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LICENCIATURA EM MATEMÁTICA PRÁTICA DE ENSINO: INTRODUÇÃO À DOCÊNCIA (PE: ID) POSTAGEM 2: ATIVIDADE 2 REFLEXÕES REFERENTES AO TEXTO ESCOLHIDO Camila Dias Marcos RA: 1989598 Polo Jaguaré 2020 1 Índice 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 2 2 TEXTO SELECIONADO: EU E O AMYR KLINK .............................................................. 3 3 REFLEXÕES REFERENTES AO TEXTO SELECIONADO: EU E O AMYR KLINK ......... 5 3.1 Principais Questões Levantadas ................................................................................ 5 3.2 Os Moluscos e as Casa que Educam ....................................................................... 6 4 REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 13 2 1 INTRODUÇÃO O texto Eu e o Amyr Klink de Rubens Alves, nos leva a refletir acerca de elementos-chave do processo pedagógico, a importância do papel do professor e da forma como ele aborda o objeto de estudo. A partir da leitura do referido texto aliada a uma minuciosa pesquisa sobre a obra do autor voltada para a educação, juntamente ao estudo de conceitos de alguns dos principais teóricos do desenvolvimento intelectual, foi realizada a análise e reflexão das diversas questões incitadas por Alves no texto selecionado. A fim de alicerçar tanto as ideias do autor tema quanto as próprias reflexões e conclusões geradas, serão revelados, nesse trabalho acadêmico, conceitos sobre a atribuição do brinquedo no desenvolvimento infantil, teorias da abordagem interacionista e da função da afetividade na educação, os quais são de profunda importância para o processo ensino-aprendizagem. Nesse âmbito, é notável a relevância do trabalho do docente e do seu dever na construção do seu próprio método pedagógico de forma a alcançar o desenvolvimento integral dos alunos. 3 2 TEXTO SELECIONADO: EU E O AMYR KLINK Hoje estou especialmente contente. Ontem fiquei conhecendo o Amyr Klink, cuja coragem de navegador provoca a minha admiração. Mas não foi isso que me alegrou. Fiquei alegre porque ele, sem saber, entrou em um livrinho que escrevi cujo objetivo era fazer as crianças pensarem. A ideia do livrinho estava me coçando a cabeça fazia alguns anos. Foi assim que aconteceu. Perguntei-me: Por que é que as crianças têm dificuldade em aprender as coisas que lhes são ensinadas nas escolas, seguindo os programas oficiais? Brunno Bettelheim, já velho, deu a resposta: "Na escola, os professores tentavam me ensinar as coisas que eles queriam ensinar, do jeito como eles queriam ensinar, mas que eu não queria aprender". Para aprender há de querer aprender. Aristóteles inicia o seu "Metafísica" afirmando: "Todos os homens têm naturalmente o desejo de aprender". Ele estava errado. Vou corrigi-lo: "Todos os homens, ENQUANTO crianças, têm naturalmente o desejo de aprender…" As crianças são naturalmente curiosas. Querem aprender. Então, por que não aprendem? A Maria Alice, psicopedagoga por vocação, me contou algo que uma menininha lhe disse: "O mundo é tão interessante. Há tanta coisa que eu gostaria de aprender. Mas não tenho tempo. Tenho muitas lições de casa para fazer…" O que é que as crianças querem aprender? Ou, mais precisamente, o que é que o corpo deseja aprender? Mas, antes dessa pergunta, vem uma outra: "Por que é que o corpo deseja aprender?" Ele deseja aprender para se virar no mundo. Ele quer conhecer coisas que fazem o seu mundo e afetam a sua vida. Um indiozinho não teria o menor interesse em aprender a fazer iglus, mas tem o maior interesse em aprender o uso do arco e da flecha. O programa de aprendizagem que desafia o corpo é o mundo que o circunda, que é o mundo em que ele vive, que é o mundo que lhe apresenta os desafios práticos da vida que ele está vivendo no presente. Para entender isso, basta cortar uma cebola ao meio: ela é formada por uma série de anéis concêntricos. Bem no centro está o corpo. O seu primeiro desafio é o primeiro anel. O último anel não lhe provoca o menor interesse porque ele está muito longe da sua pele. Ele só se interessará pelo último anel quando chegar ao penúltimo. 4 Aí eu me perguntei: "Qual é o primeiro entorno da criança?" Preste atenção nessa palavra "entorno". Ela significa aquilo que está "em torno", o espaço que pode nos dar vida ou matar. O primeiro entorno da criança é a sua casa. Pensei então: "Não seria possível fazer um programa que tomasse a casa como seu objeto? Começar a conhecer o mundo a partir da casa! É aqui que entra o Amyr Klink. Questionado por um repórter sobre a escola ideal para os seus filhos ele respondeu: "A escola que eu desejaria para os meus filhos é uma escola que há nas Ilhas Faroë, lugar onde viveram os vikings. Lá as crianças aprendem tudo o que devem aprender construindo uma casa…" Escrevi então o livrinho "Vamos construir uma casa?". Lá, as crianças vão lidar com as ciências que entram na construção de uma casa, a astronomia, a geometria, a física das ferramentas, a física dos materiais, o fogo, a química da cozinha, a água, o lixo e até mesmo o cocô! Quem diria que o cocô pode ser material pedagógico. Sobre isso eu escreverei depois. 5 3 REFLEXÕES REFERENTES AO TEXTO SELECIONADO: EU E O AMYR KLINK 3.1 Principais Questões Levantadas No contexto educacional, professores e demais elementos do processo ensino- aprendizagem objetivam instrumentar os alunos na direção de uma educação positiva e integral, ou seja, um efetivo desenvolvimento das competências tradicionais da educação formal, juntamente das inteligências sociais e emocionais. Rubem Alves, no texto selecionado, Eu e o Amyr Klink, já elenca diversas questões relevantes, desse modo, elas foram aproveitadas de forma adaptada ao propósito de demonstrar às associações e conclusões obtidas através de pesquisas e estudos realizados sobre o autor, sobre conceitos e sobre teorias referentes à educação. Apresentemos os principais questionamentos: “Por que é que as crianças têm dificuldade em aprender as coisas que lhes são ensinadas nas escolas, seguindo os programas oficiais?” Sendo as crianças detentoras de curiosidade natural, será que o equívoco não estaria na abordagem do educador? “Qual é o primeiro entorno da criança?” Será que não estamos forçando alunos a interessarem-se pela “última camada da cebola”, ou seja, algo distante do seu entorno imediato? Qual a relação psicopedagógica que há entre a aprendizagem e o entorno ou interesse do aluno? “O que é que as crianças querem aprender? Ou, mais precisamente, o que é que o corpo deseja aprender? Mas, antes dessa pergunta, vem uma outra: “Por que é que o corpo deseja aprender?”” O que nos faz dependentes da educação? Por que ela é tão valorizada? “Não seria possível fazer um programa que tomasse a casa como seu objeto?” Como podemos desenvolver projetos didáticos nos quais o objeto do conhecimento desperte o interesse das crianças? “O mundo é tão interessante. Há tanta coisa que eu gostaria de aprender. Mas não tenho tempo. Tenho muitas lições de casa para fazer…” Quando serão dadas oportunidades para que as crianças possam aprender o que desejam? Entupir as crianças de lições é realmente a melhor estratégia? As questões foram analisadas e trabalhadas de modo que a partir das respostas 6 obtidas, um texto pudesse ser construído de forma a apresentar argumentos suficientes para corroborar as conclusões que foram se desenvolvendo durante todo o percurso. 3.2 Os Moluscos e as Casa que Educam Os caramujos me espantam. [...] penso: "Como é que essa gelatina estúpida é capaz de construir esse objeto assombroso, a sua concha espiral de perfeição matemática?". […] Pois pareceque Piaget sofreu de espantos parecidos com os meus diante dos moluscos. Tanto assim que, nos anos de sua juventude, se dedicou a pesquisá-los nos lagos da Suíça. Mas, de repente, ele deu um salto dos moluscos para a psicologia da aprendizagem entre os humanos. Os desavisados concluem: Piaget mudou de espanto. Não. Ele não mudou de espanto. Apenas mudou de molusco. Pois nós, seres humanos, somos semelhantes aos moluscos. (ALVES, 2003) Rubens Alves sempre nos conduz a profundas e inspiradoras reflexões de temas inerentes à educação. É notado que frequentemente, em seus textos, o autor afirma que possuímos duas caixas, uma “caixa de ferramentas”, que nos auxilia a solucionar problemas e uma “caixa de brinquedos”, que tem a função de nos proporcionar satisfação e alegria. Considerando que a maioria dos animais possui compleição física naturalmente capaz de protegê-los perante as adversidades do meio, sendo seus corpos ferramentas suficientes para tal efeito. Em contrapartida, nós, seres humanos, comparados por Alves aos moluscos, esses que de corpo mole e frágil, constroem conchas como suas casas de modo a protegerem-se da hostilidade do ambiente em que vivem. Espantosamente, ao contrário de nós, os caramujos já nascem com inteligência corporal para a execução da tarefa de construir “suas casas”, ao passo em que nós tivemos que passar por um processo de evolução e desenvolvimento intelectual que acabou por nos tornar animais diferenciados. Logo foi nossa fragilidade que nos impulsionou a desenvolver o pensamento, o raciocínio como “caixa de ferramentas”, ou melhor, como habilidade de nos fazer capazes de produzir nossas ferramentas por meio de elementos externos. Diante dessa necessidade de gerar competências é que surgiu a importância do aprendizado para a humanidade. Sendo a promoção da educação constituída da transmissão dos conhecimentos adquiridos a cada geração, a fim de otimizar o tempo gasto no desenvolvimento de nossa “caixa de ferramentas”. Portanto, a educação auxilia 7 o ser humano na busca de meios que assegurem sua permanecia assim como seu bem- estar, economizando tempo no processo de evolução e de compilação de competências e habilidade. A partir das extraordinárias analogias de Alves, pode-se compreender que a aprendizagem e a construção do conhecimento se dão devido a necessidades básicas relacionadas à sobrevivência, estando associada ao pragmatismo do cotidiano. Vale ressaltar que como mencionado pelo autor, a educação também pode ser promovida através de prazer e de alegria, utilizando-se a “caixa de brinquedos”. Sendo assim, inferimos que o corpo deseja aprender aquilo que lhe é necessário à sobrevivência, aquilo que lhe é útil ou aquilo que lhe dá prazer. Logo as crianças não fogem a esse padrão, elas também possuem suas necessidades, interessam-se pelo que há em sua volta e são influenciadas, puxadas ao encontro de satisfazer seus desejos. Pode-se a partir daí deduzir que um dos problemas da falta de eficácia da educação está relacionada à distância da abordagem pedagógica com as necessidades a os desejos dos educandos, ou seja, não há uma ligação do processo de aprendizagem com o universo de interesse dos alunos. Serão abordadas a seguir teorias e conceitos que fundamentam tanto as ideias do autor tema desse trabalho acadêmico, quanto as próprias reflexões e conclusões obtidas. Foram analisados os seguintes pontos: o papel do brinquedo no desenvolvimento infantil, a abordagem interacionista no aprendizado e a afetividade na educação. Segundo Vygotsky, importante psicólogo e pensador russo, as crianças pequenas possuem grande necessidade de satisfazer seus desejos de forma rápida. Diante da impossibilidade da concretização desse imediatismo, as crianças se envolvem com o imaginário, dando assim ao brinquedo papel fundamental. O jogo é, portanto, visto como o objeto que impulsiona a ação das crianças, fazendo do mundo da fantasia local onde ocorre as realizações infantis, no qual as crianças têm a oportunidade a transcender suas atividades habituais, preenchendo suas mais variadas necessidades. Atentando que é da necessidade da ação que a imaginação é gerada, essa pode ser concebida como o início da manifestação da autossuficiência e da autonomia da criança com relação às ocorrências de limitações impostas a elas. A medida em que cresce, a criança atribui ao brinquedo um significado e dessa maneira ela inicia o exercício do simbolismo. 8 Um outro conceito pedagógico muito importante a ser tratado e o qual apresenta Vygotsky juntamente a Piaget como principais fundadores, é a chamada abordagem Interacionista, que entende que o aprendizado se dá pela interação da criança com o meio. O psicólogo russo defende que as vivências dos alunos devem ser respeitadas em todo processo ensino-aprendizagem, pois é através de suas experiências que as crianças são capazes de recodificar o conhecimento. Nesse sentido, ao ignorar contextos e experiências individuais, o educador estaria encarando as crianças como meros receptáculos vazios, ou folhas em brancos, as quais o docente poderia preencher a cargo de seu desejo. Essa visão, além de não oferta uma situação ideal ao desenvolvimento do conhecimento, também leva ao equívoco de ignorar a diversidade presente em qualquer grupo social, portanto, ignorar as variadas formas de aprendizagem que os diferentes indivíduos podem apresentar. Um dos objetivos da educação se encontra justamente na suplantação do meio social, ou seja, quando a criança pode, de forma autônoma, compreender o ambiente e se posicionar frente a ele. Nesse cenário, Piaget evidencia que simplesmente apresentar o objeto do conhecimento à criança não assegura a promoção do seu desenvolvimento. Portanto, para o autor, é necessário que a criança pratique uma “operação”, de modo a produzir a sua aprendizagem, desse modo, o professor, deve propor contextos de assimilação experimental da realidade, que se ajustem as estruturas internas das crianças, tornando possível a elas a realização da “equilibração” (PIAGET, apud GOMES & BELLINI, 2009). Trataremos por fim da afetividade, que para Wallon (1975) em conjunto com a inteligência constituem as primordiais atribuições da personalidade. Para o autor a inteligência estaria ligada às capacidades perceptivas sensoriais externas, ou seja, à elaboração conceitual do objeto e a visão do mundo externo; já a afetividade, associada às capacidades perceptivas sensoriais internas, direcionadas assim, para o social e para a elaboração individual do ser. Wallon concebe, assim, a afetividade como a funcionalidade, na qual o ser humano ao ser impactado por algo (interno ou externo), replica em estados de bem-estar ou de mal-estar que influenciam no mundo que o circunda (DÉR, 2004, p. 64). Através desse pressuposto, pode-se inferir que a razão não ocorre sem a emoção e vice-versa, assim, não sendo possível dissociá-las. A afetividade, portanto, seria a intercessora do sujeito 9 para com seu objeto do conhecimento, incitando a empatia e a curiosidade do aprendiz, tornando-o capaz de progredir em suas suposições e no processo de aprendizagem. Retomando o texto e o autor, os focos desta reflexão, deve-se esclarecer que Alves também evidencia uma terceira caixa, a qual ele chama de “caixa de torturas”. Essa caixa, segundo o educador, seria compreendida pelo recipiente de “ideias inertes”, que ele nos informa ser uma expressão criada por Alfred North Whitehead para defender que “as ideias não são para guardar; alguma coisa tem que ser feito com elas” (WHITEHEAD, 2006-2015). Para Alves, além de não possuírem utilidade prática, essas ideias ainda provocam dor. Nesse âmbito, o educador, ao elaborar seu programa pedagógico, deve estar sempre atento a relevância do conteúdo a ser lecionado, ele precisa manter em prática um autoquestionamento quantosuas escolhas de objeto de estudo, quais detalhes são realmente essenciais aos alunos, se possuem aplicações práticas ou mesmo se retornarão prazer durante as execuções das atividades propostas. Caso o conteúdo não se encaixe em nenhuma das duas alternativas (ferramentas ou brinquedos), certamente estará contida na “caixa de torturas” e é aí que se encontram as respostas dos principais questionamentos surgidos a partir da leitura do texto selecionado, Eu e o Amyr Klink. “O mundo é tão interessante. Há tanta coisa que eu gostaria de aprender. Mas não tenho tempo. Tenho muitas lições de casa para fazer…” A fala da garotinha citada no texto de Alves (2008), objeto desse estudo, demonstra o quão equivocado está o sistema de ensino tradicional, pois abarrotar as crianças de deveres de casa, de “ideias inertes” e de ações repetitivas pode acabar desmotivando os alunos, além de ser um conjunto de prática, que na maioria das vezes não produz conhecimento, apenas leva ao acúmulo de informações e a ocupação desnecessária da memória dos estudantes. Já o aprendizado significativo vem do interesse genuíno dos alunos, da prática, do prazer e do bem-estar, nesse aspecto o aluno precisa se sentir valorizado e acolhido. Portanto, há de se desenvolver programas de ensino não dolorosos, visto que ao massificar o processo de aprendizagem, os profissionais e as instituições educacionais estão minando a curiosidade natural dos estudantes e desestimulando qualquer de seus interesses para com o ambiente escolar. O ideal para a elaboração tanto da matriz curricular das disciplinas e seus conteúdos, quanto da metodologia e da abordagem de ensino, é ter em conta as especificidades das crianças e adolescentes, considerar o 10 entorno das mesmas, valorizando assim suas necessidades e interesses. Infelizmente, quanto o currículo escolar não há muito a ser feito pelo professor, já que aquele é definido e estabelecido pelas diretrizes do Ministério da Educação (MEC) e, portanto, sendo de caráter obrigatório. Mas é possível ser um educador mais humano e afetivo, compreendendo que a criança é um ser completo, para que assim se priorize a promoção de oportunidades educativas que não se desassociem do ser criança, ou seja, propor atividades pedagógicas que tenham o compromisso de manter a atenção no aluno, em seu meio, em seus interesses e necessidades, a fim de gerar um aprendizado efetivo e realmente significativo. A afetividade se constitui como uma das habilidades que os profissionais de Educação Infantil Precisam utilizar para elaboração das propostas pedagógicas, no planejamento das atividades e na mediação das relações entre professora- criança, entre criança-criança e entre as crianças e os objetos de conhecimento. (CACHEFFO e GARMS, 2015, p. 25). Quando a escola é meramente um ambiente institucional, ou seja, sem existência de momentos lúdicos e prazerosos, ausente de oportunidades de interação e colaboração autônoma das crianças, ocorre um descompasso com as principais teorias do desenvolvimento infantil expostas pelos principais pensadores e educadores da área. Pois a afetividade no desenvolvimento humano, especialmente na educação infantil, envolve o acreditar que a criança é capaz de se tornar um ser independente, de resolver problemas e de ser socialmente participativo ao interagir com o meio. Logo, para ser possível o desenvolvimento de projetos didáticos que envolvam o entorno da criança como sendo o objeto do conhecimento, se faz necessário que o educador se mantenha atento e interessado em conhecer verdadeiramente seus alunos, que estabeleça um diálogo aberto e um relacionamento que transmita confiança e amizade, em outras palavras, é preciso que o docente desenvolva uma afetividade positiva, significativa e respeitosa para com seus alunos. 11 [...] as relações de mediação feitas pelo professor, durante as atividades pedagógicas, devem ser sempre permeadas por sentimentos de acolhida, simpatia, respeito e apreciação, além de compreensão, aceitação e valorização do outro; tais sentimentos não só marcam a relação do aluno com o objeto de conhecimento, como também afetam a sua autoimagem, favorecendo a autonomia e fortalecendo a confiança em suas capacidades e decisões. (LEITE E TASSONI, P.20) O papel do professor também é o de garantir espaços de interação entre os alunos, bem como zelar pelas características e ritmos individuais de aprendizagem. Quanto mais diversificado for o espaço de aprendizagem, mais possibilidades de interação proveitosa ao processo de ensino é gerada. Portanto é relevante propor uma aprendizagem ativa que valorize as experiências, o conhecimento prévio, os interesses e desejos dos alunos a fim de colocá-los no centro do próprio aprendizado. É igualmente imprescindível respeitar o contexto no qual cada criança se encontre inserida bem como as diferenças sociais existentes entre elas. O brinquedo, o jogo, o faz de conta, a fantasia, a imaginação são elementos naturais às crianças que as conduzem ao desenvolvimento intelectual, sendo que a partir da sua iniciação, a imaginação se torna um componente que irá acompanhar o homem por toda vida. Toda construção, todo desenvolvimento, toda tecnologia criada, antes de ser realizada é pensada, ou seja, é imaginada. Portanto, incentivar a brincadeira e ensinar por meio dela deve ser uma prática encarada com seriedade pelos profissionais da educação. Nestas duas palavras, ferramentas e brinquedos, está o resumo de educação. Ferramentas e brinquedos não são gaiolas. São asas. Ferramentas me permitem voar pelos caminhos do mundo. Brinquedos me permitem voar pelos caminhos da alma. Quem está aprendendo ferramentas e brinquedos está aprendendo liberdade. (ALVES, 2001) Percebe-se assim que o objetivo da educação não deve ser apenas o da formação de indivíduos preenchidos por informações ou conhecimentos formais, mas também o de gerar seres detentores de inteligência emocional e social, de autonomia, de capacidade criativa, de raciocínio lógico, de pensamento crítico e humanista, para que sejam capazes de resolver problemas e assim se integrarem de modo positivo na sociedade. Para tanto o educador precisa estabelecer uma relação afetiva com os alunos, assegurar uma boa interação entre todos os elementos do ambiente educativo, assim como considerar o entornos e interesses das crianças. 12 O professor comprometido em não ser um opressor no processo educacional, funciona como mediador entre criança e objeto do conhecimento, que ciente da condição de ter de seguir um modelo padrão curricular, opta sempre por utilizar de “ferramentas e brinquedos” priorizando o entorno dos estudantes, a fim de não torturar seus jovens pupilos. 13 4 REFERÊNCIAS ALVES, Rubem. As duas caixas. Folha de São Paulo, São Paulo, 27 abr. 2010. Cotidiano. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2704201003.htm>. Acesso em: 16 out. 2020. ____________. As lições dos moluscos. Folha Online, São Paulo, 29 abr. 2003. Sinapse. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/folha/sinapse/ult1063u394.shtml>. Acesso em: 16 out. 2020. ____________. 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