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INFECÇÕES E DISTÚRBIOS URINÁRIAS EM PEDIATRIA

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INFECÇÕES E DISTÚRBIOS URINÁRIAS EM PEDIATRIA
Disfunção geniturinária
A avaliação da integridade renal e do trato urinário e o diagnóstico da doença renal ou do trato urinário baseiam-se em vários instrumentos. O exame físico, a coleta da história e a absorção dos sintomas constituem os procedimentos iniciais.
Na suspeita de distúrbios ou doenças do trato urinário, realiza-se a avaliação adicional por meio de exames laboratoriais, radiológicos e/ou outros métodos de avaliação.
Manifestações clinicas
Como na maioria dos distúrbios da infância, a incidência e o tipo de disfunção renal ou do trato urinário modificam-se com a idade e a maturação da criança.
Além disso, as queixas apresentadas e o significado dessas queixas variam com a maturidade.
Exames laboratoriais
Tanto os exames de urina quanto os de sangue contribuem com informações vitais para a detecção de problemas renais. O exame isolado mais importante provavelmente é a urinálise de rotina. Os exames específicos de urina e de sangue fornecem informações adicionais.
Definição
A infecção de trato urinário constitui uma das infecções bacterianas mais frequentes em pediatria. É provavelmente, a infecção mais prevalente no lactente.
A ITU consiste na multiplicação de um microrganismo patogênico em qualquer segmento do trato urinário, identificado por urocultura coletada por método confiável.
É uma doença que acomete principalmente o sexo feminino podendo chegar a 20:1 casos, embora, do período neonatal até os seis meses de idade pode haver predominância no sexo masculino.
Fisiopatogenia
A urina e o trato urinário são normalmente estéreis. O períneo e a zona uretral de neonatos e lactentes estão colonizados. Além de que o prepúcio de meninos não circuncidados é um reservatório para várias espécies de Proteus. Esta colonização diminui após o primeiro ano de vida sendo rara após cinco anos.
Fatores anatômicos e físicos
Acredita-se que a estrutura do trato urinário inferior contribui para a incidência aumentada de bacteriúria no sexo feminino. A uretra curta, que mede aproximadamente 2cm nas meninas jovens e 4cm nas mulheres maduras, propicia uma via imediata para a invasão dos organismos.
Quadro clinico
Os sinais e sintomas na criança dependem principalmente da idade do paciente. Crianças menores apresentam sinais e sintomas mais inespecíficos.
Febre é o sintoma mais frequente no lactente. Outros sinais e sintomas que nesta faixa etária devem ser levados em conta são: irritabilidade, recusa alimentar, icterícia, distensão abdominal e baixo ganho ponderal.
Após os dois anos de idade aparecem sintomas mais relacionados ao trato urinário inferior tais como: disúria, polaciúria, urge-incotinencia, enurese (em crianças que já apresentavam controle esfincteriano prévio).
Manifestações clinicas da doença ou distúrbios do trato urinário
Período neonatal (até 1 mês)
· Má alimentação;
· Vomito;
· Dificuldade em ganhar peso;
· Micção frequente;
· Grito na micção;
· Jato urinário fraco;
· Icterícia;
· Angustia respiratória.
AVALIAÇÃO LABORATORIAL
Análise de urina
O exame de urina são substitui a urocultura no diagnostico de ITU, mas pode apresentar alterações permitindo iniciar precocemente o tratamento, já que resultados da cultura demoram 24 a 72h para serem obtidos. Alguns centros fazem inicialmente coleta de urina através de saco coletor e, na presença de alterações, fazem uma nova coleta através de método adequado para se realizar urocultura.
Urocultura
Colhida por método adequado é padrão para confirmação de ITU. Nas crianças, ainda sem controle esficteriano, realiza-se punção suprapúbica (PSP) ou sondagem vesical.
Tratamento 
O tratamento inicial com antibióticos é empírico, observando-se a idade e o estado geral do paciente, o tratamento parenteral deve ser reservado principalmente para os lactentes muito jovens e aqueles com acometimento do estado geral e com vomito.
Diagnósticos de enfermagem
Dor aguda;
Eliminação urinaria prejudicada;
Padrão de sono prejudicado;
Conforto prejudicado.
INTERVENÇÕES/CUIDADOS DE ENFERMAGEM
· Avaliar a intensidade e características da dor, quando possível;
· Avaliar os resultados dos exames laboratoriais;
· Avaliar sinais de comprometimento do trato urinário superior (dor lombar, hipertermina, astenia, náuseas e vômitos);
· Orientar os pais/familiares/cuidadores a ofertar corretamente as doses prescritas de medicamentos, mesmo se houver alivio rápido dos sintomas;
· Estabelecer um plano que vise a modificação de hábitos que possam propiciar a entrata de bactérias no trato urinário;
· Ensinar práticas de higiene pessoal, incluindo a higiene intima no sentido antero-posterior do períneo – evita a migração de bactérias d região anal para a periuretral;
· Orientar quando ao aumento da ingesta hídrica;
· Incentivar a micção com intervalos.
PIELONEFRITE AGUDA
Na itu pode haver comprometimento somente do trato urinário baixo (cistite), ou afetar simultaneamente o trato urinário inferior e o superior, determinando infecção urinária alta, também denominada pielonefrite.
A pielonefrite é uma doença inflamatória dos rins que envolvem tanto o parênquima como a pelve renal. Geralmente ocorre como resultado de uma infecção ascendente do trato urinário inferior por patógenos entéricos gram- negativos, sendo a Escherichia coli responsável por cerca 70% das infecções.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico da pielonefrite aguda é baseado no exame clínico e complementado com exames laboratoriais e de imagem.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
• Calafrios, febre, leucocitose, bacteriúria e piúria;
• Dor lombar, náuseas, vômitos, cefaleia e micção
dolorosa;
• Disúria e polaciúria;
TRATAMENTO
• Antibioticoterapia;
• Hidratação oral e/ou parenteral (a hidratação oral ajuda a lavagem do trato
urinário e reduz a dor e o desconforto);
CUIDADOS DE ENFERMAGEM -GERAIS
• Depois de cada evacuação limpar períneo e meato uretral da frente para trás;
• Boa ingesta hídrica para hidratar;
• Orientar criança a urinar sempre que sentir vontade;
• Administrar medicações conforme e em horário prescrito;
• Trocar fraldas sempre que necessário e realizar higienização em região perianal a cada micção ou evacuação.
GLOMERULONEFRITE
Definição:
É a manifestação clinica da inflamação glomerular. Inflamação dos capilares glomerulares.
▪ Mais frequentes em período pré-escolar e escolar;
▪ Rara em menores de 2 anos;
▪ Acomete mais os meninos;
ETIOLOGIA
• Infecção prévia;
• Infecção por Streptococcus B-hemolítico do grupo A;
• Cepas nefritogênicas;
• Pós impetigo ou pós faringite;
• Casos associados a infecções de vias aéreas superiores;
• Casos relacionados a piodermite (impetigo);
• Surge de 10 a 20 dias pós exposição estreptocócica;
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
•Hematúria, edema, proteinúria;
• A hematúria pode ser microscópica (visível ao exame) ou macroscópica (visível a olho nú);
• A urina pode ter uma aparência de coca-cola (presença de eritrócitos na urina);
• A doença pode ser leve, com hematúria leve e descoberta em exames de rotina;
• Ou pode ser grave com a IRA e oligúria;
• Edema;
• Hipertensão;
• Hematúria;
• Pode haver anemia;
SINAIS E SINTOMAS
· Inapetência;
· Indisposição;
· Cefaleia;
· Edema periorbital;
· Vômitos;
· Irritabilidade;
· Disúria;
· Desconforto abdominal.
EXAMES COMPLEMENTARES
• EAS (Proteinúria, hematúria);
•Ureia e creatinina;
TTT NÃO MEDICAMENTOSO
• Restrição dietética (sódio);
• Restrição hídrica;
• Restrição de potássio;
TTT MEDICAMENTOSO
• Penicilina G benzantina;
600.000 UI <25kg; dose única;
1.200.000 UI > 25kg; dose única;
• Eritromicina
30mg/kg/dia por 10 dias;
• Diuréticos e hipotensores;
• Corticóides;
Diagnósticos de enfermagem:
ELIMINAÇÃO URINÁRIA PREJUDICADA
INTERVENÇÃO:
• controlar diurese das 24 horas quanto ao volume e características;
• Fazer controle rigoroso de infusões venosas;
• Registrar ingestão e excretas de líquidos;
• Manter higiene íntima;
• Avaliar a presença de edema no corpo, diariamente.
 DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM: VOLUME DE LÍQUIDOS EXCESSIVO
• Fazer controle da ingestão de líquido;
• Observar edemas;
• Avaliar resposta à infusãode líquido.
SÍNDROME NEFRÓTICA
definição:
• A síndrome nefrótica é um estado clínico que inclui proteinúria maciça, hipoalbuminemia, hiperlipidemia e edema.
 O distúrbio pode acontecer como:
(1) uma doença primária conhecida como nefrose idiopática, nefrose da infância ou síndrome nefrótica
com lesão mínima (SNLM);
(2) uma desordem secundária que acontece como uma manifestação clínica seguinte ou em associação à lesão glomerular que possui uma etiologia conhecida ou presumida;
(3) uma forma congênita herdada como um distúrbio autossômico recessivo. Esse distúrbio é caracterizado por permeabilidade glomerular aumentada para a proteína plasmática, que resulta em perda proteica urinária maciça.
O glomérulo é responsável pela etapa inicial na formação da urina, e a taxa de filtração depende de uma membrana glomerular intacta. A SNLM constitui 80% dos casos de síndrome nefrótica.
PODE SER DIVIDIDA EM: primária – idiopática; secundária – causada por alguma outra doença (hepatite,HIV).
Achados Clínicos:
➢ Acentuado aumento da proteína na urina (proteinúria), principalmente albumina;
➢ Diminuição da albumina no sangue (hipoalbuminemia);
➢ Edema difuso;
➢ Níveis séricos elevados de colesterol;
➢ Hiperlipidemia;
 Manifestações Clínicas:
➢ Edema constitui a principal manifestação: o Edema periorbital (ao redor dos olhos); o Nas áreas pendentes (tornozelo, mãos);
➢ Ascite;
➢ Irritabilidade, cefaleia e mal-estar;
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico de SNI em crianças e adolescentes é baseado nos seguintes
critérios clínicos e laboratoriais, e o paciente deverá apresentar todos os
critérios:
▪ Edema;
▪ Proteinúria nefrótica: proteinúria acima de 50 mg/kg/dia ou índice
proteinúria/creatininúria (IPC) acima de 2,0;
▪ Hipoalbuminemia: albumina sérica abaixo de 2,5 g/dL;
▪ Hiperlipidemia: colesterol total igual ou acima de 240 mg/dL ou triglicerídeos igual ou acima 200 mg/dL.
Além desses critérios, causas secundárias devem ser afastadas e, para isso, os exames sorológicos para doenças infecciosas:
▪ HBsAg;
▪ Anti-HCV;
▪ Anti-HIV;
▪ Toxoplasmose;
▪ Fator antinuclear (FAN) devem ser negativos.
Também deve ser excluído o uso de medicamentos (por exemplo, anti- inflamatórios não esteroides, penicilamina e captopril).
Tratamento:
➢ Tratamento com corticoides;
➢ Inibidores da ECA (tratar a proteinúria);
➢ Agentes hipolipêmicos (tratar a hiperlipidemia);
Cuidados de Enfermagem
➢ Avaliar sinais vitais, com ênfase da pressão arterial;
➢ Realizar Balanço Hídrico rigoroso;
➢ Pesar o paciente diariamente;
➢ Administrar líquidos de acordo com as perdas hídricas e peso corporal diário do paciente;
➢ Educar o paciente sobre estado de saúde e monitoramento acerca de complicações;
➢ Explicar ao paciente/familiar sobre a restrição de líquidos e de
alimentos, quando indicada;
➢ Instruir verbalmente e por escrito o paciente/familiar em caso de sinais de insuficiência renal (fadiga, debito urinário diminuído, náuseas e vômito).
➢ Realizar e analisar exames de urina e sangue (ureia, creatinina e proteína), quando solicitados;
➢ Ofertar suporte familiar.

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