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TEORIA FOCADA EM ESQUEMAS DE YOUNG Abordaremos aqui algumas teorias do desenvolvimento cognitivo, para que possamos entender como se dá a formação dos esquemas e crenças discutidos por Young. De acordo com Papalia (2000), a maioria dos pesquisadores do desenvolvimento cognitivo usa umas das quatro abordagens para estudos de questões referentes ao desenvolvimento cognitivo: • Abordagem Behaviorista: como já detalhamos anteriormente, estuda a mecânica básica da aprendizagem, preocupando-se em como o comportamento muda em resposta à experiência. • Abordagem Piagetiana: observa as mudanças na qualidade do funcionamento cognitivo, ou o que a pessoa é capaz de fazer; faz relação com a evolução das estruturas mentais e como as crianças se adaptam ao seu ambiente, sustentando que a cognição se desenvolve em etapas. • Abordagem Psicométrica: Tenta medir as diferenças individuais em termos de quantidade de inteligência. • Abordagem do Processamento de Informação: Concentra-se nas diferenças individuais quanto ao modo no qual as pessoas usam sua inteligência, focando os processos envolvidos na percepção e no manuseio de informação. Como podemos perceber, cada abordagem tem sua importância e todas nos ajudam a compreender o comportamento inteligente. Nesse tópico, focaremos nosso estudo em Piaget e Bartlett, pois segundo Beck & Freeman (1993), o conceito de esquemas tem uma história relativamente ligada a estes dois teóricos, que foram os primeiros a definir o que seria um esquema descrevendo-o como estruturas que integram e atribuem significados aos eventos, em seguida trabalharemos como se dá o processamento de informações. Segundo Mussen (2001), Piaget acreditava que o desenvolvimento do conhecimento é um processo ativo dependente da interação entre a criança e o ambiente. A criança não possui um conjunto predefinido de habilidades mentais e nem é um recipiente passivo de estímulos do ambiente. A partir da infância, o file:///D:/Meus%20Negocios/Pensar%20Cursos/www.pensarcursos.com.br movimento cada vez mais dá lugar ao pensamento e o aprendizado continua a ser um processo interativo. Papalia (2000) cita que Piaget acreditava que o núcleo do comportamento inteligente estaria numa capacidade inata de adaptar-se ao ambiente, pois é a partir daí que ele descreve o desenvolvimento cognitivo como uma série de estágios. Em cada estágio a criança desenvolve uma nova maneira de pensar e responder ao ambiente; esse desenvolvimento ocorreria por meio de três princípios que estão inter-relacionados: organização, adaptação e equilibração. A organização cognitiva é a tendência de criar sistemas de conhecimento cada vez mais complexos. Desde que nascem, as pessoas organizam o que conhecem por meio de representações mentais da realidade que as ajudam a dar sentido a seu mundo. Dentro dessas representações mentais encontram-se as estruturas chamadas esquemas, que podem ser conceituados como padrões organizados de comportamento que uma pessoa usa para pensar e agir em uma situação. À medida que as crianças adquirem mais informação, seus esquemas tornam-se cada vez mais complexos, progredindo as maneiras de realizar ações motoras até o pensamento crítico sobre percepções sensoriais, e depois até o pensamento abstrato. A adaptação é o modo como lidamos com as novas informações, que vai envolver a assimilação – que seria tomar uma informação e incorporá-la em estruturas cognitivas existentes –, e a acomodação – que seria mudar nossas ideias para incluir um novo conhecimento. Já a equilibração é uma busca constante de equilibrio, entre a criança e o mundo exterior e entre as próprias estruturas cognitivas da criança. Papalia (2000) afirma que, segundo Piaget, os esquemas têm origem no exercício dos reflexos, ou seja, o recém-nascido, ao exercitar seus reflexos hereditários começa a relacionar o contexto no qual o reflexo é aplicado com a situação alcançada por ele, dando origem aos esquemas. Essas informações nos mostram que o esquema piagetiano é uma estrutura cognitiva dinâmica que se modifica ao longo do tempo, agregando conhecimento. É por meio de suas interações, das experiências que a criança vivencia, que ela constrói ativamente os seus conhecimentos. A ação da criança sobre os objetos é file:///D:/Meus%20Negocios/Pensar%20Cursos/www.pensarcursos.com.br que possibilita a formação da inteligência, em que a estrutura lógica é formada pelo desenvolvimento cognitivo, e neste sentido, a socialização, a linguagem, a curiosidade é expressão do desenvolvimento cognitivo. Não se esquecendo de citar Bartlett, Atkinson (2002) afirma que talvez ele tenha sido o primeiro psicólogo a estudar sistematicamente os efeitos dos esquemas sobre a memória. Ele sugeriu que distorções de memórias muito semelhantes àquelas que ocorrem quando encaixamos pessoas em estereótipos podem ocorrer quando tentamos encaixar narrativas em esquemas. O que Bartlett concluiu na sua pesquisa sobre os esquemas é que os dois aspectos da memória, preservar e construir, podem sempre estar presentes, embora sua ênfase relativa possa depender da situação exata. Fica bem claro como Piaget e Bartlett querem definir um esquema: uma representação mental de uma classe de pessoas, objetos, eventos e situações. Como sabemos, o desenvolvimento intelectual é um processo que começa desde o nascimento da criança (e, possivelmente, antes). Papalia (2000) nos confirma isso quando diz que um bebê ao nascer apresenta comportamentos simples e também alguns reflexos. Ele necessita de toda a atenção e cuidados do adulto, sozinho ele não sobreviveria, pois, o período que vai do nascimento à aquisição da linguagem é marcado por um extraordinário e complexo desenvolvimento da mente. A criança progressivamente aumenta o autocontrole do seu próprio corpo e sentimentos. Assim, ela conseguirá pouco a pouco lidar com as demandas da vida. A partir dessas concepções básicas citadas anteriormente, percebemos o quanto Piaget contribuiu para a descoberta dos processos de pensamentos e dos mecanismos de aprendizagem e como ele chegou à definição do que seria um esquema. Para entendermos de forma clara o que seriam realmente os esquemas de Young já fizemos uma breve revisão sobre a Terapia Cognitiva anteriormente, que é o ponto-chave para entendermos a definição de esquemas. Para o entendimento da evolução e desmistificação de como são esses esquemas e como se dividem, não podemos deixar de ressaltar a Teoria dos Esquemas de Young (2003), que conceitua esquema como uma estrutura cognitiva que filtra, codifica e avalia os estímulos a que o organismo é submetido. file:///D:/Meus%20Negocios/Pensar%20Cursos/www.pensarcursos.com.br Young é responsável por uma abordagem chamada “Terapia focada nos Esquemas”, que se baseou na Terapia Cognitiva de curto prazo, terapia esta que se refere à abordagem de terapia Cognitiva de 16 a 20 sessões, originalmente desenvolvida por Beck e colegas para tratamento da depressão. Young usou a teoria dos esquemas para tratar pessoas com transtorno de personalidade. De acordo com Young (2003), existem algumas suposições importantes sobre os pacientes a respeito da Terapia Cognitiva de Curto Prazo, que seria a Terapia Cognitiva criada por Beck. ➢ Os pacientes têm acesso aos sentimentos com um breve treinamento. Ou seja, com um treinamento relativamente breve podemos ensinar o paciente a perceber quando estiver sentindo-se ansioso, triste, zangado, culpado ou com alguma outra emoção. Porém, existem pacientes que estão bloqueados e não entram em contato com seus sentimentos, para estes pacientes é necessário modificar a abordagem da terapia cognitiva. ➢ Os pacientes têm acesso a pensamentos e imagens com um breve treinamento, mas como toda regra tem suas exceções, os pacientes com transtornos depersonalidade precisam de estratégias diferentes, pois eles não conseguem chegar aos seus pensamentos automáticos ou mesmo afirmam não ter nenhuma imagem. ➢ Esse tipo de terapia defende que os pacientes têm problemas identificáveis a serem focalizados, caso alguns tenham problemas vagos ou difíceis de definir, deve-se também modificar a terapia cognitiva para trabalhar com esses pacientes que vêm ao consultório sem ter nada específico como problema. ➢ Uma das técnicas utilizadas nessa terapia são tarefas de casa e também o uso de estratégias de autocontrole, mas alguns pacientes resistem a isso, mostrando que estão muito mais motivados a depender do terapeuta e a obter apoio do que aprender estratégias para ajudarem a si mesmos. ➢ Deve haver um relacionamento colaborativo entre paciente e terapeuta, mas existem casos também em que é muito difícil engajar pacientes num relacionamento colaborativo, podendo isso atrapalhar a terapia. ➢ Só que o relacionamento terapêutico não é o foco maior do problema, mas em pacientes com transtornos de personalidade, que possuem sérias dificuldades de relacionamento interpessoal, seria muito importante focalizar esse file:///D:/Meus%20Negocios/Pensar%20Cursos/www.pensarcursos.com.br problema de relacionamento, embora a terapia cognitiva tenha poucos estudos de como trabalhar em profundidade o relacionamento terapêutico. ➢ Todas as cognições e todos os padrões de comportamento podem ser modificados por análise empírica, discurso lógico, experimentação, passos graduais e prática. <http://www.psicronos.pt/imagens/destaques/terapia_cognitva.gif>. Young (2003) propõe alguns constructos para tratamento de pacientes com transtorno de personalidade, que seriam muito difíceis de tratar por meio do modelo cognitivo, ele propõe uma expansão do modelo cognitivo proposto por Beck. Seriam eles: ➢ Esquemas Iniciais Desadaptativos (EIAs); ➢ Domínio de um esquema; ➢ Processos de um Esquema: ✓ Manutenção de um esquema; ✓ Evitação dos esquemas; ✓ Compensação dos esquemas. Agora, conceituaremos cada um, para que a Teoria dos Esquemas de Young fique mais clara. file:///D:/Meus%20Negocios/Pensar%20Cursos/www.pensarcursos.com.br ➢ Esquemas Iniciais Desadaptativos (EIAs): Young (2003) diz que esses esquemas referem-se a temas extremamente estáveis e duradouros que se desenvolvem durante a infância, são elaborados ao longo da vida e são disfuncionais em um grau significativo. A grande maioria desses esquemas são crenças e sentimentos incondicionais sobre si mesmo em relação ao ambiente, sendo autoperpetuadores e, portanto, muito resistentes à mudança. Eles podem levar a um sofrimento psicológico, seja direta ou indiretamente, sua ativação é feita por meio de acontecimentos ambientais relevantes para um esquema específico, sendo mais ligados a altos níveis de afeto quando ativados do que a suposições subjacentes. Eles parecem ser resultados de um temperamento inato da criança interagindo com experiências disfuncionais com os pais, irmãos e conhecidos durante os primeiros anos de vida, ou seja, em sua maioria não são resultados de acontecimentos traumáticos isolados, a maioria é causada por padrões continuados de experiências nocivas cotidianas com outras pessoas que reforçam de alguma maneira o esquema. ➢ Domínio de um esquema: Segundo Young (2003), são cinco necessidades desenvolvimentais primárias que a criança precisa negociar para se desenvolver de maneira sadia. Podemos dizer que questões como temperamento inato e a biologia desempenham um papel no desenvolvimento de alguns desses esquemas. Assim, esses dois fatores associados ou combinados com os estilos parentais e as influências sociais às quais a criança está exposta é que desenvolve as tarefas (conexão e aceitação, autonomia e desempenho, limites realistas, auto- orientação e autoexpressão, espontaneidade e prazer) relacionadas com os esquemas que citamos acima, ou seja, quando os pais e o ambiente social são ótimos, as crianças se desenvolvem de maneira sadia em todas as cinco áreas, caso esse ambiente não seja bom, a criança pode desenvolver Esquemas Iniciais Desadaptativos em um ou mais dos domínios de esquemas, que persistem por toda a vida e tornam-se princípios organizadores do funcionamento cognitivo, emocional, interpessoal e comportamental do paciente. Caso não consiga, terá dificuldades para funcionar nos seguintes domínios de esquemas: ✓ Desconexão e rejeição; file:///D:/Meus%20Negocios/Pensar%20Cursos/www.pensarcursos.com.br ✓ Autonomia e desempenhos prejudicados; ✓ Limites prejudicados; ✓ Orientação para o outro; ✓ Supervigilância e inibição. Os esquemas que fazem parte desses domínios serão citados detalhadamente no decorrer deste capítulo. Agora, falaremos de Processos de um Esquema: ✓ Manutenção de um esquema; ✓ Evitação dos esquemas; ✓ Compensação dos esquemas. Manutenção de um esquema: Refere-se a processos pelos quais os esquemas iniciais adaptativos (EIAs) são reforçados. Essa manutenção, de acordo com Young (2003), acontece salientando ou exagerando informações que confirmam os esquemas e negando ou minimizando informação que contradizem o esquema. Muitos desses processos de manutenção dos esquemas são descritos por Beck como distorções cognitivas. O terapeuta geralmente encontra uma enorme resistência quando começa a contestar esses esquemas, pois o paciente tem certeza que eles são verdadeiros. Nesses processos, incluem-se distorções cognitivas explicadas em nível cognitivo e padrões de comportamento autoderrotistas, explicados em nível comportamental, que são os principais mecanismos de manutenção de esquemas e juntos servem para perpetuá-los, tornando-os cada vez mais inflexíveis. Evitação dos esquemas: São três os tipos mais importantes de evitação dos esquemas – cognitivo, afetivo e comportamental – eles permitem que o paciente escape da dor associada ao seu EID. Compensação dos esquemas: Refere-se a processos que supercompensam os EIA. file:///D:/Meus%20Negocios/Pensar%20Cursos/www.pensarcursos.com.br Vale ressaltar que em Young (2003) foram citados 18 Esquemas Iniciais Desadaptativos, estando agrupados nos cinco domínios de esquemas abaixo: ➢ Desconexão e rejeição Expectativa de que as necessidades de segurança, estabilidade, carinho, empatia, compartilhamento de sentimentos, aceitação e respeito não serão atendidos, previsivelmente. A família de origem é tipicamente desligada, rejeitadora, refreada, solitária, explosiva, imprevisível ou abusiva. Esquemas associados: ✓ Abandono/instabilidade; ✓ Desconfiança/abuso; ✓ Privação emocional; ✓ Defectividade/vergonha; ✓ Isolamento social/alienação. Autonomia e desempenhos relacionados Expectativa sobre si mesmo e o ambiente que interferem na capacidade percebida de separar-se, sobreviver, funcionar independentemente ou ter um bom desempenho. A família de origem é tipicamente emaranhada, abala a confiança da criança em si mesma, é superprotetora ou não consegue reforçar a criança para ter um desempenho competente fora da família. Esquemas relacionados: ➢ Dependência/incompetência; ➢ Vulnerabilidade/incompetência; ➢ Emaranhamento/self subdesenvolvido; ➢ Fracasso. ➢ Limites prejudicados Deficiência em limites internos, responsabilidade com os outros ou orientação para objetivos em longo prazo. A família de origem é tipicamente caracterizada pela file:///D:/Meus%20Negocios/Pensar%20Cursos/www.pensarcursos.com.br permissividade, excesso de indulgência, falta de direção ou senso de superioridade em vez de confrontação, disciplina e limites apropriados em relação a assumir responsabilidades, cooperar de maneira recíproca e estabelecer metas. ✓ Esquemasrelacionados: ✓ Merecimento/grandiosidade; ✓ Autocontrole/autodisciplina insuficientes; Orientação para o outro Um foco excessivo nos desejos, sentimentos e respostas dos outros, à custa das próprias necessidades a fim de obter amor e aprovação, manter o sentimento de conexão ou evitar retaliação. A família de origem é tipicamente baseada na aceitação condicional, em que as crianças precisam suprimir aspectos importantes de si mesmas a fim de obter amor, atenção e aprovação. Esquemas relacionados: ✓ Subjugação; ✓ Autossacrifício; ✓ Busca de aprovação/busca de reconhecimento. ➢ Supervigilância e inibição Nesse esquema, há uma ênfase excessiva na supressão dos sentimentos, dos impulsos e das escolhas pessoais espontâneas ou na criação de regras e expectativas internalizadas rígidas sobre desempenho e comportamento ético à custa da felicidade, autossupressão, relaxamento íntimo ou saúde. A família de origem é tipicamente severa, exigente e, às vezes, punitiva. Esquemas relacionados: ✓ Negativismo/pessimismo; ✓ Inibição emocional; ✓ Padrões inflexíveis/crítica exagerada; ✓ Caráter punitivo. file:///D:/Meus%20Negocios/Pensar%20Cursos/www.pensarcursos.com.br Na teoria da terapia cognitiva, a natureza e a função do processamento de informação, formação de esquemas (atribuição de significados), constituem a chave para entender o comportamento mal adaptativo e os processos terapêuticos adaptativos. Embora os significados sejam construídos pelas pessoas em vez de serem componentes preexistentes da realidade, eles são corretos ou incorretos em relação a um determinado contexto ou objetivo. Então, quando ocorre a distorção cognitiva, os significados 91 são disfuncionais ou mal adaptativos, essas distorções incluem erros no conteúdo cognitivo (significados), no processamento cognitivo (elaboração de significados) ou ambos. “Os esquemas evoluem para facilitar a adaptação da pessoa ao ambiente e são neste sentido estruturas teleonômicas” (BECK, 2000, p. 25). Portanto, eles são essencialmente estruturas de significado consciente e inconsciente, em que servem à função de sobrevivência. Neste sentido, percebe-se que um estado psicológico não é nem adaptativo, nem mal adaptativo em si, mas encontra-se em relação ao contexto do ambiente social e físico mais amplo no qual a pessoa está inserida. O significado que uma pessoa atribui a uma situação, ou a forma como um evento é estruturado, construído por uma pessoa, é que determina como aquela pessoa se sentirá e se comportará. Beck (2003) simplifica isso quando diz que as crenças que temos sobre nós mesmos, sobre o mundo e sobre o futuro determinam o modo como nos sentimos: o que e como as pessoas pensam afetam profundamente o seu bem-estar emocional. E é desse princípio que vem a ideia de que, examinando nossas crenças e, nos apropriando e modificando-as, afetamos diretamente o nosso bem-estar emocional. Podemos entender isso melhor quando percebemos como se dá a formação de um esquema: nossas respostas emocionais e comportamentais, bem como nossa motivação, não são influenciadas diretamente por situações, mas sim pela forma como processamos essas situações, em outras palavras, pelas interpretações que fazemos dessas situações, por nossa representação dessas situações, ou pelo significado que atribuímos a elas. As nossas interpretações, representações ou atribuições de significado, por sua vez, refletem-se no conteúdo de nossos pensamentos automáticos, contidos em vários fluxos paralelos de processamento cognitivo que ocorrem em nível pré-consciente. file:///D:/Meus%20Negocios/Pensar%20Cursos/www.pensarcursos.com.br O conteúdo de nossos pensamentos automáticos, pré-conscientes, reflete a ativação de estruturas básicas inconscientes, os esquemas e crenças, e o significado atribuído pelo sujeito ao real. Nossas interpretações, representações, ou atribuições de significado atuam como variável mediacional entre o real e as nossas respostas emocionais e comportamentais. Daí decorre que, para modificar emoções e comportamentos, intervimos sobre a forma do indivíduo processar informações, ou seja, interpretar, representar ou atribuir significado a eventos, em uma tentativa de promover mudanças em seu sistema de esquemas e crenças. Como já foi dito, as crenças estão contidas dentro dos esquemas, ou seja, “as crenças são um registro da história de cada entidade, da confiança que temos em obter as coisas que desejamos ou em ter sucesso em nossas empreitadas” (LE BON, 2001, p. 58). Por intermédio da história de vida do sujeito e com base em experiências relevantes desde a infância, desenvolvemos um sistema de esquemas, que estão cheios de crenças, localizado em nível inconsciente ou, utilizando conceitos da Psicologia Cognitiva, em nossa memória implícita. Esquemas, nesse sentido, podem ser definidos como superestruturas cognitivas, que refletem regularidades passadas, conforme percebidas pelo sujeito. Ao processarmos eventos, os esquemas implicitamente organizam os elementos da percepção sensorial, ao mesmo tempo em que são atualizados por eles, em uma relação circular. Os esquemas ainda dirigem o foco de nossa atenção. Como já foi explicitado, incorporadas aos esquemas, são desenvolvidas crenças básicas e pressuposições intermediárias específicas para diferentes classes de eventos, as quais são ativadas em vista de eventos críticos eliciadores. A ativação dessas crenças reflete-se em nosso pré-consciente, nos conteúdos dos pensamentos automáticos, que representam nossa interpretação do evento, ou o significado atribuído a ele. Esses, por sua vez, influenciam a qualidade e intensidade de nossa emoção e a forma de nosso comportamento frente a essa determinada situação. Sintetizando como essas crenças atuam podemos dizer, que elas se desenvolvem na infância à medida que a criança interage com outras pessoas significativas e encontra uma série de situações que confirmem essa ideia, e essas file:///D:/Meus%20Negocios/Pensar%20Cursos/www.pensarcursos.com.br crenças centrais negativas podem vir à tona apenas durante momentos de aflição psicológica. Segundo Beck (1997), quando uma crença central é ativada, o sujeito é facilmente capaz de processar informações que a apoiam, mas ele frequentemente falha em reconhecer e distorce as informações que são contrárias à crença central. Chegamos até aqui com o propósito de mostrar que a construção de significados é muito importante e que esses significados interferem na nossa vida, pois essas crenças que adquirimos tornam-se verdades absolutas e são apenas ideias que podem ser modificadas. É de extrema importância a interpretação que o próprio paciente tem sobre sua experiência, sobre seu mundo e sobre si mesmo. Não se trata mais de descobrir os significados ocultos, mas de conhecer os processos de sua construção. Como diz Silva (2003), um sistema de crenças e valores é capaz de conferir continuidade e coerência a nossas vidas, em razão de nos ajudar a tomar decisões e a avaliar a importância das experiências pessoais. Temos a tendência de aceitar melhor aquilo que está de acordo com nossas crenças e, ao aceitar, nós o validamos como verdadeiro. file:///D:/Meus%20Negocios/Pensar%20Cursos/www.pensarcursos.com.br
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