Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
REGISTROS DE OBSERVAÇÃO E OPERACIONALIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS MÉTODOS DE OBSERVAÇÃO E COLETA DE DADOS UNESA PROF. ÉRIKA GUIMARÃES FERREIRA Os objetivos da pesquisa observacional determinam se o pesquisador deve procurar uma descrição abrangente do comportamento ou uma descrição apenas de comportamentos selecionados. A maneira como os resultados de um estudo são sintetizados, analisados e publicados depende de como as observações comportamentais são registradas inicialmente. Quanto à forma: Registro cursivo x categorizado Registro cursivo O observador registra os eventos tais como eles se apresentam - abordagem narrativa; Cuidando somente do uso da linguagem científica! Registro categorizado O observador trabalha com categorias pré-definidas - abordagem descritiva; As categorias são definidas com base em trabalho anterior do próprio pesquisador ou da literatura científica disponível; 1. REGISTROS CONTÍNUOS: Registros narrativos ou diários, também conhecidos como registros cursivos, proporcionam uma reprodução fiel do comportamento observado do início até o fim da observação. Este tipo de registros, ocasionalmente chamados como registros contínuos cursivos, permitem que o observador registre, dentro de um período ininterrupto, todos os eventos que ocorrem obedecendo criteriosamente à sequência temporal dos fatos. Muitas vezes são realizados mediante filmagens ou gravações ou dispositivos eletrônicos. Diferem de outras formas de registro ou avaliação do comportamento porque a classificação dos comportamentos é feita depois das observações. TIPOS DE RESGISTROS DE OBSERVAÇÃO - Segundo o tempo de registro podemos encontrar os registros contínuos e os registros por intervalo. Estes registros contínuos cursivos são frequentemente utilizados para um levantamento inicial do repertório comportamental de um determinado sujeito ou situação. O objetivo do estudo determinará a variedade e o tipo de comportamentos a serem observados. Desta forma, o grau de detalhamento que um observador fornece num registro contínuo depende de: a variedade de tipos de comportamentos observador, a velocidade dos eventos observados, do treinamento do observador. Estes registros precisam de uma sistemática rigorosa por parte do observador para poder garantir a sua fidedignidade. Os fatos registrados pelo observador referem-se a: 1) Localização do sujeito 2) Posição e postura do sujeito 3) Eventos comportamentais 4) Eventos ambientais . 1) Localização do sujeito - O observador descreve a localização do sujeito no ambiente, indica onde o sujeito se encontra. 2) Posição e postura do sujeito •O observador descreve como o sujeito se encontra, faz referência a posição e postura do sujeito. Por exemplo: em pé (ereto ou curvo); ajoelhado; agachado; deitado (encolhido ou distendido) etc. • Postura – tem como referencial o próprio corpo, por exemplo, postura curva, ereta, encolhida. • Posição – descreve uma relação com o ambiente, por exemplo, em pé, deitado. 3) Eventos comportamentais 3.1) O comportamento motor: comportamentos que resultam no estabelecimento de contato físico do organismo com ele mesmo ou com o ambiente; comportamentos que mudam o contato físico existente; e, comportamentos que alteram a relação espacial que o organismo mantém com ele mesmo ou com o ambiente. São considerados como comportamentos motores: • 3.1.1) Estabelecimento e alteração do contato físico - Contato pode ser do organismo consigo mesmo ou com o ambiente. Tais como: passar a mão no cabelo, colocar o dedo no nariz, tirar o dedo da boca, apanhar a bola, chutar a bola, colocar a boneca sobre a cama, escrever no caderno etc. • 3.1.2) Mudanças na postura ou na posição – Comportamentos tais como agachar-se, levantar-se, virar a cabeça para trás, erguer o braço. Gestos também estão incluídos aqui. • 3.1.3) Locomoções – Comportamentos que resultam no deslocamento do sujeito em relação a pontos fixos do espaço. Comportamentos como: andar, correr, engatinhar, subir, descer. • 3.2) As expressões faciais – Consistem nas modificações que ocorrem no rosto (testa, sobrancelhas, olhos, nariz, boca, bochechas e queixo), e nas direções do olhar. Tais como, enrugar a testa, franzir a sobrancelha, sorrir, piscar os olhos, olhar para cima. • 3.3) O comportamento vocal – Sons articulados ou não, produzidos pelo aparelho fonador. Por exemplo, falar, cantar, assobiar, murmurar. 4) Eventos ambientais 4.1) Eventos físicos são mudanças no ambiente físico. Por exemplo, a bola bate na trave, o telefone toca. 4.2) Eventos sociais são os comportamentos das outras pessoas presentes no ambiente. Por exemplo: “O menino joga a bola para S”; o pai fala com S. Grau de detalhamento Impossível registrar tudo com detalhes. Decide-se a ênfase do que se é observado em função do objetivo da observação. Ex. se objetivo do estudo for: “identificar problemas de manipulação motora fina”, o observador focalizará as posturas, posições e movimentos da mão. Riqueza de detalhes depende de: a) Da variedade de tipos de comportamento que ele observa e registra simultaneamente. Se ele observar apenas os comportamentos motores ele poderá fornecer descrições mais detalhadas do que se ele observar comportamentos motores, expressões faciais e comportamentos vocais. b) Da velocidade com que os eventos ocorrem. Um observador consegue dar uma descrição mais detalhada quando os eventos ocorrem devagar. Por exemplo, comparar um adulto lendo o jornal com uma criança pulando amarelinha. A morosidade do primeiro comportamento permite que o observador consiga registrar informações a cerca das posturas do adulto, suas expressões faciais etc. Do grau de treinamento do observador. O treinamento do observador implica numa familiarização com a situação de observação, com o material a ser utilizado (prancheta, protocolo de observação, cronômetro, gravador) e com a sistemática de registro. Algum dos elementos a serem considerados dentro de um protocolo de observação deste tipo deve conter os seguintes dados: Nesta parte os eventos devem ser registrados de acordo com a sequência em que ocorrem fazendo referência aos eventos antecedentes, comportamento do sujeito observado, eventos consequentes. Em muitos casos um evento consequente pode se transformar num evento consequente dependendo do sujeito da ação. 1- Nome do observador 2- Objetivos da observação 3- Data da observação 4- Horário da observação: Início: Término 5- Diagrama do ambiente de observação 6- Relato do ambiente físico 7- Descrição do sujeito observado 8- Relato do ambiente social 9- Registro de eventos: É feito em determinados períodos de tempo; Por exemplo, de 20 em 20 segundos o observador olha para o sujeito e registra o que ele está fazendo. No trabalho com o registro de categorias observadas em amostras de tempo, quatro técnicas têm sido utilizadas na pesquisa em psicologia: 1) Listas para assinalar; 2) Registros de intervalo; 3) Verificação de atividade planejada; 4) Registros de memória Registros categorizados em amostras de tempo Lista para assinalar Nesse tipo de registro, os comportamentos a serem observados são previamente definidos (registro categorizado) e a sessão definida em intervalos de tempo; No tempo pré-definido, especificamente no início ou no fim de um intervalo, o observador olha para o sujeito e identifica os comportamentos que estão ocorrendo no momento do contato visual; Por exemplo, ao registrar as categorias fala (F), contato físico (CF), contato visual (CV) e manipulação de objetos (MO), no final de cada intervalo de 10 segundos, teremos: Exemplo de lista REGISTRO DE INTERVALO Assim como nas listas para assinalar, os comportamentos e a sessão de observação são divididos em períodos de tempo, no entanto, o registro é feito somente ao final do período e abrange todo o intervalo observado Geralmente é feito a partir de gravações de vídeo; Embora o sujeito seja focalizadoiniterruptamente, o registro é de uma única ocorrência do comportamento em cada intervalo! Exemplo: ao registrar as ocorrências das categorias fala (F), contato visual (CV) e contato físico (CF), em intervalos de 10 segundos teríamos: Para haver uma correspondência entre ocorrência e fequência do comportamento, é necessário ajustar o tamanho dos intervalos! Comportamentos de longa duração pedem intervalos maiores, enquanto os de curta duração, intervalos menores. REGISTROS POR INTERVALO: Os registros por intervalo selecionam o comportamento a ser observado e determinam um intervalo de tempo, espaço ou de comportamentos a serem observados. Para outros tipos de registro é necessário a elaboração de categorias de observação. Antes de construir seu sistema de categorias, porém, é conveniente que o pesquisador realize uma coleta de dados com viés mais qualitativo, para que esta primeira análise forneça subsídios para a seleção dos aspectos mais relevantes, para que depois se proceda à análise quantitativa, baseada nas categorias. Os registros cursivos, em situação naturalística, podem ser usados para posterior categorização dos dados. Objetiva-se, assim, expressar dimensões mais amplas e qualitativas; valorizando-se mais o recorte das interações sociais, e nem tanto o comportamento individual. Ressalta-se que a descrição das interações e relações sociais deve abranger dimensões tais como: conteúdo, qualidade, diversidade, padrões de frequências relativas, reciprocidade e complementaridade, bem como qualidades multidimensionais em diferentes níveis: moral, cognitivo e afetivo? Registros quantitativos Determinam previamente se o objeto de observação é a frequência de determinado evento / comportamento, duração de determinado evento / comportamento ou intensidade do evento / comportamento. Estes registros podem ter a forma de checklist ou escalas de observação. A escalas de observação podem ser numéricas, gráficas ou nominais. Operacionalização Usado quando os pesquisadores querem descrever comportamentos ou fatos específicos. Muitas vezes obtém medidas quantitativas do comportamento, como a frequência ou duração da sua ocorrência. As medidas quantitativas do comportamento usam quatro níveis de escalas: Nominal Ordinal Intervalo Razão Características de escalas de mediação Escalas de mediação Quando os pesquisadores decidem medir e quantificar determinados comportamentos, devem decidir qual escala de medição devem usar; Como pesquisador, deve ter as quatro escalas em mente quando for selecionar os procedimentos estatísticos para analisar os resultados de um estudo; ESCALA NOMINAL é uma escala de medição na qual os números servem como “rótulos” apenas para identificar ou classificar um objeto. Uma escala de medição nominal normalmente trata apenas de variáveis não numéricas (não quantitativas). Por exemplo, suponha que esta pergunta seja feita em uma clínica médica: “Você pode selecionar o grau de desconforto da sua doença?” As opções de resposta usadas para esse tipo de escala seriam: Leve Moderado Grave Neste exemplo em particular, 1 = leve, 2 = moderado e 3 = grave. Aqui, os números são simplesmente usados como etiquetas e não têm valor. CARACTERÍSTICAS Uma variável é dividida em duas ou mais categorias, por exemplo, concordo / discordo, sim / não, etc. É um mecanismo de medição em que a resposta a uma pergunta em particular pode se enquadrar em qualquer categoria. A escala nominal é de natureza qualitativa, o que significa que os números são usados apenas para categorizar ou identificar objetos. Por exemplo, no futebol, você notou que os jogadores têm um número na camisa? A realidade é que esses números não têm nada a ver com a capacidade dos jogadores, no entanto, eles podem ajudar a identificar o jogador. Os números não definem as características relacionadas ao objeto, o que significa que cada número é atribuído a um objeto aleatório ou por sua própria decisão. O único aspecto permitido relacionado aos números em uma escala nominal é que eles servem para “contar”. Se voltarmos ao exemplo da classificação de homens e mulheres, sendo 1 homem e 2 mulher, os números nos ajudarão a saber quantos homens (1) existem e quantas mulheres (2) existem. ESCALA ORDINAL reporta a classificação e ordenação de dados quantitativos sem realmente estabelecer o grau de variação entre eles. “Ordinal” indica “ordem”, isso significa que a ordem das variáveis é relativa e a mudança das mesmas afetará os resultados. Características da escala ordinal Além de identificar e descrever a magnitude, também mostra a classificação relativa das variáveis. As propriedades do intervalo não são conhecidas. Medição de atributos não numéricos, tais como frequência, satisfação, felicidade, etc. Além das informações fornecidas pela escala nominal, a escala ordinal identifica a classificação das variáveis. Usando essa escala, os responsáveis pela pesquisa podem analisar o grau de concordância entre os respondentes com relação à ordem identificada das variáveis. ESCALA DE INTERVALO é definida como uma escala de medição de dados quantitativos na qual a diferença entre duas variáveis é medida. Em outras palavras, as variáveis são medidas em valores reais e não de forma relativa, onde a presença de zero é arbitrária. Isto significa que a diferença entre duas variáveis em uma escala é uma distância real ou igual. Por exemplo, a diferença entre 1m e 2m é a mesma que a diferença entre 3m e 4m. É fácil lembrar o propósito desta escala, já que “intervalo” é equivalente à distância entre duas variáveis. Outra maneira fácil de lembrar o que é uma escala de intervalo é considerar que esta é a subtração que é definida entre duas variáveis. Isto é diferente da escala de razão, onde a divisão é definida entre duas variáveis. Exemplos A escala de intervalo é o tipo de pergunta mais frequentemente usada em uma pesquisa. Para obter qualquer tipo de resposta, é essencial que a pergunta solicitada exija que os respondentes respondam em uma escala numérica onde a diferença entre os dois números seja a mesma. Nesse tipo de escala, a pesquisa deve ser projetada para que a dimensão a ser medida também seja escalonada adequadamente. Isto pode ser conseguido tanto numericamente quanto verbalmente. Escala de Likert Uma das perguntas mais comuns do tipo escala de intervalo é a escala Likert. Esta é uma escala de 5 pontos onde cada emoção é numerada. Essas emoções variam de extremamente insatisfeitas a extremamente satisfeitas. A escala de intervalo é preferível à escala nominal ou ordinal porque as duas últimas são escalas qualitativas. São de origem quantitativa, no sentido de que você pode quantificar a diferença entre dois valores. Você pode subtrair valores entre duas variáveis e isto o ajuda a entender a diferença entre duas variáveis. Esta escala permite calcular a média das variáveis. Esta é uma escala preferida nas estatísticas porque permite aos pesquisadores atribuir um valor numérico a qualquer avaliação arbitrária. ESCALA DE RAZÃO A escala de razão, também conhecida como escala proporcional ou de proporção, está no quarto nível da camada de medição. Os dados coletados são dados quantitativos e essa escala é caracterizada por um ponto zero absoluto, o que significa que não há valor numérico negativo. Os números são comparados em múltiplos de um. Entenda melhor com um exemplo: Quatro pessoas são selecionadas ao acaso e perguntadas quanto dinheiro elas trazem. Estes são os resultados: R$21, R$50, R$65 e R$300. Existe uma ordem para estes dados? Sim, R$21 < R$50 < R$65 < R$300. As diferenças entre os valores dos dados são significativas? Claro, a pessoa com R$50 tem R$29 a mais do que a pessoa com R$21. Podemos calcular as razões com base nestes dados? Sim, porque R$0 é a quantia mínima absoluta de dinheiro que uma pessoa poderia trazer com eles. A pessoa com 300 reais tem 6 vezes mais do que a pessoa com 50 reais. Os dados da escala de razãotêm todas as propriedades dos dados da escala de intervalo, por exemplo, os dados devem ter valores numéricos, a distância entre os dois pontos é igual, etc. No entanto, ao contrário dos dados da escala de intervalo onde o zero é arbitrário, na escala de razão o zero dos dados é absoluto. Os dados da escala de razão podem ser multiplicados e divididos, esta é uma das principais diferenças entre os dados da escala de razão e os dados da escala de intervalo, que só podem ser adicionados e subtraídos. Ou seja, a diferença entre R$3 e R$4 é a mesma que a diferença entre R$7 e R$8, que é R$1. Mas também, aqui 8 é duas vezes maior que 4. Enquanto na escala de intervalo, a diferença entre 16ºC e 32ºC é 16ºC, porém é incorreto dizer, a nível de temperatura, que 32ºC é 16 vezes mais calor que 16ºC. A escala de razão possui a maioria das características das outras três escalas de medida variáveis, ou seja, a escala nominal, a escala ordinal e a escala de intervalo. Definição operacional Numa pesquisa, o pesquisador deve decidir que método irá usar para estudar as variáveis de interesse. É importante saber que uma variável é um conceito abstrato, que precisa ser traduzida em formas concretas de observação ou manipulação, sendo definida em termos de um método específico usado para medi-la ou manipulá-la. OPERACIONALIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS OPERACIONALIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS Após realizada a planificação operacional da pesquisa é preciso ainda fazer a classificação e definição das variáveis, é preciso também determinar qual será o método de coleta de dados a ser empregado e, finalmente, é preciso escolher o instrumento de medida a ser utilizado. Todo projeto de pesquisa inclui, na formulação de seu problema, alguns conceitos teóricos. Estes conceitos devem ser claramente definidos. Para isto, torna-se necessário operacionalizar as definições, ou seja, passar as definições do mundo conceitual para o mundo empírico. A etapa da pesquisa experimental que envolve a definição operacional das variáveis, ou seja, a definição específica das operações que serão realizadas para que o conceito seja medido IDENTIFICAÇÃO DAS VARIÁVEIS DE PESQUISA As hipóteses estão constituídas de uma ou mais variáveis, para que se tenha uma clara ideia dos rumos e conteúdos de uma pesquisa. Assim, as variáveis, como as hipóteses se constituem de conceitos que possuem definições gerais que precisam ser esclarecidos de forma precisa, devendo o investigador operacionalizar esses conceitos, dando-lhes sentido e conteúdo prático. A operacionalização das variáveis consiste em dar às mesmas um sentido facilmente observável que permita operar e medir. CONCEITO DE VARIÁVEL As características observáveis de algo que podem apresentar diferentes valores. Assim ela é identificada na pesquisa quantitativa como sendo a medida, e na pesquisa qualitativa a variável é descrita. O uso das variáveis, obedece a uma intenção científica, ou seja: formular leis e teorias sobre a base de dados de observação correlacionados matematicamente. “Qualquer evento, situação ou comportamento que tem pelo menos dois valores” (Cozby, p. 83) ● “Uma quantidade ou qualidade que varia entre pessoas ou situações” (Price, 2016) ● Podem ser – Quantitativas – Apresentam valores ● Desempenho em tarefa cognitiva, escore em um teste de inteligência, comprimento de palavras, tempo de reação, etc. – Qualitativas – Apresentam níveis/categorias ● Gênero, Etnia, Estado civil, Tratamento, &c As variáveis a serem definidas são as variáveis independente e dependente, assim como as variáveis que serão controladas. Isto dará uma idéia melhor dos pontos fortes da pesquisa. A definição operacional das variáveis se faz através da indicação pormenorizada e empírica dos procedimentos necessários para medir a variável. Trata-se, portanto, de especificar como cada variável será medida. Por exemplo, a variável idade será definida como a diferença entre a data do nascimento e a data da coleta de dados. Se estivermos estudando o efeito de um tratamento do alcoolismo, podemos querer incluir a variável concernente à quantidade de bebida ingerida pelos sujeitos. Neste caso, a variável “quantidade de bebida ingerida” será definida operacionalmente em termos de “ml de bebida ingerida por dia”. Se realizarmos uma pesquisa para verificar o efeito da ingestão de álcool no número de acidentes de carro, é possível imaginar várias definições operacionais diferentes da variável independente (ingestão de álcool). Por exemplo, temos as possibilidades abaixo, descritas por Contandriopoulos et al. (1994): 1. Podemos definir operacionalmente ingestão de álcool como sendo o número de copos de álcool consumidos nas 4 horas que precederam o acidente. Neste caso, só podemos medir esta variável perguntando ao motorista e preenchendo um questionário a respeito da ingestão de álcool. 2. Nossa definição operacional de ingestão de álcool pode também ser a concentração de álcool no corpo, tal como medida pelo teste do bafômetro. 3. Uma outra definição operacional da nossa variável independente poderia ser a capacidade do sujeito de andar sobre uma linha reta. Neste caso, utilizaríamos a observação e submeteríamos os sujeitos a este tipo de tarefa, tendo assim uma medida do seu comportamento. 4. Finalmente, poderíamos definir operacionalmente nossa variável independente pela taxa de álcool no sangue, através de um exame de laboratório. Teríamos assim uma medida de laboratório. No projeto de pesquisa, o pesquisador deverá descrever detalhadamente o método que usará para coletar seus dados. Basicamente, ele pode adotar como método de coleta de dados a utilização de documentos, a observação de comportamentos ou a informação dada pelo próprio sujeito, seja oralmente (entrevistas) ou de forma escrita (questionários auto administrados). VARIÁVEL INDEPENDENTE São aquelas que caracterizam o sujeito que se estuda, sua posição, caracteres. Esta é, portanto, a causa, e é obtida mediante testes, inquéritos e estatísticas. São as variáveis explicativas que atuam sobre as variáveis dependentes que sofrem os efeitos dela. DOIS NÍVEIS TRATAMENTO - São aquelas que causam, influenciam ou afetam os resultados, sendo, também, chamadas de manipulas, antecedentes ou previsoras. CONTROLE OU COMPARAÇÃO variáveis mensuradas nas quais não correu manipulação e podem ser estatisticamente controladas no experimento. VARIÁVEL DEPENDENTE É o efeito, ou seja, aquela em que se obterá com uma precisão que estará em razão direta da qualidade dos procedimentos que tenham sido aplicados na determinação dos valores das variáveis. Essas variáveis, dependem das variáveis independentes por serem os resultados da influência que essas originam, podendo, também, serem chamadas de variáveis de critérios, de resultado ou de efeito. Assim sendo, é a resposta ou a variável de critério que supostamente é causada ou influenciada pelas condições de tratamento independentes. VARIÁVEL INTERVENIENTE A variável interveniente é aquela que influi ou produz alterações nas variáveis independentes e dependentes. São também conhecidas como mediadas, ou seja, que medeiam os efeitos da variável independente sobre a variável dependente. TIPOS DE VARIÁVEIS EM PSICOLOGIA Variáveis situacionais: Descrevem as características de uma situação ou ambiente Variáveis de resposta: Respostas ou comportamentos do indivíduo / participante / sujeito Variáveis do participante: Diferenças individuais e idiossincrasias do participante que podem ou não influir nos resultados Variáveis intervenientes: Processos psicológicos que medeiam os efeitos de uma variável situacional sobre uma resposta particular EXEMPLOS Darley e Latané (1968): Comportamento de ajuda numa situação de emergência é menos provável quando há maior número de espectadores. Variável interveniente: Difusão de responsabilidade Tolman & Hoznik (1930): Animais que recebem recompensas toda vez que chegam ao final de um labirinto diminuem o númerode erros em função do número de tentativas. Variável interveniente: Aprendizagem Relação com definição operacional Variáveis intervenientes são estudadas através de definições operacionais, “definição de uma variável em termos das operações ou técnicas que o pesquisador usa para medi-la ou manipulá-la” (Cozby, p. 83) De um ponto de vista realista, variáveis intervenientes não tem existência independente em relação às variáveis observáveis – são interpretações de fatos “A tarefa de definir operacionalmente uma variável força o cientista a discutir conceitos abstratos em termos concretos.” O método utilizado para a pesquisa depende intimamente da operacionalização; “Há uma variedade de métodos, cada um deles com vantagens e desvantagens. Os pesquisadores precisam decidir qual deve ser usado, em função do problema a ser estudado, dos objetivos da pesquisa e de outras considerações, tais como ética e custo.” EXEMPLOS Agressão pode ser definida operacionalmente como (Cozby): – O número ou a duração de choques aplicados numa pessoa – O número de vezes que uma criança esmurra um palhaço de brinquedo inflável – O número de vezes que uma criança briga com outra no recreio – As estatísticas de homicídio obtidas de registros de ocorrências policiais – Um escore numa escala para avaliar agressividade – O número de vezes que um jogador é atingido por um “carrinho” durante um jogo de beisebol O estresse pode ser definido operacionalmente como: – O nível de cortisol circulante em uma amostra de sangue ou saliva – Respostas emocionais em contexto de fala pública – Respostas comportamentais e fisiológicas após estresse de contenção em animais – Escore na Escala de Estresse Percebido – Escore no Inventário de Sintomas de Stress Exercício Em trios, operacionalizar as seguintes variáveis 1.Entusiasmo 2.Amor 3.Popularidade Exercício - Psicólogos educacionais estão interessados em examinar o efeito da aprendizagem cooperativa (trabalhar em grupo) sobre a aprendizagem de matemática. Eles comparam estudantes que trabalham em duplas com aqueles que trabalham sozinhos em relação ao desempenho em um teste matemático específico – Quais são os níveis/categorias dessa variável? Qual é a variável dependente? Qual é a variável independente? ATIVIDADE PARA ENTREGAR NO DIA DA AV1 – 07/10 Definia um objeto de pesquisa/variável Faça a observação de um fenômeno e/ou comportamento Faça o registro dessa observação considerando os tipos de registro Apresentando os itens necessário para um registro e sinalizando o tipo de observação e o tipo de registro.
Compartilhar