Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Natália Furlaneto Icterícia DEFINIÇÃO Coloração amarelada de pele e mucosas, consequente ao acumulo de bilirrubinas no soro e tecidos. ➔ Sinal clinico de extrema importância no diagnóstico e estadiamento de doenças hepatobiliares. ➔ Manifesta-se clinicamente quando os níveis de bilirrubinas > 2,5 no adulto e > 8 no neonato. LOCAIS DE MANIFESTAÇÃO Esclera dos olhos (onde existe abundante concentração de tecido elástico). ✱ O tingimento amarelado das escleras é visível em concentrações de 2,0 a 2,5 mg/dl e na pele acima de 3,0 a 4,0 mg/dl. Pele, mucosas e freio da língua. Fluídos e secreções do organismo também são atingidos, especialmente, aqueles ricos em proteínas (lágrimas, suor, o sêmen, o leite, a expectoração e a ascite). ✱ Cicatrizes e áreas de edema geralmente são poupadas. DEFINIÇÕES SECUNDÁRIAS • Não Colestáticas: ocorrem pela maior oferta de bilirrubina pelo fígado, por deficiência de captação dos hepatócitos, defeito no transporte extracelular e/ou na conjugação (aumento de bilirrubina indireta); pode ser, também, devido a uma diminuição de excreção pelo hepatócito (aumento de bilirrubina direta). • Colestase: alteração na formação e excreção da bilirrubina, do hepatócito até a papila de Vater. FISIOPATOLOGIA ✱ A maior parte da bilirrubina é produzida quando a hemoglobina é quebrada em bilirrubina indireta; 1. A bilirrubina indireta é ligada à albumina e transportada no plasma para o fígado, onde é captada pelos hepatócitos e conjugada com ácido glicurônico para se tornar hidrossolúvel 2. Bilirrubina direta é excretada pela bile no duodeno. 3. No intestino, bactérias metabolizam a bilirrubina para formar urobilinogênio. 4. Parte desse urobilinogênio é eliminada nas fezes e parte é reabsorvida, extraída pelos hepatócitos, reprocessada e re- excretada na bile. METABOLISMO FORMAÇÃO Cerca de 250 a 350 mg de bilirrubina não conjugada são formados diariamente; 70 a 80% derivam da quebra de hemácias degeneradas; 20 a 30% (bilirrubinas recém-classificadas) vêm de outras proteínas heme da medula óssea e do fígado. A hemoglobina é degradada em ferro e biliverdina, que é convertida em bilirrubina. Transporte plasmático A bilirrubina não conjugada (ou indireta) não é hidrossolúvel e, assim, é transportada ligada à albumina. CONJUGAÇÃO A bilirrubina não conjugada é conjugada no fígado para formar basicamente diglicuronil-bilirrubina (bilirrubina conjugada ou direta). Essa reação é catalisada pela enzima glicuroniltransferase e torna a bilirrubina solúvel em água. TIPOS DE BILIRRUBINA: VAL. DE REFERÊNCIA Bilirrubina sérica Total: 0,2 a 1,2 mg/100 ml. Fração Conjugada: inferior a 15 % - 0 a 0,2 mg/ml. Fração não Conjugada: até 1 mg/100 ml. FORMAS DE ICTERÍCIA ICTERÍCIA HEMOLÍTICA (PRÉ-HEPÁTICA) Produção aumentada de bilirrubina indireta pela destruição excessiva de hemácias Saturação da capacitação hepática da bilirrubina não-conjugada; geralmente não ultrapassando 4 mg/dl. Causas: • Anemia falciforme – alteração de sua morfologia. • Válvulas protéticas – destruição mecânica. • Hemólise imune e induzida por drogas ➤ Icterícia hepatocelular (intra-hepática) Lesão do hepatócito; envolve a maioria das causas da icterícia. Elevação das aminotransferases aspartato (AST) e alanina (ALT) Bilirrubina direta está mais elevada do que a indireta Causas: • Vírus hepatotrópicos A, B e C; Epstein-Barr; citomegalovírus; parvovírus B19; leptospirose; hepatite autoimune; tóxicas (toxina do cogumelo Amanita phalloides); induzida por drogas como isoniazida ou álcool; • Cirrose hepática (hemocromatose; doença de Wilson); • Causas vasculares (síndrome de Budo-Chiari e doença veno- oclusiva) ICTERÍCIA COLESTÁTICA (PÓS-HEPÁTICA) Obstrutiva: obstrução das vias biliares extra-hepáticas; obstrução mecânica ao fluxo biliar Causas: • Coledocolitíase; • Obstrução tumoral (carcinoma de ductos biliares, da cabeça do pâncreas, estenoses pós-operatórias, pancreatites, parasitárias - ascaridíase) ICTERÍCIA NÃO-COLESTÁTICA Acumulo de bilirrubinas no plasma e tecidos resultado de alteração ou bloqueio nos processos de metabolização Hiperbilirrubinemia não conjugada é mais frequentemente causada por: ↳ Produção aumentada ↳ Redução na captação hepática ↳ Conjugação diminuída Causas: ➔ Congênitas (anomalia da membrana eritrocitária / hemoglobinopatias / alterações enzimáticas) ➔ Adquiridas (autoimunes / fragmentação eritrocitária (valvulopatias / malária); Redução do transporte de bilirrubinas (ICC / choque / hipóxia /Desidratação / hipoalbuminemia / nutrição parenteral prolongada) ICTERÍCIA COLESTÁTICA Disfunção hepatocelular (lesão dos hepatócitos). Lentidão na saída da bile do fígado (colestase intra-hepática). Natália Furlaneto Obstrução do fluxo biliar extra-hepático (colestase extra- hepática) QUADRO CLÍNICO Síndrome não Colestáticas podem sem assintomáticos, podendo apresentar leve icterícias em alguns momentos, hepatomegalias geralmente nos quadros hemolíticos Sinais e sintomas normalmente dependentes do fator causal. S INAIS E S INTOMAS • Astenia, febre, cefaleia e artralgias (hepatites virais) – • Acolia fecal: sugere obstrução completa das vias biliares. • Colúria: excreção renal aumentada de bilirrubina direta. • Dor: possibilidade de coledocolitíase; metástase hepática, infiltrando a cápsula • Prurido: Sintoma típico de colestase intra ou extra hepática – cirrose biliar primária; acomete as extremidades – palma das mãos e planta dos pés. EXAME FÍSICO • Icterícia amarelo-limão (hemolítica), Icterícia amarelo-laranja (hepatocelular), Icterícia amarelo-esverdeado (obstruções crônicas) • Alterações Cutâneas Exantema Urticariforme – Hepatite aguda púrpura – devido a vasculite nas hepatites B e C; • Aspecto Acinzentado da Hiperpigmentação Hemocromatose, Xantelasmas – Cirrose biliar primária com Hipercolesterolemia; • Telangiectasias estreladas (aranhas vasculares) – áreas expostas ao sol, doenças hepáticas crônicas Eritema Palmar; Devido ao hiperestrogenismo relativo que ocorre nas doenças hepáticas crônicas Alterações dos Anexos Cutâneos – hipotricose (perda de pelos) – tórax, abdômen, axilas e regiões púbicas; Unhas opacificadas; com estrias esbranquiçadas; unhas em vidro de relógio (doenças hepáticas crônicas). EXAMES LABORATORIAIS • Hiperbilirrubinemia indireta (síndrome não colestática); • Anemia hemolíticas (bilirrubina indireta / reticulocitose /aumento do ferro sérico / baixa nos valores de haptoglobulinas; • Colestáticas (bilirrubina direta / enzimas canaliculares – fosfatase alcalina / gama GT) • Disfunção hepatocelular: grande elevação das aminotransferases (> 500 U/L) e elevação moderada de fosfatase alcalina (< 3 vezes o normal). • Colestase: elevação moderada das aminotransferases (< 200 U/L) e importante elevação da fosfatase alcalina (> 3 vezes o normal). • Hiperbilirrubinemia sem disfunção hepatocelular: discreta hiperbilirrubinemia leve (p. ex., < 3,5 mg/dL com aminotransferases e fosfatase alcalina normais. EXAMES DE IMAGEM • Ultrassonografia abdominal é o primeiro exame de imagem a ser realizado. ↳ Ela é bastante precisa para detectar obstrução extra-hepática. ↳ Ultrassonografia geralmente é melhor para litíases. ↳ Se a ultrassonografia detectar colestase extra-hepática, pode ser necessária a realização de exames adicionais para determinar a causa; • Tomografia e Ressonância magnética são alternativas. ↳ Tomografia para lesões pancreáticas. • Todos esses exames podem detectar anormalidades nas vias biliares ou lesões hepáticas focais, mas têm baixa acurácia para detecção de lesões difusas, tais como as hepatites e a cirrose. • Colangiorressonância • Colangiopancreatografia endoscópica é mais invasiva, mas permite o tratamento de algumas lesões obstrutivas (ex. remoção de cálculos,colocação de stents em estreitamentos). ↳ Detecta a presença de cálculos nas vias biliares – coledocolitíase. ↳ Dilatação do hepatocolédoco com até 18 mm associada à dilatação do ducto pancreático (5 mm); área de redução do calibre do colédoco em sua porção intrapancreática é um achado, bastante sugestivo de colangiocarcinoma distal. BIÓPSIA HEPÁTICA • A biópsia hepática não é frequentemente indicada, mas pode auxiliar no diagnóstico de certas doenças (p. ex., doenças causadoras de colestase intra-hepática, em alguns tipos de hepatite e algumas doenças infiltrativas, • A biópsia pode também ser de algum auxílio quando o aumento de enzimas permanecer inexplicado pelos demais testes. TRATAMENTO O tratamento será apenas os pacientes sintomáticos, esse tratamento deverá englobar a causa da icterícia (não Colestáticas e Colestáticas).
Compartilhar