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Júlia Figueirêdo – FADIGA, PERDA DE PESO E ANEMIAS PANCITOPENIA: A pancitopenia pode ser definida como uma diminuição da celularidade em todas as linhagens sanguíneas. Esse quadro não é em si uma doença, mas sim o reflexo de acometimentos medulares ou que afetem a circulação periférica. Representação esquemática da circulação na pancitopenia Cabe ressaltar que as séries celulares do sangue são três, representadas por: Série vermelha: composta por hemoglobina (13 a 17 g/dL em homes e 12 a 16 g/dL em mulheres), hematócrito (40 a 52% para homens e 36 a 48% para mulheres), e pelos reticulócitos (até 100 mil/mm³); Série branca: marcadas por leucócitos granulócitos e agranulócitos (4.000 a 11.000/ µL), bem como linfócitos (900 a 4.000/ µL); Plaquetas (150.000 a 400.000). CAUSAS DE PANCITOPENIA: No que se refere à etiologia, as pancitopenias podem ser divididas em quadros de produção prejudicada, destruição periférica ou uma combinação de ambos. ALTERAÇÕES NA PRODUÇÃO: ANEMIA APLÁSICA: Caracterizada por hipofunção medular, de forma que as células precursoras de cada linhagem não conseguem se diferenciar, normalmente associada a uma ação citotóxica das células T. Pode ser hereditária (anemia de Fanconi) ou adquirida (exposição a drogas, radiação e infecções virais), sendo essa última a mais comum. Como sinais e sintomas desse quadro, destacam-se sangramentos, cefaleia, palidez, fadiga, anemia (normocítica e normocrômica), reticulopenia trombocitopenia e neutropenia. A gravidade do quadro é associada ao resultado da contagem celular no hemograma. Sangramento (petéquias) em paciente com anemia aplásica O diagnóstico requer uma biópsia da medula óssea, que se encontra hipocelular e repleta de focos gordurosos. Estudos citogenéticos podem ajudar a afastar a hipótese de mielodisplasia. A avaliação da pancitopenia depende da realização de um hemograma completo, esfregaço de sangue periférico, da contagem de reticulócitos e de uma semiotécnica adequada. Júlia Figueirêdo – FADIGA, PERDA DE PESO E ANEMIAS Aspirado de medula em paciente com anemia aplásica. Há redução da medula óssea vermelha, substituída por tecido adiposo SÍNDROME MIELODISPLÁSICA: A síndrome mielodisplásica é causada por clones defeituosos de células progenitoras das linhagens sanguíneas, que carregam essas alterações para as formas maduras. A medula encontra-se normo ou hipercelular, porém há citopenia periférica. É importante ressaltar que há potencial de evolução para leucemia mieloide aguda. Os principais fatores de risco para a doença adquirida são a exposição a pesticidas e outros agentes químicos, quimio ou radioterapia e a realização de transplantes. As síndromes mielodisplásicas também podem ter etiologia associada a padrões hereditários. O quadro clínico geral cursa com anemia, trombocitopenia e leucopenia (pancitopenia de instalação progressiva), sangramentos, fadiga e maior susceptibilidade a infecções. A evolução da doença irá depender do comprometimento específico de cada uma das “séries” sanguíneas e da presença (ou não) de comorbidades. Essa síndrome é diagnosticada por meio do esfregaço sanguíneo, que revela múltiplas alterações morfológicas, porém o aspirado e a biópsia medulares ainda podem ser solicitados. Esfregaço sanguíneo com células aberrantes DEFICIÊNCIA NUTRICIONAL: A anemia megaloblástica, decorrente da deficiência de vitamina B12 ou de folato, ainda que curse mais comumente apenas com trombocitopenia e depleção de hemoglobina, pode também evoluir com pancitopenia (até 70% dos casos). A carência por vitamina B12 é mais associada a distúrbios absortivos (gastrite atrófica ou deficiência de fator intrínseco), ao passo que quadros ligados ao folato tem origem na ingesta inadequada e no etilismo. Etiopatogenia e quadro clínico da anemia megaloblástica Pacientes assintomáticos E/OU com neutrófilos > 1.000/µL E/OU plaquetas > 40.000/µL apresentam baixo risco de evolução neoplásica. Júlia Figueirêdo – FADIGA, PERDA DE PESO E ANEMIAS Ao hemograma, as hemácias não macrocíticas, os neutrófilos aparentam ser multissegmentados, e podem ser evidenciados megaloblastos, células percussoras gigantes. Comparação entre células sanguíneas saudáveis e suas formas megaloblásticas O diagnóstico efetivo do tipo de anemia megaloblástica somente é realizado por meio da dosagem sérica dos nutrientes supracitados, não sendo necessário a avaliação medular. LEUCEMIAS AGUDAS: A leucemia aguda é um processo neoplásico maligno decorrente da incapacidade de diferenciação dos percussores sanguíneos, que acabam se replicando em excesso. Normalmente esses são quadros idiopáticos, porém certos agentes químicos, drogas ou infecções virais podem ser associados ao surgimento da doença. Assim, a pancitopenia é resultante da concentração elevada de células imaturas, que ocupam quase todo o espaço medular. Modelo representativo da fisiopatologia da leucemia A leucemia mieloide aguda é mais comum em adultos e homens, ao passo que a leucemia linfoide aguda tem pico de incidência por volta do 2º ou 3º ano de vida. Os sintomas mais reportados são prostração, palidez, fadiga, cefaleia, infecções, infecções, sangramentos, perda ponderal, cefaleia e dor óssea Principais sinais e sintomas das leucemias Ao diagnóstico, observa-se contagem celular anormal, frequentemente com presença de blastos. O aspirado medular é necessário para a confirmação, tendo como “corte” a presença > 20% de células jovens. Corpúsculos de Auer são achados comuns na forma mieloide da doença. Por vezes, além de ter atividade medular reduzida, pacientes com leucemia podem ter infiltração celular em vários órgãos (mais comum na leucemia linfoide) Júlia Figueirêdo – FADIGA, PERDA DE PESO E ANEMIAS DEGRADAÇÃO EXCESSIVA: PANCITOPENIA MEDIADA POR DOENÇAS AUTOIMUNES: Portadores de lúpus, artrite reumatoide e outros quadros reumatológicos, ainda que tenham como manifestação mais comum as citopenias isoladas, também podem cursar com uma diminuição geral da celularidade. Esse processo pode ser causado por infecções, medicamentos, esplenomegalia ou por distúrbios linfoprolferativos, sendo necessária uma investigação detalhada. SEQUESTRO ESPLÊNICO: O hiperesplenismo é marcado por esplenomegalia e pela diminuição da celularidade de ao menos uma série sanguínea (ex: hemólise), com aumento de seus precursores na medula. Causas comuns são cirrose, neoplasias hematológicas e insuficiência cardíaca. Como sintomas são relatados sensação de plenitude no quadrante superior esquerdo do abdome, distensão e dor, que pode ser referida no ombro. O diagnóstico é baseado principalmente em exames de imagem, como TC abdominal. Esplenomegalia (com distensão complementar do fígado) numa TC ETIOLOGIAS MISTAS: A hemoglobinúria paroxística noturna (HPN) é uma condição adquirida rara associada à mutação do gene PIGA em células-tronco, que promove a formação de membranas celulares defeituosas, facilmente lisadas pelo corpo. O nome dessa doença resulta do acúmulo de hemoglobina na urina, evidente principalmente durante a manhã. Os pacientes normalmente se apresentam com anemia hemolítica (não reagente no teste de Coombs) ou trombose em sítios atípicos. Resumo da etiopatogenia da HPN O diagnóstico da HPN é baseado na citometria de fluxo, que detecta células alteradas a partir de sua ligação a anticorpos marcados com fluorocromos. Fluxograma de investigação etiológica da pancitopenia
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