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ESTRATÉGIA E LOGÍSTICA EMPRESARIAL Charlene Bitencourt Soster Luz Gestão logística da cadeia de suprimentos Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir gestão da cadeia de suprimentos e a sua importância estra- tégica para a organização. Relacionar a cadeia de suprimentos integrada com a geração de valor nas organizações. Analisar os processos logísticos referentes à gestão da cadeia de su- primentos e os seus impactos na competitividade empresarial. Introdução A cadeia de suprimentos engloba todas as empresas que participam do fluxo da mercadoria, desde sua matéria-prima até a disponibilidade ao consumidor final. Por isso, existem diferentes tipos de cadeia de supri- mentos, com número variado de empresas. Toda cadeia de suprimentos, para existir, precisa ter pelo menos um fornecedor e um cliente. A gestão da cadeia de suprimentos reflete diretamente a imagem das empresas, pois agrega valor aos produtos e serviços. Por isso, os processos logísticos devem ser bem gerenciados ao longo da cadeia de suprimentos. Esses processos abrangem o fluxo de estoques e o fluxo de informações, que são essenciais para a gestão logística. Considerando esse contexto, neste capítulo, você vai analisar a defini- ção e a importância da gestão da cadeia de suprimentos. Você também vai relacionar a cadeia de suprimentos com a geração de valor nas or- ganizações. Por fim, você vai analisar os processos logísticos referentes à gestão da cadeia de suprimentos e os seus impactos na competitividade empresarial. Cadeia de suprimentos A logística empresarial existe como uma atividade de gerenciamento da cadeia de suprimentos. Essa cadeia de suprimentos é a conexão entre várias empresas que abrangem um negócio, desde a matéria-prima até a disponibilidade do produto ao consumidor. O gerenciamento da cadeia de suprimentos, ou supply chain management (SCM), é o modo de gestão logística mais atual utilizado pelas empresas. Segundo Larranagua (2003), a terminologia “gestão da cadeia de supri- mentos” surgiu em 1982, na obra de Keith & Webber intitulada Supply chain management: Logistics catches up with strategy. Pode-se observar que a concepção de gestão da cadeia de suprimentos é recente e, por isso, muitas empresas estão se adaptando a essa ideia. Nessa perspectiva, a cadeia de suprimentos é vista como a relação entre a logística e a estratégia empresarial. Nesse sentido, Ballou (2006, p. 28) define a gestão da cadeia de suprimentos como: [...] coordenação estratégica sistemática das tradicionais funções de negócios e das táticas ao longo dessas funções de negócios no âmbito de uma determi- nada empresa e ao longo dos negócios no âmbito da cadeia de suprimentos, com o objetivo de aperfeiçoar o desempenho a longo prazo das empresas isoladamente e da cadeia de suprimentos como um todo. Assim, a empresa está inserida na cadeia de suprimentos, tendo responsa- bilidade estratégica nos negócios, inclusive com as parcerias presentes nessa cadeia de suprimentos do negócio. Novaes (2007, p. 40) apresenta a definição de SCM elaborada pelo Fórum de SCM de Ohio: “SCM é a integração dos processos industriais e comerciais, partindo do consumidor final e indo até os fornecedores iniciais, gerando produtos, serviços e informações que agreguem valor para o cliente”. Percebe- -se que essa definição enfatiza a importância do papel do cliente na cadeia de suprimentos. Assim, o cliente é percebido como elo impulsionador, que inicia o processo logístico na cadeia de suprimentos com o pedido de compras. Bowersox et al. (2014, p. 4) percebem a gestão da cadeia de suprimentos como: [...] a colaboração entre empresas para impulsionar o posicionamento estra- tégico e melhorar a eficiência operacional. Para cada empresa envolvida, o relacionamento na cadeia de suprimentos reflete uma opção estratégica. Gestão logística da cadeia de suprimentos2 Dessa forma, estratégia e parceria são fundamentais para a gestão da cadeia de suprimentos. As empresas, segundo o conceito de gerenciamento da cadeia de suprimen- tos, precisam ter foco no cliente, oferecendo um serviço de excelência e com valor agregado. Nesse sentido, Novaes (2007) elenca os principais fundamentos da cadeia de suprimentos, descritos abaixo e apresentados na Figura 1. Postergação: também chamada de postponement, consiste no fato de a empresa esperar a confirmação de compra do cliente para concluir a montagem do pedido. Geralmente, o postponement é utilizado para produtos que tenham um padrão como base de montagem e ofereçam algumas possibilidades de mudanças, conforme os pedidos dos clientes. Essa flexibilidade permite opções aos clientes, para obterem produtos diferenciados. Empresas virtuais: com a internet, muitas empresas não precisam ter sede física para atender os clientes que fazem encomendas pelo site e recebem as mercadorias em casa. Mas empresas que têm negócio físico também podem ter um canal on-line para vender seus produtos. Com a internet, é possível que os clientes de qualquer local do mundo façam encomendas; para isso, a empresa precisa ter uma logística eficiente de atendimento. Logística reversa: é a gestão do retorno dos produtos, ou seja, das de- voluções, que precisam ter destino ecologicamente correto. Os produtos devolvidos pelos clientes precisam ser analisados, para que a empresa possa definir qual é o melhor destino: desmonte, reciclagem ou, como última opção, descarte no aterro sanitário. A logística reversa é impor- tante para a empresa mostrar que se importa com o meio ambiente e atua de forma sustentável. Tecnologia da informação: a logística engloba o fluxo de materiais e informações associadas; isso significa que o fluxo de informação precisa ter um procedimento a ser seguido, para evitar transtornos. A comunicação interna e externa precisa ser eficiente e eficaz para transmitir uma boa imagem da marca. Core competence (competência central): as empresas precisam focar recursos nas atividades centrais de seus negócios. Por isso, terceirizar os serviços que não são a atividade central dos negócios é, geralmente, uma boa opção. Por exemplo, uma indústria pode terceirizar o serviço de zeladoria, de limpeza e de refeição e, assim, reduzir custos, ao mesmo tempo que enfatiza a sua atividade: produção. 3Gestão logística da cadeia de suprimentos Figura 1. Fundamentos da cadeia de suprimentos. Fonte: Adaptada de Novaes (2007). Esses fundamentos da cadeia de suprimentos podem ser utilizados em todos os tipos de negócios. Eles comprovam que a logística atua de forma estratégica para reduzir custos, preservar o meio ambiente, utilizar a tecnologia da informação e focar na atividade central do negócio. Cada negócio possui as suas particularidades; então, outros elementos podem ser considerados essenciais para a cadeia de suprimentos. O gerenciamento da cadeia de suprimentos é o momento mais evoluído da história da logística. As empresas que prezam pela satisfação do cliente trabalham com esse conceito. Mas, antes de aplicar o conceito de supply chain, é necessário entender as suas principais características. As principais características da cadeia de suprimentos são descritas abaixo e apresentadas na Figura 2, com base em Novaes (2007). Foco na satisfação do cliente: o cliente é a razão de existir da empresa. Por isso, é preciso ter atenção para responder e superar as suas expecta- Gestão logística da cadeia de suprimentos4 tivas. A pesquisa de mercado revela tendências quanto aos anseios dos clientes. Deve-se sempre ter canais de comunicação fáceis de utilizar para o cliente fazer contato com a empresa. Desenvolvimento de parcerias: as empresas precisam se conectar com outras para trocar informações e experiências e gerar inovação por meio de parcerias. É importante que as parcerias estejam de acordo com os valores empresariais e almejem que a visão empresarialseja alcançada. Acesso à informação: o fluxo de informações precisa ter agilidade e assertividade para fornecer confiança aos envolvidos. Por isso, muitas empresas compartilham informações sobre seus estoques com forne- cedores e status do trânsito do veículo com os clientes. A transparência nas informações contribui para a fidelidade de parceiros e clientes. Eliminação de desperdícios: uma forma de eliminar desperdícios é aplicando a filosofia just in time, que trata de reduzir ao máximo os estoques da empresa. Ampliação da eficiência e da eficácia: ser eficiente significa seguir procedimentos, e ser eficaz é alcançar o resultado. O ideal é que exista eficiência nos procedimentos que possibilitem a eficácia no alcance dos objetivos. Essas características estão presentes em todos os tipos de cadeia de supri- mentos, independentemente do negócio e do número de parceiros existentes. Focar no cliente, desenvolver parcerias, ter canal aberto de informações, eliminar desperdícios e ampliar eficiência e eficácia devem ser tarefas de todas as empresas. Figura 2. Características da cadeia de suprimentos. Fonte: Adaptada de Novaes (2007). Características da cadeia de suprimentos Desenvolvimento de parcerias Foco na satisfação do cliente Abertura ao acesso de informação Eliminar desperdícios Ampliar a eficiência Larranaga (2003) enfatiza que as cadeias de suprimentos tendem a evoluir com o tempo; assim, elas mudam conforme as necessidades do mercado. Por isso, o autor salienta que, a partir dos anos 2000, a cadeia de suprimentos passou 5Gestão logística da cadeia de suprimentos a ter as seguintes características, que são complementares às características citadas por Novaes (2007): agilidade com foco nos clientes; customização; presença da tecnologia da informação; sincronia e integração dos parceiros na cadeia de suprimentos; otimização financeira. Acesse o link a seguir e leia um artigo sobre ações simples que podem agregar valor ao cliente e diferenciar o seu negócio da concorrência. https://qrgo.page.link/SNcTw A cadeia de suprimentos integrada e a geração de valor nas organizações Podem existir diferentes cadeias de suprimentos, dependendo do tipo de negócio. Mas pelo menos dois elementos são pré-requisitos para formar uma cadeia de suprimentos: fornecedor e consumidor. A seguir, os elementos mais comuns da cadeia de suprimentos, de acordo com Novaes (2007). Suprimento: são os fornecedores de matéria-prima que têm a função de abastecer as indústrias. Manufatura: fábrica, indústria onde a matéria-prima é transformada em produto. Distribuição física: a distribuição dos produtos acabados pode ser gerenciada por centros de distribuição, atacados, diretamente ao varejo e cliente. Trata-se da movimentação externa dos produtos para seguirem até o atacado, o varejo ou o cliente. Varejo: são pontos de venda, onde o cliente realiza a compra dos pro- dutos. Alguns exemplos de pontos de venda são lojas e supermercados. Gestão logística da cadeia de suprimentos6 Consumo: é o objetivo de toda cadeia de suprimentos — que o cliente compre para consumir produtos e utilizar serviços e que estes estejam de acordo com suas expectativas. Transporte: é a atividade logística que integra todos os membros da cadeia de suprimentos, pois coleta e entrega as mercadorias, conforme os prazos. Larranaga (2003) defende que o suprimento das indústrias deve ser colabora- tivo, para que seja articulada a produção de produtos conforme as necessidades dos clientes. Para o autor, os clientes, ou seja, quem faz o consumo, tem o papel de puxar a demanda, ou seja, o que deve ser produzido. As pesquisas de mercado têm importante papel nesse sentido para atender às expectativas do cliente. Bowersox et al. (2014) entendem que a colaboração entre os parceiros na cadeia de suprimentos é estratégica para gerar valor ao cliente, pois resulta em inovação e/ou redução de custos. Para gerar valor ao cliente, os parceiros precisam estar alinhados na cadeia de suprimentos, tendo o mesmo propósito. Assim, todo negócio será competitivo. A cadeia de suprimentos do chocolate é composta por, pelo menos, fornecedor, indústria, centro de distribuição, transporte, varejos e clientes. O fornecedor abastece a indústria com cacau, a matéria-prima para fabricação do chocolate. Na indústria, o cacau passa por diferentes processos até ser transformado em chocolate, tal qual como é vendido. Os chocolates são transportados para o centro de distribuição, que, por sua vez, distribui para diversos varejos, como supermercados onde o cliente pode comprar o produto. A logística agrega valor ao longo da cadeia de suprimentos por meio de suas atividades. Novaes (2007) destaca que os valores logísticos são: lugar, tempo, qualidade e informação. Lugar porque o fluxo dos produtos precisa ser planejado, para que estejam no local onde o cliente espera. O valor de tempo se refere aos prazos que devem ser cumpridos para o produto estar disponível quando o consumidor deseja. O valor de qualidade está associado com o fato de a mercadoria estar de acordo com as expectativas do cliente. O valor de informação significa que o cliente considera a informação tão importante quanto 7Gestão logística da cadeia de suprimentos o produto, e a logística precisa articular formas de manter um canal de comuni- cação acessível com o cliente. A Figura 3 ilustra o processo da cadeia logística. Figura 3. Desempenho logístico. Fonte: Adaptada de Novaes (2007). Fornecedores de matéria-prima Fabricantes de componentes Varejista Indústria principal Atacadistas e distribuidores Produto acabado Consumidor final A gestão da cadeia de suprimentos gera três principais valores: econômico, de mercado e de relevância, segundo Bowersox et al. (2014). Para gerar es- ses valores, é necessário que existam estratégias definidas nas empresas. A Figura 4 sintetiza os principais valores da gestão da cadeia de suprimentos, descritos a seguir. O valor econômico está relacionado com a estratégia de suprimento/manufa- tura e visa a alcançar menor custo total, economia de escala e criação de bens/ serviços. Assim, o valor econômico e as indústrias devem estar relacionados, de forma que se consiga reduzir custos na produção, o que gera economia de escala. Ao mesmo tempo, a indústria é responsável pela fabricação de novos modelos de produtos, conforme as expectativas do consumidor, e isso agrega valor econômico, gerando mais lucros e competitividade. O valor de mercado está atrelado à estratégia de mercado/distribuição, que tem como finalidades disponibilizar variedade de produtos, economizar escopo Gestão logística da cadeia de suprimentos8 e apresentar os bens/serviços. O cliente precisa ter variedade, para conseguir escolher modelos da marca sem pensar na concorrência. Essa variedade pode ser distribuída conjuntamente, o que gera economia de escopo. A apresentação de bens/serviços ocorre com a sua distribuição para os pontos onde o cliente espera encontrá-los, seja junto com a concorrência ou onde a concorrência não existe ainda. O valor de relevância está associado à estratégia de cadeia de suprimentos e tem como objetivos a customização, a diversidade de segmento e o posicio- namento de bens/serviços. Customizar significa fornecer um produto com certas particularidades e conforme o pedido do cliente. Não é um produto padrão, é um produto único que atende às necessidades singulares dos clientes, o que torna a empresa mais competitiva. Isso se relaciona com a diversidade de segmento do produto, ou seja, a capacidade de fornecer uma variedade que seja relevante para os clientes. O posicionamento de produtos/serviços está relacionado com o fato de focar no público-alvo para gerar resultados. Figura 4. Desempenho logístico. Fonte: Bowersox et al. (2014, p. 6). Estratégia significa utilizar os recursos existentes para alcançar os objetivos empresa-riais. É preciso estratégia para agregar valor ao produto/serviço. Para isso, a empresa precisa planejar, organizar e ter indicadores de desempenho. O planejamento envolve todos os setores da empresa, estando direção, gerentes de setores e colaboradores unidos no mesmo objetivo de satisfazer ao cliente. Organização consiste em cumprir o planejamento. Os indicadores de desempenho são maneiras de medir o quanto as metas planejadas estão sendo realizadas. Assim, agregar valor precisa fazer parte da cultura empresarial, para a empresa ser competitiva. 9Gestão logística da cadeia de suprimentos Processos logísticos Bowersox et al. (2014) apontam a existência de dois principais processos logísticos, que são o fl uxo de estoques e o fl uxo de informações. O fl uxo de estoques consiste nas mercadorias que passam pela cadeia de suprimentos. O autor informa que o fl uxo de estoques está relacionado com os seguintes elementos (Figura 5): Gestão de relacionamento com os clientes: integração entre marketing e logística, para o bom relacionamento com os clientes. Manufatura: gestão logística de materiais para a produção. Suprimentos: são as compras que vão abastecer a manufatura, e que a logística precisa coletar e entregar, cumprindo os prazos. Fornecedores: responsáveis por disponibilizar matéria-prima de qua- lidade e com preço acessível para a indústria. Clientes: são o propósito de existência das empresas e de suas cadeias de suprimentos. Figura 5. Processo logístico e elementos relacionados ao fluxo de estoques. Fonte: Adaptada de Bowersox et al. (2014). A logística tem a função primordial de gerenciar o fluxo de materiais e informações. Ambos devem ser gerenciados conjuntamente, desde a matéria- -prima até o produto acabado e entregue ao consumidor. Por exemplo: as informações das pesquisas de mercado são obtidas pelo varejo, que as transmite para a indústria, que planeja a produção conforme as expectativas do cliente; mas, para isso, precisa informar quantidade e especificações da matéria-prima Gestão logística da cadeia de suprimentos10 ao fornecedor. Assim, a informação percorre todos os processos logísticos na cadeia de suprimentos. Nesse sentido, assim como o fluxo de materiais, o fluxo de informações possui grande relevância na cadeia de suprimentos. Existem negócios que trabalham focados no gerenciamento das informações, devido à importância da sua exatidão, pois o cliente precisa confiar no trabalho da empresa, e disponibilizar informação é uma forma de conquistar a sua confiança. Dessa forma, a empresa demonstra que está cuidando do produto para o cliente e que tem o controle necessário para fornecer as informações corretas. Fleury, Wanke e Figueiredo (2012, p. 286) destacam que: “[...] pedidos de clientes e de ressuprimento, necessidade de estoque, movimentação nos armazéns, documentação de transporte e faturas são algumas das formas mais comuns de informações logísticas”. Assim, observa-se que as informações são elementos inseparáveis da logística. Esses autores destacam três razões principais para justificar a importância da gestão do fluxo de informações na cadeia de suprimentos: 1. Clientes compreendem a informação como parte do serviço logístico. A informação é uma forma de mostrar credibilidade para o cliente. A empresa mostra que possui controle sobre suas atividades e tem aptidão para disponibilizar o acesso às informações necessárias para o cliente antes mesmo que este questione, antecipando suas dúvidas. Assim, a gestão da informação é um modo de se destacar no mercado, gerando competitividade. 2. Informação contribui para a redução dos estoques. O controle da informação permite que a empresa tenha conhecimento e controle sobre os estoques, a tal ponto que as informações sejam tão confiáveis que permitam a reposição de mercadorias antes que faltem produtos. As informações da previsão de vendas são essenciais para o bom geren- ciamento dos estoques, pois, assim, é possível organizar a expedição dos produtos e o reabastecimento. 3. Informação aumenta a flexibilidade. As informações podem mostrar tendências de mercado; assim, a cadeia de suprimentos pode se antecipar para atender o cliente. Dessa forma, há flexibilidade para gerenciar pedidos, customizar produtos, etc. Além disso, Bowersox et al. (2014) salientam que o gerenciamento das informações na cadeia de suprimentos pode contribuir para o planejamento estratégico, a análise de decisões, o controle administrativo e um sistema 11Gestão logística da cadeia de suprimentos eficiente de transações. Dessa forma, segundo esses autores, a gestão do fluxo de informações se justifica por proporcionar benefícios relacionados à competitividade, como: vantagem competitiva; identificação e avaliação de alternativas competitivas; medição da capacidade competitiva; qualificação competitiva. A competitividade alcança outro patamar quando tem a tecnologia como ferramenta estratégica. A tecnologia contribui para a gestão das informações e é largamente utilizada nas operações logísticas ao longo da cadeia de su- primentos. Para Larranaga (2003), o uso da tecnologia da informação facilita a integração dos parceiros na cadeia de suprimentos. Estoques, transportes e demais setores da empresa podem ter acesso e adicionar informações do processo logístico por meio de software, o que facilita a tomada de decisões dos gestores. Nos centros de distribuição, é comum o uso do sistema de gerenciamento de armazém (WMS, do inglês warehouse management system). Esse sistema realiza o gerenciamento de armazéns, e consequentemente, dos estoques de mercadorias. O WMS está presente em todo o fluxo de mercadorias no arma- zém, desde a recepção, a movimentação interna, a manutenção dos estoques e a expedição, conforme Bowersox et al. (2014). Já as transportadoras normalmente utilizam o sistema de gerenciamento de transporte (TMS, do inglês transportation management system), focado na gestão de transportes. O TMS possibilita o acompanhamento do trânsito da mercadoria, proporcionando informação confiável em tempo real, com a localização exata do veículo. O sistema de gestão de relacionamento com o cliente (CRM, do inglês customer relationship management) gerencia o relacionamento com os clientes, sendo muito utilizado pelo setor de marketing. Logística e marketing estão relacionados, pois ambos têm como foco os clientes: o marketing promove produtos e serviços, e a logística os disponibiliza. O CRM permite o acom- panhamento dos pedidos e a interação entre marketing e logística. Já o planejamento de recursos de manufatura (MRP, do inglês manu- facturing resources planning) é um sistema que tem como foco prever as necessidades de recursos da indústria. Assim, esse sistema se relaciona com a logística, informando o que a indústria precisa; com essas informações, Gestão logística da cadeia de suprimentos12 a logística pode abastecer a produção, conforme Bowersox et al. (2014) e Corrêa (2010). Por fim, o sistema integrado de gestão empresarial (ERP, do inglês enter- prise resource planning) integra todos os setores da empresa. O ERP possui módulos flexíveis, que podem ser implantados conforme a necessidade do negócio. Esse sistema pode incluir os sistemas de transporte e armazenagem, por exemplo, tendo utilização abrangente. As informações possuem papel extremamente importante na área da logística. No acompanhamento de cargas, por exemplo, existem empresas de gerenciamento de riscos, ou seja, que são responsáveis por monitorar os veículos e trabalham com infor- mações o tempo todo, para manter a segurança do motorista, da carga e do caminhão. Essas empresas trabalham 24 horas todos os dias para garantir que as informações sejam disponibilizadas em tempo real. Para isso, utilizam software de rastreamento e profissionais qualificados e responsáveis, que, muitas vezes, precisam monitorar diversos veículos ao mesmo tempo.Essas empresas são as gerenciadoras de risco. Os veículos têm chips de rastreamento, que permitem a essas empresas acompanhá-los via sistema. Então, as gerenciadoras de risco têm a função de cuidar dos veículos e avisar a empresa contratada sobre qualquer evento inesperado. As gerenciadoras de risco sabem quais paradas e horários os motoristas vão cumprir, bem como roteiro, velocidade, etc. O motorista tem contato com essas empresas e tem acesso a um botão de emergência, para alertá-las de possível perigo. Um veículo rastreado pelas gerenciadoras de risco proporciona maior confiança ao cliente e a todas as empresas envolvidas com o transporte da mercadoria. 13Gestão logística da cadeia de suprimentos BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: logística empresarial. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. BOWERSOX, D. et al. Gestão logística da cadeia de suprimentos. 4. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014. CORRÊA, H. L. Gestão de redes de suprimentos. São Paulo: Atlas, 2010. FLEURY, P. F.; WANKE, P.; FIGUEIREDO, K. F. (org.). Logística empresarial: a perspectiva brasileira. São Paulo: Atlas, 2012. LARRANAGA, F. A. A gestão logística global. São Paulo: Aduaneiras, 2003. NOVAES, A. G. Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição. Rio de Janeiro: El- sevier, 2007. Leitura recomendada MACEDO, L. Quatro ações simples para agregar valor ao cliente que poucos põe em prática. Administradores.com, 2017. Disponível em: https://administradores.com.br/ artigos/quatro-acoes-simples-para-agregar-valor-ao-cliente-que-poucos-poe-em- -pratica. Acesso em: 25 jul. 2019. Gestão logística da cadeia de suprimentos14
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