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1 APG 21 Respirar mais para compensar Um grupo de amigos foi esquiar nas férias, e ao chegar ao topo da montanha, Arthur, com falta de ar, começou a respirar mais rápido. Os paramédicos chegaram ao local e detectaram com o oxímetro de pulso que a saturação de hemoglobina estava abaixo de 95%. 1. Entender a relação entre o sistema nervoso e a respiração (centro de comando) 2. Estudar os mecanismos das trocas gasosas (compensação de O2 em situações normais e alteradas) 1. Entender a relação entre o sistema nervoso e a respiração (centro de comando) Apesar de existir um controle voluntário da respiração, a partir do córtex cerebral, a respiração é um processo involuntário, controlada principalmente por um centro nervoso localizado no bulbo, de onde saem nervos responsáveis pela contração dos músculos respiratórios, sendo o mais importante deles o nervo frênico, que controla o diafragma. A regulação da respiração tem por objetivo manter a oxigenação e a perfusão adequadas de acordo com a demanda requerida pelo organismo, garantindo uma faixa normal de PO2 e PCO2 durante o exercício, em regiões de altitude elevada ou em qualquer circunstância de estresse respiratório. O centro respiratório se divide em três agrupamentos de neurônios localizados bilateralmente no bulbo e na ponte do tronco cerebral: grupo respiratório dorsal, responsável principalmente pela inspiração, grupo respiratório ventral, responsável basicamente pela expiração, e centro pneumotáxico, que fica na ponte e está envolvido com o controle da frequência e amplitude respiratória. Além disso, o centro respiratório conta com mecanorreceptores, quimiorreceptores e barorreceptores do sistema aferente. ➢ O grupo respiratório dorsal gera potenciais de ação inspiratórios em um estado constantemente crescente e é responsável pelo ritmo básico da respiração. Esse grupo está localizado na parte distal da medula e recebe a entrada de quimiorreceptores periféricos e outros tipos de receptores pelas vias dos nervos vago e glossofaríngeo. ➢ O centro pneumotáxico, localizado dorsalmente na parte superior da ponte, ajuda a controlar a taxa e o padrão respiratório, transmitindo sinais inibidores para o grupo respiratório dorsal e, assim, controla a fase de expansão do ciclo respiratório. Como ele limita a inspiração, tem um efeito secundário no aumento da frequência respiratória ➢ O grupo respiratório ventral, localizado na parte ventrolateral da medula, pode causar expiração ou inspiração, dependendo de quais neurônios do grupo sejam estimulados. O grupo respiratório ventral fica inativo durante respiração tranquila normal, mas estimula os músculos expiratórios abdominais quando são necessários níveis mais elevados de respiração. O reflexo de Hering-Breuer impede a hiperinsuflação dos pulmões. Este reflexo é iniciado pelos receptores nervosos localizados nas paredes dos brônquios e dos bronquíolos. Quando os pulmões tornam-se excessivamente insuflados, os receptores enviam sinais através dos nervos vagos para o grupo respiratório dorsal que “desliga” a geova Realce geova Realce geova Realce geova Realce geova Realce geova Realce geova Realce geova Realce geova Realce geova Realce geova Realce geova Realce geova Realce geova Realce geova Realce geova Realce geova Realce geova Realce geova Realce geova Realce geova Realce geova Realce geova Realce geova Realce geova Realce geova Realce geova Realce geova Realce geova Realce geova Realce geova Realce geova Realce geova Realce geova Realce 2 rampa respiratória e, assim, impede que haja mais inspiração. O objetivo fundamental da respiração é manter concentrações apropriadas de O2, de CO2 e de íons hidrogênio nos tecidos. Dessa forma, é extremamente adequado que a atividade respiratória seja muito responsiva às alterações de cada um desses elementos. O excesso de CO2 ou de íons hidrogênio no sangue atua basicamente de forma direta sobre o centro respiratório, gerando grande aumento da intensidade dos sinais motores inspiratórios e expiratórios para os músculos respiratórios. O O2, por sua vez, não apresenta efeito direto significativo sobre o centro respiratório no controle da respiração. Ao contrário, esse elemento atua quase exclusivamente sobre os quimiorreceptores periféricos situados nos corpos carotídeos e aórticos, e esses quimiorreceptores, por sua vez, transmitem sinais neurais adequados ao centro respiratório, para o controle da respiração. Discutimos principalmente três áreas do centro respiratório: o grupo respiratório dorsal de neurônios, o grupo respiratório ventral e o centro pneumotáxico. Acredita-se que nenhuma dessas áreas seja diretamente influenciada pelas variações da concentração sanguínea de CO2 ou de íons hidrogênio. Em vez disso, existe outra área neural, a área quimiossensível, situada bilateralmente, que se encontra a apenas 0,2 milímetro da superfície ventral do bulbo. Essa área é muito sensível às alterações sanguíneas da PCO2 ou da concentração dos íons hidrogênio. Tal área, por sua vez, estimula outras porções do centro respiratório. A excitação do centro respiratório pelo dióxido de carbono é maior durante as primeiras horas de aumento da tensão de dióxido de carbono no sangue, com o grau de excitação diminuindo gradualmente durante os próximos 1 a 2 dias. Esse declínio é causado pelos seguintes mecanismos: • Os rins facilitam o retorno da concentração dos íons hidrogênio para um nível normal após o dióxido de carbono aumentar primeiro a concentração do íon hidrogênio. Os rins aumentam o bicarbonato sanguíneo, o qual se liga aos íons hidrogênio no sangue e no líquido cefalorraquidiano, reduzindo a sua concentração. • Mais importante: os íons bicarbonato se difundem através da barreira hematoencefálica e do líquido cefalorraquidiano e se combinam diretamente com os íons hidrogênio perto dos neurônios respiratórios. Além do controle da atividade respiratória pelo centro respiratório, ainda existe outro mecanismo disponível para o controle da respiração. Esse mecanismo é o sistema quimiorreceptor periférico. Em diversas áreas externas do cérebro, existem receptores químicos neurais específicos que recebem o nome de quimiorreceptores. Tais receptores são especialmente relevantes para a detecção de variações sanguíneas do O2, embora também respondam em menor grau às alterações das concentrações do CO2 e dos íons hidrogênio. Os quimiorreceptores transmitem sinais neurais para o centro respiratório encefálico, para ajudar a regular a atividade respiratória. Grande parte dos quimiorreceptores está situada nos corpos carotídeos. Entretanto, alguns deles também se encontram nos corpos aórticos e pouquíssimos deles estão presentes em qualquer outro local, associados a outras artérias das regiões torácica e abdominal. Os corpos carotídeos estão localizados nas bifurcações das artérias carótidas comuns e as suas fibras nervosas aferentes inervam a área respiratória dorsal da medula. Os corpos aórticos estão localizados ao longo do arco da aorta e as suas fibras nervosas aferentes também inervam a área respiratória dorsal. geova Realce geova Realce geova Realce geova Realce geova Realce geova Realce geova Realce geova Realce geova Realce geova Realce geova Realce geova Realce geova Realce 3 Quando a concentração de O2 no sangue arterial baixa até menos que a normal, os quimiorreceptores são intensamente estimulados. A frequência dos impulsos é particularmente sensível às alterações da Po2 arterial situadas entre 60 e 30 mmHg, faixa de variação onde a saturação dehemoglobina com o O2 diminui rapidamente. O aumento da concentração de CO2 ou de íons hidrogênio também estimula os quimiorreceptores e, dessa forma, intensifica indiretamente a atividade respiratória. Contudo, os efeitos diretos de ambos os fatores sobre o centro respiratório são mais potentes que seus efeitos mediados pelos quimiorreceptores (cerca de sete vezes mais intensos). Todavia, existe diferença entre os efeitos periféricos e centrais do CO2: a estimulação, por meio dos quimiorreceptores periféricos ocorre com rapidez cinco vezes maior que a estimulação central, assim esses quimiorreceptores podem ser particularmente importantes no aumento da velocidade da resposta ao CO2, no início da atividade física. geova Realce geova Realce geova Realce 4 2. Estudar os mecanismos das trocas gasosas (compensação de O2 em situações normais e alteradas) A difusão efetiva de um gás ocorre na direção de menor concentração desse gás, ou seja, o gás flui das regiões de alta concentração para as regiões de baixa concentração, ou seja, onde existem menos moléculas. A taxa de difusão dos gases respiratórios (oxigênio, nitrogênio, dióxido de carbono) é proporcional à pressão causada por cada gás individualmente, denominada pressão parcial do gás. As pressões parciais são utilizadas para expressar as concentrações dos gases, pois são as pressões que fazem com que os gases se movimentem via difusão de uma parte do corpo para outra. As pressões parciais do oxigênio, do dióxido de carbono e do nitrogênio são designadas como PO2, PCO2 e PN2, respectivamente. A pressão parcial de um gás é calculada multiplicando- se sua concentração fracional pela pressão total exercida por todos os gases. A pressão parcial de um gás em uma solução é determinada não só pela sua concentração, mas também pelo seu coeficiente de solubilidade. Algumas moléculas, especialmente o dióxido de carbono, são física e quimicamente atraídas pelas moléculas de água, o que permite que muito mais delas se dissolvam sem gerar excesso de pressão na solução. A relação entre a concentração do gás e a solubilidade do gás na determinação da pressão parcial de um gás é expressa pela lei de Henry: Pressão parcial = Concentração de gás dissolvido / Coeficiente de solubilidade SE LIGA! O ar possui uma composição aproximada de 79% de nitrogênio e cerca de 21% de oxigênio. Em média, a pressão total ao nível do mar (pressão atmosférica) atinge 760 mmHg; portanto, 79% dos 760 mmHg são causados pelo nitrogênio (cerca de 600 mmHg) e 21% pelo oxigênio (cerca de 160 mmHg). A PN2 na mistura é de 600 mmHg, a PO2 é de 160 mmHg; a pressão total é de 760 mmHg, a qual é a soma das pressões parciais individuais. O CO2 é 20 vezes mais solúvel que o oxigênio. Portanto, a pressão parcial do CO2 (em determinada concentração) é menos de um vinte avos da exercida pelo O2. A pressão parcial de cada gás na mistura dos gases respiratórios alveolares tende a forçar as moléculas do gás para a solução no sangue dos capilares alveolares. Por outro lado, as moléculas do mesmo gás que já estão dissolvidas no sangue se movem aleatoriamente no líquido do sangue, e algumas dessas moléculas em movimento escapam de volta aos alvéolos. A intensidade em que elas escapam é diretamente proporcional à sua pressão parcial no sangue. Mas em qual direção ocorrerá a difusão efetiva do gás? A resposta é que a difusão efetiva é determinada pela diferença entre as duas pressões parciais. Se a pressão parcial for maior na fase gasosa nos alvéolos, como normalmente é verdadeiro no caso do geova Realce geova Realce geova Realce geova Realce geova Realce geova Realce 5 oxigênio, então mais moléculas se difundirão para o sangue do que na outra direção. Por outro lado, se a pressão parcial do gás for maior no estado dissolvido no sangue, o que costuma ser no caso do CO2, então a difusão efetiva ocorrerá para a fase gasosa nos alvéolos. Quando ar não umidificado é inspirado para as vias aéreas, água imediatamente se evapora das superfícies dessas vias e umidifica o ar. Isso resulta do fato de que as moléculas de água, assim como as diferentes moléculas dos gases dissolvidos, estão continuamente escapando da superfície da água para a fase gasosa. A pressão parcial exercida pelas moléculas de água para escapar da superfície é denominada pressão de vapor da água. À temperatura corporal normal, 37°C, essa pressão de vapor é de 47 mmHg. Portanto, quando a mistura de gases fica totalmente umidificada — ou seja, quando está em “equilíbrio” com a água — a pressão parcial do vapor de água na mistura de gases é de 47 mmHg. Essa pressão parcial, assim como as outras pressões parciais, é denominada PH2O. Os gases de importância respiratória são todos muito solúveis nos lipídeos e, em consequência, são altamente solúveis nas membranas celulares. Por conseguinte, a principal limitação ao movimento dos gases nos tecidos é a intensidade com que os gases conseguem se difundir pela água tecidual, em vez de através das membranas celulares. Portanto, a difusão dos gases pelos tecidos, incluindo a membrana respiratória, é quase igual à difusão dos gases na água Uma permanência adequada na altitude desenvolve uma série de alterações fisiológicas decorrente da pouca oferta de oxigênio. O organismo se adapta a processos agudos ou crônicos, ele aumenta o fluxo sanguíneo para compensar a redução de oxigênio e aumentar a concentração de hemoglobina. Composição do ar alveolar e a sua relação com o ar atmosférico O ar alveolar não tem, de forma alguma, as mesmas concentrações dos gases no ar atmosférico. Existem várias razões para essas diferenças. Primeira, o ar alveolar é substituído apenas parcialmente pelo ar atmosférico a cada respiração. Segunda, o O2 é constantemente absorvido pelo sangue pulmonar do ar alveolar. Terceira, o CO2 se difunde constantemente do ar pulmonar para os alvéolos. E quarta, o ar atmosférico seco que entra nas vias respiratórias é umidificado até mesmo, antes de atingir os alvéolos. geova Realce geova Realce 6 A unidade respiratória (“lóbulo respiratório”) é formada pelo bronquíolo respiratório, ductos alveolares, átrios e alvéolos. Cerca de 300 milhões de unidades respiratórias estão presentes nos dois pulmões. As paredes alveolares são extremamente finas, e entre os alvéolos há uma malha de capilares interconectados. Devido à extensão do plexo capilar, o fluxo de sangue na parede alveolar é descrito como “lâmina” de fluxo sanguíneo. Assim, os gases alveolares estão bastantes próximos do sangue dos capilares pulmonares. Além disso, a troca gasosa entre o ar alveolar e o sangue pulmonar ocorre através das membranas de todas as porções terminais dos pulmões, que são denominadas coletivamente como membrana respiratória ou membrana pulmonar. geova Realce
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