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Manual de Matemática Aplicada a Administração Pública Universidade Católica de Moçambique Centro de Ensino á Distância Direitos de autor Todos os direitos dos autores deste módulo estão reservados. A reprodução, a locação, a fotocópia e venda deste manual, sem autorização prévia da UCM-CED, são passíveis a procedimentos judiciais. Elaborado por: Fernando Alfredo Muchanga e Alba Paulo Mate Universidade Católica de Moçambique Centro de Ensino à Distância 825018440 23311718 Moçambique Fax: 23326406 E-mail: eddistsofala@ucm.ac.mz Agradecimentos Agradeço a colaboração dos seguintes indivíduos e/ou pessoa colectiva na elaboração deste manual: Por ter financiado a elaboração deste Módulo Ao Centro de Ensino à Distância da UCM. Pela avaliação/revisão do Conteúdo . Universidade Católica de Moçambique i Índice Visão geral 1 Bem-vindo a Matemática Aplicada ................................................................................ 1 Objectivos do curso ....................................................................................................... 1 Quem deveria estudar este módulo ................................................................................ 1 Como está estruturado este módulo................................................................................ 2 Ícones de actividade ...................................................................................................... 3 Habilidades de estudo .................................................................................................... 3 Precisa de apoio? ........................................................................................................... 3 Unidade 01 5 Sucessões Numéricas..................................................................................................... 5 Introdução ............................................................................................................ 5 1.1. Sucessão: Conceitos básicos ........................................................................ 5 Características gerais de uma sucessão ................................................................. 6 Exemplo ............................................................................................................... 6 Algumas características das sucessões .................................................................. 6 1.2. Sucessões numéricas ........................................................................... 7 1.2.1. Termo geral de uma sucessão .............................................................. 7 Unidade 02 9 Progressões aritméticas e geométricas ........................................................................... 9 Introdução ............................................................................................................ 9 2.1. Progressões aritméticas (Pa) ................................................................................... 9 Exercícios propostos........................................................................................... 11 2.2. Progressões geométricas (Pg)................................................................................ 12 Exercícios propostos........................................................................................... 13 Unidade 03 15 Funções: noções .......................................................................................................... 15 Introdução .......................................................................................................... 15 3.1. Funções: conceito ...................................................................................... 15 3.3. Funções reais de variável real ............................................................................... 17 3.4. Representação gráfica de uma função ........................................................ 18 Exercícios propostos........................................................................................... 19 3.5. Domínio de uma função ............................................................................ 19 Domínio de algumas funções específicas ............................................................ 20 Exercícios propostos........................................................................................... 22 Unidade 04 23 Funções do primeiro e segundo grau ............................................................................ 23 Introdução .......................................................................................................... 23 ii Índice 4.1. Função linear e afim .................................................................................. 23 4.2. Interpretação geométrica do coeficiente angular de uma recta.................... 25 Exercícios propostos........................................................................................... 25 4.3. Funções quadráticas .................................................................................. 27 Exercícios propostos........................................................................................... 29 Unidade 05 31 Algumas aplicações de funções ................................................................................... 31 Introdução .......................................................................................................... 31 5.1. Juros simples como função linear .............................................................. 31 5.2. Juros compostos como função exponencial ................................................ 32 5.3. Função lucro como função linear ............................................................... 33 5.4. Função desconto e valor líquido como funções lineares ............................. 34 Unidade 06 36 Função inversa e composição de funções ..................................................................... 36 Introdução .......................................................................................................... 36 6.1. Função inversa .......................................................................................... 36 6.2. Composição de funções ............................................................................. 38 Exercícios propostos........................................................................................... 39 Unidade 07 41 Função exponencial e logarítmica ................................................................................ 41 Introdução .......................................................................................................... 41 7.1. Função exponencial ................................................................................... 41 Exercícios propostos........................................................................................... 43 7.2. Função logarítmica .................................................................................... 44 Algumas propriedades de logaritmos .................................................................. 46 Exercícios propostos........................................................................................... 46 Unidade 08 47 Derivada de uma função de variável real ..................................................................... 47 Introdução ..........................................................................................................47 8.1. Conceito da derivada ............................................................................................ 47 8.2. Interpretação geométrica da derivada .................................................................... 48 Exercício proposto.............................................................................................. 51 8.3. Aplicações económicas das derivadas ................................................................... 51 Análise marginal ................................................................................................ 51 Custo médio e custo marginal ............................................................................. 54 Exercícios propostos........................................................................................... 54 Unidade 09 56 Optimização de funções ............................................................................................... 56 Introdução .......................................................................................................... 56 9.1. Optimização de funções ........................................................................................ 56 Exercícios proposto ............................................................................................ 58 Universidade Católica de Moçambique iii Unidade 10 60 Primitivas (antiderivadas): integral indefinida .............................................................. 60 Introdução .......................................................................................................... 60 10.1. Antiderivação de funções .................................................................................... 60 10.2. Regras de integração ........................................................................................... 61 Exercícios .......................................................................................................... 62 Exercícios resolvidos .......................................................................................... 62 Exercícios .......................................................................................................... 65 10.2. Integração por substituição ................................................................................. 67 Exercícios .......................................................................................................... 68 10.2. Integração por partes ........................................................................................... 69 Exercícios .......................................................................................................... 71 Unidade 11 73 Integrais definidas ....................................................................................................... 73 Introdução .......................................................................................................... 73 11.1. Integração definida ............................................................................................. 73 11.2. Teorema fundamental do cálculo ........................................................................ 74 Propriedades da integral definida ........................................................................ 76 11.3. Aplicações da integral definida ........................................................................... 76 1. Montante de um investimento contínuo .......................................................... 76 1.1. Valor futuro total ............................................................................... 76 1.2. Valor actual ....................................................................................... 77 Exercícios .......................................................................................................... 78 2. Teorema do valor médio ............................................................................ 80 Exercícios .......................................................................................................... 80 Unidade 12 82 Funções de duas ou mais variáveis .............................................................................. 82 Introdução .......................................................................................................... 82 12.1. Funções reais de variáveis reais .......................................................................... 82 Exercícios .......................................................................................................... 85 Unidade 13 87 Derivada de uma função de duas ou mais variáveis ...................................................... 87 Introdução .......................................................................................................... 87 13.1. Derivadas de uma função de duas variáveis reais ................................................ 87 13.2. Derivadas parciais ............................................................................................... 88 Exercícios .......................................................................................................... 91 13.3. Derivadas de maior ordem .................................................................................. 93 Exercícios .......................................................................................................... 94 Unidade 14 95 Optimização de funções de duas ou mais variáveis ...................................................... 95 Introdução .......................................................................................................... 95 iv Índice 14.1. Máximos e mínimos de funções de duas variáveis reais ...................................... 95 Teste da segunda derivada .................................................................................. 95 Exercícios .......................................................................................................... 99 Unidade 15 101 Optimização Condicionada de funções de duas ou mais variáveis .............................. 101 Introdução ........................................................................................................ 101 15.1. Métodos dos multiplicadores de Lagrange ........................................................ 101 Exercícios ........................................................................................................ 104 Função de produção de Cobb-Douglas.............................................................. 106 REFERENCIA BIBLIOGRAFICA 107 Visão geral Bem-vindo a Matemática Aplicada Neste módulo procura-se em primeiro lugar familiarizar os estudantes apresentando tarefas e suas respectivas resoluções que na sua maioria serão acompanhadas pelas respectivas descrições o que permitirá resolver outras tarefas propostas para sua aprendizagem. Objectivos do curso Quando terminar o estudo de Matemática Aplicada será capaz de: Objectivos familiarizar os estudantes com ferramentas matemáticas básicas, necessárias a diversas outras disciplinas do curso de Administração Pública. Quem deveria estudar este módulo Este Módulo foi concebido para todos aqueles que estiver a frenquentar o primeiro ano do curso de Administarção Pública. 2 Módulo de Matemática Aplicada Beira, Outubro de 2011 Como está estruturado este módulo Todos os módulos dos cursos produzidos por UCM - CED encontram-se estruturados da seguinte maneira: Páginas introdutórias Um índice completo. Uma visão geral detalhada do módulo, resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para completar o estudo. Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de começar o seu estudo. Conteúdo do módulo O módulo está estruturado em unidades. Cada unidade incluirá uma introdução,objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo actividades de aprendizagem. Outros recursos Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista de recursos adicionais para você explorar. Estes recursos que inclui livros, artigos ou sites na internet podem serem encontrados na página de referencias bibliográficas. Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação Tarefas de avaliação para este módulo encontram-se no final de três ou quatro unidades. Sempre que necessário, inclui-se na apresentação dos conteúdos algumas actividades auxiliares que irão lhe ajudar a perceber a exposição dos restantes conteúdos. Comentários e sugestões Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários sobre a estrutura e o conteúdo do módulo. Os seus comentários serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este módulo. Ícones de actividade Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc. Neste módulo destacamos particularmente a marca ( ) que foi usada para indicar as tarefas auxiliares que ajudarao-te a perceber os conteudos expostos. Habilidades de estudo Para suceder-se bem neste módulo precisará de um pouco mais da sua dedicação e concentração. A maior dica para alcançar o sucesso consiste em perceber em primeiro lugar os exemplos resolvidos juntamente com as explicaçoes/justificações apresentadas. Não ignore as actividades auxiliares pois as restantes actividades podem depender delas! Precisa de apoio? Em caso de dúvidas ou mesmo dificuldades na percepção dos conteúdos ou resolução das tarefas procure contactar o seu professor/tutor da cadeira ou ainda a coordenação do curso acessando a plataforma da UCM-CED Curso de Licenciatura em Ensino de Matemática. Unidade 01 Sucessões Numéricas Introdução Nesta unidade pretende-se dar ao estudante a noção da sucessão numérica. Objectivos No fim desta unidade deves ser capaz de: Dar conceito de sucessão numérica; Definir e determinar os elementos de uma sucessão. 1.1. Sucessão: Conceitos básicos Em matemática, refere-se a uma sucessão (ou sequência) a uma lista ordenada de objectos ou acontecimentos, ou seja, é o conjunto de elementos (números, eventos, nomes, etc) que estejam organizados em uma certa ordem. A sucessão de presidentes de um partido, sucessão de dias da semana, sucessão de números ímpares, sucessão de refeições diárias constituem exemplos de sucessões. Uma sucessão é constituída por elementos do mesmo tipo (presidentes do partido, dias de semana, refeições do dia...) e ordem desses elementos de tal forma que após o primeiro vem o segundo e após este vêm o terceiro e assim sucessivamente. 6 Módulo de Matemática Aplicada Beira, Outubro de 2011 Características gerais de uma sucessão Todos elementos de uma sucessão são do mesmo tipo Os elementos são denominados termos da sucessão Cada termo possui uma posição definida A posição de cada termo é determinada por um número natural denominado ordem do termo Cada termo possui um índice e cada índice pertence a um único termo (correspondência biunívoca). Exemplo 1. A sucessão dos presidentes de um partido. Por exemplo: Mondlane; Machel; Chissano; Guebuza. 2. Dias da semana: (Domingo; 2ªfeira; 3ªfeira; 4ªfeira; 5ªfeira; 6ªfeira; Sábado) 3. Números naturais pares: (2, 4, 6, 8, 10, 12, 14,...) 4. Números naturais ímpares inferiores a 12: (1, 3, 5, 7, 9, 11) 5. S = (1/2, 1/4, 1/6, 1/8, 1/10, 1/12, ...) 6. S = (a1, a2, a3, a4, ... , an, ...) Algumas características das sucessões Em função dos exemplos acima pode-se verificar que: 1. As sucessões são constituídas pelo conjunto de elementos chamados termos da sucessão 2. Existem sucessões finitas, aquelas que possuem um número finito de elementos (termos). As sucessões 2 e 4. 3. Existem sucessões infinitas, aquelas que possuem um número ilimitado de elementos. As sucessões 3, 5 e 6. 4. Existem sucessões não-numéricas, aquelas em que os elementos não são números. As sucessões 1 e 2. 5. Existem sucessões numéricas, aquelas constituídas por números. As sucessões 3, 4 e 5. 6. A sucessão 6 é denominada genérica, pelo que os elementos an podem ser ou não números. 1.2. Sucessões numéricas Diz-se sucessão (ou sequência) numérica ao conjunto ordenado de números. Em sucessões numéricas, uma função, através de sua fórmula (ou expressão) utiliza os índices de um conjunto (domínio) para gerar os elementos de um outro conjunto, chamados elementos da sucessão. Por exemplo, f(n) = 1 + n, isto quer dizer que a função f gera através dos índices n termos que são a soma dos índices por 1. O domínio de uma sucessão é o conjunto de números naturais (IN). 1.2.1. Termo geral de uma sucessão Tendo em vista que uma sucessão possui noção de ordem, o conjunto dos n elementos da sucessão pode ser representado de uma forma genérica através da n-úpla ordenada, an que significa que conhecendo a ordem torna-se possível determinar o termo correspondente a essa ordem. Exemplo: Dado o termo geral an = 4n, determine os sete primeiros termos. n = 1, a1 = 4 n = 2, a2 = 8 n = 3, a3 = 12 n = 4, a4 = 16 n = 5, a5 = 20 n = 6, a6 = 24 n = 7, a7 = 28 8 Módulo de Matemática Aplicada Beira, Outubro de 2011 Observe que o domínio duma sucessão numérica é o conjunto dos números naturais. Neste caso, se quisermos saber se o número 36 pertence a sucessão 42 nan , devemos substituir na por 36 e verificar se a solução obtida é um natural, isto é; 20 2 404236 nn . Concluímos que 36 é o vigésimo termo da sucessão. Determine agora, o segundo, sétimo, décimo quarto e o vigésimo terceiro termo da sucessão dada pelo temo geral: a) n nbn 1 21 b) 2 nvn c) n nun 1 As vezes podemos estar numa situação de termos os termos de uma sucessão e precisarmos de encontrar uma certa generalização do seu termo geral. Muitas das vezes a disposição dos elementos de uma sucessão facilita-nos a determinar recursivamente o seu termo geral como por exemplo: A sucessão dada pelos termos: (1; 4; 9; 14; 25; 36; …), olhando para os seus elementos nota-se que ...3924;11 23 2 2 2 1 aaa desta forma, podemos concluir que o termo geral para esta sucessão pode ser dado por 2nan . Tente agora encontrar os termos gerais das seguintes sucessões: a) (2; 5; 10; 15; 26; 37; …) b) (1/2; 1; 3/2; 2; 5/2; 3; …) c) (-1; 2; 7; 12; 23; 34; …) d) (4; 11; 30; 67; 128; …) Unidade 02 Progressões aritméticas e geométricas Introdução Nesta unidade vamos aprender a determinar o termo geral de uma sucessao em forma de progressões aritméticas ou geométricas. Vamos ainda determinar a soma dos primeiros n termos de uma progressao assim como aplicar estes conhecimentos em problemas de cálculo financeiro. Objectivos No fim desta unidade deves ser capaz de: Distinguir se uma determinada sequência representa ou nao uma progressao aritmética ou geométrica; Determinar o termo geral e a soma dos primeiros n termos de uma progressão e; Resolver diversos problemas financeiros usando conhecimentos de progressões. 2.1. Progressões aritméticas (Pa) Uma progressão aritmética é uma sucessão de números reais em que a diferença entre dois termos consecutivos é sempre constante. A essa constante chamamos de razão da progressão e representamos por letra “d”. Portanto, nn aad 1 O termo geralde um Pa é dado por dnaan )1(1 e a soma de n termos é dada por 2 )( 1 n n aanS ou 2 )1(2 1 ndnaSn 10 Módulo de Matemática Aplicada Beira, Outubro de 2011 Exemplo A Universidade Católica de Moçambique, através do Curso de Ensino à Distância matriculou para o curso de licenciatura em ensino de Matemática, programa de Quelimane, no novo ingresso, em 2009, 15 estudantes, em 2010, 25, em 2011, 35. i. Determine a razão da sucessão de novos estudantes do CED no curso de Matemática. ii. Se a sequência não mudar de comportamento, quantos alunos de novo ingresso o curso vai matricular depois de 10 anos da abertura do curso naquele programa? iii. Determine o número de estudantes do curso de Matemática depois de 4 anos (a partir de 2009). Solução, No ano 2009, n = 1 -------- a1 = 15 estudantes No ano 2010, n = 2 -------- a2 = 25 estudantes No ano 2011, n = 3 -------- a3 = 35 estudantes Quer dizer, temos uma sucessão com os termos: 15, 25, 35,... i. d = a2 – a1 = a3 – a2 = ... = an+1 – an Logo, d = a2 – a1 = 25 – 15 = 10 A razão da sucessão (Pa) é 10. ii. Depois de 10 anos teremos o termo de ordem n = 11, portanto queremos a11 a11 = a1 + (11 – 1)·10 = 15 + 11·10 = 125 iii. Número de estudantes depois de 4 anos é a soma dos estudantes matriculados nesses quatros anos, logo S4. S4 = [2·a1 + (4 – 1)10]·4/2 = (2·15 + 3·10)·2 = 60·2 = 120 Exercícios propostos 1. Um banco financiou um lançamento imobiliário nas seguintes condições: em Janeiro, aprovou crédito para 236 pessoas; em Fevereiro, para 211; em Março, para 186 e assim por diante. Quantas pessoas tiveram seu crédito aprovado em Junho? 2. Uma gravadora observou que, em um ano, a venda de compact disc aumentava mensalmente segundo uma PA de razão 400. Se em Março foram vendidos 1600 CD’s, quantos foram vendidos em todo ano? 3. Verificou-se que o número de vendas electrónicas de um aparelho de som em portal de Internet aumentava diariamente segundo um PA de razão 8. Sabendo que no primeiro dia foram registadas doze vendas, determine quantos dias esse produto ficou disponível no portal, se, ao todo, foram registadas 2700 transações. 4. Um carro é vendido nas seguintes condições: uma entrada de 50 000,00Mt e 24 prestações de valores crescentes. A primeira prestação é de 4500,00Mt; a segunda, 4600,00Mt; a terceira, 4700,00Mt, ou seja, à prestação anterior são acrescidos 100,00Mt. Qual é o valor da última prestação e o valor total pago por esse carro? 5. Dada a sequência ( 2x, 2x+1, 3.2x, 2x+2,...) i. Se ela representar um PA, determine a razão. ii. Determine o valor de x de forma que o oitavo termo seja 32. 12 Módulo de Matemática Aplicada Beira, Outubro de 2011 6. Um agricultor estava perdendo a sua plantação em virtude da acção de uma praga. Ao consultar um especialista, foi orientado para que pulverizasse, uma vez ao dia, uma determinada quantidade de um certo produto, todos os dias da seguinte maneira: Primeiro dia: 1 litro; segundo dia: 1,2 litros; terceiro dia: 1,4 litros e assim por diante. Sabendo que o total de produto pulverizado foi de 63 litros, determine o número de dias de duração desse tratamento. 7. Numa cerimónia de formatura de uma faculdade, os formandos foram dispostos em 20 filas de modo a formar um triângulo, com 1 formando na primeira fila, 3 na segunda, 5 na terceira e assim sucessivamente constituindo um PA. Determine o número de formandos presentes na cerimónia. 2.2. Progressões geométricas (Pg) É uma sucessão de números reais não nulos em que o quociente entre termos consecutivos (um termo e o seu antecedente) é sempre uma constante. Essa constante é chamada razão da Pg e é representada por q. Portanto, n 1n a aq O termo geral de uma Pg é dada por 1n1n qaa e a soma de n termos de uma Pg é dada por , q1 )q(1aS n 1 n 1q . Exemplo, Numa determinada empresa, o aumento salarial é feito da seguinte maneira: no fim do primeiro ano de trabalho aumenta-se 400 meticais; no fim do segundo, 600; no fim do terceiro, 900 e assim sucessivamente segundo uma Pg. i. Determine a razão da progressão. ii. Determine o aumento salarial no fim do décimo ano. iii. Determine o termo geral da sucessão. Solução, i. n n a a a a a aq 1 2 3 1 2 ... Logo, 5,1 600 900 2 3 a aq , a razão da progressão acima é 1,5 ii. No fim do décimo ano temos o termo de ordem 10, 344,153775,14005,1 9)110(110 aa iii. n n n na 5,167,2665,1 5,14005,1400 1 Exercícios propostos 1. Duas pessoas ficam sabendo de uma informação. No dia seguinte cada uma delas passa essa informação para outras três. Cada uma dessas pessoas, no dia seguinte, conta para outras três e assim sucessivamente. No dia seguinte, cada uma dessas pessoas conta a três pessoas. Passados cinco dias, quantas pessoas tomarão conhecimento daquela informação inicial. 2. Um jogador faz uma série de apostas e, na primeira vez, perde 1,00Mt; na segunda, duplica a aposta e perde 2,00Mt; na terceira, 14 Módulo de Matemática Aplicada Beira, Outubro de 2011 duplica a aposta anterior e perde 4,00Mt; e assim sucessivamente até ter perdido um total de 255,00Mt. Calcule quantas vezes o jogador apostou. 3. Sabendo que a sequência (4y, 2y – 1, y + 1) é uma Pg, determine i. O valor de y. ii. A razão da Pg. Unidade 03 Funções: noções Introdução Nesta unidade vamos procurar definir de uma forma generalizada o estudo das funções tendo em conta os varios fenomenos que observamos na vida social. Procura-se ainda, ao longo desta unidade, definir-se as funçoes por meio de expressões algébricas, representações gráficas ou mesmo através de diagramas. Para além das representações das funções, vamos tambem recordar como determinar o domínio de uma função. Objectivos No fim desta unidade deves ser capaz de: Definir com suas próprias palavras uma função; Encontrar outros exemplos que estejam a representar funçoes; Determinar o domínio e representar graficamente uma função dada sua expressão analítica. 3.1. Funções: conceito Muitas vezes no nosso dia-a-dia, verificamos que a aquisição de um certo produto depende de algo, uma determinada grandeza depende de outra, ou seja, na vida há sempre uma dependência. Por exemplo, a embriaguez de um consumidor de álcool depende da quantidade do volume de álcool ingerido; a continuação de um estudante na UCM depende do pagamento das propinas; a escolha da faculdade a se formar nela depende da qualidade e condições que essa faculdade oferece; o preço de um determinado produto depende normalmente da sua qualidade. Estas relações de dependência podem ser descritas como sendo funções. 16 Módulo de Matemática Aplicada Beira, Outubro de 2011 Uma função pode ser imaginada como se fosse uma máquina em que introduzimos um número x do conjunto de partida e saímos com um número f(x) = y. Uma função consiste em dois conjuntos e uma regra que associa os elementos de um conjunto aos elementos do outro. Por exemplo, se quisermos determinar o efeito do preço sobre o número de unidades vendidas de um certo produto é preciso conhecermos o conjunto de preços admissíveis, o conjunto de vendas possíveis e uma regra para associar cada preço a um determinado número de unidades vendidas. Conceito: função é uma lei (regra) que associa cada elemento (chamado objecto) de um conjunto A de partida a um e apenas um elemento (chamado imagem) de um conjunto B de chegada. Umafunção pode ser representada por uma letra do alfabeto, por exemplo f. O valor que a função f associa a um número x do domínio é representado por f(x) (lê-se “f de x”) e é normalmente representado por uma expressão matemática y = f(x) onde x é uma variável independente e y é uma variável dependente. Exemplo; Representaremos agora, por meio de diagramas de flechas “o consumo de combustível de um automóvel em função da velocidade com que se desloca”. No conjunto A indicamos as velocidades em km/h e em B, o consumo de combustível em km/l. Assim, a igualdade f(80) = 13, significa que quando o automóvel se move a oitenta quilómetros por hora, faz treze quilómetros por um litro de combustível. A B 50 60 80 100 120 16 15 13 11 9 f 3.3. Funções reais de variável real Uma função real de variável real é a que tanto os elementos de conjunto de partida (conjuntos dos objectos) como os elementos do conjunto de chegada (conjunto das imagens) são números reais, isto é, pertencem ao conjunto IR, e representa-se: f: IR → IR As funções f(x) = 5(x – 3) – 4, f(x) = x4 – 45x2 + 1, f(x) = 2x – 1 são exemplos de funções reais de variável real se considerarmos reais os valores de x. Portanto, se os valores de x forem reais, ao realizarmos as operações obteremos sempre um número real. Exemplo, O custo total (em milhares de meticais) de produção de milho, para um camponês, em x hectares, é dado por c(x) = 50x2 + 100x – 3. Determine o custo total de produção de milho em: i. 4 hectares ii. 3 hectares iii. Quantos hectares são necessários para que o custo seja 193 (mil meticais). Solução, Temos c(x) = 50x2 + 100x – 3, então i. x = 4, c(4) = 40·42 + 100·4 – 3 = 640 + 400 – 3 = 1037 ii. x = 3, c(3) = 40·32 + 100·3 – 3 = 360 + 300 – 3 = 657 a. c(x) = 193, 193 = 50x2 + 100x – 3 calcular o valor de x. 18 Módulo de Matemática Aplicada Beira, Outubro de 2011 16 50 60 80 100 15 13 11 9 120 x y 3.4. Representação gráfica de uma função Dado que o conjunto dos números reais se pode representar sobre uma recta, o método de coordenadas cartesianas serve para representar funções. Voltando para o exemplo de consumo de combustível, a partir do diagrama podemos construir o gráfico da função: 9 11 13 15 16 50 60 80 100 120 x y Distancia em km percorrida por 1l de combustivel Velocidade aplicada ao autom ovel Como o consumo do combustível é contínuo à medida que vai se aplicando determinadas velocidades, então para elaborar o gráfico mostrando que as variáveis percorrem continuamente esses intervalos, unimos os pontos através de uma curva obtendo o gráfico seguinte: Geralmente, os gráficos fornecem muitas informações a respeito das funções. Por exemplo, a visão do crescimento ou decrescimento (monotonia da função); dos valores máximos e mínimos que as funções assumem; comportamentos da função para valores de x muito grandes. Para construção do gráfico de uma função, alguns pontos fundamentais: zeros da função (onde o gráfico intersecta o eixo Ox) e a ordenada na origem (onde o gráfico intersecta o eixo Oy). Para determinar os zeros da função, basta resolvermos a equação que se obtém igualando a função a zero, isto é, f(x) = 0. E, para determinar a ordenada na origem, igualamos x a zero, f(0). Exercícios propostos Determine os zeros e a ordenada na origem das seguintes funções e, tente esboçar os seus gráficos i. f(x) = x – 5 ii. g(a) = a2 - 4 iii. h(x) = -1 + 12/x 3.5. Domínio de uma função Pode acontecer que nem todos os números reais tenham imagem pela função. O conjunto formado pelos números reais que têm imagem chama-se domínio. Em geral, uma função real de variável real tem a seguinte expressão: f: D → IR sendo D um subconjunto de IR, que irá corresponder ao domínio da função. 20 Módulo de Matemática Aplicada Beira, Outubro de 2011 Quando o domínio D de f, não é dado explicitamente, deve-se subentender que D é formado por todos os números reais que podem substituir x na lei de correspondência y = f(x), de modo que, efectuados os cálculos, resulte um real y. Exemplo, O domínio da função definida pela lei y = 2x – 1 é IR porque qualquer que seja o valor de x, real, o número 2x – 1 também existe e é real. Domínio de algumas funções específicas Nem sempre as funções são definidas para todo número real x. Para determinar o domínio de funções, analisamos para quais valores da variável independente a função existe, por exemplo 1. Função polinomial 01 2 2 1 1)( axaxaxaxaxf n n n n onde os an são constantes, n inteiro e positivo. Domf = IR, porque qualquer número real x satisfaz a condição f(x). 2. Função exponencial xaxf )( com a = const. e diferente de zero sempre que x = 0 Domf = IR Quando a = e (e = néper) teremos f(x) = ex 3. Função logarítmica x axf log)( com 0a }0:{ xIRxdomf 4. Função radical n xxf )( com n = const. Se n for ímpar, então Domf = IR Se n for par, então }0:{ xIRxDomf 5. Função irracional x axf )( }0:{ xIRxDomf Exemplo Determine o domínio da função 4)( 2 xxh }04:{ 2 xIRxDomf Determinemos os valores de x que verificam a condição 042 x Seja 042 x teremos (x – 2)(x + 2) = 0 ↔ x – 2 = 0 ou x + 2 = 0 ↔ x = 2 ou x = - 2 22 Módulo de Matemática Aplicada Beira, Outubro de 2011 Um esboço gráfico A parte sombreada indica onde x2 – 4 ≥ 0, portanto O domínio da função h é [;2[]2;] x Exercícios propostos Determine o domínio da função i. 9)( 3 xxxf ii. 1 24)( 2 x xxf iii. 92 2 log)( xxf iv. 1 1)( 3 x xxf v. )14ln()( xxf vi. 12 2 )( xxexf vii. )ln()( xxf viii. u uuf 1 1)( 2 Unidade 04 Funções do primeiro e segundo grau Introdução Na unidade 4 vamos aprenderalgumas das funções polinomiais com maior enfase para as funçoes lineares e do segundo grau.Vamos determinar algus elementos importantes destas funçoes e procuraremos interpretar resolvendo problemas do nosso dia-a-dia. Objectivos No fim desta unidade deves ser capaz de: Representar graficamente funçoes lineares e quadráticas; Determinar as expressoes analiticas das funçoes lineares quando for conhecidos um ponto e o declive; Interpretar de uma forma contextualizada o significado do declive para funçoes lineares e das coordenadas do vértice em funçoes quadráticas. 4.1. Função linear e afim As funções da forma f(x) = mx são chamadas funções lineares de proporcionalidade, onde m é uma constante numérica e nos dá o declive da recta. O gráfico deste tipo de funções é uma recta que passa pelo centro com coordenadas (0;0). As funções de forma f(x) = mx + b recebem o nome de funções afins. O seu gráfico é uma recta que não passa pelo centro de coordenadas (0;0) e é paralela à correspondente função linear de proporcionalidade g(x) = mx. 24 Módulo de Matemática Aplicada Beira, Outubro de 2011 De um modo geral, o gráfico cartesiano de uma função de forma f(x) = mx + b, é representado por uma recta não vertical de equação: y = mx +b. Observe, abaixo, os gráficos da função f(x) = mx + b para b = 0 e m = 1; 2; -2; -0,5. O que se pode afirmar a respeito da recta y = mx + b quando b = 0? O que se pode afirmar a respeito da recta y = mx + b quando m é positivo? E quando m é negativo? Qual é o significadogeométrico da constante m? Abaixo observe os gráficos de funções do tipo y = mx + b para m = 1 e b = 1; -1; 0. Qual é o significado geométrico de b? Qual a característica geométrica da família das rectas obtida considerando-se vários valores de b? O representa o ponto onde a recta y = mx + b intersecta o eixo y? m = -2 m = - 0,5 m = 1 m = 2 y x b=1 b=0 b= -1 4.2. Interpretação geométrica do coeficiente angular de uma recta Consideremos dois pontos (x0, y0) e (x1, y1) pertencentes à mesma recta y = mx + b. Temos então que y0 = mx0 + b e y1 = mx1 + b. Destas duas equações é possível encontrar o valor de m em função de x0, x1, y0 e y1. De facto daí segue que: 01 01 xx yym Esta última expressão pode ser interpretada geometricamente, como a tangente do ângulo que a recta faz com o eixo Ox. Veja o gráfico abaixo Do gráfico podemos concluir que: 01 01 0 0)( xx yy xx yytag Logo, o declive de uma recta é a tangente do ângulo formado pela recta com o eixo Ox. m = tag(β) Exercícios propostos 1. Considere a tabela seguinte, onde p representa poupanças e r renda R 0 5 10 15 20 P 2 12 22 32 42 i. Expresse as poupanças como função linear da renda y1 y0 x0 x0 β 26 Módulo de Matemática Aplicada Beira, Outubro de 2011 ii. Construa o gráfico da função resultante. 2. Um consumidor tem 240 meticais para gastar em dois bens (x; y), cujos preços são respectivamente 80 e 40 meticais. i. Desenhe a linha orçamentária mostrando as diferentes combinações dos dois bens que podem ser comprados com o valor dado. ii. O que ocorrerá com a linha orçamentária original se: a) O orçamento sofrer uma queda de 25%? b) O preço de y dobrar? c) O preço de x cair para 60 meticais? 3. A tabela relaciona o tempo gasto por um funcionário de uma empresa de digitação para digitar um certo número de páginas de um relatório Número de páginas Tempo (em minutos) 1 15 2 30 3 45 4 60 5 75 i. Encontre a lei que relaciona o tempo t de serviço em função do número n de páginas digitadas. ii. Em quanto tempo serão digitadas 20 páginas? iii. Se o funcionário trabalhar 8 horas, será possível concluir um trabalho de digitação de 35 páginas? Explique. 4. Considere o custo total C de produção de x quilogramas duma mercadoria uma função linear. Os registos mostram que numa certa ocasião, 100 quilogramas foram produzidos a um custo total de 200 meticais e noutra, 150 foram produzidos a 275 meticais. Expresse a equação linear do custo como função de x quilogramas produzidos. Qual será o custo de produção de 550 quilogramas? 5. A despesa de produtos de consumo C duma residencial está relacionada com os seus rendimentos do seguinte modo: quando os rendimentos são mil meticais, a despesa é de novecentos meticais e quando os rendimentos aumentam cem meticais a despesa aumenta em oitenta meticais. Expresse a despesa dos produtos de consumo C como função dos rendimentos r, assumindo que a relação comporta-se linearmente. 6. O salário fixo mensal de um guarda é de 560 meticais. Para aumentar a sua receita, ele faz limpeza da casa a noite e recebe 60 meticais por cada noite de limpeza. i. Se em um mês o guarda fizer 4 limpezas, que salário receberá? ii. Qual é o salário y quando ele realizar limpeza x noites? iii. Represente graficamente a função obtida na alínea anterior. 4.3. Funções quadráticas Chama-se função quadrática a toda função polinomial do 2º grau a uma variável do tipo cbxaxxf 2)( com 0a e f: IR→ IR. Exemplo, xxxf 2 4 1)( 2 é uma função quadrática com , 4 1 a 2b e 0c . 28 Módulo de Matemática Aplicada Beira, Outubro de 2011 O gráfico de uma função quadrática é uma parábola com a concavidade virada para: - baixo se a < 0 - cima se a > 0. O gráfico da função cbxaxxf 2)( intersecta o eixo Oy em y = c (onde x =0) chamado ordenada na origem e intersecta o eixo Ox nos pontos de f(x) = 0 chamados zeros de função ou raízes da função e determinam-se resolvendo a equação 02 cbxax . Para encontrar as raízes desta equação, pode se recorrer a fórmula resolvente: a acbbx 2 42 2,1 Vértice da parábola As coordenadas do vértice da parábola do gráfico de uma função quadrática são dadas por (xv,yv) com 2 21 xxxv e )( vv xfy Onde a equação x = xv representa o eixo de simetria do gráfico de cbxaxxf 2)( . Soma e produto das raízes de uma função quadrática Como a acbbx 2 42 1 e a acbbx 2 42 2 então a bxxS 21 e a cxxP 21 Exercícios propostos 7. Considere a função quadrática 78)( 2 xxxh , i. Determine a ordenada na origem e os zeros da função ii. Determine a equação do eixo de simetria iii. Desenhe o gráfico da função iv. Determine o contradomínio da função v. Resolva: a) h(x) = -5 b) h(0) - 2h(1) 8. Determine os valores de b e c sabendo que a função cbxxxg 22)( tem zeros da função cuja soma é 7 e o produto é -3. Determine as coordenadas do vértice da parábola de g. 9. Uma fábrica utiliza dois tanques para armazenar combustíveis. Os níveis de combustíveis, h1 e h2, são dados pelas expressões: 30190150 31 tth e 303550 3 2 tth . Determine o tempo em o nível de combustível é o mesmo. 10. O custo total em meticais para fabricar n unidades de um determinado produto é dado pela função 20050030)( 23 nnnnC . i. Determine o custo de fabricação de 10 unidades do produto. ii. Determine o custo de fabricação da décima unidade. 11. Um estudo de eficiência no turno da manhã mostra que, em média, um operário que chega no trabalho as oito horas terá montado xxxxf 156)( 23 aparelhos x horas depois. i. Quantos aparelhos um operário montou, em média, as dez horas da manhã. 30 Módulo de Matemática Aplicada Beira, Outubro de 2011 12. O custo total de um fabricante consiste em um custo fixo de 200 meticais e um variável de 50 meticais por unidade produzida. Expresse o custo total em função de x unidades produzidas e desenhe o gráfico correspondente. De que tipo de função se trata? 13. O lucro mensal de uma empresa é dado por 5302 xxL sendo x a quantidade mensal vendida. i. Qual o lucro mensal máximo possível (dica: determine a ordenada na origem). ii. Entre que valores deve variar x para que o lucro mensal seja no mínimo 195? Unidade 05 Algumas aplicações de funções Introdução Nesta unidade vamos ver algumas aplicações económicas de funções elementares. Estas aplicações irão de certa forma nos ajudar a interpretar e resolver muitos problemas que serão colocados nas unidades subsequentes. Objectivos No fim desta unidade deves ser capaz de: Encontrar situações problemáticas que ilustrem a utilidade de funções elementares. 5.1. Juros simples como função linear A determinação de um juro é feita sobre um capital a uma taxa definida em determinado período (tempo). Isto quer dizer que o juro depende do capital, do tempo e da taxa de juro. Todavia, em muitos casos é sempre conhecido o capital a investir (ou em empréstimo) e a taxa de juro dependendo o juro apenas do tempo, o que quer dizer, juro é função de tempo. J(n) = C·n·i onde: C é o capital (constante), n é o tempo e i é a taxa de juro (constante e na forma decimal). 32 Módulo de Matemática AplicadaBeira, Outubro de 2011 Note que se considerarmos C e n constantes, o juro é função da taxa de juro J(i) e se considerarmos n e i constantes, o juro é função do capital, J(C). Exemplo; Em um capital fixo de 20000,00Mt aplica-se uma taxa fixa de 10% anual. Determine o juro após um ano. E após 11 anos. Solução Temos C = 20000 e i = 10% = 0,10 (na forma decimal) n = 1, então J = 20000·0,1·1 = 2000,00Mt n = 11, então J = 20000·0,1·11 = 22000,00Mt em geral, temos J(n) = 2000·n, uma função linear. 5.2. Juros compostos como função exponencial Em regime composto, o juro é calculado a partir da fórmula, ]1)1[(0 niCJ . Se mantermos o capital, C0 e a taxa de juro, i, temos uma função exponencial onde o juro, J, é função do tempo n. Exemplo; Um capital fixo de 20000,00Mt aplica-se continuamente a uma taxa fixa de 10% anual. Determine o juro após 11 anos. Temos C = 20000 e i = 10% = 0,10 (na forma decimal) J = 20000[(1+0,1)11 – 1] = 37062,33 Mt 5.3. Função lucro como função linear Um lucro pode ser definido sobre o preço de compra ou sobre o preço de venda de uma certa mercadoria, a uma certa taxa. i. Seja x uma taxa (percentual) do lucro sobre o preço de compra, então teremos o lucro como função do preço de compra. cc xppL )( com x dado em percentagem. ii. Seja y uma taxa (percentual) do lucro sobre o preço de venda, então teremos o lucro como função do preço de venda. vv yppL )( com y dado em percentagem. Exemplo; 1. Um supermercado implantado no bairro Matundo, aplica sobre o preço de compra dos seus produtos, uma taxa de 5% para obter o valor do lucro. Qual é o lucro do supermercado com a venda de 25 embalagens de guardanapo que foram adquiridos por 15 meticais cada? Diga qual será o preço de venda de cada embalagem. Solução Temos que o preço de compra é de 15,00Mt e a taxa de lucro é de 5% (= 0,05), então o lucro unitário será: 75,01505,0)15( L (setenta e cinco centavos) E o lucro das 25 embalagens será: MtL 75,1875,025)15(25 Cada embalagem será vendida por: Lpp cv (preço de venda é igual ao preço de compra mais o lucro). Logo, Mtpv 75,1575,015 34 Módulo de Matemática Aplicada Beira, Outubro de 2011 2. O mesmo supermercado, ao preço de venda aplica uma taxa de 6% para calcular o seu lucro. No dia 13 de Fevereiro vendeu 84 rosas vermelhas a 17 meticais cada, determine o lucro que obteve com a venda do dia. Diga a que preço comprou cada rosa. Solução Temos que o preço de venda é 17,00Mt e a taxa do lucro é de 6% (= 0,06), então o lucro unitário será: MtxppL vv 02,11706,0)( O lucro total do dia será MtpL v 68,8502,184)(84 Cada rosa foi comprada a: Lpp vc (preço de compra é igual ao preço de venda menos o lucro). Logo, Mtpc 98,1502,117 5.4. Função desconto e valor líquido como funções lineares Na prática, são concedidos descontos se se pretender comprar algum artigo. Os descontos podem assumir duas naturezas: independentes - que incidem sobre o valor ilíquido (o valor antes do desconto) e sucessivos - que incidem sobre o valor liquido imediatamente após o desconto anterior. Em descontos independentes: ivdD onde D é o desconto; d é a taxa de desconto (percentual) e vi é o valor ilíquido. Vemos que estamos perante uma função linear em que o desconto é função do valor ilíquido. Valor líquido (vl) : o valor líquido é o valor a pagar após o desconto. Então, iiiil vdvdvDvv )1( Onde d é a taxa de desconto (percentual) e vi é o valor ilíquido. O valor líquido é função do valor ilíquido. A função valor líquido é uma função linear. Exemplo; Uma loja de roupa na cidade de Tete, faz a cada fim do mês um desconto dos seus produtos. Neste mês, ao preço actual de venda, vai aplicar um desconto a uma taxa de 23% para as calças de homens e 31% para calças de mulheres. Se as calças estão a 1299,99Mt de homens e 1099,99Mt de mulheres, determine o valor a ser descontado e o valor a pagar. Solução Para calças de homens: temos que o preço actual (valor antes do desconto = valor ilíquido) é 1299,99Mt e o desconto é de 23% (= 0,23), logo 00,2999977,29899,129923,0 ivdD O valor liquido (a pagar = valor após o desconto): 99,100099,1299)23,01()1( il vdv Para calças de mulheres: temos que o preço actual (valor antes do desconto = valor ilíquido) é 1099,99Mt e o desconto é de 31% (= 0,31), logo 00,3419969,34099,109931,0 ivdD O valor liquido (a pagar = valor após o desconto): 99,75899,1099)31,01()1( il vdv 36 Módulo de Matemática Aplicada Beira, Outubro de 2011 Unidade 06 Função inversa e composição de funções Introdução Nesta unidade vamos perceber quando e como determinar a função inversa. Para além da inversão de funções vamos detrminar a composição de funçoes e a aplicar na resolução de problemas económicos. Objectivos No fim desta unidade deves ser capaz de: Determinar a expressão analítica de uma função inversa; Determinar as diversas composições de funçoes e aplicar na resolução de problemas económicos. 6.1. Função inversa Suponhamos que a quantidade procurada de uma certa mercadoria depende do preço por unidade. p D 2 ou seja D é função de p [D =D(p)]. À medida que o preço aumenta, a procura diminui. Esta função permite-nos determinar a demanda (quantidade procurada) conhecendo o preço do produto. Se conhecermos a demanda (procura), de que forma esta se relacionará com o preço de forma funcional? A relação se obterá resolvendo a equação p D 2 em ordem a p tal que, 2 4)(222 D Dp D ppD p D quer dizer que p é função de D. Definição: Seja f uma função com domínio A e contradomínio B. f possui uma inversa g com domínio B e contradomínio A se e só se f for injectiva,. A função g é dada pela seguinte regra: para cada y de B, o valor g(y) é o único número x de A tal que f(x) = y. yxfxyg )()( A função inversa de f(x) representa-se por )(1 xf . Como achar a função inversa de uma função Passo 1: Escreva y = f(x) Passo 2: Resolva essa equação para x em termos de y (se possível); Passo 3: Para expressar 1f como uma função de x, troque x por y. A equação resultante é 1 fy (x). A função inversa de f. Exemplo Determine a função inversa de 42)( 3 xxf Escrever y = f(x), 42 3 xy Resolver a equação para x em termos de y, 3333 2 2 1 2 4 2 2442 yxxyxyxy 38 Módulo de Matemática Aplicada Beira, Outubro de 2011 Trocar x por y. 3 2 2 1 xy Portanto, a função inversa de f é 31 2 2 1)( xxf O gráfico de uma função inversa é simétrico do gráfico de f em relação à bissectriz y = x. 6.2. Composição de funções Temos vindo a falar de funções em que uma variável y depende da variável x. Se a variável x depender de outra variável t, ou seja, x não é constante então podemos dizer que y depende de t. Quando isto acontece, dissemos que y é uma função composta de t. Seja y = f(x) e x = g(t) então y = f(g(t)) e lê-se f de g. y = x f f -1 a a f(a) f (a) x y Para determinar f(g(t)) primeiro aplicamos g a t para obter g(t) e depois aplicamos f a g(t). Para que esta composição seja possível, é preciso que o contradomínio da função g coincida com o domínio da função f. A função composta f(g(t)) pode se representar por fog(t). Normalmente f og(t) é diferente de g of(t). Exemplo; Dadas as funções 1)( 2 xxf e 2)( xxg . Determine a) gof(x) b) fog(x). Solução a) gof(x) - ? 12)1)(1()1()1())(()(2422222 xxxxxxgxfgxgof b) fog(x) - ? 11)()())(()( 4222 xxxfxgfxfog Exercícios propostos 1. Determine a função inversa de a) 2)( 2 xxf b) 43)( xxf c) xexf )( d) xexf 1)( e) )ln()( xxf f) )1ln()( xxf g) 3 21)( x xxf 40 Módulo de Matemática Aplicada Beira, Outubro de 2011 2. Dadas as funções 1)( 2 xxf e 1)( 2 xxg determine a) f(g(x)) b) g(f(x)) c) fof(x) d) gog(x) e) fofog(x) f) fogof(x) 3. Em uma fábrica, o custo de produção de n unidades de uma certa mercadoria é C(n) = n2+n+900 meticais. Num dia típico, são fabricadas n(t) = 25t unidades durante t horas de trabalho. a) Expresse o custo de produção em função de t. b) Quanto é gasto na produção nas primeiras três horas de trabalho? c) Quantas horas de trabalho são necessárias para que o custo de produção chegue a 11mil meticais? 4. Um importador Chinês da madeira Moçambicana estima que os consumidores locais comprarão aproximadamente 2 4374 p pQ volumes em m3 da madeira se o preço for de p mil dólares por cada volume. O preço estimado da madeira após t semanas é p(t) = 0,04t2+0,2t+12 mil dólares por volume. a) Expresse a demanda semanal da madeira em função de t. b) Quantos unidades (em m3) os consumidores estarão comprando após 10 semanas? c) Após quantas semanas a demanda da madeira será 30375m3? Unidade 07 Função exponencial e logarítmica Introdução Nesta unidade vamos dar continuidade no estudo das funçoes reais de variavel real particularmente para as funções exponenciais e logarítmicas. Vamos destacar as aplicaçoes exponenciais em problemas de cálculo financeiro e a aplicaçao da inversa para o estudo da função logaritmica. Objectivos No fim desta unidade deves ser capaz de: Fazer o estudo das funções exponenciais e logaritmicas; Resolver tarefas financeiros aplicando o estudo das funções exponenciais. 7.1. Função exponencial Um exemplo bem presente na nossa vida é o caso dos juros. Num primeiro mês você vai ao banco e deposita $100,00 a um juro de 3% ao mês. Passando-se um mês o seu rendimento será $100,00 mais $3,00, logo você terá $103,00, ou seja, 100+100x3%=100(1+0,03) = 1001,03. No mês seguinte o seu juro será calculado sobre os seus $100,00 que você colocou no banco ou sobre os $103,00 que você obteve com os juros deste mês? É claro que se for para se calcular o juro somente em cima do que você colocou não vale a pena não é? Então o que acontece é que agora o seu capital é $103,00 e é ele quem vai ser a base para o cálculo de juros deste mês. Logo ao final do 2o mês o seu capital será (103+103x3%)=103.(1+0,03), ou seja, [(100x1,03)x1,03] ou 100x(1,03)2. 42 Módulo de Matemática Aplicada Beira, Outubro de 2011 No final do 10º mês o seu saldo (se você não retirar nem colocar mais capital no banco) será 100x(1,03)10 ou seja o capital inicial multiplicado pelo juro elevado ao tempo de aplicação. Como pudemos observar passado x meses sem movimentar a conta o saldo será S(x)=100(1,03)x em termos de função. Funções como esta são chamadas funções exponenciais. Definição: A função f : R R+ definida por f(x)=ax, com a IR+ e a1, é chamada função exponencial de base a. O domínio dessa função é o conjunto IR e o contradomínio é IR+. Zeros Não tem zeros Sinal: É sempre positiva Extremos Não tem nem mínimos nem máximos Monotonia É sempre crescente se 1a É sempre decrescente se 10 a O gráfico desta função corta o eixo Oy no ponto (0,1). Observe a seguir o gráfico de uma função exponencial com base 1a O domínio da função é e a imagem é o conjunto [,0] IR . O eixo horizontal é uma assímptota do gráfico da função. De fato, o gráfico se aproxima cada vez mais da recta 0y mais nunca toca- a. Exercícios propostos 1. Considere as funções xxf 2)( e x xg 2 1)( i) Caracterize cada uma delas quanto a monotonia ii) Compara: f(0) e g(0); f(1) e g(-1); f(-2) e g(2); f(-1) e g(1)… que conclusão podemos tirar entre f(x) e g(x)? iii) Construa os gráficos de f e g. iv) Avalie o contradomínio de cada uma delas. v) Resolve: 1)( xf ; 1)( xg . 2. Seja dada a função xexh )( i) Determine a ordenada na origem ii) Caracterize h quanto a monotonia iii) Represente no mesmo s.c.o. o gráfico de h e de g(x) = h(x) – 2 iv) g(x) tem zeros da função? Qual é a ordenada na origem de g? v) Encontre a equação da assímptota horizontal para g. 3. O número de bactérias em um meio de cultura cresce aproximadamente segundo a função η(t)=200030,04t, sendo t o número de dias após o início do experimento. Calcule: a) O número η de bactérias no início do experimento; 44 Módulo de Matemática Aplicada Beira, Outubro de 2011 b) Em quantos dias o número inicial de bactérias irá triplicar. 4. Suponha que o valor de um equipamento varie da seguinte forma: inicialmente seu valor é de 60.000 reais. A partir daí, seu valor é reduzido à metade a cada 15 meses. Assim, podemos representar essa variação por V(t) onde t é o tempo de uso em meses e V(t) é o valor em reais. a) Encontre a expressão analítica para v(t). b) Represente graficamente essa função exponencial e calcule o valor do equipamento após 45 meses de uso. 5. Uma máquina de 1.000.000.00mt é investida a uma taxa anual de juros de 7%. Calcule o montante após 10 anos se os juros forem capitalizados: a) Anualmente; b) Trimestralmente; c) Mensalmente. 7.2. Função logarítmica No item anterior sobre funções exponenciais observa-se que se a > 0 e a ≠ 1, então o gráfico de xay satisfaz a condição de injectividade, e isso implica que a função tem uma inversa. Para encontrar uma fórmula para esta inversa (com x como variável independente), podemos resolver a equação yax para y como uma função de x. Isto pode ser feito tomando o logaritmo de base “a” a ambos os lados desta equação. Isto é; ya a x a yax loglog Porém, se pensarmos y como expoente ao qual a deve ser elevado para produzir ya , então fica evidente que y ya a log . Assim, pode ser reescrito como xay log , de onde concluímos que a inversa de xaxf )( é xaxf log)(1 . Isto implica que o gráfico de xaxf )( e o de xaxf log)(1 são reflexões um do outro, em relação à recta y = x. Chamaremos a xaxf log)( de função logarítmica na base a. Em particular, se tomarmos xaxf log)( como xaxf )(1 , e se tivermos em mente que o domínio de )( xf corresponde a imagem de )(1 xf então obtemos: x xa a log para todos os valores reais de x e xa x a log para x > 0. Definição: A função f : R+ R definida por xaxf log)( com IRa e 1a , é chamada função logarítmica de base a. O domínio dessa função é o conjunto IR e o contradomínio é IR . Ordenada na origem: Não corta o eixo das ordenadas Extremos: Não tem nem mínimos nem máximos 46 Módulo de Matemática Aplicada Beira, Outubro de 2011 Monotonia: É sempre crescente se 1a É sempre decrescente se 10 a O gráfico desta função corta o eixo Ox no ponto (1,0). Algumas propriedades de logaritmos 1. bac cba log 2. cbacaba .logloglog 3. c b a c a b a logloglog 4. a c b cb a log loglog 5. 10 1 loglog asecb asecbc a b a 6. 10 1 aseyx aseyx aa yx Exercícios propostos 1. Considere xexf )( e xxg ln)( . Determine: a) f(0) e g(1); f(1) e g(e);f(2) e g(e²); f(3) e g(e³) b) Mostre que ))(())(( xfgxgf c) Construa o gráfico de ))(( xgf 2. Seja dada a função xxh 22log)( a) Determine h(¼), h(½), h(1), h(2), h(4),... b) Caracterize h(x) quanto a monotonia c) Esboce o gráfico de h d) Encontre a expressão de h ֿ◌¹ e) Determine x tal que 231 4)( xxh Unidade 08 Derivada de uma função de variável real Introdução Nesta unidade vamos estudar as derivadas de funções de variável real. Iremos aplicar os conhecimentos de derivação de funções na resolução de problemas de análise marginal. Objectivos No fim desta unidade deves ser capaz de: Calcular a derivada de uma função; Aplicar o estudo das derivadas em problemas de análise marginal. 8.1. Conceito da derivada Em economia, o estudo de quanto rapidamente as quantidades variam ao longo do tempo é muito importante. Este estudo permite avaliar a procura futura duma mercadoria. Outras ciências, por exemplo, podem calcular a posição futura dum planeta ou crescimento da população duma espécie. Para fazer estes estudos é preciso ter informações sobre as taxas de variação. Chama-se derivada de uma função y = f(x), num ponto x0 do seu domínio, ao limite, se existir, da razão incremental de f(x), entre x0 e x, quando x tende para x0. 0 0 0 ' )()(lim)( 0 xx xfxfxf xx ou h xfhxfxf h )()(lim)( 00 00 ' Exemplo 48 Módulo de Matemática Aplicada Beira, Outubro de 2011 Calcule a derivada de f(x) = x3, no ponto de abcissa x0 = – 1. 3)1(lim 1 )1)(1(lim 1 1lim )1( )1()(lim)1( 2 1 2 1 3 11 ' xx x xxx x x x fxff xxxx 8.2. Interpretação geométrica da derivada Seja f uma função num intervalo I. admitamos que existe a derivada de f no ponto Ix 0 . Seja P(x0, f(x0)) e Q(x,f(x)) dois pontos da intersecção da curva do gráfico de f com secante S. A recta S é secante ao gráfico de f e o seu declive é dado por: 0 0 )()()( xx xfxftg o que significa que a tangente de β é a razão incremental de f relativamente ao ponto x0. Q S t S3 S2 S1 f P x0 x f(x0) f(x) Quando x tende a x0, Q se desloca sobre o gráfico da função e aproxima-se de P. Logo, a recta S desloca-se tomando sucessivamente as posições S1, S2, S3,... e tende a coincidir com a recta t, tangente à curva no ponto P. Portanto, )()(lim)()(lim)( 00 0 0 0 ' tgtg xx xfxfxf xxxx Onde α é o ângulo que a recta tangente faz com o eixo Ox. Logo, podemos conceber a derivada de uma função no ponto x0 como sendo igual ao coeficiente angular da recta tangente ao gráfico f no ponto de abcissa x0. Assim a equação da recta tangente ao gráfico f pelo ponto de abcissa x0 será: ))(()( 00 ' 0 xxxfxfy Exemplo; Qual é a equação da recta tangente à curva y = x3 – 2x no ponto de abcissa 3? Solução x0 = 3, f(x0) = f(3) = 27 – 6 = 21 25)73(lim 3 )73)(3(lim 3 212lim 3 )3()(lim)3()( 2 3 2 3 3 33 ' 0 ' xx x xxx x xx x fxffxf xx xx A equação da recta será: 5425)3(2521)3)(3()3( ' xyxyxffy 50 Módulo de Matemática Aplicada Beira, Outubro de 2011 A derivada de uma função mede a taxa de variação da função Algumas regras de derivação y = c função constante y’(x) = dx dy =0 y = ax + b função linear a dx dy y = axp função potência 1 papx dx dy y = ax função exponencial )ln(aa dx dy x y = xalog função logarítmica )ln( 1 axdx dy y = ln(x) função logaritmo natural xdx dy 1 y = u(x) ± v(x) função soma/diferença dx dv dx du dx dy ou y’(x) = u’(x) ± v’(x) y = u(x)·v(x) função produto dx dvu dx duv dx dy ou y’(x) = u’(x)·v + v’(x)·u y = )( )( xv xu função quociente 2v dx dvu dx duv dx dy ou y’(x) = 2 '' )()( v uxvvxu y = f(u(x)) função composta dx du du df dx dy Exercício proposto 1. Aplique as regras de derivação para calcular as derivadas de: i. 1 xy ii. 1 xey iii. 122 xxy iv. 13 xy 2. Determine a derivada de ) 32 21)(34()( 3 4 x xxxxf 3. Encontre a equação da recta tangente a curva 3 4)( x xk no ponto de abcissa ½. 4. Se y = u5 e u = 2x6 + 5, determine y’(x). 5. Determine a equação da recta tangente a curva y no ponto de abcissa dado i. 12 xxy abcissa ½ ii. xxy 3 abcissa -2 iii. 2 3 x y abcissa 1/2 iv. xy 2 abcissa 4 8.3. Aplicações económicas das derivadas Análise marginal É a parte da economia que estuda o que acontece com grandezas como custo, receita e lucro quando o nível de produção varia em um valor unitário. 52 Módulo de Matemática Aplicada Beira, Outubro de 2011 Custo marginal - Se C(x) é o custo total para fabricar x unidades de um certo produto, então o custo marginal será CM(x) = C’(x). Receita marginal - Se R(x) é a receita total do produto correspondente ao custo C(x), então a receita marginal será RM(x) = R’(x). Lucro marginal - Se L(x) = R(x) – C(x), é o lucro de um certo produto, o lucro marginal será dado por LM(x) = L’(x). Exemplo; Um fabricante de tijolos estima que quando x tijolos são fabricados, o custo total é 983 8 1)( 2 xxxC meticais e que todos os tijolos são vendidos quando o preço é xxp 3 125)( por unidade. a) Estime o custo de produção do nono tijolo. Qual é o custo total exacto para produzir o nono tijolo? b) Determine a função receita do produto e estime a receita obtida com a venda do nono tijolo. Qual é a receita exacta obtida com a venda do nono tijolo? c) Determine a função lucro associada à produção de x tijolos. Determine o lucro marginal de x tijolos. Solução Temos que 983 8 1)( 2 xxxC a) Para estimar o custo de produção de uma unidade vamos recorrer ao custo marginal. CM(x) = C’(x) = 3 4 1)983 8 1( '2 xxx CM(8) = Mt00,538 4 1 O custo total exacto de produção do nono tijolo, C(9) – C(8) = Mt125,5)98838 8 1(98939 8 1 22 b) Sabe-se que R(x) =xp(x) (a receita é o produto do preço pela quantidade vendida). Temos que xxp 3 125)( , logo 2 3 125) 3 125()( xxxxxR Valor estimado da receita de venda do nono tijolo RM(x) =R’(x) = xxx 3 225)' 3 125( 2 RM(8) = Mt66,198 3 225 Valor exacto da receita de venda do nono tijolo R(9) – R(8) = Mt33,19)8 3 1825(9 3 1925 22 c) Lucro L(x) = R(x) – C(x) = 9822 24 7)983 8 1( 3 125 222 xxxxxx Lucro marginal, LM(x) = L’(x) = 22 12 7)'9822 24 7( 2 xxx 54 Módulo de Matemática Aplicada Beira, Outubro de 2011 Custo médio e custo marginal Se C(x) é o custo associado à produção de x unidades de um certo produto então o custo médio é x xCxCm )()( e o custo médio marginal é )(')( xCxMC mm Deste mesmo modo definimos a receita média e o lucro médio assim como as correspondentes funções marginais. Exemplo Para a função custo do último exemplo, a) Determine o custo médio e o custo médio marginal do produto. b) Para que nível de produção o custo médio marginal é nulo? c) Para que nível de produção o custo marginal é igual ao custo médio? (tarefa do estudante) Dica: b) Calcular o valor x de forma que Cm’(x) = 0 c) Calcular o valor de x tal que CM(x) = Cm(x) Exercícios propostos 1. O custo total de uma fábrica é 2005005,01,0)( 23 qqqqC meticais, onde q é o número de unidades produzidas. a) Estimeo custo de fabricação da quarta unidade. b) Calcule o custo exacto de fabricação da quarta unidade. 2. Sabendo que C(x) é o custo total para a produção de x unidades de um produto e p(x) é o preço pelo qual as x unidades são vendidas, (i) Determine o custo marginal e a receita marginal (ii) Determine o custo médio e a receita média (iii) Determine o lucro médio e o lucro médio marginal a) 574 5 1)( 2 xxxC )36( 4 1)( xxp b) 673 4 1)( 2 xxxC )45( 5 1)( xxp c) 392 3 1)( 2 xxxC 104)( 2 xxxp 56 Módulo de Matemática Aplicada Beira, Outubro de 2011 Unidade 09 Optimização de funções Introdução Nesta unidade vamos determinar os pontos que optimizam uma função olhando como prioridade a problemas que conduzem a funçoes economicas tais como na minimização das funçoes custo ou maximização das receitas e lucros. Objectivos No fim desta unidade deves ser capaz de: Determinar os pontosestacionários de uma determinada função; Classificar em maximo ou minimos os pontos criticos. 9.1. Optimização de funções Em matérias de gestão e análises económicas, é muito importante estudar até que ponto as funções podem atingir um máximo (ou mínimo). É importante saber quando é que o lucro é máximo por exemplo; que quantidades podem ser produzidas a custo mínimo, que quantidades devem ser vendidas de forma a gerar maior receita possível e etc. Este estudo é feito a partir da interpretação das derivadas, sendo que a primeira derivada determina os pontos críticos (pontos máximos e mínimos) da função e a segunda derivada determina a característica de cada ponto definindo o máximo e o mínimo. Pontos críticos são determinados igualando-se a primeira derivada a zero. Para averiguar a natureza de um ponto crítico, se é máximo ou mínimo, usa-se o teste de segunda derivada. Procedimentos: 1. Determinar a primeira derivada e igualar a zero para obter o(s) ponto(s) crítico(s). Isto quer dizer, determinar os valores de x tal que f’(x) = 0. 2. Achar a segunda derivada e verificar se a função se encontra num ponto de máximo ou de mínimo. Ou seja: Se x = a é ponto crítico e f “(x) > 0, então x = a é ponto de mínimo local Se f “(x) < 0, então x = a é ponto de máximo local 3. Calcular na função dada o valor crítico desejado, ou seja, determinar f(a). Exemplo Uma fabricante de plásticos estima que com a produção de q unidades de plástico é o lucro dele será dado por 224200)( qqqC . Determine a quantidade de plástico que este fabricante deve produzir para atingir o maior lucro. Qual é esse valor máximo? Solução 1. Determinar o ponto crítico qqqqC 224)'24200()(' 2 1202240)(' qqqC 2. Verificar se é ponto de máximo 58 Módulo de Matemática Aplicada Beira, Outubro de 2011 02)'224()('' qqC , logo, q = 12 é um ponto de máximo Para que o fabricante atinja o maior lucro, deve produzir 12 unidades de plásticos. 3. C(12) = 200 + 24·12 – 122 = 344 Exercícios proposto 1. Determine os pontos críticos de a) 122)( 23 xxxg b) 1 4 1)( 24 xxxm c) 92)( 2 xxxh 2. Um fabricante estima que quando q unidades de uma certa mercadoria são produzidas por mês, o custo total é 4034,0)( 2 qqqC meticais e que as q unidades podem ser vendidas por um preço de )5,045(2,0)( xxp meticais por unidade. a) Determine o nível de produção para o qual o lucro é máximo. Qual é o lucro máximo? b) Para que nível de produção o custo médio é mínimo? E qual é esse custo? c) Para que nível de produção o custo médio é igual ao custo marginal? 3. Dada a função lucro P(x) = 400(15 – x)(x – 2) de produção de fitas virgens. O gráfico de y = P(x) é uma parábola de concavidade virada para baixo. Determine P’(x) e determine P’(x) = 0. O que se pode dizer a respeito do lucro neste ponto da curva? 4. Um empresário pode produzir gravadores de fita por 20,00Mt cada. Estima-se que se os gravadores forem vendidos por x meticais a unidade, os consumidores comprarão 120 – x gravadores por mês. Determine o preço para o qual o lucro do empresário é máximo. 5. A receita total em meticais proveniente da venda de q unidades de certo produto é 128682)( 2 qqqR . Para que nível de vendas a receita média é igual a receita marginal? Para que nível de vendas a receita será máxima? 6. O consumo interno total é dado por uma função C(x) onde x é a renda interna total. A derivada C’(x) é chamada de tendência marginal para o consumo; se S = x – C(x) representa a poupança interna total, S’(x) é chamada de tendência marginal para a poupança. Suponha que a função consumo seja xxxC 8,08,08)( . Determine a tendência marginal para o consumo e calcule o valor para o qual a poupança total é mínima. 7. O departamento de estradas de rodagem está planificando construir uma área de piquenique para motoristas à beira de uma estrada muito movimentada. O terreno deve ser rectangular, com uma área de 5000 metros quadrados e deve ser cercado nos três lados que não dão acesso para a estrada. Qual é o menor comprimento da cerca necessária para a obra? 60 Módulo de Matemática Aplicada Beira, Outubro de 2011 Unidade 10 Primitivas (antiderivadas): integral indefinida Introdução Nesta unidade vamos aprender a calciular a integral indefinida de uma funçao. para tal iremos recorer a determinados metodos tais como a integração directa, substituição ou integração por partes. Objectivos No fim desta unidade deves ser capaz de: Determinar a primitiva de uma função; Distinguir o método que deve ser usado na integração de uma função. 10.1. Antiderivação de funções Em muitos problemas, sobretudo de economia e gestão, a derivada de uma função é conhecida e o objectivo é encontrar a própria função. Um sociólogo que conhece que conhece a taxa de aumento da população pode estar interessado em usar essa informação para prever qual será a população em algum instante futuro. Este processo de determinar uma função a partir da sua derivada é denominado antiderivação. Definição: Uma função F(x) para a qual F’(x)= f(x) para qualquer x do domínio de f é chamada de antiderivada ou primitiva (integral indefinida) de f(x). E escreve-se: cxFdxxf )()( O sinal ∫ chame-se sinal de integração, a função f(x) denomina-se integrando, o símbolo dx indica que a antiderivada é calculada em relação a x e o termo C é a constante de integração. Exemplo: Ou seja Para verificar se uma primitiva foi correctamente calculada, determine a derivada da solução obtida, F(x) +C. se a derivada for igual a função f(x) então a resolução está correcta e se não for igual então houve algum erro na resolução. 10.2. Regras de integração 1. cxkdxk (integral duma constante) 2. dxxfkdxxfk )()( (integral de uma constante multiplicada por uma função) 3. 1, 1 1 1 nx n dxx nn (integral de uma potência) 4. 0,)ln( 11 xcxdx x dxx 5. caak dxa kxxk ln 1 , a > 0 (integral de uma função exponencial) 62 Módulo de Matemática Aplicada Beira, Outubro de 2011 6. cekdxe xkxk 1 (integral de uma função exponencial de base natural) 7. dxxgdxxfdxxgxf )()()()( (integral da soma/diferença de funções) Exemplos Determine as seguintes integrais indefinidas da função f a) f(x)= 2x, ∫f(x)dx = ∫2xdx = 2∫xdx = x2+C pois (x2+C)’=2x b) f(x) = 4x3+ex, ∫f(x)dx = ∫(4x3+ex)dx = ∫4x3dx+∫exdx
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