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TUTORIA 5 – MÓDULO 2 MILENA BAVARESCO TUTORIA 5 – COMEÇAR DE NOVO MÓDULO 2 Carmelita ficou muito envolvida com os problemas de suas filhas. Mesmo assim, não deixou de trabalhar um só dia, não tendo tempo nem de pensar em si. Agora que o filho de Dora tem 3 anos e a menina de Sandra 2 anos, Carmelita percebeu que não faz acompanhamento ginecológico há mais de dois anos. Na consulta, seu médico perguntou-lhe o que ocorreu já que ela sempre fez acompanhamento regular. Ela se queixou que agora, aos 51 anos, começou a ter alterações do ciclo menstrual: fica vários meses sem menstruar e às vezes tem 2 sangramentos no mesmo mês. Houve mudança da textura da pele, dos cabelos e até da vagina. Tem dispareunia, com menos lubrificação e às vezes sangra. Acha também que teve alteração da libido, além de irritabilidade e insônia, sintomas que nunca teve. Acredita que esses sintomas se devem ao estresse sofrido em decorrência das gestações das filhas. O médico a examinou observou os sinais de hipotrofia genital, colheu o Papanicolau e solicitou exames: hemograma, glicemia, colesterol total e frações, triglicérides, dosagens séricas de FSH, TSH e T4 livre, mamografia, ultrassom endovaginal e densitometria óssea. No retorno, o médico teve os seguintes resultados (dados relevantes): colesterol total 245 mg/dL, triglicérides: 250 mg/ dL, FSH: 75 ng/mL. Seu médico prescreveu terapia de reposição hormonal e orientou sobre seus riscos e benefícios. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA: MENOPAUSA TUTORIA 5 – MÓDULO 2 MILENA BAVARESCO SÍNDROME CLIMATÉRICA ▪ O climatério é um período de transição, com duração variável e sem dúvida especial no ciclo biológico da mulher. ▪ Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o climatério corresponde ao período de vida da mulher compreendido entre o final da fase reprodutora até a senilidade. ▪ Em geral, varia dos 40 aos 65 anos. Nesse período ocorre a menopausa definida como a interrupção permanente da menstruação e reconhecida após 12 meses consecutivos de amenorréia. ▪ No climatério observa-se diminuição da fertilidade e, progressivamente, declínio da produção de estradiol pelo ovário, embora mantenha certo equilíbrio hormonal pela maior produção de androgênios e sua conversão periférica em estrogênio. ▪ A menopausa precoce ocorre quando se estabelece antes dos 40 anos de idade, e tardia após os 55 anos. ETIOPATOGENIA ▪ Envolve todo o eixo hipotálamo- hipófise-ovariano, a estrutura mais relevante nesse processo é o ovário. ▪ Nele ocorre progressivamente a diminuição dos folículos e os remanescentes tornam-se refratários às gonadotrofinas. OVÁRIOS ▪ A diminuição dos folículos ovarianos leva ao declínio progressivo dos estrógenos e da inibina. ▪ Por mecanismo de retroação, observa-se elevação progressiva das gonadotrofinas FSH e LH, na tentativa de manter a foliculogênese. ▪ Estas, atuando sobre o estroma do ovário, fazem com que haja maior produção de androgênios (testosterona e androstenediona). ▪ Esses androgênios, juntamente com os produzidos pelas adrenais nos tecidos periféricos, através da aromatase são convertidos em estrona, principal hormônio da mulher no climatério. ▪ É no período do climatério que se verifica redução progressiva importante das dimensões dos ovários. Mulheres após a menopausa apresentam menor volume ovariano que na pré-menopausa, sugerindo que a alteração volumétrica seja principalmente relacionada com a redução da capacidade funcional. HIPOTÁL AMO E HIPÓFISE ▪ O eixo hipotálamo-hipofisário também participa desse processo, pois seu envelhecimento acarreta alterações no metabolismo dopaminérgico e diminuição dos receptores estrogênicos. ▪ Embora seja inquestionável que o declínio no número de unidades foliculares funcionais ovarianas seja o elemento principal da falência reprodutora durante o climatério, atualmente há aumento de evidências de que o processo de envelhecimento está associado a alterações dinâmicas hipotalâmicas e hipofisárias, que são independentes da secreção gonadal de hormônios. ▪ Desta forma, é sugerido que a exaustão dos folículos ovarianos possa ser acelerada por perda de sincronia dos sinais neurais. ENDOCRINOL OGIA ▪ MODIFICAÇÕES -> insuficiência do corpo lúteo, que nas fases iniciais determina irregularidades menstruais, como espanio ou polimenorreia, evoluindo mais tardiamente para amenorréia por anovulação temporária ou definitiva. ▪ Com a evolução do climatério e a instalação da menopausa, ocorre redução até o quase total desaparecimento da progesterona, do estradiol e da inibina, decorrentes da falência folicular, redução das células secretoras e diminuição dos receptores de gonadotrofinas. ▪ Para compensar essas mudanças, há aumento da secreção de androstenediona (principal esteróide secretado pelo ovário na pós-menopausa), pelo estroma do ovário e pelas suprarrenais, que irá sofrer conversão periférica para estrogênios, principalmente estrona. OBJETIVO 1 SÍNDROME CLIMATÉRICA E MENOPAUSA TUTORIA 5 – MÓDULO 2 MILENA BAVARESCO MENOPAUSA ▪ A menopausa, a interrupção permanente da menstruação, ocorre, em média, aos 51 anos de idade. ▪ Atualmente, após a menopausa, uma mulher norte- americana vive cerca de 30 anos, ou mais de um terço da própria vida. ▪ A idade da menopausa parece ser determinada geneticamente e não é afetada por etnia, condição socioeconômica, idade da menarca ou número de ovulações prévias. ▪ O eixo ovariano-hipotalâmico-hipofisário mantém-se intacto durante a transição da menopausa; assim, os níveis de FSH aumentam em resposta à insuficiência ovariana e à ausência de feedback negativo do ovário. ▪ A produção ovariana de androgênio continua após a transição da menopausa, pois o estroma é preservado; ▪ Os últimos anos reprodutivos caracterizam-se por menstruação irregular associada a altos níveis de FSH. o A transição menopáusica é evidenciada por altos níveis de FSH associados à duração variável do ciclo e ausência da menstruação, enquanto o período pós-menopausa é indicado por amenorreia. Essa transição começa com a alteração do ciclo menstrual, acompanhada por níveis crescentes de FHS e termina com o último período menstrual. o A menopausa é definida retrospectivamente como o último período menstrual seguido por 12 meses de amenorreia. o A pós-menopausa é o período após a última menstruação. ▪ As principais consequências da menopausa estão relacionadas basicamente com a deficiência de estrogênio. ▪ Os principais problemas de saúde na menopausa são sintomas vasomotores, atrofia urogenital, osteoporose, doença cardiovascular, câncer, declínio cognitivo e problemas sexuais. ALTERAÇÕES DO EIXO HIPOTÁLAMO -HIPÓFISE- OVÁRIOS ▪ Durante a vida reprodutiva da mulher, o hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH) é liberado de forma pulsátil pelo hipotálamo e se liga aos seus receptores na hipófise para estimular a liberação cíclica das gonadotrofinas: LH e FSH. ▪ Essas gonadotrofinas, por sua vez, estimulam a produção de estrogênio e progesterona, e também do peptídeo hormonal inibina. ▪ Durante o ciclo reprodutivo da mulher, o estrogênio e a progesterona exercem feedback positivo e negativo sobre a produção das gonadotrofinas hipofisárias e sobre a amplitude e a frequência da liberação de GnRH. ▪ Já a inibina exerce uma importante influência no feedback negativo sobre a secreção de FSH pela adeno- hipófise. Esse sistema endócrino rigorosamente regulado produz ciclos menstruais ovulatórios regulares e previsíveis: OBJETIVO 2 DISCUTIR AS ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS DO ORGANISMO DA MULHER NO CLIMATÉRIO E DESCREVER OS FATORES DE RISCO, SITUAÇÕES CLÍNICAS PREVALENTES E EXAMES COMPLEMENTARESQUE DEVEM SER CONSIDERADOS NA SUA ASSISTÊNCIA TUTORIA 5 – MÓDULO 2 MILENA BAVARESCO ▪ Durante a vida produtiva da mulher, o eixo hipotálamo - hipofisário sofre alterações no metabolismo dopaminérgico e diminuição dos receptores estrogênicos. ▪ No final da transição menopáusica, a mulher passa a apresentar redução da foliculogênese e maior incidência de ciclos anovulatórios. ▪ Além disso, nesse período, os folículos ovarianos sofrem uma taxa acelerada de perda até que, finalmente, ocorre um esgotamento no suprimento de folículos, reduzindo ainda mais a secreção de inibina. ▪ Com a insuficiência ovariana na menopausa, a liberação de estrogênio cessa, ativando o feedback negativo. Como consequência, o GnRH é liberado com frequência e amplitude máximas, sendo assim, os níveis circulantes de FSH e LH aumentam e se tornam quatro vezes maiores que no ciclo reprodutivo. ALTERAÇÕES OVARIANAS ▪ A senescência ovariana é um processo que se inicia efetivamente na vida intrauterina, no interior do ovário embrionário, em razão da atresia de oócitos programada. ▪ A partir do nascimento, os folículos primordiais são ativados continuamente, amadurecem parcialmente e, em seguida, regridem. ▪ Essa ativação folicular prossegue em um padrão constante, independente de estimulação hipofisária. ▪ Uma depleção mais rápida dos folículos ovarianos se inicia no final da quarta e início da quinta décadas de vida e se mantém até o momento em que o ovário menopáusico é praticamente destituído de folículos. ▪ Em média, uma mulher pode ter aproximadamente 400 eventos ovulatórios durante sua vida reprodutiva. Isso representa um percentual muito pequeno quando comparado aos 6 a 7 milhões de oócitos presentes na 20ª semana de gestação, ou mesmo dos 400.000 oócitos presentes no nascimento. ▪ O processo de atresia dos folículos não dominantes é o principal evento que leva, finalmente, à perda da atividade ovariana e à menopausa. É no período do climatério que se verifica redução progressiva importante das dimensões dos ovários. ▪ Mulheres após a menopausa apresentam menor volume ovariano que na pré-menopausa, sugerindo que a alteração volumétrica seja principalmente relacionada com a redução da capacidade funcional. ALTERAÇÕES NOS ESTEROIDES S UPRARRENAIS ▪ O sulfato de desidroepiandrosterona (SDHEA) é produzido quase exclusivamente pela suprarrenal. Com o avanço da idade, observa-se declínio na produção suprarrenal de SDHEA. ▪ Outros hormônios suprarrenais também são reduzidos com a idade. A androstenediona atinge seu ponto máximo entre 20 e 30 anos de idade, e caindo para 62% TUTORIA 5 – MÓDULO 2 MILENA BAVARESCO em relação a esse nível em mulheres com idade entre 50 e 60 anos. A pregnenolona diminui em 45% entre a vida reprodutiva e a menopausa. ▪ Os ovários Alterações nos Esteroides Suprarrenais O sulfato de desidroepiandrosterona (SDHEA) é produzido quase exclusivamente pela suprarrenal. Com o avanço da idade, observa-se declínio na produção suprarrenal de SDHEA. Outros hormônios suprarrenais também são reduzidos com a idade. ▪ A androstenediona atinge seu ponto máximo entre 20 e 30 anos de idade, e caindo para 62% em relação a esse nível em mulheres com idade entre 50 e 60 anos. A pregnenolona diminui em 45% entre a vida reprodutiva e a menopausa. ▪ Os ovários contribuem para a produção desses hormônios durante os anos reprodutivos, porém, após a menopausa, somente a glândula suprarrenal mantém essa síntese hormonal. ALTERAÇÕES NO NÍVEL DE GLOBULINA DE LIGAÇÃO AO HORMÔNIO SEXUAL ▪ Os principais esteroides sexuais, estradiol e testosterona, circulam no sangue ligados a um transportador de glicoproteínas produzido no fígado, conhecido como globulina de ligação ao hormônio sexual (SHBG). ▪ A produção de SHBG declina após a menopausa, o que pode aumentar os níveis de estrogênio e testosterona livres ou não ligados. ALTERAÇÕES ENDOMETRIA IS ▪ As alterações microscópicas que ocorrem no endométrio refletem diretamente o nível sistêmico de estrogênio e de progesterona e, consequentemente, podem ser muito diferentes dependendo da fase da transição menopáusica. ▪ Durante a fase inicial da transição menopáusica, o endométrio reflete ciclos ovulatórios que prevalecem nesse período. ▪ Durante o estágio final da transição menopáusica, a anovulação é muito comum, e o endométrio refletirá o efeito do estrogênio atuando sem oposição à progesterona. ▪ Portanto, alterações proliferativas ou alterações proliferativas desordenadas são achados frequentes no exame patológico de amostras de biópsia endometrial. Com a menopausa, o endométrio se torna atrófico em razão da ausência de estimulação estrogênica. FATORES INFLUENCIADORES ▪ A idade da ocorrência da menopausa parece geneticamente programada para cada mulher, através do número de folículos ovarianos, mas inúmeras condições podem influenciar no envelhecimento ovariano, como: ▪ FATORES SOCIOECONÔMICOS: Mulheres que têm longas jornadas de trabalho e exercem atividades estressantes têm mais chances de entrar na menopausa mais cedo; ▪ PARIDADE: Mulheres nulíparas têm menopausa mais precocemente, enquanto o aumento da paridade correlaciona-se à menopausa mais tardia devido a diminuição do número de ciclos menstruais ovulatórios; ▪ TABAGISMO: nesse caso, a idade da instalação da menopausa é antecipada de 12 a 18 meses. Essa antecipação em fumantes tem sido explicada pela deficiência estrogênica causada diretamente pelo tabaco, podendo não só antecipar o aparecimento de sintomas da menopausa, mas também das doenças estrógeno-relacionadas, como a osteoporose e doenças cardiovasculares; ▪ ALTITUDE: Mulheres que vivem em países de altitudes maiores podem apresentar a menopausa em idade mais precoce; ▪ NUTRIÇÃO: Deficiência nutricional e baixo peso levam à ocorrência precoce da idade da menopausa; TUTORIA 5 – MÓDULO 2 MILENA BAVARESCO ▪ FATORES CIRÚRGICOS E MEDICAMENTOSOS: quimioterapia, radioterapia pélvica, cirurgias ovarianas e histerectomia também podem resultar em antecipação da menopausa. SITUAÇÕES CLÍNICAS PREVALENTES SINTOMAS VASOMOTORES ▪ São os fogachos ▪ Os sintomas vasomotores afetam até 75% das mulheres na perimenopausa; na maioria delas, persistem por 1 a 2 anos após a menopausa, mas em outras podem continuar por 10 anos ou mais. ▪ Os fogachos são a principal queixa das mulheres, levando-as a buscar tratamento na menopausa. MECANISMOS FISIOL ÓGICOS ▪ Processo central, provavelmente iniciado no hipotálamo, aumenta a temperatura corporal central, a taxa metabólica e a temperatura cutânea; essa reação causa vasodilatação periférica e sudorese em algumas mulheres. ▪ O processo central pode ser desencadeado por ativação noradrenérgica, serotoninérgica e/ou dopaminérgica. Embora seja frequente a ocorrência de um pico de LH no momento dos fogachos, essa não é a causa, porque os sintomas vasomotores também ocorrem em mulheres submetidas à ressecção da hipófise. ▪ Nas mulheres sintomáticas após a menopausa, os fogachos provavelmente são desencadeados por pequenas elevações da temperatura corporal central em uma estreita zona térmica neutra. ▪ Os sintomas vasomotores são consequência da supressão do estrogênio, e não da simples defic iência de estrogênio. ▪ Por exemplo, uma mulher jovem com insuficiência ovariana primária por síndrome de Turner tem nível muito alto de FSH e baixo nível de estrogênio, mas só apresenta fogachos se for tratada com estrogênios e o tratamento for interrompido. ▪ Intervenções relativas ao estilo de vida podem diminuir com segurança os sintomas vasomotores. ▪ O ambiente frioestá associado a menos fogachos subjetivos e objetivos; assim, mulheres sintomáticas devem ser incentivadas a manter a temperatura ambiente baixa e a usar roupas leves e sobrepostas. ▪ As mulheres com sobrepeso e fumantes apresentam sintomas vasomotores mais intensos que as mulheres de peso normal e que não fumam; TUTORIA 5 – MÓDULO 2 MILENA BAVARESCO DISTÚRBIOS DO SONO E AL TERAÇÃO DE HUMOR ▪ Distúrbios do sono: menor duração, episódios de despertar noturno e menor eficácia do sono, estão entre os sintomas mais referidos. Tais situações corroboram para cansaço e prejuízo das atividades diárias. ▪ Alterações do humor: a mais comum é a depressão, cujo risco só aumenta à medida que a mulher vai passando pelo período transicional. Acredita-se que os níveis séricos de estrogênio estão associados com efeitos depressivos. Além disso, as mudanças que ocorrem nesse período – perda da capacidade reprodutiva e envelhecimento – propiciam transtornos psicológicos associados que corroboram para um quadro depressivo ou ansiolítico. AL TERAÇÕES ATRÓFICAS ▪ A baixa estrogênica causa alterações físicas da vulva, vagina e trato urinário baixo. É uma condição comum, de caráter progressivo se o tratamento não for imposto, afetando a saúde, a sexualidade e a qualidade de vida das mulheres acometidas. ▪ A vulva perde tecido adiposo dos grandes lábios e a pele fica mais fina e plana, com diminuição dos pelos. Os pequenos lábios passam a ser fusionados, perdem tecido e pigmentação. ▪ A vagina passa a ser mais curta e estreita, perdendo suas rugosidades, principalmente na ausência de atividade sexual. ▪ O epitélio vaginal se torna fino e a lubrificação resultante de estímulo sexual fica prejudicada em decorrência da diminuição da secreção glandular. ▪ Também se apresenta bastante friável, com sangramento ao toque e vulnerável a traumas. O ressecamento vaginal causa dispareunia e sinorragia (sangramento na relação sexual), dificultando a manutenção da vida sexual. ▪ O pH vaginal está alcalino, reduzindo o número de lactobacilos na flora, propiciando infecções e vaginite atrófica. A atrofia também atinge o trato urinário inferior. ▪ A uretra é hiperemiada e proeminente, favorecendo quadros de urgência miccional, disúria, uretrites atróficas e piora da incontinência urinária já existente. AL TERAÇÕES SEXUAIS: ▪ A falta de estrogênio diminui a vascularização vaginal, levando á dificuldade para lubrificação e á disfunção sexual na pós-menopausa. Além disso, a dispareunia e o ressecamento vaginal contribuem para o quadro. AL TERAÇÕES COGNITIVAS: ▪ Há queixas referentes a esquecimento, relatos de piora na perda de memória verbal, atenção, processamento rápido das informações, demência, entre outros. DOENÇA CARDIOVASCUL AR: ▪ O principal fator determinante para eventos cardiovasculares é a aterosclerose de grandes vasos. ▪ O estrogênio é fato protetor para eventos endoteliais, já que há estímulo para produção de óxido nítrico e prostaglandinas causando efeito vasodilatador e antitrombótico e há estímulo para a inibição da oxidação de LDL e proteção do endotélio diante da molécula oxidada. ▪ O resultado é a menor formação de placas ateroscleróticas e, consequentemente, menor prevalência de doença coronariana. ▪ Com a passagem para o período pós-menopáusico, a produção de estrogênio diminui e o perfil hormonal das mulheres passa a ser androgênico. ▪ Assim, há aumento da concentração de colesterol total e queda dos níveis de HDL. Dessa forma, o risco para doenças cardiovasculares é aumentado. TUTORIA 5 – MÓDULO 2 MILENA BAVARESCO OSTEOPOROSE: ▪ É a redução da massa óssea com alterações na microestrutura, levando ao aumento da sua fragilidade e das fraturas por traumatismos poucos intensos. ▪ A baixa estrogênica diminui a atividade dos osteoblastos e aumenta a atividade dos osteoclastos. ▪ Dessa forma, a necessidade da avaliação dos riscos de osteoporose na paciente climatérica está bem estabelecida para a paciente na menopausa. MANIFESTAÇÕES NO METABOL ISMO L IPÍDICO : ▪ Os esteroides sexuais podem influenciar o metabolismo lipídico e induzir alterações nas apolipoproteínas que constituem a parte proteica do sistema de transporte dos lipídeos. ▪ Tanto a Apolipoproteína A como a Apolipoproteína B mostram aumento significativo como resultado do decréscimo dos estrógenos sanguíneos. ▪ Antes da menopausa, os níveis de LDL são menores e os de HDL são maiores nas mulheres, após a menopausa esses valores se invertem. MANIFESTAÇÕES MENSTRUAIS: ▪ No período da perimenopausa o intervalo entre as menstruações pode diminuir devido ao rápido amadurecimento dos folículos, o que ocorre pelos elevados níveis de gonadotrofinas ou os intervalos menstruais podem estar aumentados pela persistência dos níveis de estrógeno e ausência de progesterona. ▪ Quando ocorre a menstruação, como o endométrio está hiperplasiado por essas alterações hormonais, o sangramento pode ser abundante e com maior duração. DIAGNÓSTICO ▪ Geralmente, o climatério tem diagnóstico essencialmente clínico, e pode ser feito com a comprovação de sintomas próprios da idade e exame físico completo. ▪ Porém, muitos sintomas característicos da menopausa podem se assemelhar com condições patológicas, nessas situações é recomendado a realização de exames para exclusão de outras causas. Além disso, o rastreamento e a identificação das doenças crônicas, em especial daquelas de mais interesse para esse período da vida, deve fazer parte obrigatória do protocolo de investigação de mulheres no climatério. EXAMES COMPL EMENTA RES ▪ Dosagem de FSH, TSH, Prolactina, Beta HCG; Mamografia; Papanicolau; USG transvaginal; Densitometria óssea; Perfil lipídico; Glicemia e Colonoscopia e sangue oculto das fezes. ▪ A terapia de reposição hormonal com estrogênio é considerada a 1ª linha de tratamento para o manejo dos sintomas vasomotores (fogachos) e suas consequências. Deve ser indicada para mulheres sintomáticas com menos de 60 anos, que estejam na perimenopausa ou com menos de 10 anos de menopausa, e não apresentem contraindicações formais para o seu uso. ▪ Mulheres com útero, devem fazer a TRH combinada com algum progestagênio, de forma cíclica ou contínua, o intuito é proteger o endométrio contra hiperplasia ou Ca de endométrio. As histerectomizadas podem fazer uso apenas da TRH com estrogênio. ▪ Em suma, o benefício clássico da TRH sistêmica é o alívio dos sintomas vasomotores, porém também existem evidências que comprovem a sua contribuição no tratamento da hipertrofia urogenital e na prevenção e tratamento da osteoporose. ▪ A decisão de se iniciar TRH deve ser um consenso entre médico e paciente, visando esclarecer os riscos e OBJETIVO 3 DISCUTIR A INDICAÇÃO E OS RISCOS BENEFÍCIOS DA TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL TUTORIA 5 – MÓDULO 2 MILENA BAVARESCO benefícios, vias de administração, doses (menor dose efetiva), posologia e tempo de manutenção de acordo com o perfil e as comorbidades de cada paciente. ▪ Deve-se considerar o tempo de instalação da menopausa, presença de sintomas vasomotores moderados a intensos e uma estratificação de risco cardiovascular com base na idade da paciente, pressão arterial, níveis de colesterol séricos, tabagismo e diabetes. ▪ Em relação as vias de administração, é necessário ressaltar que a via oral sofre metabolismo hepático de 1ª passagem o que, por sua vez, está associado à ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona e ao aumento dos fatores pró-trombóticos circulantes. ▪ Além disso, ela é responsável pelo aumento dos triglicérides, aumento do HDL e diminuição do LDL.Em pacientes hipertensas ou com risco de eventos tromboembólicos é preferível a via parenteral, como a transdérmica – não interfere nos triglicérides. ▪ A via vaginal é a 1ª opção em pacientes que apresentam isoladamente a síndrome geniturinária da menopausa (secura vaginal, dispareunia, queixas urinárias), com o benefício de não estar associada a aumento dos níveis séricos de estrogênio, quando utilizado em baixas doses. Os sintomas começam a diminuir em algumas semanas e seu efeito máximo ocorre por volta das 12 semanas. BENEFÍCIOS ADICIONAIS DA TRH ▪ Demonstrou ação sobre o ganho de massa óssea, reduzindo o aumento da osteopenia na pós- menopausa. Apesar disso, não se deve usar a TRH apenas com o intuito de prevenir a osteoporose ou suas consequências. ▪ Também foi comprovado a redução significativa na incidência de DM2 nas populações pós-menopáusicas. ▪ Por fim, notou-se também que a TRH ajudou a diminuir o aumento ponderal, algo que comumente ocorre no primeiro ano pós-menopausa. RISCOS DA TRH ▪ Um dos assuntos mais controversos em relação à TRH é o risco de doenças cardiovasculares, porém estudos demonstram que mulheres que iniciaram TRH no período de transição menopáusica ou próximo dele tiverem incidência significativamente menor de DCV. É válido necessário ressaltar que não existem evidências que comprovem a indicação de TRH em mulheres pós- menopáusicas assintomáticas, apenas com o intuito de prevenir o risco cardiovascular. ▪ Em contrapartida, o início da TRH após muitos anos de menopausa foi associado ao aumento no risco de mortalidade relacionado a doenças cardiovasculares. Dessa forma, o que se tem é uma “janela de oportunidades”, ou seja, nota-se que o tratamento iniciado no tempo correto traz mais benefícios do que riscos cardiovasculares. ▪ Outro aspecto importante é o risco de eventos tromboembólicos associados à estrogenioterapia por via oral. O risco é maior nos primeiros 2 anos da TRH e depois cai substancialmente ao longo do tempo. A via transdérmica tem menor risco de tromboembolismo venoso (TEV). ▪ Em relação ao aumento de risco de Ca de mama em adeptas da TRH, comprovou-se por dados do WHI (Women’s Health Initiative) que esse fenômeno começa a ser observado após o 5º ano de uso da terapia e não houve aumento nas taxas de mortalidade global entre os grupos analisados. ▪ Pacientes que fizeram uso de TRH com estrogênio isolado não apresentaram aumento no risco de Ca de mama em um período de 7 anos. Portadoras de mutações de BRCA1 e BRCA2, não tiveram incremento do risco de Ca de mama em relação aos demais grupos analisados com o uso de TRH. ▪ Entretanto, para pacientes com história prévia de Ca de mama a resolução é diferente. Apesar de não existirem evidências consistentes que associem a TRH com o aumento do risco de recorrência do tumor, é consenso que a TRH seja contraindicada nessas situações. CONTRAINDICAÇÕES À TRH ▪ São elas: o Ca de mama; o Ca de endométrio; o Sangramento vaginal de causa desconhecida; o Lesão precursora de Ca de mama; o Porfiria e doenças hepáticas descompensadas; o Doenças coronariana e cerebrovascular; o Passado de doença tromboembólica venosa; o Lúpus eritematoso sistêmico; o Meningioma (apenas para progestogênio). TUTORIA 5 – MÓDULO 2 MILENA BAVARESCO ▪ Para pacientes que se enquadrem nas contraindicações, é recomendado o uso de métodos não hormonais para amenização dos sintomas vasomotores. ▪ Já o tratamento da síndrome geniturinária da menopausa deve ser realizado com métodos tópicos não hormonais, como lubrificantes vaginais ou hidratantes.
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