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ESAB - Organização do Trabalho

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MÓDULO DE: 
 
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO 
 
 
 
 
 
 
AUTORIA: 
 
Dr. DANIEL PERTICARRARI 
Dra. FERNANDA FLÁVIA COCKELL 
 
 
 
 
 
Copyright © 2009, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
 
Copyright © 2009, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
2 
Módulo de: ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO 
Autoria: Dr. Daniel Perticarrari 
 Dra. Fernanda Flávia Cockell 
 
Primeira edição: 2009 
 
 
CITAÇÃO DE MARCAS NOTÓRIAS 
 
Várias Marcas Registradas São Citadas No Conteúdo Deste Módulo. Mais Do Que 
Simplesmente Listar Esses Nomes E Informar Quem Possui Seus Direitos De Exploração Ou 
Ainda Imprimir Logotipos, O Autor Declara Que a Utilização de Tais Nomes Apenas Para 
Fins Editoriais Acadêmicos. 
Declara ainda, que sua utilização tem como objetivo, exclusivamente a aplicação didática, 
beneficiando e divulgando a marca do detentor, sem a intenção de infringir as regras básicas 
de autenticidade de sua utilização e direitos autorais. 
E Por Fim, Declara Estar Utilizando Parte De Alguns Circuitos Eletrônicos, Os Quais Foram 
Analisados Em Pesquisas De Laboratório E De Literaturas Já Editadas, Que Se Encontram 
Expostas Ao Comércio Livre Editorial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Copyright © 2009, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
 
Copyright © 2009, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
3 
Apresentação 
Neste módulo você irá estudar os principais conceitos e ideias relacionadas à organização do 
trabalho. Você aprenderá como as principais vertentes de análise contribuem para a 
construção da organização do trabalho enquanto disciplina. 
Serão apresentados os principais conceitos em relação à gestão da produção e do trabalho, 
assim como elementos básicos que diferenciam “produtividade” em relação ao ponto de vista 
– do capital, do trabalhador ou do governo – o que conforma objetivos distintos. 
Um dos principais pontos deste módulo versará sobre a crise dos modelos clássicos de 
organização da produção e do trabalho e seus possíveis impactos para o mundo profissional, 
tanto em termos de gestão quanto de condições de trabalho e estrutura social. 
Dessa forma, a introdução de novos modelos de organização será apresentada, como por 
exemplo, o Toyotismo. 
As unidades baseiam-se em textos básicos e complementares e apresentação de estudos de 
casos específicos na utilização do desenvolvimento do módulo. Outros recursos irão auxiliá-lo 
no estudo das formas de gestão da produção e do trabalho, como indicação de filmes, por 
exemplo. 
Dedique-se à leitura dos textos complementares e assista aos vídeos indicados, buscando 
aprofundar seus conhecimentos sobre cada assunto. 
Bons estudos! 
 
 
 
 
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4 
Objetivo 
Qualificar profissionais de diversas áreas para compreender os conceitos, abordagens e 
transformações recentes das diversas formas de gestão da produção e do trabalho, bem 
como oferecer elementos para que se possam entender os possíveis impactos para os 
trabalhadores, a sociedade e a produtividade no trabalho. 
 
 
Ementa 
O conceito de trabalho e sua diferenciação com o conceito de emprego; 
O conceito de produtividade em relação aos vários pontos de vista; 
As crises do Taylorismo/Fordismo; 
O Toyotismo e as transformações no processo produtivo; 
Crise do Capitalismo e formas flexíveis de produção; 
Reestruturação produtiva e globalização; 
O Toyotismo fora do Japão; 
Modelos de trabalho e impactos para a saúde do trabalhador. 
 
 
 
 
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5 
Sobre o Autor 
Dr. Daniel Perticarrari 
Pós-Doutorado pela UNICAMP – Faculdade de Educação; 
Doutor em Sociologia Industrial e do Trabalho pela Universidade Federal de São Carlos 
(UFSCar) – SP, 2007; 
Mestre em Política Científica e Tecnológica pela UNICAMP, 2003; 
Graduado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Carlos, 1999; 
Desenvolveu e desenvolve projetos de pesquisa científica junto à UFSCar, UNICAMP, e 
CARDIFF UNIVERSITY – Inglaterra. 
 
Dra. Fernanda Flávia Cockell 
Doutora em Engenharia de Produção (Saúde e Trabalho) pela Universidade Federal de São 
Carlos (UFSCar) – SP, 2008; 
Mestre em Engenharia de Produção (Ergonomia) pela Universidade Federal de São Carlos 
(UFSCar) – SP, 2004; 
Graduada em Fisioterapia pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, 2001. 
Desenvolveu pesquisas na área de ergonomia junto à UFMG, FUNEP e UFSCar. 
Atualmente, participa de projeto de pesquisas na UFSCar e UNICAMP, nas áreas de 
Sociologia do Trabalho e Saúde do Trabalhador. Tem experiência em treinamentos, comitês 
de ergonomia e projetos de intervenção ergonômica nas empresas: UNILEVER, Telemig 
Celular, Multibrás (Brastemp), SOICOM, CRB, Johnson & Johnson, PMMG, Companhia 
Mineira de Metais, entre outras. 
 
 
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6 
SUMÁRIO 
UNIDADE 1 ..............................................................................................................................9 
Sobre o Conceito “Trabalho” .................................................................................................9 
UNIDADE 2 ............................................................................................................................14 
Trabalho e Emprego: Diferenças Sutis................................................................................14 
UNIDADE 3 ............................................................................................................................19 
Conceitos Básicos Sobre Organização do Trabalho...........................................................19 
UNIDADE 4 ............................................................................................................................24 
Produtividade no Trabalho ..................................................................................................24 
UNIDADE 5 ............................................................................................................................29 
Produtividade Para o Capitalista .........................................................................................29 
UNIDADE 6 ............................................................................................................................34 
Produtividade Para o Trabalhador.......................................................................................34 
UNIDADE 7 ............................................................................................................................39 
Eficiência e Produtividade Para o Governo.........................................................................39 
UNIDADE 8 ............................................................................................................................42 
As Crises do Taylorismo/Fordismo......................................................................................42 
UNIDADE 9 ............................................................................................................................47 
Novas Tecnologias e Qualificação nos Anos 80 .................................................................47 
UNIDADE 10 ..........................................................................................................................52 
O Toyotismo........................................................................................................................52 
UNIDADE 11 ..........................................................................................................................57 
As Transformações do Processo Produtivo ........................................................................57 
UNIDADE 12 ..........................................................................................................................64 
Alternativas ao Paradigma Fordista ....................................................................................64UNIDADE 13 ..........................................................................................................................69 
Crise do Capitalismo e Formas Flexíveis de Produção: Parte 1 .........................................69 
UNIDADE 14 ..........................................................................................................................75 
Crise do Capitalismo e Formas Flexíveis de Produção: Parte 2 .........................................75 
 
 
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7 
UNIDADE 15 ..........................................................................................................................81 
Crise do Capitalismo e Formas Flexíveis de Produção: Parte 3 .........................................81 
UNIDADE 16 ..........................................................................................................................85 
Inovação e Incorporação Tecnológica: Difusão Para as Empresas dos Países em 
Desenvolvimento.................................................................................................................85 
UNIDADE 17 ..........................................................................................................................90 
A Reestruturação Produtiva Em Meio à Globalização.........................................................90 
UNIDADE 18 ..........................................................................................................................95 
A Reestruturação Produtiva Em Meio à Globalização: Parte 2 ...........................................95 
UNIDADE 19 ........................................................................................................................102 
A Reestruturação Produtiva Em Meio à Globalização: O Perfil de Qualificação ...............102 
UNIDADE 20 ........................................................................................................................110 
Estudo de Caso – A Organização do Trabalho Em Uma Empresa de Eletrodomésticos..110 
UNIDADE 21 ........................................................................................................................115 
Estudo de Caso – Principais Programas de Reestruturação ............................................115 
UNIDADE 22 ........................................................................................................................119 
Estudo de Caso – A Estrutura do Emprego ......................................................................119 
UNIDADE 23 ........................................................................................................................126 
Estudo de Caso – Transformações na Estrutura Salarial..................................................126 
UNIDADE 24 ........................................................................................................................130 
Estudo de Caso – As Relações de Gênero na Estrutura Produtiva ..................................130 
UNIDADE 25 ........................................................................................................................137 
O Programa de Qualidade Total em Pequenas e Médias Empresas................................137 
UNIDADE 26 ........................................................................................................................143 
Determinantes da Qualidade: Critérios Para a Avaliação dos Serviços............................143 
UNIDADE 27 ........................................................................................................................146 
O Toyotismo Fora do Japão: Parte 1 ................................................................................146 
 UNIDADE 28 .......................................................................................................................151 
O Toyotismo Fora do Japão: Parte 2 ................................................................................151 
UNIDADE 29 ........................................................................................................................157 
O Toyotismo Fora do Japão: Conclusões .........................................................................157 
UNIDADE 30 ........................................................................................................................160 
 
 
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8 
Modelos de Trabalho e Saúde ..........................................................................................160 
 
GLOSSÁRIO ........................................................................................................................164 
BIBLIOGRAFIA....................................................................................................................175 
 
 
 
 
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9 
UNIDADE 1 
Sobre o Conceito “Trabalho” 
Objetivo: Descrever o surgimento e a aplicação do termo “trabalho” enquanto processo 
transformador e central na sociedade 
 
O Conceito Trabalho 
Conforme descrito no dicionário do pensamento social do século XX, trabalho é um conceito 
ambíguo, indicando diferentes atividades em diferentes sociedades e contextos históricos. 
Em termos mais amplos, trabalho é o esforço humano dotado de um propósito que envolve a 
transformação da natureza através de dispêndio de capacidades físicas e mentais. 
A origem da expressão “trabalho” é muitas vezes associada por determinados teóricos, ao 
tripalium, um antigo instrumento de tortura usado na idade média. “A eficácia dessa 
explicação está na verificação do fato de que o trabalho, enquanto “atividade laboral”, nem 
sempre foi considerado desejável por homens e mulheres em todas as épocas históricas” 
(Augusto Pinto, 2007, p.17). 
Para milhões de pessoas, trabalho é sinônimo de emprego remunerado e muitas atividades 
que se qualificariam como trabalho na definição mais ampla são descritas e vivenciadas 
como ocupações, como algo que não significa realmente trabalho. 
Do ponto de vista da ECONOMIA NEOCLÁSSICA, trabalho sustenta diferentes atividades 
produtivas e consequente recompensa, em função das leis de oferta e demanda. 
Do ponto de vista da SOCIOLOGIA INDUSTRIAL, as definições de trabalho são 
historicamente específicas e refletem os valores, pressupostos e relações de poderes 
intrínsecos à sociedade. 
 
 
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10 
Dessa maneira, o emprego remunerado, por exemplo, ocupa uma posição especial dentro da 
divisão de trabalho no capitalismo em função da natureza e estrutura específicas das 
relações de produção nesse sistema. 
“Uma característica definidora do capitalismo é que o trabalho é realizado, não a fim de 
satisfazer as necessidades imediatas dos produtores diretos e de suas famílias, mas antes, 
para produzir mercadorias para troca no mercado” (p.773). 
Do ponto de vista marxista (relativo às idéias de Karl Marx), o trabalho está subordinado ao 
propósito de reproduzir e expandir o domínio material e político da classe capitalista. A 
massa da população está separada dos meios de produção (capital, maquinarias, local) e 
subsistência e, por conseguinte, é compelida a ingressar no trabalho assalariado para 
sobreviver. 
Neste enfoque, a partir do momento em que os trabalhadores entram no sistema assalariado, 
estão submetidos à exploração sistemática: 
“Dentro do processo de produção, eles são encorajados e ardilosamente induzidos a 
trabalhar por certo período de tempo e com certo nível de intensidade, de modo a assegurar 
que o valor com que contribuem exceda o valor de seus salários. A diferença, a mais-valia, 
forma a base do lucro capitalista” (p. 773). 
Outras definições foram concebidas, como por exemplo, a de Wright Mills onde o trabalho 
pode ser fonte de sustento ou a parte mais significativada vida interior de um ser humano. 
Pode ser vivenciado como exuberante expressão da própria personalidade, como inelutável 
dever ou como desenvolvimento da natureza universal do homem. O que importa são as 
relações que regem o desempenho e a experiência de trabalho. 
Seja qual for a perspectiva e seu conceito, o fato é que o trabalho enquanto conjunto de 
atividades intelectuais e manuais, organizados pela espécie humana e aplicadas sobre a 
natureza, visando assegurar sua subsistência, nunca deixou de ser realizado ao longo da 
história. 
 
 
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11 
Se assim for, pode-se evidenciar há quanto tempo a origem das preocupações dos homens e 
mulheres com relação à organização de suas atividades de trabalho tem tomado conta da 
história da humanidade. 
Dessa maneira, os estudos que tomaram como objeto a organização do trabalho humano em 
atividades laborais complexas e variadas, podem ser constatados desde antes da 
Antiguidade Clássica. (Augusto Pinto, 2007, p.18). 
O sentido estritamente técnico de encarar a organização do trabalho foi incorporado pelo 
modo de produção capitalista e submetido aos interesses de classe envolvidos, 
especialmente após as primeiras revoluções industriais, do século 18 em diante (p.19). 
Desde então a organização do trabalho foi elevada à categoria de matéria do conhecimento. 
De acordo com Augusto Pinto (2007), com a evolução dos sistemas de comércio e de todo o 
aparato institucional necessário, veio a exigência de precisão nos prazos e na qualidade dos 
produtos, de maneira que o conhecimento envolvido no âmbito da produção passou a ser 
assumido como prioridade estratégica pelos capitalistas empregadores. 
“A luta pelo controle do trabalho humano “saltou”, então, para dentro dos processos de 
produção e aí instaurou, pelo menos até os dias atuais, a clivagem não somente técnica, 
mas, sobretudo social do trabalho, que destina aos trabalhadores direitos e deveres diversos 
em relação aos empregadores, no que tange ao planejamento, coordenação, controle e 
execução das atividades de trabalho” (p.20). 
(...) Assim, configurou-se uma estrutura na qual, pelo menos o planejamento e, no máximo, a 
coordenação da produção, eram deixados a cargo de empregadores, que já detinham os 
instrumentos e todos os meios de exercício do trabalho (p.21). 
Em termos da industrialização recente, como atividade econômica básica do 
desenvolvimento capitalista, da maneira como conhecemos hoje, interligada a uma vasta 
gama de outras esferas, consolidou-se somente no século 19. Dentre suas características 
citamos como exemplo: 
 Pesquisa científica; 
 
 
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12 
 Desenvolvimento tecnológico; 
 Inovação industrial; 
 Interligação em tecnologias da informação. 
 
E suas diversas especializações, como por exemplo: 
 Siderurgia; 
 Metalurgia; 
 Química; 
 Transformações; 
 Extrativo mineral; 
 Telecomunicações, etc. 
 
Ao aumento da capacidade produtiva, de especialização e da diversificação da produção 
industrial, seguiu-se o desenvolvimento dos meios de transporte e comunicação, o que 
realimentou nesse período a expansão das fronteiras dos mercados nacionais, diversificando 
os produtos no comércio mundial e gerando novas complexidades na economia capitalista 
mundial. 
No final do século 19 e início do século 20, a organização do trabalho consolidou-se como 
uma área específica do conhecimento, passível de ser acumulada, sistematizada, 
experimentada, compreendida e elaborada teoricamente por agentes que não fossem 
necessariamente (quase nunca eram) os executores do trabalho. 
 
 
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13 
Surgiram, então, diversos trabalhos e concepções que são tratados no módulo “Teoria das 
Organizações” como os princípios de Taylor, Ford, Fayol, Mayo, visando à produtividade, ou 
querendo explicá-las como, Weber e Merton. 
Neste módulo será apresentado como estes conceitos têm sofrido transformações. Além 
disso, analisaremos os aspectos relacionados ao contexto do trabalho formal e assalariados 
ou não, como por exemplo, o emprego. 
 
 
 
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14 
UNIDADE 2 
Trabalho e Emprego: Diferenças Sutis 
Objetivo: Contextualizar a questão do trabalho diferenciando do conceito de emprego. 
 
Conteúdo 
Nesta unidade você terá acesso ao texto “Emprego e Trabalho” encontrado no site: 
http://www.ime.usp.br/~is/ddt/mac333/projetos/fim-dos-empregos/empregoEtrabalho.htm, que 
faz uma breve contextualização da importância do estudo das relações de produção, sempre 
tendo em mente a distinção entre o trabalho enquanto ação transformadora e o emprego 
enquanto agente institucionalizado em relações contratuais. 
 
Emprego e Trabalho 
A maioria das pessoas associa as palavras trabalho e emprego como se fosse a mesma 
coisa, porém não são. Apesar de estarem ligadas, essas palavras possuem significados 
diferentes. O trabalho é mais antigo que o emprego, o trabalho existe desde o momento que 
o homem começou a transformar a natureza e o ambiente ao seu redor, desde o momento 
que o homem começou a fazer utensílios e ferramentas. 
Por outro lado, o emprego é algo recente na história da humanidade. O emprego é um 
conceito que surgiu por volta da Revolução Industrial, é uma relação entre homens que 
vendem sua força de trabalho por algum valor, alguma remuneração, e homens que 
compram essa força de trabalho pagando algo em troca, como um salário. 
 
 
 
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15 
Trabalho: 
De acordo com a definição do Dicionário do Pensamento Social do Século XX, trabalho é o 
esforço humano dotado de um propósito e envolve a transformação da natureza através do 
dispêndio de capacidades físicas e mentais, como visto na unidade 1 deste módulo. 
 
Emprego: 
É a relação, estável, e mais ou menos duradoura, que existe entre quem organiza o trabalho 
e quem realiza o trabalho. É uma espécie de contrato no qual o possuidor dos meios de 
produção paga pelo trabalho de outros, que não são possuidores do meio de produção. 
 
O trabalho através dos tempos 
Ao longo da história da humanidade, variando com o nível cultural, o trabalho tem sido 
percebido de forma diferenciada. Como lembra Peter Drucker, o trabalho é tão antigo quanto 
o ser humano. No ocidente, a dignidade do trabalho foi falsamente louvada por muito tempo. 
O segundo texto grego mais antigo, cerca de cem anos mais novo que os poemas épicos de 
Homero, são um poema de Hesíodo (800 a.C.), intitulado "Os Trabalhos e os Dias", que 
conta o trabalho de um agricultor. 
Porém, tanto no ocidente como no oriente esses gestos de louvor eram puramente 
simbólicos. Nem Hesíodo, nem Virgílio, nem ninguém da época, estudou de fato o que um 
agricultor faz e, menos ainda, como faz. 
O trabalho não merecia a atenção de pessoas educadas, abastadas ou com autoridade. 
Trabalho era o que os escravos faziam. Mas o trabalho é mais do que um instrumento criador 
de riqueza (posição dos economistas clássicos). Além do valor intrínseco, serve também 
para expressar muito da essência do ser humano. O trabalho está intimamente relacionado à 
personalidade. (Quando dizemos que fulano é um carpinteiro, um médico ou um mecânico 
estamos, de certa forma, definindo um ser a partir do trabalho que ele exerce). 
 
 
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16 
No começo dos tempos, o trabalho era a luta constante para sobreviver (acepção bíblica). A 
necessidade de comer , de se abrigar, etc. era que determinava a necessidade de trabalhar. 
O avanço da agricultura, de seus instrumentos e ferramentas trouxe progressos ao trabalho. 
O advento do arado representou uma das primeiras revoluções no mundo do trabalho. 
Mais tarde, a Revolução Industrialviria a afetar também não só o valor e as formas de 
trabalho, como sua organização e até o aparecimento de políticas sociais. A necessidade de 
organizar o trabalho, principalmente quando envolve muitas pessoas e ou muitos 
instrumentos e muitos processos, criou a idéia do "emprego". Nos tempos primitivos, da 
Babilônia, do Egito, de Israel, etc., havia o trabalho escravo e o trabalho livre; havia até o 
trabalho de artesãos e o trabalho de um rudimento de ciência, mas não havia o emprego, tal 
como nós o compreendemos atualmente. 
Na Antiguidade, não existia a noção de emprego. A relação trabalhista que existia entre as 
pessoas era a relação escravizador/escravo. Podemos tomar as três civilizações mais 
influentes de sua época e que influenciaram o Ocidente com sociedades escravistas: a 
egípcia, a grega e a romana. Nessa época, todo o trabalho era feito por escravos. Havia 
artesãos, mas estes não tinham patrões definidos, tinham clientes que pagavam por seus 
serviços. Os artesãos poderiam ser comparados aos profissionais liberais de hoje, já que 
trabalhavam por conta própria sem ter patrões. 
Para os artesãos não existe a relação empregador-empregado, portanto não podemos falar 
que o artesão tinha um emprego, apesar de ter uma profissão. 
Na Idade Média também não havia a noção de emprego. A relação trabalhista da época era 
a relação senhor/servo. A servidão é diferente da escravidão, já que os servos são 
ligeiramente mais livres que os escravos. Um servo podia sair das terras do senhor de terras 
e ir para onde quisesse desde que não tivesse dívidas a pagar para o senhor de terras. Na 
servidão, o servo não trabalha para receber uma remuneração, mas para ter o direito de 
morar nas terras do seu senhor. Também não existe qualquer vínculo contratual entre os 
dois. 
 
 
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17 
Na Idade Moderna as coisas começam a mudar. Nessa época, existiam várias empresas 
familiares que vendiam uma pequena produção artesanal, todos os membros da família 
trabalhavam juntos para vender produtos nos mercados; mas não podemos falar de emprego 
nesse caso. Além das empresas familiares, havia oficinas com muitos aprendizes que 
recebiam moradia e alimentação em troca e, ocasionalmente, alguns trocados. É por essa 
época que começa a se esboçar o conceito de emprego. 
Com o advento da Revolução Industrial, êxodo rural, concentração dos meios de produção, a 
maior parte da população não tinha nem ferramentas para trabalhar como artesãos. Sendo 
assim, restava às pessoas oferecer seu trabalho como moeda de troca. É nessa época que a 
noção de emprego toma sua forma. O conceito de emprego é característico da Idade 
Contemporânea. 
Discorremos sobre o trabalho e as relações trabalhistas tendo em vista os quatro períodos 
históricos: Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea para que 
ficasse visível a lógica da divisão da História em quatro períodos. Cada período histórico é 
marcado por uma organização sócio/político/econômico/cultural própria. 
As mudanças que vêm ocorrendo graças à tecnologia, principalmente a tecnologia da 
computação-telecomunicação, estão modificando as relações econômicas entre empresas, 
empregados, governos, países, línguas, culturas e sociedades. Essas mudanças parecem 
estar caminhando para uma situação tão diferente da existente no final da Segunda Guerra 
Mundial, que podemos dizer que um novo período da História está se esboçando. 
 
Por que estudar o Trabalho e o Emprego? 
O trabalho é essencial para o funcionamento das sociedades. O trabalho é responsável pela 
produção de alimentos e outros produtos de consumo da sociedade. Sendo assim, sempre 
existirá o trabalho. O conceito, a classificação e o valor atribuído ao trabalho são sempre 
questões culturais. 
 
 
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18 
Cada sociedade cria um conceito próprio, divide o trabalho em certas categorias e atribui-lhe 
um determinado valor. Quando essas condições se alteram, o trabalho também se altera, 
seja pela forma como se realiza (manual, mecânico, elétrico, eletrônico, etc.), seja pelos 
instrumentos-padrão que utiliza e assim por diante. Da mesma forma, a sociedade e seus 
agentes também variam na forma como organizam, interpretam e valorizam o trabalho. 
A forma como uma sociedade decide quem vai organizar o trabalho e quem o realizará; e a 
forma como o produto, a riqueza, produzida pelo trabalho é distribuída entre os membros da 
sociedade, determina as divisões de classes sociais. O trabalho é, talvez, o principal fator 
que determina a sociedade, suas estruturas e funcionamento; Assim, enquanto existir uma 
sociedade, existirá trabalho, pois aquela não pode existir sem esta (o mesmo pode não ser 
verdadeiro em relação ao emprego). 
Fica claro que compreender o trabalho e o emprego é importante em qualquer ocasião e 
época; mas é mais importante ainda entender o trabalho quando a sociedade está em um 
processo de mudança, de revolução; pois o trabalho certamente será influenciado e 
influenciará as mudanças e a sociedade. 
 
 
 
 
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UNIDADE 3 
Conceitos Básicos Sobre Organização do Trabalho 
Objetivo: Apresentar a definição de alguns conceitos relacionados à organização do trabalho 
no intuito de melhor entendimento do tema. 
 
Organização do Trabalho – Alguns Conceitos 
 Trabalho: é uma atividade diretamente associada à natureza humana. O Processo de 
trabalho é uma condição natural eterna da vida humana na relação entre Homem e 
natureza, nesse sentido, a natureza do processo de trabalho independe das formas de 
organização sociais; 
 Processo de trabalho: é a atividade em que, através do consumo de uma capacidade 
de trabalho ou força de trabalho humana, um objeto de trabalho pré-definido passa por 
uma transformação, através do uso direto e/ou indireto de meios ou instrumentos de 
trabalho, tendo como resultado um produto para consumo, insumo, equipamentos, 
entre outros fins. 
 Estrutura do processo de trabalho: é alterada quando o elemento força de trabalho 
passa a ser consumido de forma diferente pelos elementos-meios; 
 Organização do trabalho: conjunto de relações sociais que dizem respeito à 
especificação dos conteúdos do trabalho, métodos e relações entre os ocupantes de 
cargos em uma estrutura organizacional e sistema de produção. 
 
É nas práticas articuladoras do complexo de processos de trabalho historicamente 
determinados que se define a incorporação da força de trabalho ao capital. Pela organização 
 
 
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do trabalho, pretende-se satisfazer requisitos tecnológicos, organizacionais, sociais e do 
indivíduo ocupante do cargo. 
Portanto, ao se organizar o trabalho devem-se levar em consideração necessidades técnicas 
e sociais. 
Em termos de evolução histórica do modo de produção capitalista, nos dois últimos séculos, 
apresentam-se as seguintes etapas de desenvolvimento da força produtiva: 
 Artesanato; 
 Manufatura; 
 Mecanização; 
 Automação/informatização. 
 
O modo de produção capitalista se tornou hegemônico logo após a formação dos mercados 
da terra, moeda e trabalho e acompanhadas pela primeira e segunda Revolução Industrial 
respectivamente no final dos séculos 18 e 19. 
A fábrica e a divisão de trabalho marcam a passagem do Artesanato à manufatura. O uso da 
máquina marcou a passagem para a Mecanização. Assim como o computador assinala a 
transição para a automação/informatização. 
 
Os Quatro Processos de Trabalho no Desenrolar da História 
1. O processo de trabalho artesanal: caracteriza-se por uma relação de total domínio do 
trabalhador sobre o objeto, meio e produto do trabalho. 
 O mestre artesão concebe e executa todas as fases do processo de trabalho 
até a obtenção do produto.Copyright © 2009, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
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 Antes de passar a vender a sua força de trabalho ao capitalista, ele era 
conhecedor de todas as etapas necessárias para a obtenção do produto. 
Decidia sobre como, quem e quando fazer cada fase da produção. No final do 
processo, comercializava ou consumia seu produto. 
2. O processo de trabalho da manufatura: divide o trabalho em várias parcelas, as quais 
são entregues cada uma para um trabalhador especializado. 
 O ex-artesão que antes mantinha o controle integral do processo de trabalho 
agora, enquanto operário, controla apenas as etapas do processo de trabalho 
que se referem ao seu trabalho específico, perdendo contato com o produto 
final. 
 Ou seja, por um lado, mantém o domínio dos meios de trabalho diretos, no 
entanto perde o controle sobre as condições para a execução das tarefas, que 
passam a ser organizadas por terceiros; 
3. O processo de trabalho mecanizado: se dá com a interposição da máquina entre o 
homem e o objeto de trabalho afastado, ambos de qualquer relação direta. 
 O trabalho do operário mantém somente a função de vigiar e supervisionar o 
processo de trabalho. 
4. O processo de trabalho automatizado: diz respeito à substituição ou apoio ao esforço 
mental humano para a realização de terminadas séries padronizadas ou variadas de 
operações. 
 Está relacionado com a realização de um conjunto de operações sem a 
interferência imediata do homem. 
 
 
 
 
 
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Conceitos Relacionados à Tecnologia 
 Tecnologia: é entendida como o conjunto de movimentos de apropriação pela 
empresa no quadro de sua estrutura através de decisões estratégicas combinando 
simultaneamente objetivos econômicos, meios técnicos e organizacionais e 
potencialidades profissionais de seus assalariados. 
A tecnologia não é considerada uma variável independente e exógena, as quais se 
podem medir os efeitos sobre a organização do trabalho, as qualificações do trabalho 
e as necessidades de formação; 
 Novas tecnologias: considera-se que não é unicamente a criação e uso de novas 
ferramentas ou máquinas, mas também, a adequação com as novas técnicas de 
gestão da produção, de novas formas de ordenamento dos modos operatórios e de 
novas técnicas de organização do trabalho; 
 
Atualmente, na empresa capitalista assistimos a um processo de transformações de grande 
importância na gestão da força de trabalho de forma integrada com o recente processo de 
modernização tecnológica. 
Nesse movimento recente de modernização vem ocorrendo uma modificação radical, pois se 
trata de requalificação dos trabalhadores no âmbito das funções e não somente de postos de 
trabalhos fixos. 
Na empresa capitalista moderna: 
 Transformações tecnológicas geram aprendizados 
 
Antes se pensava: 
 Transformações tecnológicas geram desqualificações dos trabalhadores 
 
 
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Dessa maneira, e como diferencial competitivo, o processo de inovação ganha cada vez 
mais espaço dentro das organizações capitalistas globalizadas, dado o aumento crescente 
da concorrência no mercado mundial de bens e serviços. 
Veremos mais adiante, por meio de estudos de caso, como empresas de vários setores da 
economia têm se utilizado do processo de inovação, ou seja, como vêm incorporando novas 
tecnologias de processo e de produto e reestruturando o sistema produtivo com impactos 
sobre o trabalho. 
Obviamente, o processo de inovação tecnológica envolve pesquisa em: 
 P&D: pesquisa (científica) e desenvolvimento (tecnológico), num ambiente propício ou 
não articulado sobre a forma de; 
 CT&I: sistema de Ciência, Tecnologia e Informação, que é articulado tanto no âmbito 
de políticas governamentais com incentivo à pesquisa básica e/ou aplicada e 
desenvolvimento de produtos e processos com geração de patentes, quanto no 
âmbito do sistema produtivo privado, por meio de transferência de tecnologias intra e 
inter empresas (geralmente multinacionais). 
 
 
 
 
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UNIDADE 4 
Produtividade no Trabalho 
Objetivo: Apresentar alguns conceitos básicos para o maior entendimento entre a relação 
produtividade e trabalho. 
 
Conceitos Básicos 
De acordo com Costa (1983): 
 Para um engenheiro de produção de tradição taylorista, produtividade é simplesmente 
a quantidade produzida por unidade de tempo. Quanto maior a unidade de produto 
produzida em um tempo X, maior a produtividade. Ou, de maneira inversa: quanto 
menos tempo necessário para produzir a quantidade X de produtos, maior a 
produtividade; 
 Para um economista neoclássico, é a relação entre a quantidade de produção e a 
quantidade de um dos fatores de produção utilizados; 
 Para um administrador de empresas, produtividade é a relação entre o lucro bruto e o 
investimento total; 
 
A diversidade de conceitos não significa que algum desses conceitos esteja errado, mas 
reflete a diversidade de objetos de trabalho e estudo de diferentes agentes sociais, conforme 
sua classe social, relação com o processo produtivo. Ou seja, produtividade relaciona-se 
com algum objetivo específico, de maneira que torna necessário definir alguns conceitos, 
assim como faz o autor supramencionado. 
 
 
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 Objetivo: é um estado de determinado sistema que algum indivíduo, grupo ou classe 
tem interesse em que seja atingido; 
 Ordem hierárquica: é uma relação entre sistemas tal que o objetivo do sistema de 
ordem inferior é determinado em função da necessidade de se atingir o objetivo do 
sistema de ordem superior; 
 Recurso: é algo que é necessário fornecer a um sistema x para que sua existência 
seja preservada e seus objetivos sejam atingidos; 
 Produção: é o processo pelo qual são criados os recursos, isto é, pelo qual um 
sistema x transforma algo não utilizável como recurso pelo sistema y em algo 
utilizável; 
 Produto: é o recurso transformado pelo sistema x de forma a se tornar utilizável pelo 
sistema y; 
 Eficiência: é o grau em que um sistema qualquer atinge um dos objetivos que lhe 
foram atribuídos; 
 Eficácia: é o grau em que um sistema de ordem inferior tem seus objetivos 
determinados de forma a servirem aos objetivos do sistema de ordem superior; 
 Desempenho: é a relação entre o efetivo grau de atingimento de um objetivo e um 
grau estabelecido teoricamente como padrão, segundo algum critério; 
 Produtividade: é o grau em que um sistema atinge um objetivo de produção, portanto 
é um conceito aplicável apenas a sistemas produtivos. 
 
Como exemplo de ordem hierárquica, podemos citar: 
 A relação entre o engenheiro de produção e a administração superior da empresa. 
Esta determina para o engenheiro o objetivo de aumentar a produção de unidades por 
 
 
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homem / hora para que o objetivo de aumentar a lucratividade seja atingido. O objetivo 
do engenheiro (ordem inferior) é um meio para o objetivo da administração (ordem 
superior). 
 
Como exemplo de sistema produtivo e não produtivo, podemos citar: 
 A comparação entre uma fábrica e uma loja. A fábrica transforma matérias-primas 
difíceis ou inúteis de utilizar em produtos utilizáveis. Já a loja não transforma, ou 
acrescenta nada ao produto bruto, apenas vende o produto acabado. Ela não cria 
recursos, mas serve aos objetivos do consumidor. 
 
Como exemplo de eficiência e eficácia, podemos citar: 
 Uma divisão burocrática encarregada de classificar e arquivar certo tipo de documento 
que mais tarde se descobre ser inútil para os objetivos da empresa. Essa divisão pode 
ter sido extremamente eficiente no cumprimento de seu objetivo: classificar e arquivar, 
mas foi totalmente ineficaz para os objetivos daempresa. O objetivo da empresa era 
determinado pela ordem superior. 
 
Objetivo e Produtividade 
A produtividade, a eficácia e a eficiência são definidas em função dos objetivos que se 
pretende atingir. Qualquer que seja a natureza do objetivo, é preciso criar uma forma de 
medir seu grau de atingimento para se obter um conceito preciso de produtividade. 
Uma das maneiras de se medir o objetivo seria avaliar todos os parâmetros do sistema em 
função do seu afastamento ou proximidade do objetivo e ponderar essas avaliações segundo 
um sistema de valores, chegando a um número real qualquer. 
 
 
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No caso do sistema produtivo, a quantidade de produto e a quantidade de recurso são os 
parâmetros quantificáveis mais importantes: 
O objetivo pode ser definido como maximizar a quantidade de produto para determinada 
quantidade de recursos escassos disponível, sob determinadas restrições. Por isso, a 
relação produto/recurso é o indicador mais comum. 
 
Objetivos: expressão dos atores 
O objetivo é uma atitude que varia segundo a classe social, a função profissional ou de um 
indivíduo em relação a um sistema. 
O objetivo dos trabalhadores é obviamente, distinto dos objetivos da empresa, que são 
distintos (mas nem tanto) dos objetivos dos engenheiros desta empresa. Com certeza, 
busca-se atingir a maior lucratividade e produtividade a despeito dos interesses salariais ou 
de condições de trabalho dos funcionários de chão-de-fábrica, o que gera muitos conflitos. 
 
Os objetivos podem ser: 
 Sociais: abarca todos os valores relevantes para um grupo social, instituição: valores 
econômicos, políticos estéticos, morais, etc. Por exemplo, para uma determinada 
classe social busca-se preservar a estrutura atual (se esta está lhe favorecendo). Para 
outra se tenta transformá-la (se as pessoas desta classe se sentem exploradas ou 
subvalorizadas); 
 Econômicos: não representam fins em si mesmos, mas sua realização é condição 
mais importante e necessária para a continuação da existência e expansão do 
sistema. 
 Técnicos: são os meios para a realização econômica. Referem-se a produtos físicos e 
insumos físicos. Exemplo: durabilidade de certa matéria na produção de um 
 
 
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componente (tecnologia de produto). Ou como se pode diminuir determinado número 
de retrabalho e com isso, diminuir perdas com os insumos (tecnologia de processo). 
 
Podemos diferenciar na sociedade capitalista, distintos grupos ou classes. Obviamente, 
tende-se a separar a classe capitalista (que detém os meios de produção) e classe 
trabalhadora (que vende sua força de trabalho, pois não detém os meios de produção). 
Independente disso, tanto os níveis econômicos, quanto sociais e técnicos variam em função 
do tipo de interesse que determinados grupos apresentam, o que vai influenciar na 
produtividade. 
 
 
 
 
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UNIDADE 5 
Produtividade Para o Capitalista 
Objetivo: Entender como a questão da produtividade se apresenta quando em função dos 
interesses do capitalista 
 
Conteúdo 
Como vimos na unidade anterior, o objetivo dos trabalhadores é obviamente, distinto dos 
objetivos da empresa, que são distintos (mas nem tanto) dos objetivos dos engenheiros 
desta empresa. Com certeza, busca-se atingir a maior lucratividade e produtividade a 
despeito dos interesses salariais ou de condições de trabalho dos funcionários de chão-de-
fábrica, o que gera muitos conflitos. 
Há que se considerar que o prejuízo irá afetar tanto os engenheiros, quanto os donos do 
capital se, por exemplo, os funcionários trabalharem em péssimas condições, ou se a 
rotinização do trabalho acarretar em lesões por esforço repetitivo, o que com certeza afetará 
a produtividade da empresa. O contrário também é verdadeiro, pois se a empresa falir ou 
tiver prejuízo os operários não terão onde trabalhar, ou terão possivelmente uma redução em 
seus salários. 
Apresentaremos, dessa maneira, como a produtividade deve ser definida em função dos 
interesses do capitalista, dos trabalhadores e do governo nesta e nas próximas duas 
unidades. Utilizaremos trechos do livro “Organização do Trabalho” de Afonso Fleury. 
 
 
 
 
 
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Eficiência e Produtividade Para o Capital e Para o Capitalista 
A produtividade e eficiência para o capital devem ser definidas em função dos objetivos 
comuns da classe capitalista. O objetivo econômico fundamental do capital é acumular mais 
capital. Isto só pode ser conseguido através da geração de um excedente além do 
necessário para repor os equipamentos e materiais consumidos e para pagar os 
trabalhadores. Esse excedente é o recurso básico do capital. 
Podemos definir como produtivo para o capital todo sistema que transforma um bem de 
forma que aumente sua utilidade para obter um excedente, ou seja, que aumente a diferença 
entre seu valor de troca e seu custo de produção. 
Ao mesmo tempo definimos como eficiente para o capital todo sistema que, mesmo sem 
transformar bens, apóia de alguma forma o funcionamento dos sistemas produtivos para o 
capital: é o caso de sistemas que facilitam a venda efetiva do produto e a efetiva 
incorporação do excedente ao capital (comércio e publicidade). São atividades improdutivas 
para o capital (pois não agregam valor trabalho ao produto), mas podem ser produtivas ao 
capitalista, permitindo obter maior excedente de capital. 
Como vimos, o objetivo social condiciona um objetivo econômico geral, que, por sua vez, 
condiciona objetivos econômicos mais particulares. É no âmbito desses objetivos que 
trabalha, tipicamente, o administrador de empresas: seus conceitos de eficiência e 
produtividade são determinados pelas metas impostas pelos controladores (pessoas físicas 
que em última instância tomam as decisões em nome da empresa, ainda que não 
necessariamente sejam os donos da maior parte do capital) e expressos em formas tais 
como: 
 Lucro bruto 
 Investimento total 
 Produção 
 Capacidade instalada 
 
 
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 Ativo total 
 Geração de recursos 
 Dívida, etc. 
 
Em relação destes objetivos econômicos estabelecem-se objetivos técnicos, onde trabalha, 
geralmente, o engenheiro: 
 Reduzir consumo; 
 Aumentar a produção; 
 Reduzir os estoques; 
 
Isso implica conceitos de produtividade e eficiência técnica: 
 Peças por homem trabalhando; 
 Quilômetros por litro; 
 Quilos de carvão por tonelada de aço produzida, etc. 
 
Assim os administradores e engenheiros encaram seus objetivos como fins em si ou como 
meios para a realização de seus próprios objetivos sociais (promoção, autorealização, etc.). 
Mas a verdadeira origem de suas determinações está no objetivo social do controlador: uma 
inovação que resulte em aumento da produtividade sem interferir no lucro ou na situação dos 
próprios gerentes em relação ao seu prestígio junto à organização. 
 
 
 
 
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Produtividade para o capital: a maximização dos lucros 
Para os economistas neoclássicos a produtividade se alicerça sobre os fatores de produção 
e a relação capital e trabalho. Visa-se à combinação que minimiza o custo unitário do 
produto, minimizando a remuneração total do trabalho e do capital de terceiros por unidade 
produzida. Reflete-se o objetivo econômico do empresário individual: a maximização de seu 
lucro acontece da seguinte maneira: 
 Poupando trabalho – exemplo: todas as formas de mecanização e automatização do 
trabalho; 
 Poupando capital – exemplo: controle de estoques, poupança de energia, 
barateamento de equipamentos; 
 Poupando capital e trabalho na mesma proporção – exemplo: todas as formasde 
intensificação e racionalização do trabalho; 
 
A mecanização tende a centralizar o processo de produção, aumentando o controle da 
administração superior sobre a empresa e facilitando a substituição de trabalhadores, o que 
certamente contribui para atrair o interesse dos empresários para a mecanização e 
automatização. 
(...) Outras formas de aumento da produtividade têm também o seu papel, ainda que não 
seja tão central. O aumento da produtividade pelo aumento de desempenho do trabalhador, 
que poupa capital e trabalho na mesma proporção, ganha importância em três situações: 
 Quando a escassez de capital ou a contratação do mercado não permitem a 
realização dos investimentos necessários à automatização; 
 Quando a abundância relativa de mão-de-obra torna a automatização 
economicamente menos interessante; 
 
 
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 Quando a automatização é tecnicamente inviável com os recursos que estão 
disponíveis. 
 
Entre as várias formas de aumentar o desempenho dos trabalhadores é sem dúvida o 
taylorismo, que se caracteriza pelo planejamento minucioso dos métodos de trabalho por 
especialistas. 
O taylorismo serve não somente aos objetivos sociais como também técnicos e econômicos 
através do controle mais efetivo sobre os trabalhadores. 
Geralmente o taylorismo acarreta péssimas condições de trabalho devido ao alto grau de 
rotinização e movimentos padronizados, o que acarreta num desgaste muito grande do 
trabalhador e de sua relação com o capitalista. 
Uma outra maneira de aumentar o desempenho do trabalhador baseia-se num princípio 
muito diferente: o movimento de relações humanas, cuja prática poderia ser descrita como 
minimizar os antagonismos entre os objetivos do capitalista e dos trabalhadores, quando o 
menor desgaste na relação pode proporcionar ganhos de produtividade. 
 
 
 
 
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UNIDADE 6 
Produtividade Para o Trabalhador 
Objetivo: Entender como a questão da produtividade se apresenta quando em função dos 
interesses dos trabalhadores 
 
Eficiência e Produtividade Para o trabalho e os Trabalhadores 
Trataremos agora de definir eficiência e produtividade em termos dos objetivos do trabalho. 
Poderíamos pensar em seguir o mesmo caminho que usamos para definir os objetivos do 
capital, partindo do pressuposto de uma vontade de conseguir maior status e poder, mas isto 
seria uma pista falsa: conseguir tal coisa seria deixar de ser trabalhador e, portanto, não 
pode ser um objetivo do trabalho. 
O objetivo do trabalho deve ser aquilo que o trabalhador pode obter sem se tornar membro 
da classe ou do sistema de dominação. O objetivo do trabalhador seria, em última instância, 
a máxima realização como ser humano, ou, mais concretamente, a combinação da posse de 
recursos materiais que permitam a máxima realização das potencialidades humanas de 
produzir, consumir, divertirem-se com a posse de uma cultura científica e humanista que lhe 
permita fruir da melhor maneira esses recursos. 
 
É imprescindível considerar que: 
 Cada trabalhador é um ser humano com necessidades tão válidas quanto as de 
qualquer outro. 
 Os objetivos são atingidos quando cada um recebe na medida de suas necessidades. 
 
 
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 Isso não se aplica ao capital, na medida em que suas necessidades são indefinidas e 
ilimitadas. Para o sistema capitalista uma distribuição é eficiente quando beneficia 
aqueles que são capazes de acumular capital mais rapidamente e fazer crescer mais 
rapidamente o capital total. 
 Tal objetivo social do trabalho deve implicar um objetivo econômico que lhe dê as 
condições materiais de sua realização. 
 O objetivo econômico básico do trabalhador é manter e ampliar seu recurso básico, 
que é a sua capacidade. 
 Esse recurso não é tão facilmente quantificável quanto o capital, que pode ser 
facilmente trocado e dividido; 
 Na sociedade capitalista o padrão de comparação é o salário: a capacidade do 
trabalhador mede-se pelo salário que recebe. Porém, seria desejável medir a 
capacidade do trabalhador pela sua contribuição aos objetivos do próprio trabalho, 
não aos do capital; 
 O mais razoável, na falta de um critério objetivo, é considerar como equivalentes as 
capacidades de cada indivíduo trabalhador. 
 
O objetivo econômico do trabalho na abordagem clássica (sem levar em consideração as 
condicionantes subjetivas e simbólicas do trabalhador em consideração) poderia ser definido 
como: 
 Obter, a partir da capacitação do trabalhador, o máximo de bens e serviços úteis e o 
máximo de fruição desses bens e serviços, o que implica em utilizar o mínimo possível 
dessa capacidade em tarefas mecânicas e desagradáveis. 
 
 
 
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Em outras palavras, é produzir com um mínimo de sacrifício de tempo e energias, de forma 
que o tempo livre possa ser dedicado ao aproveitamento do que foi produzido. É produzir o 
que é mais necessário com um mínimo de uso da capacidade, isto é, com um mínimo de 
tempo. 
A hora é a medida mais usual da utilização da capacidade de trabalho. Se uma forma de 
trabalho produz um desgaste físico e mental maior que o usual, de forma que exija que o 
trabalhador execute esse trabalho por um número menor de horas diárias a fim de não 
prejudicar sua saúde, então seu homem-hora vale mais do que a média. 
O valor do produto obtido deveria ser o seu grau de necessidade, medido pela quantidade 
que a classe trabalhadora julgaria conveniente despender para obtê-lo. Tal valor, a vigor, não 
existe, pois só poderia ser definido através de uma discussão democrática. 
Por isso, a única medida utilizável é o valor de troca, valor definido pela quantidade de 
trabalho necessária à produção, dados os recursos tecnológicos disponíveis na sociedade. 
A plena realização do valor do produto não depende apenas de sua venda, como acontece 
no caso do capital. Depende, sobretudo, de sua utilização pelos segmentos da população 
que dele têm maior necessidade. 
Material de construção vendido para a construção de uma mansão tem seu valor 
perfeitamente realizado do ponto de vista do capital, mas não do trabalho, enquanto 
existirem trabalhadores sem moradia decente. 
Quando medirmos a eficiência global de uma sociedade do ponto de vista do trabalho, 
teremos então de considerar o valor do produto e sua efetiva distribuição de um lado e a 
capacidade de trabalho efetivamente empregada na sua consecução do outro. 
A capacidade de trabalho empregada inclui não apenas os homens-hora empregados na 
transformação final, mas também o que se gastou na obtenção das matérias-primas, com a 
parcela dos equipamentos e instalações depreciada ao longo da produção e com os serviços 
auxiliares que se fizeram necessários. 
 
 
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A diferença de objetivos entre o capital e o trabalho implica diferentes avaliações de 
eficiência e produtividade: 
 Um aumento do salário implica redução de eficiência para o capital e aumento de 
eficiência para o trabalho; 
 Um aumento de preço implica aumento de eficiência para o capital e redução de 
eficiência para o trabalho; 
 A existência do desemprego é eficiência para o capital e ineficiência para o trabalho; 
 As desigualdades na distribuição de renda é eficiência para o capital e ineficiência 
para o trabalho. 
 
Essa diferença, também implicará oposições em nível de objetivos técnicos: 
 O controle da poluição é objetivo para o trabalho, decorrente de preservar seu recurso, 
mas não é objetivo para o capital; 
 A melhora das condições de trabalho é objetivo para o trabalho, no sentido de 
preservar a saúde dos trabalhadores, mas não é objetivo para o capital se os 
empregadores não sentirem uma perdaefetiva e clara de sua produtividade. 
 
Isto explica por que na sociedade capitalista o consumo é um paraíso e a produção um 
inferno: 
A indústria que se esmera em produzir automóveis silenciosos, eletrodomésticos 
artisticamente projetados e móveis confortáveis, não apresenta a menor preocupação em 
manter um ambiente de trabalho agradável, ou pelo menos, saudável em suas instalações, 
pois o luxo nos artigos de consumo facilita a obtenção de lucro para o capital, enquanto nos 
meios de produção só facilita a vida dos trabalhadores à custa do capital. 
 
 
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Boas condições de trabalho implicam maior eficiência para o trabalhador e podem até 
implicar maior produtividade, quando consideramos o desperdício de capacidade de trabalho 
implícito em condições que geram acidentes e doenças profissionais. 
 
 
 
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UNIDADE 7 
Eficiência e Produtividade Para o Governo 
Objetivo: Entender como a questão da produtividade se apresenta quando em função dos 
interesses do governo enquanto grupos políticos 
 
Eficiência e Produtividade na visão do Governo 
A relação entre eficiência para o governo e eficiência para o capital ou para o trabalho 
depende dos objetivos do grupo político considerado e da sua maneira de ver a realidade. 
Para um adepto do laissez-faire (economia com parâmetros liberais de livre mercado 
[observação minha e não do autor]), a eficiência para o governo não se distingue da 
eficiência para o capital individual: 
 Se houver liberdade total de negociação e competição entre as empresas, as leis do 
mercado garantirão que as empresas trabalhem para o bem comum da sociedade; 
 A eficiência do governo deve ser julgada apenas pela sua eficácia em manter a ordem 
capitalista contra perturbações internas e externas. 
 Considera-se o sistema econômico como eficiente na medida em que se aproxime (...) 
de uma situação onde não exista qualquer relação possível de fatores entre 
produtores que possibilite aumentar a produção de um bem sem diminuir a de outro e, 
o que é mais importante, não existe nenhuma alocação de recursos que aumente o 
bem-estar de um consumidor sem diminuir, simultaneamente, o de outro; 
 
 
 
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Em outras palavras, economia eficiente (no livre comércio) é aquela em que todos os 
recursos são utilizados e todos os produtos são consumidos, não importa por quem ou como. 
Redistribuir a riqueza não aumenta de forma alguma a eficiência econômica para o 
liberalismo econômico. 
(...) Outros índices tornam-se importantes conforme a orientação política precise de quem 
considera e conforme as necessidades específicas da sociedade se tomem mais agudas: 
 Geração de divisas por capital investido; 
 Geração de empregos por capital investido; 
 Distribuição de renda; 
 Preservação ambiental; 
 Qualidade de vida; 
 Investimento em educação; 
 Investimento em saúde; 
 Investimento em infraestrutura. 
 
Em termos capitalistas, o sentido comum desses objetivos é preservar a existência 
continuada do capitalismo de mercado. A adoção de certas políticas trata-se de preservar o 
capitalismo a despeito dos interesses do capital, promovendo um maior bem-estar público. 
Isso é muito comum em políticas social-democratas. (grifo meu). 
Para outros interesses não capitalistas (socialistas, anarquistas, etc.) o objetivo não é a 
eficiência de mercado livre, mas atingir a eficiência dos objetivos do trabalho e bem-estar 
igualitário da população, independente da posição desses indivíduos em relação aos meios 
de produção (esses meios devem ser propriedades do Estado). 
 
 
 
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Em Resumo 
Pretendemos ter demonstrado que medir produtividade e eficiência não é assunto 
meramente técnico e econômico, que produtividade e eficiência não podem ser definidas 
dentro de limites da tecnologia e da economia, e que o técnico e o economista só podem 
avaliar eficiência e produtividade em função de objetivos socias implícitos ou explícitos. 
 Todo objetivo técnico ou econômico se subordina a um objetivo social 
 O técnico que nega isso, ou ignora como se insere no mundo, ou pretende ocultar os 
fatos; 
 A sociedade que ignora isso está deixando seus sistemas funcionarem sem objetivo e 
ignorando seus próprios interesses (Fleury, 1983, p. 38 a 53). 
 
Dessa forma, como visto no livro de Fleury, não há como se medir produtividade e eficiência 
sem que se leve em consideração de que isto varia socialmente de acordo com os objetivos 
de determinados grupos ou indivíduos. 
E esses objetivos, variam de acordo com valores, interesses (políticos, econômicos ou 
sociais) e posição. Ou mesmo, varia de forma arbitrária, o que requer uma análise mais 
pormenorizada do ambiente e do contexto no qual de pretende estudar e entender. 
 
 
EXERCÍCIOS DISSERTATIVOS: 
1. Apresente e diferencie os principais aspectos relacionados à produtividade de acordo com 
seus grupos de interesse. 
 
 
 
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UNIDADE 8 
As Crises do Taylorismo/Fordismo 
Objetivo: Demonstrar que o taylorismo/fordismo prosperou por muitos anos, mas sua 
aplicabilidade se mostrou ineficaz a partir dos anos 1970, quando do aumento da 
competitividade e exigências por maior flexibilidade. 
 
Uma Breve Recapitulação 
Como pôde ser visto no módulo “Teoria das Organizações”, o taylorismo define-se como 
método “científico” de organização do trabalho. Parte do estudo da forma de trabalhar dos 
operários e das regras de condução das máquinas e ferramentas, com o objetivo de 
encontrar o modo mais eficaz e mais econômico de realizar o trabalho. 
Trata-se de racionalizar ao máximo o trabalho, preparado por especialistas, técnicos de 
métodos de tempos e movimentos, como a técnica de cronometragem, quando o trabalhador 
realiza seu trabalho de acordo com regras prescritas. 
A direção da empresa deve encontrar qual “o único e melhor procedimento” de trabalho. É 
exatamente da “melhor maneira” do ponto de vista do capital, ou seja, com o máximo de 
extração da mais-valia (excedente de trabalho não incorporado no salário e que gera o lucro 
do capitalista) garantindo o domínio e a autoridade do capital sobre o processo de trabalho. 
O elemento central da programação do trabalho passava a ser a tarefa, como designava 
Taylor, ou a ordem de produção, como seria difundida na literatura e na linguagem 
empresarial. 
Criava-se, assim, uma estrutura administrativa extremamente hierarquizada e verticalizada 
(com vários níveis de autoridade) que poderia ser modelo a ser seguido por todas as 
organizações. 
 
 
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Com o fordismo, a organização “científica” do trabalho desemboca na linha de montagem em 
série, parcelizada numa sequência de operações que automaticamente vão se encadear, 
impulsionadas por um transportador. 
A introdução da linha de montagem teve como resultado a desqualificação operária, a 
intensificação do trabalho (concatenar tempo de operação de cada tarefa com velocidade 
das esteiras rolantes), a um aumento da produtividade do trabalho com redução de custos, 
possibilitando a transformação do automóvel, antes um bem de luxo, agora um bem de 
consumo em massa. 
Com o taylorismo/fordismo a esteira rolante passou a ter um funcionamento ininterrupto. O 
trabalhador qualificado é eliminado. Em seu lugar aparece um novo homem, cuja única 
função será repetir indefinidamente movimentos padronizados, desprovidos de qualquer 
conhecimento profissional (Para uma ilustração perfeita, assista ao filme “Tempos Modernos” 
de Charles Chaplin). 
 
As Crises do Taylorismo 
Os sinais da primeira crise mais aguda do taylorismo/fordismo apareceram nofinal dos anos 
1960 e início dos anos 1970, após um longo período de acumulação intensiva de capital. 
Algumas causas internas ao processo de acumulação deram início à crise: 
 A recusa ao trabalho altamente desgastante; 
 Os elevados níveis de defeitos de operação na produção; 
 O absenteísmo (falta ao trabalho); 
 O turn-over (alta rotatividade de trabalhadores) 
 O excesso de retrabalho (ter que fazer uma ou várias operações de trabalho 
novamente, ocasionada por falhas na operação ou falta de zelo com o trabalho). 
 
 
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Porém, a primeira crise está associada à resistência ou oposição dos assalariados. A 
hostilidade ao trabalho repetitivo conduziu a direção das empresas, segundo as estratégias 
diferentes em cada país, a programarem uma política de enriquecimento do trabalho, do tipo 
formação de grupos semiautônomos com o desenvolvimento da polivalência (o trabalhador 
“roda” por várias funções, não mais ficando alocado rigidamente em um único posto, o que 
diminui o desgaste gerado pelo desempenho de uma mesma tarefa e um mesmo 
movimento). 
Neste ponto o grupo se vê responsável pela fabricação do produto, ou de uma parte 
significativa, pelas atividades de controle da qualidade e de preparação do trabalho e alguns 
grupos até mesmo pela regulagem e manutenção dos equipamentos. 
Nos Estados Unidos, já na década de 1940, algumas experiências foram colocadas em 
prática, como por exemplo, a rotação de postos de trabalho e a extensão de tarefas. 
Com a rotatividade de postos de trabalho, os operários não estão fixos a um único posto. A 
direção da empresa determina a peridiocidade para as mudanças de postos. 
Dessa forma, a polivalência facilita, do ponto de vista da empresa capitalista, o controle 
sobre o absenteísmo. Em contrapartida, os operários que têm dificuldade de manter 
cadências variadas preferem manter o posto único. 
Com a extensão das tarefas, procede-se a um alongamento do ciclo de produção e reduz-se 
o caráter repetitivo do trabalho com uma redução no número de postos de trabalho. 
Resumindo, as técnicas empregadas pelas grandes empresas capitalistas para superar esta 
primeira crise do taylorismo/fordismo foram: 
 Alargamento e enriquecimento de tarefas (com rotação dos postos de trabalho e 
diferenciação dos movimentos); 
 Formação de equipes semiautônomas (grupos que podem discutir a maneira e o 
tempo como irão desenvolver o trabalho, o que deu maior autonomia e conhecimento 
 
 
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do próprio processo de trabalho – é claro ainda com controle gerencial e alcance 
limitado). 
 
Vale lembrar, que a separação entre as atividades de concepção e execução foram 
atenuadas, mas não significa uma ruptura com o taylorismo/fordismo; muito longe disso, uma 
vez que a linha de montagem em série ainda é largamente utilizada por inúmeros setores e 
atividade industriais e de serviços. 
A segunda crise do taylorismo/fordismo ou organização “científica” do trabalho pode ser 
datada dos anos 1980 e é bem diferente da primeira crise, pois coloca em cheque a perda da 
eficiência do modelo. 
Com as novas formas de concorrência entre as empresas no mercado baseadas na 
diferenciação e na qualidade dos produtos como elementos que impulsionaram a 
necessidade de se voltar em direção à flexibilidade e integração, o taylorismo/fordismo ganha 
um novo adversário. 
A rigidez do taylorismo/fordismo (na padronização de produtos) é incompatível com as novas 
formas de exigência do mercado concorrencial: 
 Lançamento acelerado de novos modelos; 
 Produtos personalizados; 
 Prazos de entrega cada vez menores; 
 Variação das características dos produtos segundo os gostos dos consumidores; 
 Variação das características dos produtos segundo normas técnicas (ISO, etc.) 
 Exigências para conquista de novos mercados no exterior; 
 Necessidade de diminuição dos estoques; 
 Diminuição de custos com menos falhas no processo produtivo, etc. 
 
 
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Estes novos elementos fazem com que o taylorismo/fordismo se adapte muito mal às 
mudanças frequentes de modelos de produtos que obrigam a recalcular o tempo da tarefa, a 
recompor os postos de trabalho e mesmo tornar obsoletos equipamentos de tecnologia 
rígida. Como consequência, observa-se um forte potencial de ganhos de produtividade. 
Além disso, a dinâmica desta crise, diferente da crise anterior relacionada ao trabalho, está 
ligada ao desemprego. A introdução de novas tecnologias a partir dos anos de 1980 significa 
o desenvolvimento de novas relações sociais de produção baseadas bem mais na 
qualificação, competência e engajamento dos trabalhadores que em relação à realização de 
tarefas específicas. 
A partir dos anos 1980 no mundo e 1990 no Brasil, reformulam-se os critérios de seleção de 
pessoal e coloca-se em discussão a necessidade das empresas estabelecerem em método 
de avaliação das competências dos indivíduos. 
Obviamente, houve ganhos adicionais para o capital, mas perdas incomensuráveis para os 
trabalhadores, principalmente a falta de emprego e os empregos terceirizado e o emprego 
informal. Mas trataremos dessa questão no módulo “Sociologia Industrial e do trabalho”. 
 
 
 
 
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UNIDADE 9 
Novas Tecnologias e Qualificação nos Anos 80 
Objetivo: Apresentar o debate acerca da introdução de novas tecnologias no momento de 
ruptura com o taylorismo/fordismo e o papel da tecnologia. 
 
Conteúdo 
Nesta unidade você terá acesso à parte do texto “Novas tecnologias e Qualificação: um 
debate nos anos 80” de Farid Eid, que considera o debate acerca das novas tecnologias 
introduzidas após a crise do taylorismo/fordismo e seus impactos para a qualificação do 
trabalhador. 
 
A Ruptura Com o Taylorismo/Fordismo e a Introdução de Novas Tecnologias 
Considerando-se como ponto de partida a crise da organização cientifica do trabalho, pode-
se formular a seguinte questão: 
Esta ruptura tendencial com o taylorismo/fordismo em modernas indústrias do primeiro 
mundo está sendo conduzida em direção à centralização das decisões no âmbito da 
hierarquia e desqualificação da mão-de-obra, ou estaria ocorrendo um processo simultâneo 
de desqualificação/requalificação e com descentralização das decisões (autonomia relativa) 
acompanhadas pela valorização das qualificações? 
 
 
 
 
 
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O debate: 
Os resultados de pesquisa de Eyraud e seu grupo de trabalho sobre o processo de 
introdução de máquinas-ferramentas com comando numérico marcam uma ruptura em 
relação aos conceitos ainda dominantes na economia do trabalho e na sociologia do 
trabalho. 
Para eles, a tecnologia não é mais considerada uma variável independente e exógena, as 
quais podem medir os efeitos sobre a organização do trabalho, as qualificações e as 
necessidades de formação. 
A tecnologia é entendida como o conjunto de movimentos de apropriação pela empresa no 
quadro de sua estrutura através de decisões estratégicas combinando simultaneamente 
objetivos econômicos, meios técnicos e organizacionais e potencialidades profissionais de 
seus assalariados. 
Por novas tecnologias, considera-se que não é unicamente a criação e uso de novas 
ferramentas ou máquinas, mas também a adequação com as novas técnicas de gestão da 
produção, de novas formas de ordenamento dos modos operatórios e de novas técnicas de 
organização do trabalho. 
Por gestão da força de trabalho entendem-se os problemas de mobilização e alocação em 
postos de trabalho fixos ou a funções. Identifica-se uma mudança de grande importância na 
gestão da força de trabalho de forma integrada com o recente processo de modernização 
tecnológica. 
Para Palloix, com a informatização industrialo trabalho passa a controlar o funcionamento do 
sistema de informações. O trabalho não é mais fixo em um posto, mas a um conjunto de 
funções. 
Portanto, o trabalho torna-se polivalente, com um elevado nível de conhecimento sobre o 
funcionamento da empresa. Com isso ele não concorda com a idéia da teoria da 
desqualificação, pois ocorre constantemente um movimento de desqualificação e 
requalificação. 
 
 
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E nesse movimento recente de modernização vem ocorrendo uma modificação radical, pois 
se trata de requalificação no âmbito das funções e não somente de postos de trabalho fixos. 
No entanto, este processo de reestruturação produtiva vem sendo acompanhado da 
supressão de empregos. 
De fato, pesquisas conduzidas por Cezard e Heller e por Cezard e Rault mostram que na 
França vem ocorrendo problemas com o aumento do desemprego estrutural (diferente do 
desemprego conjuntural), o desemprego de longa duração e o aparecimento de outras 
formas de emprego desde o início dos anos 80. 
Coriat mostra que a introdução de novas tecnologias a partir dos anos 80 significa o 
desenvolvimento de novo modelo de organização do trabalho baseado bem mais na 
competência e no engajamento dos trabalhadores que em relação às qualificações 
específicas. 
Iribarne analisa qual a razão das dificuldades para a colocação em funcionamento das 
instalações automatizadas na França, no que diz respeito à concepção dos equipamentos e 
à utilização. 
O autor argumenta que a introdução da automatização altamente sofisticada, no início dos 
anos 80, com possibilidades teóricas impressionantes não veio acompanhada na prática por 
garantias de funcionamento sem incidentes frequentemente limitadas. 
Esta garantia de bom funcionamento tem uma relação entre a cultura francesa e a 
tecnologia, o que torna difícil uma harmonia entre a concepção e a execução da eletrônica e 
da mecânica. 
Em termos da concepção dos materiais, o engenheiro joga um papel central com a ideia de 
desenvolver sempre materiais com melhor rendimento, mas longe da realidade da execução. 
(...) Com Zarifian, pode-se verificar que com a automação e informatização agora a 
referência é a qualidade. 
 
 
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Neste sentido a gestão da força de trabalho não é mais pela execução das tarefas nos 
postos de trabalho fixos e sim pela competência do trabalho em diversas funções da 
empresa. 
Isto implica em reformular os critérios de seleção do pessoal e para isso ele coloca em 
discussão a necessidade das empresas estabelecerem um método de avaliação das 
competências dos indivíduos. 
Segundo Zarifian algumas empresas na França iniciaram este tipo de atividade adequando a 
exigência do diploma mesmo para os novos empregados operários; reduzindo a adequação 
restrita entre o recém contratado e o posto de trabalho imediatamente ocupado; mobilidade 
do pessoal através da gestão de um fichário de competências da mão-de-obra. 
Entretanto, para Bergmann com a utilização ampliada do trabalho humano assiste-se de um 
lado, a um distanciamento das formas rígidas clássicas da organização científica do trabalho, 
e ao mesmo tempo, observa-se a deterioração das qualificações profissionais e um aumento 
significativo do desemprego de longa duração (mais de um ano). 
Coriat, ao analisar o processo de modernização nos anos 80, mostra que tanto os processos 
de expropriação ou de incorporação do saber operário podem esconder a realidade do 
desaparecimento de certas qualificações tradicionais que foram construídas no passado e 
que resistiram à lógica da organização científica do trabalho. 
No que diz respeito à questão abordada nos anos 80, se estaríamos assistindo a um 
processo de expropriação ou de incorporação do saber operário nos processos de 
modernização da empresa, podem-se verificar pelo menos duas posições em debate: 
a) Coriat apresenta a análise relacionando tecnologia de informação com a necessidade 
do capital se ampliar e geralmente expropriando o saber operário que se encontra 
claramente identificado nos sistemas automatizados. Afirma que seja se tratando de 
indústrias de processo ou indústrias de série, a automatização integrada expropria os 
conhecimentos dos operários. 
 
 
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b) No entanto, para Richter esta posição é equivocada, pois na medida em que agem 
diversos sistemas diferentes, integrando todo um conjunto de saberes, de linguagens, 
de elementos de comunicação, não deveria ser utilizada sistematicamente a 
expressão. A questão, segundo ele, deveria ser tratada considerando-se a 
incorporação aos novos sistemas de apenas uma parte do saber operário. 
 
 
 
 
 
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UNIDADE 10 
O Toyotismo 
Objetivo: Apresentar as principais técnicas e conceitos relacionados ao sistema de produção 
toyotista. 
 
O Toyotismo 
O Toyotismo é um modo de organização da produção capitalista originário do Japão, 
resultante da conjuntura do país. 
Principal motor da reestruturação produtiva, o toyotismo começou a ser implantado 
definitivamente em 1962, na fábrica da Toyota no Japão. Seu principal expoente foi Ohno, o 
gerente de produção da empresa. Tem com principal característica e objetivo a produção 
somente do necessário e no menor tempo. É o just-in-time. 
Ao contrário do Fordismo, onde a produção determina a demanda, no toyotismo, a demanda 
determina a produção, isso é: só se produz o que é pedido, por isso se produz mais rápido e 
melhor. 
O Just-in-time surgiu da necessidade de se atender a um público que pedia produtos 
diferenciados em pequenas quantidades, fazendo assim com que as empresas competissem 
entre si para ver quem era melhor e mais rápido. Com o Toyotismo veio o fim da produção 
em massa. Surgiu também para poder competir com o mercado automobilístico americano e 
europeu, que produziam bem mais que o japonês. 
A sua outra finalidade era de enfrentar o sindicalismo japonês, que era forte e atuante e 
responsável por muitas greves. O Toyotismo criou o sindicato incorporado à empresa, de 
finalidade defensora do trabalhador duvidosa. 
 
 
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O principal meio de implantação do just-in-time é o kanban, que é uma espécie de cartão de 
controle de ida e vinda de mercadoria. A seguir o kanban será mais bem explicado: 
Kanban é uma técnica de gestão de materiais e de produção no momento exato (just-in-
time), que é controlado através do movimento do cartão (kanban). O sistema kanban é um 
método de “puxar” as necessidades de produtos acabados, portanto é oposto aos sistemas 
de produção tradicionais. É um sistema simples de autocontrole no âmbito da fábrica, 
independente de gestões paralelas e controles computacionais. 
A indústria de manufatura já há tempo utiliza cartões de uma forma ou outra, anexados ao 
material em processo — pedidos, cartões, folhas de roteiro, etiquetas de atividade, etc. No 
entanto, estes cartões são usados em sistemas de empurrar, onde o produto é empurrado 
para o centro de trabalho seguinte assim que o anterior tenha concluído as operações. O 
Kanban usa sistemas de puxar, onde o produto é mantido no centro de trabalho anterior até 
que o seguinte fique disponível. 
O Kanban começou na Toyota como um programa para controlar o fluxo da produção em 
todo o sistema de produção. O objetivo era controlar a produtividade e envolver a mão de 
obra. O sistema do cartão e os métodos de controle de fluxo surgiram a partir do objetivo 
original. É importante que se compreenda que são denominados tipos diferentes de atividade 
pelo termo Kanban: 
a) Um sistema de controle de fluxo de material ao nível da fábrica (Kanban interno) e que 
pode se estender em alguns casos, ao controle do material distribuído

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