 2020. Disponível em: https://superautor.com.br/letramento-e- alfabetizacao-entenda-as-diferencas/ PAIM. MARILANE. Alfabetização e letramento: um estudo sobre as concepções que permeiam as práticas pedagógicas dos professores alfabetizadores. X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. Disponível em: http://xanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/1755-0.pdf A alfabetização e o letramento no Brasil, segundo Magda Soares. Portal: Desafios da Educação. 2019. Disponível em: https://desafiosdaeducacao.grupoa.com.br/alfabetizacao-letramento/ A escola, o espaço virtual e a tecnologia. Portal: Dependência de Tecnologia. Disponível em: https://dependenciadetecnologia.org/a-educacao-e-a-tecnologia/a- escola-o-espaco-virtual-e-a-tecnologia/ GREGOIRE, Carolyn. Como a tecnologia está destruindo a sua memória. Revista Exame. 2014. Disponível em: https://exame.com/ciencia/como-a-tecnologia-esta- destruindo-a-sua-memoria/ Aulas remotas: qual o impacto na saúde mental das crianças? . Portal: Lunetas. Disponível em: https://lunetas.com.br/aulas-remotas-qual-o-impacto- na-saude-mental-das-criancas/ https://superautor.com.br/letramento-e-alfabetizacao-entenda-as-diferencas/ https://superautor.com.br/letramento-e-alfabetizacao-entenda-as-diferencas/ http://xanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/1755-0.pdf SILVA, Alba; SANTOS, Helisandrados; PAULA, Luiz. Os Desafios Enfrentados No Processo De Ensino E Aprendizagem Em Tempos De Pandemia Nos Cursos De Graduação. VII Congresso Nacional de Educação (CONEDU). 2020. Disponível em: https://editorarealize.com.br/editora/anais/conedu/2020/TRABALHO_EV140_MD1_S A19_ID4434_14092020210502.pdf SANTANA, Luana. As novas tecnologias e a alfabetização. Brasil Escola. Disponível em: https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/pedagogia/as-novas-tecnologias- alfabetizacao.htm
Compartilhar