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POSTAGEM_2_PEID - POSTAGEM 2: ATIVIDADE 2 REFLEXÕES REFERENTES AO TEXTO ESCOLHIDO

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LICENCIATURA EM MATEMÁTICA 
 
PRÁTICA DE ENSINO: INTRODUÇÃO À DOCÊNCIA (PE: ID) 
 
 
 
 
POSTAGEM 2: ATIVIDADE 2 
REFLEXÕES REFERENTES AO TEXTO ESCOLHIDO 
 
 
 
 
Camila Dias Marcos 
RA: 1989598 
 
 
 
 
 
Polo Jaguaré 
2020 
 
1 
Índice 
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 2 
2 TEXTO SELECIONADO: EU E O AMYR KLINK .............................................................. 3 
3 REFLEXÕES REFERENTES AO TEXTO SELECIONADO: EU E O AMYR KLINK ......... 5 
3.1 Principais Questões Levantadas ................................................................................ 5 
3.2 Os Moluscos e as Casa que Educam ....................................................................... 6 
4 REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 13 
 
 
 
2 
1 INTRODUÇÃO 
 
O texto Eu e o Amyr Klink de Rubens Alves, nos leva a refletir acerca de 
elementos-chave do processo pedagógico, a importância do papel do professor e da 
forma como ele aborda o objeto de estudo. A partir da leitura do referido texto aliada a 
uma minuciosa pesquisa sobre a obra do autor voltada para a educação, juntamente ao 
estudo de conceitos de alguns dos principais teóricos do desenvolvimento intelectual, foi 
realizada a análise e reflexão das diversas questões incitadas por Alves no texto 
selecionado. 
A fim de alicerçar tanto as ideias do autor tema quanto as próprias reflexões e 
conclusões geradas, serão revelados, nesse trabalho acadêmico, conceitos sobre a 
atribuição do brinquedo no desenvolvimento infantil, teorias da abordagem interacionista e 
da função da afetividade na educação, os quais são de profunda importância para o 
processo ensino-aprendizagem. Nesse âmbito, é notável a relevância do trabalho do 
docente e do seu dever na construção do seu próprio método pedagógico de forma a 
alcançar o desenvolvimento integral dos alunos. 
 
3 
2 TEXTO SELECIONADO: EU E O AMYR KLINK 
 
Hoje estou especialmente contente. Ontem fiquei conhecendo o Amyr Klink, cuja 
coragem de navegador provoca a minha admiração. Mas não foi isso que me alegrou. 
Fiquei alegre porque ele, sem saber, entrou em um livrinho que escrevi cujo objetivo era 
fazer as crianças pensarem. A ideia do livrinho estava me coçando a cabeça fazia alguns 
anos. Foi assim que aconteceu. 
Perguntei-me: Por que é que as crianças têm dificuldade em aprender as coisas 
que lhes são ensinadas nas escolas, seguindo os programas oficiais? Brunno Bettelheim, 
já velho, deu a resposta: "Na escola, os professores tentavam me ensinar as coisas que 
eles queriam ensinar, do jeito como eles queriam ensinar, mas que eu não queria 
aprender". Para aprender há de querer aprender. 
Aristóteles inicia o seu "Metafísica" afirmando: "Todos os homens têm naturalmente 
o desejo de aprender". Ele estava errado. Vou corrigi-lo: "Todos os homens, ENQUANTO 
crianças, têm naturalmente o desejo de aprender…" 
As crianças são naturalmente curiosas. Querem aprender. Então, por que não 
aprendem? A Maria Alice, psicopedagoga por vocação, me contou algo que uma 
menininha lhe disse: "O mundo é tão interessante. Há tanta coisa que eu gostaria de 
aprender. Mas não tenho tempo. Tenho muitas lições de casa para fazer…" 
O que é que as crianças querem aprender? Ou, mais precisamente, o que é que o 
corpo deseja aprender? Mas, antes dessa pergunta, vem uma outra: "Por que é que o 
corpo deseja aprender?" Ele deseja aprender para se virar no mundo. Ele quer conhecer 
coisas que fazem o seu mundo e afetam a sua vida. Um indiozinho não teria o menor 
interesse em aprender a fazer iglus, mas tem o maior interesse em aprender o uso do 
arco e da flecha. 
O programa de aprendizagem que desafia o corpo é o mundo que o circunda, que 
é o mundo em que ele vive, que é o mundo que lhe apresenta os desafios práticos da vida 
que ele está vivendo no presente. 
Para entender isso, basta cortar uma cebola ao meio: ela é formada por uma série 
de anéis concêntricos. Bem no centro está o corpo. O seu primeiro desafio é o primeiro 
anel. O último anel não lhe provoca o menor interesse porque ele está muito longe da sua 
pele. Ele só se interessará pelo último anel quando chegar ao penúltimo. 
 
4 
Aí eu me perguntei: "Qual é o primeiro entorno da criança?" Preste atenção nessa 
palavra "entorno". Ela significa aquilo que está "em torno", o espaço que pode nos dar 
vida ou matar. O primeiro entorno da criança é a sua casa. Pensei então: "Não seria 
possível fazer um programa que tomasse a casa como seu objeto? Começar a conhecer 
o mundo a partir da casa! 
É aqui que entra o Amyr Klink. Questionado por um repórter sobre a escola ideal 
para os seus filhos ele respondeu: "A escola que eu desejaria para os meus filhos é uma 
escola que há nas Ilhas Faroë, lugar onde viveram os vikings. Lá as crianças aprendem 
tudo o que devem aprender construindo uma casa…" 
Escrevi então o livrinho "Vamos construir uma casa?". Lá, as crianças vão lidar 
com as ciências que entram na construção de uma casa, a astronomia, a geometria, a 
física das ferramentas, a física dos materiais, o fogo, a química da cozinha, a água, o lixo 
e até mesmo o cocô! Quem diria que o cocô pode ser material pedagógico. Sobre isso eu 
escreverei depois. 
 
5 
3 REFLEXÕES REFERENTES AO TEXTO SELECIONADO: EU E O AMYR KLINK 
 
3.1 Principais Questões Levantadas 
 
No contexto educacional, professores e demais elementos do processo ensino-
aprendizagem objetivam instrumentar os alunos na direção de uma educação positiva e 
integral, ou seja, um efetivo desenvolvimento das competências tradicionais da educação 
formal, juntamente das inteligências sociais e emocionais. Rubem Alves, no texto 
selecionado, Eu e o Amyr Klink, já elenca diversas questões relevantes, desse modo, elas 
foram aproveitadas de forma adaptada ao propósito de demonstrar às associações e 
conclusões obtidas através de pesquisas e estudos realizados sobre o autor, sobre 
conceitos e sobre teorias referentes à educação. Apresentemos os principais 
questionamentos: 
“Por que é que as crianças têm dificuldade em aprender as coisas que lhes são 
ensinadas nas escolas, seguindo os programas oficiais?” Sendo as crianças detentoras 
de curiosidade natural, será que o equívoco não estaria na abordagem do educador? 
“Qual é o primeiro entorno da criança?” Será que não estamos forçando alunos a 
interessarem-se pela “última camada da cebola”, ou seja, algo distante do seu entorno 
imediato? Qual a relação psicopedagógica que há entre a aprendizagem e o entorno ou 
interesse do aluno? 
“O que é que as crianças querem aprender? Ou, mais precisamente, o que é que o 
corpo deseja aprender? Mas, antes dessa pergunta, vem uma outra: “Por que é que o 
corpo deseja aprender?”” O que nos faz dependentes da educação? Por que ela é tão 
valorizada? 
“Não seria possível fazer um programa que tomasse a casa como seu objeto?” 
Como podemos desenvolver projetos didáticos nos quais o objeto do conhecimento 
desperte o interesse das crianças? 
“O mundo é tão interessante. Há tanta coisa que eu gostaria de aprender. Mas não 
tenho tempo. Tenho muitas lições de casa para fazer…” Quando serão dadas 
oportunidades para que as crianças possam aprender o que desejam? Entupir as crianças 
de lições é realmente a melhor estratégia? 
As questões foram analisadas e trabalhadas de modo que a partir das respostas 
 
6 
obtidas, um texto pudesse ser construído de forma a apresentar argumentos suficientes 
para corroborar as conclusões que foram se desenvolvendo durante todo o percurso. 
 
3.2 Os Moluscos e as Casa que Educam 
 
Os caramujos me espantam. [...] penso: "Como é que essa gelatina estúpida é 
capaz de construir esse objeto assombroso, a sua concha espiral de perfeição 
matemática?". […] Pois pareceque Piaget sofreu de espantos parecidos com os 
meus diante dos moluscos. Tanto assim que, nos anos de sua juventude, se 
dedicou a pesquisá-los nos lagos da Suíça. Mas, de repente, ele deu um salto dos 
moluscos para a psicologia da aprendizagem entre os humanos. Os desavisados 
concluem: Piaget mudou de espanto. Não. Ele não mudou de espanto. Apenas 
mudou de molusco. Pois nós, seres humanos, somos semelhantes aos moluscos. 
(ALVES, 2003) 
 
Rubens Alves sempre nos conduz a profundas e inspiradoras reflexões de temas 
inerentes à educação. É notado que frequentemente, em seus textos, o autor afirma que 
possuímos duas caixas, uma “caixa de ferramentas”, que nos auxilia a solucionar 
problemas e uma “caixa de brinquedos”, que tem a função de nos proporcionar satisfação 
e alegria. 
Considerando que a maioria dos animais possui compleição física naturalmente 
capaz de protegê-los perante as adversidades do meio, sendo seus corpos ferramentas 
suficientes para tal efeito. Em contrapartida, nós, seres humanos, comparados por Alves 
aos moluscos, esses que de corpo mole e frágil, constroem conchas como suas casas de 
modo a protegerem-se da hostilidade do ambiente em que vivem. 
Espantosamente, ao contrário de nós, os caramujos já nascem com inteligência 
corporal para a execução da tarefa de construir “suas casas”, ao passo em que nós 
tivemos que passar por um processo de evolução e desenvolvimento intelectual que 
acabou por nos tornar animais diferenciados. Logo foi nossa fragilidade que nos 
impulsionou a desenvolver o pensamento, o raciocínio como “caixa de ferramentas”, ou 
melhor, como habilidade de nos fazer capazes de produzir nossas ferramentas por meio 
de elementos externos. 
Diante dessa necessidade de gerar competências é que surgiu a importância do 
aprendizado para a humanidade. Sendo a promoção da educação constituída da 
transmissão dos conhecimentos adquiridos a cada geração, a fim de otimizar o tempo 
gasto no desenvolvimento de nossa “caixa de ferramentas”. Portanto, a educação auxilia 
 
7 
o ser humano na busca de meios que assegurem sua permanecia assim como seu bem-
estar, economizando tempo no processo de evolução e de compilação de competências e 
habilidade. 
A partir das extraordinárias analogias de Alves, pode-se compreender que a 
aprendizagem e a construção do conhecimento se dão devido a necessidades básicas 
relacionadas à sobrevivência, estando associada ao pragmatismo do cotidiano. Vale 
ressaltar que como mencionado pelo autor, a educação também pode ser promovida 
através de prazer e de alegria, utilizando-se a “caixa de brinquedos”. Sendo assim, 
inferimos que o corpo deseja aprender aquilo que lhe é necessário à sobrevivência, aquilo 
que lhe é útil ou aquilo que lhe dá prazer. 
Logo as crianças não fogem a esse padrão, elas também possuem suas 
necessidades, interessam-se pelo que há em sua volta e são influenciadas, puxadas ao 
encontro de satisfazer seus desejos. Pode-se a partir daí deduzir que um dos problemas 
da falta de eficácia da educação está relacionada à distância da abordagem pedagógica 
com as necessidades a os desejos dos educandos, ou seja, não há uma ligação do 
processo de aprendizagem com o universo de interesse dos alunos. 
Serão abordadas a seguir teorias e conceitos que fundamentam tanto as ideias do 
autor tema desse trabalho acadêmico, quanto as próprias reflexões e conclusões obtidas. 
Foram analisados os seguintes pontos: o papel do brinquedo no desenvolvimento infantil, 
a abordagem interacionista no aprendizado e a afetividade na educação. 
Segundo Vygotsky, importante psicólogo e pensador russo, as crianças pequenas 
possuem grande necessidade de satisfazer seus desejos de forma rápida. Diante da 
impossibilidade da concretização desse imediatismo, as crianças se envolvem com o 
imaginário, dando assim ao brinquedo papel fundamental. O jogo é, portanto, visto como 
o objeto que impulsiona a ação das crianças, fazendo do mundo da fantasia local onde 
ocorre as realizações infantis, no qual as crianças têm a oportunidade a transcender suas 
atividades habituais, preenchendo suas mais variadas necessidades. 
Atentando que é da necessidade da ação que a imaginação é gerada, essa pode 
ser concebida como o início da manifestação da autossuficiência e da autonomia da 
criança com relação às ocorrências de limitações impostas a elas. A medida em que 
cresce, a criança atribui ao brinquedo um significado e dessa maneira ela inicia o 
exercício do simbolismo. 
 
8 
Um outro conceito pedagógico muito importante a ser tratado e o qual apresenta 
Vygotsky juntamente a Piaget como principais fundadores, é a chamada abordagem 
Interacionista, que entende que o aprendizado se dá pela interação da criança com o 
meio. O psicólogo russo defende que as vivências dos alunos devem ser respeitadas em 
todo processo ensino-aprendizagem, pois é através de suas experiências que as crianças 
são capazes de recodificar o conhecimento. 
Nesse sentido, ao ignorar contextos e experiências individuais, o educador estaria 
encarando as crianças como meros receptáculos vazios, ou folhas em brancos, as quais o 
docente poderia preencher a cargo de seu desejo. Essa visão, além de não oferta uma 
situação ideal ao desenvolvimento do conhecimento, também leva ao equívoco de ignorar 
a diversidade presente em qualquer grupo social, portanto, ignorar as variadas formas de 
aprendizagem que os diferentes indivíduos podem apresentar. 
Um dos objetivos da educação se encontra justamente na suplantação do meio 
social, ou seja, quando a criança pode, de forma autônoma, compreender o ambiente e se 
posicionar frente a ele. Nesse cenário, Piaget evidencia que simplesmente apresentar o 
objeto do conhecimento à criança não assegura a promoção do seu desenvolvimento. 
Portanto, para o autor, é necessário que a criança pratique uma “operação”, de modo a 
produzir a sua aprendizagem, desse modo, o professor, deve propor contextos de 
assimilação experimental da realidade, que se ajustem as estruturas internas das 
crianças, tornando possível a elas a realização da “equilibração” (PIAGET, apud GOMES 
& BELLINI, 2009). 
Trataremos por fim da afetividade, que para Wallon (1975) em conjunto com a 
inteligência constituem as primordiais atribuições da personalidade. Para o autor a 
inteligência estaria ligada às capacidades perceptivas sensoriais externas, ou seja, à 
elaboração conceitual do objeto e a visão do mundo externo; já a afetividade, associada 
às capacidades perceptivas sensoriais internas, direcionadas assim, para o social e para 
a elaboração individual do ser. 
Wallon concebe, assim, a afetividade como a funcionalidade, na qual o ser humano 
ao ser impactado por algo (interno ou externo), replica em estados de bem-estar ou de 
mal-estar que influenciam no mundo que o circunda (DÉR, 2004, p. 64). Através desse 
pressuposto, pode-se inferir que a razão não ocorre sem a emoção e vice-versa, assim, 
não sendo possível dissociá-las. A afetividade, portanto, seria a intercessora do sujeito 
 
9 
para com seu objeto do conhecimento, incitando a empatia e a curiosidade do aprendiz, 
tornando-o capaz de progredir em suas suposições e no processo de aprendizagem. 
Retomando o texto e o autor, os focos desta reflexão, deve-se esclarecer que Alves 
também evidencia uma terceira caixa, a qual ele chama de “caixa de torturas”. Essa caixa, 
segundo o educador, seria compreendida pelo recipiente de “ideias inertes”, que ele nos 
informa ser uma expressão criada por Alfred North Whitehead para defender que “as 
ideias não são para guardar; alguma coisa tem que ser feito com elas” (WHITEHEAD, 
2006-2015). Para Alves, além de não possuírem utilidade prática, essas ideias ainda 
provocam dor. 
Nesse âmbito, o educador, ao elaborar seu programa pedagógico, deve estar 
sempre atento a relevância do conteúdo a ser lecionado, ele precisa manter em prática 
um autoquestionamento quantosuas escolhas de objeto de estudo, quais detalhes são 
realmente essenciais aos alunos, se possuem aplicações práticas ou mesmo se 
retornarão prazer durante as execuções das atividades propostas. Caso o conteúdo não 
se encaixe em nenhuma das duas alternativas (ferramentas ou brinquedos), certamente 
estará contida na “caixa de torturas” e é aí que se encontram as respostas dos principais 
questionamentos surgidos a partir da leitura do texto selecionado, Eu e o Amyr Klink. 
“O mundo é tão interessante. Há tanta coisa que eu gostaria de aprender. Mas não 
tenho tempo. Tenho muitas lições de casa para fazer…” A fala da garotinha citada no 
texto de Alves (2008), objeto desse estudo, demonstra o quão equivocado está o sistema 
de ensino tradicional, pois abarrotar as crianças de deveres de casa, de “ideias inertes” e 
de ações repetitivas pode acabar desmotivando os alunos, além de ser um conjunto de 
prática, que na maioria das vezes não produz conhecimento, apenas leva ao acúmulo de 
informações e a ocupação desnecessária da memória dos estudantes. Já o aprendizado 
significativo vem do interesse genuíno dos alunos, da prática, do prazer e do bem-estar, 
nesse aspecto o aluno precisa se sentir valorizado e acolhido. 
Portanto, há de se desenvolver programas de ensino não dolorosos, visto que ao 
massificar o processo de aprendizagem, os profissionais e as instituições educacionais 
estão minando a curiosidade natural dos estudantes e desestimulando qualquer de seus 
interesses para com o ambiente escolar. O ideal para a elaboração tanto da matriz 
curricular das disciplinas e seus conteúdos, quanto da metodologia e da abordagem de 
ensino, é ter em conta as especificidades das crianças e adolescentes, considerar o 
 
10 
entorno das mesmas, valorizando assim suas necessidades e interesses. 
Infelizmente, quanto o currículo escolar não há muito a ser feito pelo professor, já 
que aquele é definido e estabelecido pelas diretrizes do Ministério da Educação (MEC) e, 
portanto, sendo de caráter obrigatório. Mas é possível ser um educador mais humano e 
afetivo, compreendendo que a criança é um ser completo, para que assim se priorize a 
promoção de oportunidades educativas que não se desassociem do ser criança, ou seja, 
propor atividades pedagógicas que tenham o compromisso de manter a atenção no aluno, 
em seu meio, em seus interesses e necessidades, a fim de gerar um aprendizado efetivo 
e realmente significativo. 
 
A afetividade se constitui como uma das habilidades que os profissionais de 
Educação Infantil Precisam utilizar para elaboração das propostas pedagógicas, 
no planejamento das atividades e na mediação das relações entre professora-
criança, entre criança-criança e entre as crianças e os objetos de conhecimento. 
(CACHEFFO e GARMS, 2015, p. 25). 
 
Quando a escola é meramente um ambiente institucional, ou seja, sem existência 
de momentos lúdicos e prazerosos, ausente de oportunidades de interação e colaboração 
autônoma das crianças, ocorre um descompasso com as principais teorias do 
desenvolvimento infantil expostas pelos principais pensadores e educadores da área. Pois 
a afetividade no desenvolvimento humano, especialmente na educação infantil, envolve o 
acreditar que a criança é capaz de se tornar um ser independente, de resolver problemas 
e de ser socialmente participativo ao interagir com o meio. 
Logo, para ser possível o desenvolvimento de projetos didáticos que envolvam o 
entorno da criança como sendo o objeto do conhecimento, se faz necessário que o 
educador se mantenha atento e interessado em conhecer verdadeiramente seus alunos, 
que estabeleça um diálogo aberto e um relacionamento que transmita confiança e 
amizade, em outras palavras, é preciso que o docente desenvolva uma afetividade 
positiva, significativa e respeitosa para com seus alunos. 
 
 
11 
[...] as relações de mediação feitas pelo professor, durante as atividades 
pedagógicas, devem ser sempre permeadas por sentimentos de acolhida, 
simpatia, respeito e apreciação, além de compreensão, aceitação e valorização do 
outro; tais sentimentos não só marcam a relação do aluno com o objeto de 
conhecimento, como também afetam a sua autoimagem, favorecendo a autonomia 
e fortalecendo a confiança em suas capacidades e decisões. (LEITE E TASSONI, 
P.20) 
 
O papel do professor também é o de garantir espaços de interação entre os alunos, 
bem como zelar pelas características e ritmos individuais de aprendizagem. Quanto mais 
diversificado for o espaço de aprendizagem, mais possibilidades de interação proveitosa 
ao processo de ensino é gerada. Portanto é relevante propor uma aprendizagem ativa 
que valorize as experiências, o conhecimento prévio, os interesses e desejos dos alunos 
a fim de colocá-los no centro do próprio aprendizado. É igualmente imprescindível 
respeitar o contexto no qual cada criança se encontre inserida bem como as diferenças 
sociais existentes entre elas. 
O brinquedo, o jogo, o faz de conta, a fantasia, a imaginação são elementos 
naturais às crianças que as conduzem ao desenvolvimento intelectual, sendo que a partir 
da sua iniciação, a imaginação se torna um componente que irá acompanhar o homem 
por toda vida. Toda construção, todo desenvolvimento, toda tecnologia criada, antes de 
ser realizada é pensada, ou seja, é imaginada. Portanto, incentivar a brincadeira e ensinar 
por meio dela deve ser uma prática encarada com seriedade pelos profissionais da 
educação. 
 
Nestas duas palavras, ferramentas e brinquedos, está o resumo de educação. 
Ferramentas e brinquedos não são gaiolas. São asas. Ferramentas me permitem 
voar pelos caminhos do mundo. Brinquedos me permitem voar pelos caminhos da 
alma. Quem está aprendendo ferramentas e brinquedos está aprendendo 
liberdade. (ALVES, 2001) 
 
Percebe-se assim que o objetivo da educação não deve ser apenas o da formação 
de indivíduos preenchidos por informações ou conhecimentos formais, mas também o de 
gerar seres detentores de inteligência emocional e social, de autonomia, de capacidade 
criativa, de raciocínio lógico, de pensamento crítico e humanista, para que sejam capazes 
de resolver problemas e assim se integrarem de modo positivo na sociedade. Para tanto o 
educador precisa estabelecer uma relação afetiva com os alunos, assegurar uma boa 
interação entre todos os elementos do ambiente educativo, assim como considerar o 
entornos e interesses das crianças. 
 
12 
O professor comprometido em não ser um opressor no processo educacional, 
funciona como mediador entre criança e objeto do conhecimento, que ciente da condição 
de ter de seguir um modelo padrão curricular, opta sempre por utilizar de “ferramentas e 
brinquedos” priorizando o entorno dos estudantes, a fim de não torturar seus jovens 
pupilos. 
 
13 
4 REFERÊNCIAS 
 
ALVES, Rubem. As duas caixas. Folha de São Paulo, São Paulo, 27 abr. 2010. 
Cotidiano. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2704201003.htm>. 
Acesso em: 16 out. 2020. 
____________. As lições dos moluscos. Folha Online, São Paulo, 29 abr. 2003. Sinapse. 
Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/folha/sinapse/ult1063u394.shtml>. Acesso 
em: 16 out. 2020. 
____________. Cálculos cerebrais… Folha de São Paulo, São Paulo, 29 nov. 2005. 
Sinapse. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/fsp/sinapse/sa2911200511.htm>. 
Acesso em: 16 out. 2020. 
____________. Eu e o Amyr Klink. Folha de São Paulo, São Paulo, 25 nov. 2008. 
Cotidiano. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2511200814.htm>. 
Acesso em: 16 out. 2020. 
____________. Gaiolas e asas. Folha de São Paulo, São Paulo, 05 dez. 2001. Opinião. 
Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz0512200109.htm>. Acesso 
em: 16 out. 2020 
CACHEFFO, Viviane Aparecida Ferreira Favareto; GARMS, Gilza Maria Zauhy. 
Afetividade nas práticas educativas da educação Infantil. Nuances: estudos sobre 
Educação,Presidente Prudente-SP, v. 26, número especial 1, p. 17-33, jan. 2015. 
Disponível em: 
<https://revista.fct.unesp.br/index.php/Nuances/article/download/2814/2915>. Acesso em: 
19 out. 2020. 
DANTAS, H. Afetividade e a construção do sujeito na psicogenética de Wallon. In: 
LA TAILLE, Y., DANTAS, H., OLIVEIRA, M. K. Piaget, Vygotsky e Wallon: teorias 
psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus Editorial, 1992. 
DÉR, L. C. S. A constituição da pessoa: dimensão afetiva. In Mahoney, A. A. e 
ALMEIDA, L. R. (Orgs.). A constituição da pessoa na proposta de Henri Wallon. São 
Paulo: Loyola, 2004. 
FERRARI, M. Henri Wallon: O educador integral. Revista Nova Escola, Edição Especial. 
2008. 
GALVÃO, Izabel. Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento 
infantil. 2ª Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995. 
GOMES, Luciano Carvalhais, BELLINI, Luzia Marta. Uma revisão sobre aspectos 
fundamentais da teoria de Piaget: possíveis implicacões para o ensino de física. 
Revista Brasileira de Ensino de Física, v. 31, n. 2, 2301 (2009) 
LEITE, Sérgio Antônio da Silva; TASSONI, Elvira Cristina Martins. A afetividade em sala 
de aula: as condições de ensino e a mediação do professor. Disponível em: 
https://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2704201003.htm
https://www1.folha.uol.com.br/folha/sinapse/ult1063u394.shtml
https://www1.folha.uol.com.br/fsp/sinapse/sa2911200511.htm
https://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2511200814.htm
https://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz0512200109.htm
https://revista.fct.unesp.br/index.php/Nuances/article/download/2814/2915
 
14 
<https://www.fe.unicamp.br/alle/textos/SASL-AafetividadeemSaladeAula.pdf>. Acesso em 
20 de out. de 2020. 
MAHONEY, Abigail A.; ALMEIDA, Laurinda R. de, Henri Wallon – Psicologia e 
Educação. Edições Loyola, são Paulo, Brasil, 2000. 
PIAGET, Jean, Seis estudos de psicologia. Ed Forense Universitária, Rio de Janeiro, 
1997. 
VASCONCELOS, Mário Sérgio, A afetividade na escola: alternativas teóricas e práticas. 
Educ. Soc., Campinas, vol.25, maio/agosto, 2004. 
VYGOTSKY, Liev Semionovich. A formação social da mente: O desenvolvimento dos 
processos psicológicos superiores. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998. 
_________________________. Psicologia Pedagógica. ARTMED, Porto Alegre: 2003. 
WALLON, Henri. O desenvolvimento cognitivo da criança a partir da emoção. Revista 
Didática Sistêmica, vol.4, julho dezembro de 2006. 
_____________. Psicologia e educação da infância. Lisboa: Editorial Estampa, 1975. 
WHITEHEAD, Alfred North. In: FRASES FAMOSAS, site de citações. Brasil, 2006-2015. 
Disponível em: <https://www.frasesfamosas.com.br/frases-de/alfred-north-whitehead/>. 
Acesso em: 22 out. 2020. 
https://www.fe.unicamp.br/alle/textos/SASL-AafetividadeemSaladeAula.pdf
https://www.frasesfamosas.com.br/frases-de/alfred-north-whitehead/

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