Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
95 MATEMÁTICA APLICADA Unidade III 5 APLICAÇÕES DE FUNÇÕES NA ECONOMIA E ADMINISTRAÇÃO 5.1 Demanda, oferta e equilíbrio de mercado Você já deve ter ouvido falar em oferta e em demanda. A relação entre oferta e demanda é estudada na microeconomia como uma forma de compreender a formação dos preços do mercado. Mercado, por sua vez, é um conjunto de dispositivos que permitem que compradores e vendedores de um bem ou serviço sejam capazes de comercializá-lo. Vamos, a seguir, compreender os principais fundamentos desse tema. 5.1.1 Oferta de mercado Segundo Vasconcellos e Garcia (2019), a oferta de determinado bem ou serviço representa as quantidades que produtores estão dispostos a oferecer ao mercado em certo intervalo de tempo (dia, mês, ano etc.). Vários fatores influenciam a oferta, mas o principal fator costuma ser o preço de venda do bem ou serviço. A lei geral da oferta diz que devemos esperar uma relação direta entre preço P e quantidade ofertada (QO). Em sua forma mais simples, a função que representa a oferta pode ser matematicamente expressa pela função de 1º grau: Q0 = aP + b (sendo a > 0) Podemos pensar na função oferta como a função do vendedor: se o produto está mais caro, ele vai querer vender mais. Por isso, temos uma função crescente, com coeficiente angular positivo. O gráfico da função oferta é chamado de curva de oferta e é geralmente expresso com quantidades no eixo horizontal e com preço no eixo vertical. Lembrete Em uma função de 1º grau, a é o coeficiente angular e b é o coeficiente linear. Se a for positivo, temos uma função crescente. Se a for negativo, temos uma função decrescente. 96 Unidade III Observação Nem sempre é possível, na prática, representar a oferta por uma função de 1º grau. As curvas são diferentes para cada produto, podendo ser retas ou não. Mesmo que muitas vezes sejam utilizados como sinônimos, oferta é a representação de toda a função (ou curva) e indica o comportamento do vendedor diante dos diferentes preços. Quantidade ofertada é um ponto específico dessa curva, ou seja, a quantidade existente de oferta para um preço específico. 5.1.2 Demanda de mercado De acordo com Vasconcellos e Garcia (2019), a demanda (ou procura) de um determinado bem ou serviço é a quantidade desse bem que os consumidores pretendem adquirir em certo intervalo de tempo (dia, mês, ano etc.). A procura depende de fatores que influenciam as escolhas do consumidor, com destaque para o preço. A lei geral da demanda diz que devemos esperar uma relação inversa entre preço P e quantidade demandada (QD). Em sua forma mais simples, a função que representa a demanda pode ser expressa pela função de 1º grau: QD = aP + b (sendo a < 0) A função demanda é a função do consumidor: se o produto está mais caro, ele tende a querer consumi-lo menos. Por isso, temos uma função decrescente, com coeficiente angular negativo. O gráfico da função demanda é chamado de curva de demanda e é geralmente expresso com quantidades no eixo horizontal e com preço no eixo vertical. Se você está atento ao conteúdo que estudamos anteriormente, deve ter estranhado o fato de os economistas posicionarem o preço, que aparece como variável independente nas leis das funções, no eixo vertical. Segundo Weaver (2017), isso se deve a fatores históricos: o economista inglês Alfred Marshall não seguiu a convenção tradicional matemática em suas publicações sobre curvas de oferta e demanda, tendo influenciado os trabalhos subsequentes da área. De qualquer forma, se pararmos para analisar o contexto, existe uma influência mútua entre as variáveis dessas funções. Por exemplo, a quantidade demandada influencia no preço e vice-versa. Assim como acontece para a oferta, demanda é a representação de toda a função (ou curva) e indica o comportamento do consumidor diante da variação preços. Quantidade demandada é um ponto específico da curva, ou seja, a quantidade existente de demanda para um preço específico. 97 MATEMÁTICA APLICADA Observação Nem sempre é possível, na prática, representar a demanda por uma função de 1º grau. As curvas são diferentes para cada produto, podendo ser retas ou não, pois dependem do comportamento dos consumidores. 5.1.3 Fatores de influência da oferta e da demanda Como já mencionado, na realidade, a oferta e a demanda de bens ou serviços são afetadas por diversos outros fatores, não apenas pelo preço. Entre esses fatores, podemos citar os mostrados a seguir. Quadro 3 Fatores que influenciam a oferta Fatores que influenciam a demanda preço custo dos insumos disponibilidade dos insumos tecnologia concorrência demanda impostos preço renda dos consumidores preço de produtos similares gosto pessoal marca atendimento qualidade propaganda Mudanças nesses fatores de influência, na prática, são responsáveis por deslocamentos nas curvas de oferta e demanda ao longo do tempo. Como nosso objetivo é se ater aos fundamentos desse tema, vamos considerar que todos os fatores de influência, exceto o preço, se manterão inalterados. Exemplo de aplicação Pense nos fatores que levam você a querer consumir maior ou menor quantidade de determinado produto. 5.1.4 Preço e quantidade de equilíbrio O equilíbrio de mercado de determinado bem ou serviço é o ponto em que o preço não tende a mudar. Matematicamente, temos equilíbrio quando: Q0 = QD Nessa situação, tanto vendedores quanto compradores estarão satisfeitos, pois não há falta nem sobra do produto no mercado, já que a quantidade ofertada é igual à quantidade demandada. 98 Unidade III Graficamente, devemos procurar o ponto onde as curvas de oferta e de demanda do produto se cruzam. Esse ponto apresenta o preço de equilíbrio e a quantidade de equilíbrio. Observe a figura seguinte, que mostra curvas de oferta e de demanda de um produto hipotético disponível no mercado. Temos Q representando quantidade de itens do produto no eixo horizontal, assim como P representando o preço da unidade do produto no eixo vertical. O segmento azul, identificado por O, representa a curva de oferta. O segmento laranja, identificado por D, representa a curva de demanda. Sobre a curva de oferta, encontramos três pontos em destaque. Vamos discuti-los. • Ponto E: nesse ponto, a quantidade ofertada é igual à quantidade demandada, correspondendo a 40 unidades do produto (QO = QD = 40). Isso ocorre quando o preço de mercado do produto corresponde a 200 unidades monetárias (P = 200). Nessa situação, ocorre equilíbrio de mercado, pois o preço é justo tanto a quem vende quanto a quem consome. • Ponto A: nesse ponto, a quantidade ofertada é de 25 unidades (QO = 25), a um preço de 125 unidades monetárias (P = 125). Observe que a quantidade ofertada está abaixo do ponto de equilíbrio, assim como o preço. Nessa situação, a quantidade demandada será alta, e temos QD = 55. Além disso, ocorre escassez de produtos no mercado, já que baixos preços tendem a favorecer o consumo. • Ponto B: nesse ponto, a quantidade ofertada é de 55 unidades (QO = 55), a um preço de 275 unidades monetárias (P = 275). Observe que a quantidade ofertada está acima do ponto de equilíbrio, assim como o preço. Nessa situação, a quantidade demanda será baixa, e temos QD = 25. Além disso, ocorre excesso de produtos no mercado, já que altos preços desfavorecem o consumo. 400 350 300 250 200 150 100 50 0 10 30 50 7020 40 60 Q D Q B E A P Figura 38 – Curvas de oferta e demanda de um bem 99 MATEMÁTICA APLICADA Saiba mais O estudo da microeconomia, ou teoria dos preços, é muito mais complexo e abrangente do que a introdução que abordamos neste livro-texto. O livro Fundamentos de economia, de Vasconcellos e Garcia, traz um aprofundamento desses conceitos de forma acessível, mesmo àqueles que não têm formação na área de ciências econômicas. Leia: VASCONCELLOS, A. S.; GARCIA, M. E. Fundamentos de economia. São Paulo: Saraiva, 2019. Vejamos o exemplo a seguir. Exemplo de aplicação Determinado serviço oferecidopor uma empresa do ramo de automação apresenta as seguintes curvas de oferta e de demanda: QO = –16 + 0,12P QD = 5 – 0,006P Considerando valores expressos em reais, determine o ponto de equilíbrio de mercado desse serviço. Resolução Para encontrarmos o ponto de equilíbrio de mercado desse serviço, basta igualarmos QO a QD. Dessa forma, tanto a empresa que oferece o serviço quanto seus consumidores tendem a ficar satisfeitos. Perceba que a curva de oferta é crescente, enquanto a curva de demanda é decrescente, conforme esperado. Na prática, para encontrar P, devemos igualar as funções e isolar a incógnita. Vamos à resolução. Q0 = QD -16 + 0,12P = 5 - 0,006P 0,12P + 0,006P = 5 + 16 0,126P = 21 P = 166,67 Logo, o preço de equilíbrio do produto é de R$166,67. 100 Unidade III 5.2 Funções receita, custo e lucro Os conceitos de receita, custo e lucro são abordados em diferentes áreas, como administração, economia e contabilidade. Elas dizem respeito ao gerenciamento financeiro empresarial. Vamos conhecer alguns conceitos a seguir, considerando uma empresa uniproduto. Receita total A receita total de vendas diz respeito a toda quantia arrecadada por uma empresa com as vendas de seus produtos. Seja q a quantidade vendida de determinado produto e P o seu preço unitário de venda. Nesse caso, a receita total RT(q) é dada por: RT(q) = P × q Em determinados casos, podemos considerar preço variável, o que fará com que RT não se comporte como função de 1º grau. Custo total O custo total abrange os gastos provenientes da produção de bens ou serviços, podendo ser subdividido em custo fixo e em custo variável, conforme explicação a seguir. • Custo fixo (CF): corresponde à parcela do custo total que independe da quantidade produzida ou são pouco suscetíveis à variação. Portanto, se a empresa reduzir a produção, os custos fixos continuarão com o mesmo volume financeiro. Como exemplo de custos fixos, podemos citar: aluguéis, salários de funcionários, energia elétrica, seguros, materiais de escritório etc. • Custo variável (CV): corresponde à parcela do custo total que depende diretamente da quantidade produzida. Portanto, se a empresa reduzir a produção, os custos variáveis também diminuirão. Por exemplo: gastos com matérias-primas, comissões, mão de obra terceirizada etc. O custo deve ser considerado como fixo ou variável dependendo da instituição. Custos fixos, em geral, são os que fazem parte da estrutura do negócio. Note também que o conceito de custo fixo é aplicável no curto prazo. A longo prazo, não existem fatores realmente fixos. Por exemplo, os gastos com aluguéis, normalmente considerados como custos fixos, são reajustados de tempos em tempos, não é mesmo? Também é importante frisar que, de forma geral, a matemática aplicada e a teoria microeconômica tradicional não costumam distinguir os conceitos de custos e despesas, como é feito na contabilidade. A definição contábil diz que custos são gastos associados estritamente ao processo de fabricação, enquanto despesas são gastos relativos ao exercício social, como gastos administrativos e com publicidade. Para a economia e a matemática aplicada, geralmente não é feita essa distinção, subentendendo-se que o conceito de custo engloba também os gastos que a contabilidade considera como despesas (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019). É essa a definição que estamos adotando neste livro-texto. 101 MATEMÁTICA APLICADA Considerando como q a quantidade produzida, podemos calcular o custo total (CT) simplesmente somando o termo fixo ao termo variável dos gastos (LAPA, 2012): CT(q) = CF + CV(q) Ponto de nivelamento (break even point) O ponto de nivelamento, ou ponto de equilíbrio, diz respeito ao nível em que a receita total de vendas se iguala ao custo total de produção. Nesse ponto, não ocorre lucro nem prejuízo, ou seja, a receita é suficiente apenas para cobrir os custos. Matematicamente, temos o ponto de nivelamento na situação em que: RT(q) = CT(q) Lucro total O lucro total (LT) é dado pela diferença entre as receitas de venda da empresa (RT) e os custos totais de produção (CT). Temos, portanto: LT(q) = RT(q) - CT(q) Segundo Vasconcellos e Garcia (2019), a teoria microeconômica tradicional parte da premissa de que as empresas têm como principal objetivo a maximização dos lucros. Logo, as empresas tendem a ajustar o nível de produção para o qual a diferença positiva entre RT e CT seja a maior possível. Observação Ao considerar receita, custo e lucro, deve-se determinar um período. Por exemplo, pode-se calcular o lucro mensal, que é o lucro obtido durante o período de um mês. Margem de contribuição A margem de contribuição dita quanto um produto contribui para a cobertura do custo variável e a geração do lucro. Podemos pensar em uma função margem de contribuição (MC), que matematicamente se comporta como: MC = RT - CV Temos, portanto, a diferença entre a receita total da empresa menos seus custos variáveis, lembrando que esses custos cobrem também o que é considerado despesa no contexto contábil. A margem de contribuição é a parcela da receita total que ultrapassa os custos e variáveis e que contribuirá para cobrir as despesas fixas e gerar o lucro. 102 Unidade III Podemos, também, calcular a margem de contribuição unitária. Nesse contexto, pensamos em apenas uma unidade do produto em questão, e calculamos quanto ele, individualmente, contribui para cobrir custos e gerar lucro. Nesse contexto, temos: MCUnit = P - CVUnit Na igualdade, MCUnit é a margem de contribuição unitária, P é o preço de venda do produto e CVUnit é o custo variável de apenas um produto. Vamos acompanhar um exemplo simples, adaptado de Lapa (2012), que trata da função receita e resgata o conceito de domínio da função, que vimos na unidade passada. Exemplo de aplicação Uma montadora vende carros a R$ 50.500,00 a unidade. Determine a função receita e o domínio dessa função. Resolução Se chamarmos de q o número de carros vendidos, temos a seguinte função receita: RT(q) = 50500q Nesse contexto, o domínio fica restrito pelo significado da variável q. É claro que o número de carros vendidos é contado de forma inteira e não negativa. Temos, então, o seguinte domínio para a variável q: D = N O exemplo a seguir, adaptado de Morettin, Hazzan e Bussab (2016), trata dos conceitos de receita, custo e lucro e utiliza funções de 1º grau. Exemplo de aplicação Um produtor de camisetas personalizadas tem custo fixo mensal de R$ 5.000,00, mais custo de R$ 10,00 por cada unidade produzida. O preço de venda atual é de R$ 15,00 por cada camiseta. Nessas condições, faça o que se pede a seguir. A) Determine as funções custo total e receita total. B) Determine o ponto de nivelamento e a quantidade a partir da qual o produtor começa a ter lucro. C) Determine a função lucro total. D) Se o produtor vender 4.500 camisetas em um mês, calcule o seu lucro nesse período. E) Determine a margem de contribuição unitária do produto. 103 MATEMÁTICA APLICADA Resolução A) Vejamos as funções custo total (CT) e receita total (RT) em função da quantidade q produzida. CT(q) = 5000 + 10q RT(q) = 15q B) Vejamos o ponto de nivelamento e a quantidade a partir da qual o produtor começa a ter lucro. RT(q) = CT(q) 15q = 5000 + 10q 15q - 10q = 5000 5q = 5000 q = 1000 O nivelamento ocorre quando o produtor vende mil camisetas. Portanto, para que ele tenha lucro, precisa vender pelo menos 1001 camisetas. C) Vejamos a função lucro total. LT(q) = RT(q) - CT(q) LT(q) = 15q - (5000 + 10q) LT(q) = 15q - 5000 - 10q LT(q) = -5000 + 5q D) Se o produtor vender 4.500 camisetas em um mês, qual será seu lucro nesse período? Vejamos. LT(q) = -5000 + 5q LT(4500) = -5000 + 5 × 4500 LT(4500) = 17500 104 Unidade III Logo, no mês em que o produtor vender 4.500 camisetas, obterá lucro de R$ 17.500,00. E) Vamos calcular a margem de contribuição unitária MCunit do produto. MCUnit = P - CVUnit MCUnit = 15 - 10 MCUnit = 5 A margemde contribuição unitária é de R$ 5,00. Portanto, cada camiseta vendida colabora com R$ 5,00 para cobrir custos fixos e gerar lucro. O exemplo a seguir, adaptado de Morettin, Hazzan e Bussab (2016), utiliza funções de 2º grau. Exemplo de aplicação O preço de um produto é ajustado de acordo com sua demanda, descrita pela função P = 10 - q, em que P representa preço de venda e q a quantidade demandada. Seu custo total em determinado período é matematicamente descrito por CT(q) = 20 + q. Sabe-se que, para esse produto, faz sentido q assumir qualquer valor racional não negativo. Nessas condições, faça o que se pede a seguir. A) Determine a função receita total e o preço que a maximiza. B) Determine a função lucro total e o preço que a maximiza. C) Determine os pontos de nivelamento. Resolução A) Veja a função receita total RT a seguir. RT(q) = P × q RT(q) = (10 - q) × q RT(q) = 10q - q2 Você lembra que comentamos que o preço influencia a demanda e vice-versa? Nesse contexto, temos o preço dado em função da quantidade. Note que, ao ajustar o preço de acordo com a quantidade demandada, obtemos uma receita matematicamente descrita por uma lei quadrática. No caso, temos uma parábola voltada para baixo, o que indica que a receita é maximizada em apenas um ponto, dado 105 MATEMÁTICA APLICADA por seu vértice. Observando que RT representa y e q representa x, podemos calcular a quantidade que maximiza a receita pela abscissa do vértice: V b 10 10 10 x 5 2a 2( 1) 2 2 = − = − = − = = − − Com isso, sabemos que a receita máxima é obtida na condição q = 5. Por meio da função que representa a demanda, vamos calcular o preço correspondente à quantidade 5: P = 10 - q P = 10 - 5 P = 5 Logo, o preço capaz de maximizar a receita corresponde a 5 unidades monetárias. Note que não estamos tratando de reais, e sim de uma unidade monetária desconhecida. B) Veja a função lucro total LT a seguir. LT(q) = RT(q) - CT(q) LT(q) = (10q - q2) - (20 + q) LT(q) = 10q - q2 - 20 - q LT(q) = -q2 + 9q - 20 Como a função receita é quadrática, a função lucro também é. Por meio dessa função, podemos calcular a quantidade capaz de maximizar o lucro. Observando que LT representa y e que q representa x, podemos calcular a abscissa do vértice: V b 9 9 x 4,5 2a 2( 1) 2 = − = − = − = − − Portanto, temos q = 4,5. O enunciado diz que podemos considerar valores racionais, não apenas inteiros, como domínio da função. Essa restrição depende do produto: não faz sentido falar em 4,5 livros, mas é perfeitamente possível falarmos em 4,5 toneladas de soja. Com isso, vamos novamente utilizar a função demanda: 106 Unidade III P = 10 - q P = 10 - 4,5 P = 5,5 Logo, o preço capaz de maximizar o lucro corresponde a 5,5 unidades monetárias. C) Há formas diferentes de encontrarmos o nivelamento. Uma delas consiste em igualar a função lucro a zero, já que nivelamento significa lucro nulo. Vamos adotar esse caminho: LT(q) = -q2 + 9q - 20 -q2 + 9q - 20 = 0 Para encontrarmos os valores de q capazes de zerar a função lucro, podemos utilizar a fórmula de Bhaskara: 2 2b 4ac 9 4( 1)( 20) 81 80 1∆ = − = − − − = − = b 9 1 9 1 x 2a 2( 1) 2 − ± ∆ − ± − ±= = = − − 9 1 8 x ' 4 2 2 − + −= = = − − 9 1 10 x '' 5 2 2 − − −= = = − − Como encontramos duas raízes reais distintas, temos dois pontos de nivelamento: um ocorre para q=4 e outro ocorre para q=5. Pelo gráfico da função lucro, percebemos que o lucro só será maior que 0 na condição 4<q<5. 107 MATEMÁTICA APLICADA 1 0 1 2 3 4 5 -1 Figura 39 Vejamos mais um exemplo. Exemplo de aplicação (Fundatec, 2013) As curvas de oferta e de demanda podem ser aplicadas a uma diversidade de situações em economia, como para avaliar o efeito de tabelamentos. Dispõe-se da curva de demanda, que é dada por Qd=930–6P, e da curva de oferta, dada por Qs=420+4P, sendo Qd a quantidade demandada, Qs a quantidade ofertada e P os preços. Nesse sentido, analise as seguintes afirmativas. I – A quantidade de equilíbrio em mercado competitivo é de 624 unidades. II – Se o governo tabelar o preço em R$ 40, haverá excesso de oferta em relação à demanda de 110 unidades. III – Se o governo tabelar o preço em R$ 40 por unidade, haverá excesso de demanda em relação à oferta de 110 unidades. É correto o que se afirma apenas em: A) I. B) II. C) III. D) I e II. E) I e III. 108 Unidade III Resolução Vamos calcular primeiramente o preço de equilíbrio de mercado, em que a quantidade demandada é igual à quantidade ofertada. Qd = Qs 930 - 6P = 420 + 4P -6P - 4P = 420 - 930 10P = 510 P = 51 Podemos, agora, calcular a quantidade de equilíbrio utilizando a função de demanda ou de oferta (tanto faz, pois a quantidade será a mesma no equilíbrio). Qd = 930 - 6P Qd = 930 - 6 × 51 Qd = 930 - 306 Qd = 624 Com isso, sabemos que a afirmativa I está correta. O enunciado sugere tabelamento de preços a R$ 40,00, o que acarreta fuga da situação de equilíbrio de mercado. Vamos calcular o que ocorre com as quantidades demandadas e ofertadas nessa condição. Qd = 930 - 6P Qd = 930 - 6 × 40 Qd = 930 - 240 Qd = 690 Qs = 420 - 4P Qs = 420 - 4 × 40 Qs = 420 - 160 Qs = 580 109 MATEMÁTICA APLICADA Como esperado, com preço abaixo do equilíbrio, ocorre excesso de quantidade demandada, afinal, os consumidores vão considerar o produto barato e tendem a desejar consumir mais. A diferença entre Qd e Qs é dada por: Qd - Qs = 690 - 580 = 110 Temos, portanto, uma quantidade demandada que excede em 110 unidade a quantidade ofertada. Logo, a afirmativa II é incorreta, e a afirmativa III é correta. 6 MATRIZES Você já mexeu com planilhas? Se sim, você já mexeu com a estrutura de matrizes e nem se deu conta. Segundo Guedes (2014), matrizes são aplicadas na área computacional com o intuito de resolver cálculos complexos de estrutura, problemas estatísticos, entre outras situações. As linguagens de programação costumam conter uma estrutura de dados denominada matriz. Podemos pensar em uma matriz como uma tabela, que tem m linhas e n colunas identificadas de forma a “endereçar” cada um de seus elementos. É possível também realizar cálculos entre matrizes e utilizar determinantes, que nos permitem resolver sistemas de equações. Observe a tabela seguinte. Nessa tabela, as linhas representam pessoas que fazem parte de uma família, e as colunas representam características. Existem 15 elementos numéricos, dispostos nos posicionamentos adequados. Por exemplo, se consultarmos o cruzamento entre a última linha e a última coluna, descobrimos que o Júnior tem 30 anos de idade. Tabela 14 – Exemplo de tabela cujos dados são dispostos em 5 linhas e 3 colunas Altura (metros) Peso (quilogramas) Idade (anos) João (pai) 1,82 93 62 Mariana (mãe) 1,70 70 60 Jorge (irmão) 1,85 80 35 Marina (irmã) 1,74 78 33 Júnior (irmão) 1,80 75 30 Fonte: Guedes (2014, p. 78). Vamos utilizar os dados da tabela para nos aproximarmos da linguagem matemática. Se ocultarmos os títulos das linhas e colunas, ficaremos apenas com os 15 elementos que constituem a nossa matriz, que estarão dispostos em 5 linhas (m=5) e 3 colunas (n=3). Portanto, dizemos que temos uma matriz de ordem 5 x 3 (lê-se: 5 por 3). Como precisamos de dois índices para localizar um elemento (número da linha e número da coluna), podemos dizer que a dimensão D de uma matriz é igual a 2. Veja a figura seguinte: 110 Unidade III D = 2 (m x n) n = 3 m = 5 1,82 93 62 1,70 70 60 1,85 80 35 1,74 78 33 1,80 75 30 Figura 40 – Matriz M de ordem 5 x 3 Fonte: Guedes (2014, p. 80). Na matemática, as matrizes costumam abrigar seus elementos entre parênteses, colchetes ou barras duplas verticais, como veremos a seguir. 6.1 Representação genérica Considere os símbolos a seguir: • m: número total de linhas da matriz. • n: número total de colunas da matriz. • i: índice de representação da linha do elemento. • j: índice de representação da coluna do elemento. • X: nome escolhido para a matriz. • xij: elemento genéricoda matriz X. A matriz X é uma tabela retangular de ordem m × n, ou seja, composta por m linhas e n colunas. Temos m x n elementos (ou termos) xij, cada um deles representado por um número real. Podemos, portanto, endereçar cada elemento individualmente indicando sua linha i e sua coluna j. Observe a matriz X a seguir, representada de três maneiras. 11 12 1n 21 22 2n m1 m2 mn m n x x x x x x X x x x × = 111 MATEMÁTICA APLICADA 11 12 1n 21 22 2n m1 m2 mn m n x x x x x x X x x x × = 11 12 1n 21 22 2n m1 m2 mn m n x x x x x x X x x x × = Por exemplo, temos o que segue. • O elemento x11 é um número real posicionado na 1ª linha e na 1ª coluna da matriz X. • O elemento x12 é um número real posicionado na 1ª linha e na 2ª coluna da matriz X. • O elemento x2n é um número real posicionado na 2ª linha e na última coluna da matriz X. • O elemento xmn é um número real posicionado na última linha e na última coluna da matriz X. Observação Tanto faz representar matrizes utilizando parênteses, colchetes ou barras duplas verticais. O significado não é alterado, e todas essas formas são encontradas na literatura. Vamos acompanhar alguns exemplos simples envolvendo matrizes. Exemplo de aplicação Exemplo 1. Considere a matriz A dos elementos aij, apresentada a seguir, e faça o que se pede. 3 7 1 A 2 8 0 − = − A) Determine os elementos a13 e a22 da matriz A. B) Determine a ordem da matriz A. C) Determine o número de termos da matriz A. 112 Unidade III Resolução A) Vejamos os elementos a13 e a22 da matriz A. a13 = -1 (elemento que se encontra na 1ª linha e 3ª coluna) a22 = 8 (elemento que se encontra na 2ª linha e 2ª coluna) B) Como temos 2 linhas e 3 colunas, a matriz A possui ordem 2 x 3. C) A matriz A tem ordem 2 x 3, o que resulta em 2 x 3 = 6 termos (elementos). Exemplo 2. Escreva a matriz B = [bij]3x2, de forma que bij = i 2 - 2j. Resolução Temos que escrever uma matriz do nome B, formada pelos elementos genéricos bij, de ordem 3 x 2. Esperamos, portanto, o seguinte formato: 11 12 21 22 31 32 3 2 b b B b b b b × = O valor de cada elemento é dado em função de seus índices, de acordo com a lei bij = i 2 - 2j. Vamos calcular cada um deles, conforme mostrado a seguir: b11 = 1 2 - 2 x 1 = 1 - 2 = - 1 b12 = 1 2 - 2 x 2 = 1 - 4 = - 3 b21 = 2 2 - 2 x 1 = 4 - 2 = 2 b22 = 2 2 - 2 x 2 = 4 - 4 = 0 b31 = 3 2 - 2 x 1 = 9 - 2 = 7 b32 = 3 2 - 2 x 2 = 9 - 4 = 5 Finalmente, vamos escrever a matriz B. 3 2 1 3 B 2 0 7 5 × − − = 113 MATEMÁTICA APLICADA 6.2 Adição de matrizes Podemos realizar a operação aritmética de adição de matrizes, desde que possuam a mesma ordem. Sejam as matrizes A = [aij]mxn e B = [bij]mxn: a matriz resultante da adição A+B é a matriz de mesma ordem C = [cij]mxn, em que temos os elementos cij = aij + bij. Na prática, basta encontrarmos a soma entre os elementos que se encontram em mesma posição. Vejamos os exemplos a seguir. A B C 2 4 3 5 2 3 4 5 5 9 3 6 7 1 3 7 6 1 10 7 + + + = = + + A B C 2 10 20 1 1 1 2 1 10 1 20 1 1 9 21 42 7 1 2 5 4 42 2 7 5 1 ( 4) 44 12 3 5 20 3 0 3 3 5 0 20 3 3 3 5 17 0 − − − + − + + − − + − = + + + − = − − − + − + − + − Observação Uma matriz quadrada é uma matriz que tem m=n, ou seja, que tem o número de linhas igual ao número de colunas. Matrizes de ordem 2 x 2 ou 3 x 3 são exemplos de matrizes quadradas. 6.3 Subtração de matrizes Se você compreendeu como fazer adição entre matrizes, já deve ter entendido o que fazer no caso da subtração. Para realizarmos a operação aritmética de subtração de matrizes, também precisamos que elas tenham a mesma ordem. Sejam as matrizes A = [aij]mxn e B = [bij]mxn: a matriz resultante da subtração A–B é a matriz de mesma ordem C = [cij]mxn, em que temos os elementos cij = aij - bij. Acompanhe os exemplos a seguir. A B C 2 4 3 5 2 3 4 5 1 1 3 6 7 1 3 7 6 1 4 5 − − − − = = − − − − A B C 2 10 20 1 1 1 2 1 10 1 20 1 3 11 19 42 7 1 2 5 4 42 2 7 5 1 ( 4) 40 2 5 5 20 3 0 3 3 5 0 20 3 3 3 5 23 6 − − − − − − − − − − = − − − − = − − − − − − − − − − 114 Unidade III Vamos estudar mais alguns exemplos envolvendo matrizes. Exemplo de aplicação Nas tabelas a seguir, encontramos a receita obtida por uma editora com a venda de livros didáticos no ano passado. A tabela A é referente apenas à receita do 1º semestre do ano, enquanto a tabela B mostra toda a receita anual. Utilizando operações entre matrizes, escreva a matriz C, que corresponde à receita obtida no 2º semestre do ano passado. Tabela 15 Tabela A Tabela B Receita, em R$ Receita, em R$ Português 47.560,20 Português 56.394,82 Biologia 32.867,00 Biologia 45.402,99 Geografia 29.542,23 Geografia 41.564,08 História 31.754,89 História 52.126,22 Matemática 53.129,81 Matemática 60.911,60 Física 52.567,11 Física 56.975,00 Química 45.081,00 Química 50.870,45 Resolução Devemos escrever uma matriz de nome C, que representa a receita da editora obtida no 2º semestre do ano passado. Para isso, basta “pegarmos” a receita anual e subtrairmos a quantia referente ao 1º semestre. Temos, portanto: C = B – A. Representando as matrizes, ficamos com a indicação a seguir. B A 56.394,82 47.560,20 8.834,62 45.402,99 32.867,00 12.535,99 41.564,08 29.542,23 12.021,85 52.126,22 31.754,89 20.371,33 60.911,60 53.129,81 7.781,7 56.975,00 52.567,11 50.870,45 45.081,00 − = C 9 4.407,89 5.789,45 Temos, no caso, matrizes-coluna, que é a denominação dada a matrizes que têm uma única coluna. A ordem das matrizes é 7 x 1, de forma a concordar com os dados apresentados nas tabelas. 115 MATEMÁTICA APLICADA 6.4 Multiplicações A operação de multiplicação envolvendo matrizes pode acontecer de duas formas: • a multiplicação de um número real por uma matriz; • a multiplicação de duas matrizes. Veremos essas duas formas. 6.4.1 Multiplicação de um número real por uma matriz Nessa situação, temos uma operação bem simples. Se temos uma matriz A = [aij]mxn e um número real k, a matriz kA, resultante da multiplicação entre k e A, é composta por elementos kaij, mantendo-se a mesma ordem de A. Em outras palavras, basta “pegarmos” o número k e multiplicarmos tal número por todos os elementos da matriz, sem mudarmos seus posicionamentos. Considere a matriz A a seguir: 3 7 1 A 2 8 0 − = − Vamos determinar 3A e 5,6A. Vejamos. 3 7 1 3 3 3 7 3 ( 1) 9 21 3 3A 3 2 8 0 3 ( 2) 3 8 3 0 6 24 0 − × × × − − = × = = − × − × × − 3 7 1 5,6 3 5,6 7 5,6 ( 1) 16,8 39,2 5,6 5,6A 5,6 2 8 0 5,6 ( 2) 5,6 8 5,6 0 11,2 44,8 0 − × × × − − = × = = − × − × × − 6.4.2 Multiplicação entre matrizes A operação de multiplicação de uma matriz por outra matriz é um pouco mais complexa e requer maior atenção. Para que seja possível realizar tal operação, é imprescindível que a primeira matriz tenha o número de colunas igual ao número de linhas da segunda matriz. A matriz resultante, por sua vez, tem o número de linhas da primeira e o número de colunas da segunda. Sejam as matrizes A = [aij]mxn e B = [bij]mxn. A matriz que indica o produto AB tem ordem m x q. Observe o esquema a seguir. 116 Unidade III Amxn x Bnxq = ABmxq n=n mxq Uma vez estabelecida a possibilidade da operação e a ordem da matriz resultante, vamos mostrar como calcular os elementos abij de AB. Devemos multiplicar ordenadamente os elementos da linha i de A e os elementos da coluna j de B, somando os resultados dessas multiplicações. Vamos acompanhar um exemplo para ficar mais claro esse procedimento. Para isso, considere as duasmatrizes A e B a seguir. 2 3 3 7 1 A 2 8 0 × = e 3 2 1 3 B 2 0 7 5 × = Vamos verificar se é possível realizar a multiplicação de A por B. A matriz A tem 3 colunas, enquanto B tem 3 linhas. Logo, podemos prosseguir com a operação. A matriz resultante, AB, tem ordem 2 x 2: duas linhas como na matriz A e duas colunas como na matriz B. Esperamos, portanto, o formato a seguir. 11 12 21 22 2 2 ab ab AB ab ab × = Para calcular os elementos, “andamos” nas linhas de A e nas colunas de B. Por exemplo, para o elemento ab11, “andamos” na linha 1 de A (elementos 3, 7 e 1) e na coluna 1 de B (elementos 1, 2 e 7), multiplicando-os ordenadamente e somando os resultados. Ficamos com: a b11 = (3 × 1) + (7 × 2) + (1 × 7) = 3 + 14 + 7 = 24 Para o elemento ab12, usamos a linha 1 de A e a coluna 2 de B. Para o elemento ab21, usamos a linha 2 de A e a coluna 1 de B. Finalmente, para calcular ab22, usamos a linha 2 de A e a coluna 2 de B. Note que os índices dos elementos indicam qual linha e qual coluna das matrizes A e B você precisa utilizar. Vamos ao cálculo completo. B A 1 3 3 7 1 3 1 7 2 1 7 3 3 7 0 1 5 24 14 AB 2 0 2 8 0 2 1 8 2 0 7 2 3 8 0 0 5 18 6 7 5 × + × + × × + × + × = × = = × + × + × × + × + × Vamos acompanhar um exemplo contextualizado. 117 MATEMÁTICA APLICADA Exemplo de aplicação Um técnico de informática que presta serviço para empresas precisa realizar orçamentos de peças para dois clientes. O cliente 1 precisa de 2 processadores, 5 placas-mãe, 10 monitores e 15 teclados. Já o cliente 2 precisa de 6 processadores, 5 monitores e 22 teclados. A tabela seguinte mostra os preços das peças requeridas em duas lojas distintas, chamadas de loja 1 e loja 2. Utilizando multiplicação de matrizes, escreva a matriz C, que corresponde aos orçamentos de cada cliente em cada uma destas lojas, supondo que todos os produtos devam ser adquiridos no mesmo estabelecimento. Tabela 16 Loja 1 Loja 2 Processador 2.073,22 2.041,00 Placa mãe 579,90 599,99 Monitor 445,23 452,90 Teclado 28,80 24,20 Resolução Antes de escrever a matriz C com os resultados dos orçamentos, vamos escrever as matrizes que compõem o enunciado. A tabela, com os preços dos produtos em cada loja, pode ser descrita diretamente como uma matriz, que chamamos de A. 4 2 2.073,22 2.041,00 579,90 599,99 445,23 452,90 28,80 24,20 A × = Na matriz A, assim como na tabela, as linhas indicam cada tipo de peça a ser adquirida. Lembra-se de que correspondemos linhas de uma matriz com a coluna da outra? Pois bem, na matriz B, vamos colocar cada uma das peças como colunas, mantendo as linhas para diferenciar um cliente do outro. Observe. 2 4 2 5 10 15 Cliente1 B 6 0 5 22 Cliente2× = Note que o elemento b22 é zero (b22 = 0), visto que o cliente 2 não deseja adquirir nenhuma placa mãe. Pois bem, agora basta multiplicarmos A por B e teremos nossos orçamentos? Se você pensou isso, vamos com calma. Observe as matrizes novamente. Os itens de cada cliente encontram-se dispostos nas linhas da matriz B, enquanto os preços de cada item nas lojas encontram-se nas colunas da matriz A. 118 Unidade III Para andarmos nas linhas de B e nas colunas de A, devemos multiplicar B por A. Logo, BA=C. Assim, conseguiremos os orçamentos solicitados. Vamos primeiro determinar a ordem de C: B2x4 x A4x2 = C2x2 Agora, vamos realizar a multiplicação de matrizes. A B 2.073,22 2.041,00 579,90 599,99 445,23 452,90 28,80 2 5 10 15 C 6 0 5 22 24,20 = × 2073,22 5 579,90 10 445,23 15 28,80 2041, 00 5 599,99 10 452,90 15 24,20 2073,22 579,90 445,23 28,80 2041, 00 599,99 4 2 2 6 0 5 22 6 0 5 252,90 2 24,20 C × ×= × + × + × + × + × + × + × + × × + × + × + × + × + × Cliente1 Cliente2 Loja1 Loja2 11.930,24 11.973,95 C 15.299,07 15.042,90 = Logo, é financeiramente mais vantajoso adquirir as peças do cliente 1 na loja 1 e as peças do cliente 2 na loja 2, levando em consideração que todos os itens de um mesmo cliente devem ser adquiridos na mesma loja. 6.5 Determinantes 6.5.1 Definição Um determinante é um número real obtido a partir dos elementos que compõem uma matriz quadrada. Com base nos determinantes das matrizes, é possível resolvermos diversos problemas de forma sistemática, ou seja, seguindo um algoritmo de resolução. Uma das aplicações mais comuns para determinantes consistem na resolução de sistemas de equações lineares, que utilizaremos para encontrar a função que se ajusta a conjuntos de pares ordenados. Um sistema de equações lineares é um conjunto de equações lineares extraídas de um mesmo contexto. Podemos trabalhar com essas equações em conjunto, para que possamos determinar os valores das incógnitas em questão. A utilização de determinantes é uma das maneiras de trabalhar com equações lineares. Vamos, primeiramente, aprender a encontrar os determinantes de matrizes de ordem 2 x 2 e 3 x 3. 119 MATEMÁTICA APLICADA Determinante de matriz de ordem 2 x 2 O determinante de uma matriz quadrada de ordem 2 pode ser encontrado da seguinte maneira: • calculamos o produto dos elementos da diagonal principal da matriz; • subtraímos, do valor do produto dos elementos da diagonal principal, o produto da diagonal secundária. Observação Em uma matriz quadrada A de ordem 2, a diagonal principal é formada pelos elementos a11 e a22, enquanto a diagonal secundária é formada pelos elementos a12 e a21. Seja a matriz quadrada A mostrada a seguir, com as indicações da diagonal principal e da diagonal secundária. 11 12 21 22 2 2 a a A a a × = Diagonal secundária Diagonal principal Figura 41 Podemos calcular o determinante de A (detA) da seguinte forma: 11 12 11 22 12 21 21 22 a a det A a a a a a a = = × − × Observação O determinante de uma matriz pode ser expresso por linhas simples verticais que envolvem os elementos da matriz em questão. Para fixar o entendimento, vamos calcular o determinante das matrizes X e Y a seguir. 3 7 X 2 8 = − e 3 7 Y 9 8 − = 120 Unidade III 3 7 det X (3 8) (7 ( 2)) 24 ( 14) 24 14 38 2 8 = = × − × − = − − = + = − 3 7 det Y ( 3 8) (7 9) 24 63 87 9 8 − = = − × − × = − − = − Determinante de matriz de ordem 3 x 3 O determinante de uma matriz quadrada de ordem 3 pode ser encontrado utilizando a Regra de Sarrus, cujos passos serão descritos a seguir diretamente com um exemplo numérico, para facilitar o entendimento. Vamos considerar a matriz A a seguir, para a qual se deseja calcular o determinante detA. 3 3 1 2 3 A 4 5 6 7 8 9 × = Faremos o passo a passo do cálculo de detA. Passo 1: para começar o cálculo do determinante, repetimos as duas primeiras colunas à direita da matriz e ficamos com o total de 5 colunas. 1 2 3 1 2 det A 4 5 6 4 5 7 8 9 7 8 = Passo 2: utilizando três elementos por vez, efetuamos três multiplicações paralelas à diagonal principal, conforme indicado pelas setas. 45 84 96 1 2 3 1 2 4 5 6 4 5 det A 7 8 9 7 8 = 1 5 9 45 2 6 7 84 3 4 8 96 × × = × × = × × = Passo 3: utilizando três elementos por vez, efetuamos três multiplicações paralelas à diagonal secundária, conforme indicado pelas setas. No entanto, esses produtos dever ser multiplicados por –1, ou seja, seu sinal deve ser trocado. 121 MATEMÁTICA APLICADA 1 2 3 1 2 det A 4 5 6 4 5 7 8 9 7 8 = -105 -48 -72 1 5 9 45 2 6 7 84 3 4 8 96 × × = × × = × × = (3 5 7) 105 (1 6 8) 48 (2 4 9) 72 − × × = − − × × = − − × × = − Passo 4: o determinante é a soma dos valores obtidos nos passos 2 e 3. 1 2 3 1 2 det A 4 5 6 4 5 45 84 96 105 48 72 0 7 8 9 7 8 = = + + − − − = 6.5.2 Regra de Cramer A regra de Cramer é um artifício que nos ajuda a resolver sistemas de equações lineares por meio da resolução de determinantes. É principalmente aplicada a sistemas de três equações etrês incógnitas, mas também pode ser utilizada no caso de duas equações e duas incógnitas, como veremos a seguir. Vamos retomar o conteúdo de funções já abordado neste livro-texto, mas de uma forma diferente: por meio de pares ordenados conhecidos, vamos encontrar as leis das funções que os caracterizam. Anteriormente, determinamos algumas leis de funções pelo contexto, o que permitia que as escrevêssemos diretamente. Na prática, em muitos casos, é o caminho contrário que precisamos tomar: a observação de um fenômeno nos leva a pares ordenados, que podem vir em um gráfico, por exemplo. A partir desse gráfico, somos capazes de extrair uma lei matemática que o caracteriza. É esse o tema que abordaremos a seguir. Determinação de uma função afim a partir de dois pares ordenados As funções de 1º grau podem ser caracterizadas apenas por dois pares ordenados, já que sua representação gráfica é uma reta no plano cartesiano. Vamos considerar dois pares ordenados conhecidos, que fazem parte da mesma função afim: (1,8) e (6,33). Desconhecemos, a princípio, a lei de formação dessa função. Vamos, por meio de da regra de Cramer, encontrá-la. Lembrete As funções afins têm formato f(x) = ax + b, sendo y = f(x). Os pares ordenados têm o formato (x,y): isso indica que dados valores de x e de y correspondem a um ponto do plano cartesiano que passa pela curva da função. 122 Unidade III Passo 1: considerando o formato f(x) = ax + b, escrevemos duas equações com os valores de x e y entregues pelos pares ordenados. Par (1,8): para x = 1, temos y = 8. Logo: ax + b = y a × 1 + b = 8 a + b = 8 Par (6,33): para x = 6, temos y = 33. Logo: ax + b = y a × 6 + b = 33 6a + b = 33 Passo 2: montamos o sistema de equações com as duas equações obtidas no passo anterior, mantendo as incógnitas à esquerda da igualdade e o termo independente à direita da igualdade. a b 8 6a b 33 + = + = É importante que nos certifiquemos de que as incógnitas estão alinhadas nas duas equações: a abaixo de a e b abaixo de b. Passo 3: encontramos um determinante principal D apenas com os coeficientes dos termos que contêm incógnitas (que estão à esquerda da igualdade). a b 8 6a b 33 + = + = → 1 1 D 1 6 5 6 1 = = − = − Se você não entendeu os elementos do determinante, preste atenção no sistema de equações: a + b = 8, por exemplo, tem dois termos que contêm incógnitas e um termo independente que se encontra à direita da igualdade. Só utilizamos nesse determinante os termos da esquerda. O termo a pode ser escrito como 1a e o termo b pode ser escrito como 1b, concorda? Por isso, na 1ª linha do determinante, temos elementos 1, já que levamos apenas os coeficientes (parte numérica) para o cálculo do determinante. Já para 6a + b = 33, devemos levar o 6 (do termo 6a) e o 1 (do termo 1b). 123 MATEMÁTICA APLICADA Passo 4: encontramos um determinante em que os primeiros termos das equações (termos que contêm a incógnita a) são substituídos pelos termos independentes (à esquerda da igualdade). a b 8 6a b 33 + = + = → a 8 1 D 8 33 25 33 1 = = − = − Note que a 1ª coluna do determinante foi trocada pelos termos independentes, 8 e 33. A 2ª coluna manteve-se igual ao que estava no determinante principal. Passo 5: encontramos um determinante em que os segundos termos das equações (termos que contêm a incógnita b) são substituídos pelos termos independentes (à esquerda da igualdade). a b 8 6a b 33 + = + = → b 1 8 D 33 48 15 6 33 = = − = − Note que a 2ª coluna do determinante foi trocada pelos termos independentes, 8 e 33. A 1ª coluna se manteve igual ao que estava no determinante principal. Passo 6: com os valores dos determinantes, encontramos os valores das incógnitas a e b. Para isso, basta aplicar as seguintes regras: aDa D = bDb D = aD 25a 5 D 5 −= = = − bD 15b 3 D 5 −= = = − Passo 7: substituímos os valores já conhecidos de a e b, partindo do formato f(x) = ax + b f(x) = ax + b f(x) = 5x + 3 Com isso, determinamos que a lei da função de 1º grau que contém os pares ordenados (1,8) e (6,33). Trata-se de f(x) = 5x + 3 124 Unidade III Observação Existem diversas maneiras de resolver um sistema de equações, como o método da substituição e o método da adição. Procure tentar resolver o sistema que acabamos de solucionar novamente, mas por outros caminhos que não utilizem determinantes. Saiba mais Para verificar os cálculos de determinantes de matrizes quadradas de ordem n qualquer, visite: DETERMINANT of a matrix. dCode, [s.d.]. Disponível em: https://bit.ly/3tZQiji. Acesso em: 19 maio 2021. Vamos estudar o exemplo a seguir. Exemplo de aplicação Observe o gráfico de uma função de 1º grau. A partir dos pares ordenados destacados, encontre a lei da função utilizando o método de determinantes. (-2,-2)(-2,-2) (2,6)(2,6) -8-8 -6-6 -4-4 -2-2 22 -2-2 -4-4 22 00 44 66 44 66 88 Figura 42 Resolução Vamos observar os pares mostrados no gráfico do enunciado. 125 MATEMÁTICA APLICADA Par (2,6): para x = 2, temos y = 6. Logo: ax + b = y a × 2 + b = 6 2a + b = 6 Par (-2,-2): para x = -2, temos y = -2. Logo: ax + b = y a × (-2) + b = -2 -2a + b = -2 2a b 6 2a b 2 + = − + = − 2 1 D 2 ( 2) 2 2 4 2 1 = = − − = + = − a 6 1 D 6 2 8 2 1 = = + = − b 2 6 D 4 12 8 2 2 = = − + = − − aD 8a 2 D 4 = = = bD 8b 2 D 4 = = = Portanto, a lei da função de 1º grau que contém os pares ordenados (2,6) e (-2,-2) é f(x) = 2x + 2. É claro que você poderia ter identificado outros pares ordenados pelo gráfico, em vez de utilizar aqueles que foram destacados. Qualquer conjunto de dois pares ordenados que participam dessa função levariam você ao mesmo resultado. 126 Unidade III Determinação de uma função quadrática a partir de três pares ordenados As funções quadráticas podem ser caracterizadas apenas por três pares ordenados. Dois pares não seriam suficientes, pois mais de uma parábola pode passar pelo mesmo conjunto de dois pares ordenados. Vamos considerar três pares ordenados conhecidos, que fazem parte da mesma função quadrática: (1,2), (2,3) e (3,6). Desconhecemos, a princípio, a lei de formação dessa função. Vamos, por meio de da regra de Cramer, encontrá-la. Lembrete As funções quadráticas são do tipo f(x) = ax2 + bx + c, sendo y = f(x). Os pares ordenados têm o formato (x,y), indicando determinados valores de x e de y correspondem a um ponto do plano cartesiano pelo qual passa pela curva da função. Passo 1: considerando o formato f(x) = ax2 + bx + c, escrevemos três equações com os valores de x e y entregues pelos pares ordenados. Par (1,2): para x = 1, temos y = 2. Logo: ax2 + bx + c = y a × 12 + b × 1 + c = 2 a + b + c = 2 Par (2,3): para x = 2, temos y = 3. Logo: ax2 + bx + c = y a × 22 + b × 2 + c = 3 4a + 2b + c = 3 Par (3,6): para x = 3, temos y = 6. Logo: ax2 + bx + c = y a × 32 + b × 3 + c = 6 9a + 3b + c = 6 127 MATEMÁTICA APLICADA Passo 2: montamos o sistema de equações com as três equações obtidas no passo anterior, mantendo as incógnitas à esquerda da igualdade e o termo independente à direita da igualdade. a b c 2 4a 2b c 3 9a 3b c 6 + + = + + = + + = É importante nos certificarmos de que as incógnitas estão alinhadas nas duas equações: a abaixo de a, b abaixo de b e c abaixo de c. Passo 3: encontramos um determinante principal D, apenas com os coeficientes dos termos que contêm incógnitas (que estão à esquerda da igualdade). a b c 2 4a 2b c 3 9a 3b c 6 + + = + + = + + = → 1 1 1 1 1 D 4 2 1 4 2 2 9 12 18 3 4 2 9 3 1 9 3 = = + + − − − = − Para resolver o determinante, aplicamos a regra de Sarrus. Passo 4: encontramos um determinante em que os primeiros termos das equações (termos que contêm a incógnita a) são substituídos pelos termos independentes (à esquerda da igualdade). a b c 2 4a 2b c 3 9a 3b c 6 + + = + + = + + = → a 2 1 1 2 1 D 3 2 1 3 2 4 6 9 12 6 3 2 6 3 1 6 3 = = + + − − − = − Note que a 1ª coluna do determinante foitrocada pelos termos independentes, 2, 3 e 6. A 4ª coluna, obtida pela aplicação da regra de Sarrus, também deve assumir esses valores. Passo 5: encontramos um determinante em que os segundos termos das equações (termos que contêm a incógnita b) são substituídos pelos termos independentes. a b c 2 4a 2b c 3 9a 3b c 6 + + = + + = + + = → b 1 2 1 1 2 D 4 3 1 4 3 3 18 24 27 6 8 4 9 6 1 9 6 = = + + − − − = Note que a 2ª coluna do determinante foi trocada pelos termos independentes, 2, 3 e 6. A 5ª coluna, obtida pela aplicação da regra de Sarrus, também deve assumir esses valores. 128 Unidade III Passo 6: encontramos um determinante em que os terceiros termos das equações (termos que contêm a incógnita c) são substituídos pelos termos independentes. a b c 2 4a 2b c 3 9a 3b c 6 + + = + + = + + = → c 1 1 2 1 1 D 4 2 3 4 2 12 27 24 36 9 24 6 9 3 6 9 3 = = + + − − − = − Passo 7: com os valores dos determinantes, encontramos os valores das incógnitas a, b e c. Para isso, basta aplicarmos as seguintes regras: aDa D = bDb D = cDc D = aD 2a 1 D 2 −= = = − bD 4b 2 D 2 = = = − − cD 6c 3 D 2 −= = = − Passo 8: substituímos os valores já conhecidos de a, b e c, partindo do formato f(x) = ax2 + bx + c f(x) = 1x2 + (-2)x + 3 f(x) = x2 - 2x + 3 Com isso, determinamos que a lei da função de 2º grau que contém os pares ordenados (1,2), (2,3) e (3,6) é f(x) = x2 - 2x + 3 Vamos estudar o exemplo a seguir. 129 MATEMÁTICA APLICADA Exemplo de aplicação Observe o gráfico da função lucro total em função da quantidade de determinado produto, representada por uma parábola. A partir dos pares ordenados destacados, encontre a lei da função utilizando o método de determinantes. 2200 (13,35)(13,35) (16,32)(16,32) (18,20)(18,20) 55 1010 1515 2020 2525 3030 3535 4040 44 66 88 1010 1212 1414 1616 1818 2020 2222 2424 Figura 43 Resolução Par (13,35): para x = 13, temos y = 35. Logo: ax2 + bx + c = y a × 132 + b × 13 + c = 35 169a + 13b + c = 35 Par (16,32): para x = 16, temos y = 32. Logo: ax2 + bx + c = y a × 162 + b × 16 + c = 32 256a + 16b + c = 32 130 Unidade III Par (18,20): para x = 18, temos y = 20. Logo: ax2 + bx + c = y a × 182 + b × 18 + c = 20 324a + 18b + c = 20 169a 13b c 35 256a 16b c 32 324a 18b c 20 + + = + + = + + = 169 13 1 169 13 D 256 16 1 256 16 2704 4212 4608 5184 3042 3328 30 324 18 1 324 18 = = + + − − − = − a 35 13 1 35 13 D 32 16 1 32 16 560 260 576 320 630 416 30 20 18 1 20 18 = = + + − − − = b 169 35 1 169 35 D 256 32 1 256 32 5408 11340 5120 10368 3380 8960 840 324 20 1 324 20 = = + + − − − = − c 169 13 35 169 13 D 256 16 32 256 16 54080 134784 161280 181440 97344 66560 4800 324 18 20 324 18 = = + + − − − = aD 30a 1 D 30 = = = − − bD 840b 28 D 30 −= = = − cD 4800c 160 D 30 = = = − − 131 MATEMÁTICA APLICADA Com isso, determinamos que a lei da função de 2º grau que contém os pares ordenados (13,35), (16,32) e (18,20) é f(x) = -x2 + 28x - 160. Como se trata de uma função lucro, podemos expressá-la como LT(q) = -q2 + 28q - 160. Resumo Aplicamos conceitos das áreas da economia e da administração às funções matemáticas que estudamos nesta unidade e revisitamos definições básicas de matrizes, com diversos exemplos de aplicação. Começamos com a explicação de conceitos econômicos e administrativos, como oferta, demanda, receita, custo e lucro de uma empresa uniproduto. Aplicamos funções afins e quadráticas nesse contexto. Vimos as definições básicas relativas às matrizes, relembrando suas operações aritméticas. Também aprendemos como calcular determinantes de matrizes de ordem 2 x 2 e 3 x 3, que consiste em um número real obtido com os elementos de uma matriz quadrada. Por fim, aprendemos a resolver sistemas de equações utilizando determinantes, por meio da regra de Cramer. Nessa parte, fomos capazes de obter a lei matemática de funções afim e quadráticas partindo de apenas alguns pares ordenados conhecidos. Exercícios Questão 1. (Enade, 2012 – adaptada) As decisões sobre a localização de empresas são estratégicas e integram o planejamento global do negócio. Considerando que o preço de venda da grande maioria dos bens produzidos é estabelecido pelo mercado, faz-se necessário que as empresas conheçam em detalhes os custos nos quais incorrerão em determinada localidade. O modelo padrão “custo-volume-lucro” é útil na decisão de localização. A figura a seguir apresenta, em um único gráfico, as curvas de custo total versus quantidade produzida mensalmente para as cidades de Brasília, São Paulo e Goiânia, as quais foram previamente selecionadas para receber uma nova fábrica de brinquedos. Sabe-se que a receita total é a mesma para as três localidades e que a decisão com base no lucro esperado em cada localidade varia com a quantidade produzida. 132 Unidade III 5000 10000 Quantidade (unidades) 15000 20000 Brasília Goiânia São Paulo 0 0 2 4 6 8 10 Cu st o to ta l (re ai s x 1 05 ) Figura 44 A análise do gráfico revela que: A) São Paulo é a localidade que proporcionará maior lucro para a nova fábrica, se a quantidade mensal a ser produzida variar entre 5.000 e 10.000 unidades, considerando-se a estrutura de custos apresentada. B) São Paulo é a cidade na qual deve ser instalada a nova unidade produtiva, se a quantidade a ser produzida mensalmente for maior que 7.500 unidades, pois, a partir desse volume de produção, é a localidade que proporcionará maior lucro. C) Brasília é a localidade mais indicada para receber a nova fábrica para volumes de produção mensal inferiores a 5.000 unidades, pois é a cidade que viabilizará maior lucro. D) Goiânia deve receber a instalação da nova fábrica se a quantidade produzida mensalmente for superior a 10.000 unidades, tendo em vista que, nas condições apresentadas, é a cidade que poderá dar maior lucro. E) Tanto Goiânia quanto Brasília podem receber a nova fábrica, se o objetivo é produzir uma quantidade mensal exatamente igual a 5.000 unidades, considerando que o lucro será o mesmo nas duas localidades. Resposta correta: alternativa A. 133 MATEMÁTICA APLICADA Análise das alternativas A) Alternativa correta. Justificativa: o custo total é a soma do custo fixo (custo existente mesmo que nada seja produzido) e do custo variável (custo por unidade produzida). Considerando que o custo variável seja constante por unidade produzida, o custo total pode ser graficamente representado por uma reta, como mostrado na figura seguinte. Quantidade produzida = q Custo para quantidade q Custo variável Custo fixo Custo (R$) Custo fixo unidades Figura 45 – Custo em função da quantidade produzida Considerando que o preço de venda por unidade é constante, a receita obtida por tal venda pode ser graficamente representada por uma reta, como mostrado na figura seguinte. Receita (R$) unidades Figura 46 – Receita em função da quantidade produzida Ao efetuarmos a superposição dos dois gráficos, encontramos o que está representado na figura seguinte: 134 Unidade III Receita/Custo (R$) Receita Lucro Custo Ponto de equilíbrio Prejuízo unidades Figura 47 – Receita e custo em função da quantidade produzida Pela análise do gráfico, vemos que há um ponto de cruzamento entre a reta que representa a receita e a reta que representa o custo. Nesse ponto, chamado de ponto de equilíbrio (PE), a quantidade produzida (e vendida) é tal que o custo e a receita têm o mesmo valor. Quando são produzidas (e vendidas) quantidades maiores do que a do ponto de equilíbrio, existe lucro; quando elas são menores, temos prejuízo. Podemos verificar, na figura anterior, que, quanto menos inclinada for a reta que representa o custo, menor será a quantidade do ponto de equilíbrio. Na figura do enunciado, vemos que: • para produções entre 5.000 e 10.000 unidades, São Paulo proporciona o menor custo; • para a produção de 5.000 unidades, São Paulo e Goiânia proporcionam o menor custo; • para10.000 unidades, São Paulo e Brasília proporcionam o menor custo. Isso pode ser observado na figura seguinte: 135 MATEMÁTICA APLICADA 5000 10000 Quantidade (unidades) Custo S. Paulo Custo Brasília Custo Goiânia 15000 20000 Brasília Goiânia São Paulo 0 0 200 400 600 800 1000 Cu st o to ta l Cu st o to ta l (re ai s x 1 0 (re ai s x 1 055 )) Figura 48 – Custo para produzir entre 5.000 e 10.000 unidades B) Alternativa incorreta. Justificativa: acima de 7.500 unidades e até 10.000 unidades, São Paulo proporciona o menor custo. Entretanto, para quantidades maiores, Brasília é o local de menor custo. C) Alternativa incorreta. Justificativa: para quantidades inferiores a 5.000, Goiânia é onde se tem o menor custo. D) Alternativa incorreta. Justificativa: para quantidades maiores do que 10.000, Brasília é o local de menor custo. E) Alternativa incorreta. Justificativa: se o objetivo é produzir exatamente 5.000 unidades, os locais que proporcionam o menor custo são Goiânia e São Paulo. 136 Unidade III Questão 2. Considere as matrizes A, B e C dadas a seguir. 1 1 1 1 0 10 10 8 3 50 A , B e C7 8 16 12 20 0 2 2 26 13 3 6 69 11 − = = = − O elemento localizado na 5ª linha e na 1ª coluna da matriz Z = A×B+8×C é igual a: A) -7. B) 58. C) 663. D) 267. E) 446. Resposta correta: alternativa C. Análise da questão Vamos, primeiramente, calcular a matriz T=A.B, conforme detalhado a seguir. 1 1 0 10 3 50 T A.B .7 8 20 0 2 2 3 6 − = = − 1.( 3) 1.20 1.50 1.0 0.( 3) 10.20 0.50 10.0 T A.B 7.( 3) 8.20 7.50 8.0 2.( 3) ( 2).20 2.50 ( 2).0 3.( 3) 6.20 3.50 6.0 − + + − + + = = − + + − + − + − − + + 137 MATEMÁTICA APLICADA 3 20 50 0 0 200 0 0 T A.B 21 160 350 0 6 40 100 0 9 120 150 0 − + + + + = = − + + − − + − + + 17 50 200 0 T A.B 139 350 46 100 111 150 = = − Agora, vamos calcular a matriz U=8×C, conforme detalhado a seguir. 1 1 8.1 8.1 10 8 8.10 8.8 U 8.C 8. 16 12 8.16 8.12 26 13 8.26 8.13 69 11 8.69 8.11 = = = 8 8 80 64 U 8.C 128 96 208 104 552 88 = = Como T=A×B e U=8×C, podemos calcular Z=A×B+8×C = T+U conforme detalhado a seguir. 17 50 8 8 200 0 80 64 Z T U 139 350 128 96 46 100 208 104 111 150 552 88 = + = + − 138 Unidade III 17 8 50 8 200 80 0 64 Z T U 139 128 350 96 46 208 100 104 111 552 150 88 + + + + = + = + + − + + + + 25 58 280 64 Z 267 446 162 204 663 238 = Vemos que o elemento localizado na 5ª linha e na 1ª coluna da matriz Z é igual a 663.
Compartilhar