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Helicobacter pylori 1)CARACTERÍSTICAS • Bacilos Gram-negativos espiralados (c/ 5 a 6 flagelos) – altamente móveis, motilidade em zigue-zague p/ chegar na mucosa gástrica; • Catalase e oxidase-positiva; • Produzem urease em grande quantidade p/ sobreviver ao pH ácido; • Temperatura de crescimento de 37°C após 3 a 5 dias; • São microaerofílicos, conseguem sobreviver em diminuição de oxigênio e aumento de dióxido de carbono. -O ser humano é considerado o único reservatório natural do H. Pylori, pode permanecer por toda a vida sem causar danos, estima-se que metade da população esteja contaminada. Transmissão: via oral-fecal, a água contaminada é o principal meio de infecção; via oral-oral, o paciente tem a bactéria transitando em sua saliva e biofilme dental; via gastro-gástrica, o paciente é contaminado pelos equipamentos no momento do exame endoscópico não esterilizado. -Essa bactéria possui a peculiar conversão morfológica da forma espiral para cocoide em uma diversidade de condições ambientais, como pH e temperatura (calor favorece). Quando o esfregaço é feito a partir de colônias provenientes de culturas jovens, observam- se bacilos na forma espiral, enquanto as provenientes de cultura velha exibem a forma esférica, também conhecida como forma cocoide. -A espécie mais importante é o Helicobacter pylori, um Helicobacter gástrico associado a gastrite (principal causa), úlcera péptica, adenocarcinoma gástrico e linfoma de céls B no tec. linfoide associado à mucosa gástrica (MALT). -Foi a primeira bactéria a ter sua capacidade de causar malignidade e câncer gástrico comprovada. Agentes infecciosos respondem por 18% dos cânceres no mundo - HPV, o vírus da hepatite B e a bactéria Helicobacter pylori respondem pela maioria dos cânceres associados a infecções. 2)FATORES DE VIRULÊNCIA -Flagelos e forma helicoidal: permite mobilidade e penetração n camada de muco viscoso do estômago, respectivamente. -Enzima urease: altera o pH do estômago ao redor da bactéria, protegendo-a da acidez, mediante conversão de ureia em NH3 (amônia, básico) e CO2. -Adesinas bacterianas: permite ligação a superfície das céls epiteliais, ex.: HapA (forte adesão, superando os mov. peristálticos). -Lipolissacarídeos na membrana externa (consiste em lipídio A, oligossacarídeo do núcleo e cadeia lateral O): induzem resposta inflamatória. -Citoxina A vacuolizante (VacA): uma proteína que, após a penetração nas células epiteliais, produz vacúolos que danificam as células e induzem apoptose na mucosa gástrica. Quebra a barreira da célula epitelial e melhora a capacidade do H. pylori de colonizar o epitélio gástrico. -Gene associado à citotoxina (cagA): interfere na estrutura normal do citoesqueleto da célula epitelial levando à alterações morfológicas principal fator associado ao câncer gástrico. 3)PATOGÊNESE -Os fatores de virulência contribuem para: colonização gástrica; alteração da produção de ácido gástrico; inflamação e destruição celular. -A colonização inicial é facilitada por: (1) neutralização dos ácidos gástricos pela amônia produzida pela atividade da enzima urease, que transforma a ureia presente no suco gástrico. (2) atravessar a camada de muco que protege o epitélio gástrico – estabelecendo íntimo contato com as células epiteliais de revestimento, liberando seus fatores de virulência, gerando manifestações clínicas. -A evolução clínica da infecção é determinada pela interação complexa entre o hospedeiro e os fatores do micro-organismo: Fatores do hospedeiro: não totalmente esclarecidos. Acredita-se que o fator imunológico é importante. Fatores da bactéria p/ instalar-se e sobreviver sobre o epitélio gástrico e ser responsável pela resposta inflamatória do hospedeiro: quantidade de bactérias e a presença de fatores de virulência, como a ilha de patogenicidade associada aos genes cag e vacA e os componentes bacterianos, como a urease e as porinas (liberam íons intracelulares). -Dessa forma, pode causar lesão diretamente nas células epiteliais por enzimas e toxinas ou indiretamente pela resposta inflamatória do hospedeiro. -IL-8: podem causar danos a mucosa gástrica pela liberação de radicais livres que lesam o DNA dessas células causando desequilíbrios na célula. Atraem neutrófilos e macrófagos, podendo desencadear resposta inflamatória extrema, causando úlceras. -A bactéria causa a secreção de uma potente citocina, a interleucina-8, cuja produção é potencializada pelo fator de necrose tumoral e pela interleucina-1, liberados pelos macrófagos em resposta a lipopolissacárideos bacterianos. Obs.: alimentação, uso de cigarro e medicamentos potencializa. 4)MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • GASTRITE -Inflamação da mucosa gástrica, caracterizada por pregas gástricas espessadas, lobuladas com aumento da área gástrica. -Sinais e sintomas mais comuns: dor epigástrica, náusea, vômito ou hematêmese* (vômito borra de café em alguns pacientes), mas pode ser assintomática. -Dados laboratoriais: ↑ leucócitos; teste de sangue oculto fecal positivo (devido possível de extravasamento de vaso); H. pylori positivo (endoscopia, histologia, culturas, teste respiratório da ureia e teste sorológico). Mucosa inflamada que progrediu p/ úlcera, com numerosas erupções e pregas hipertrofiadas. -A colonização com H. pylori leva à infiltração de células mononucleares e neutrófilos na mucosa gástrica, tanto no antro quanto no corpo do estômago leva à inflamação. -Os riscos para o desenvolvimento de úlcera e câncer gástrico distal são dependentes de fatores do hospedeiro, bacterianos e ambientais relacionados ao padrão e a gravidade da gastrite. • ÚLCERA -Benigna – defeito mucoso bem definido; pregas regulares, lisas, convergem para a borda da cratera da úlcera; projetam para além do contorno esperado do estômago (geralmente na curvatura menor, parede posterior ou antro). -Maligna – forma e bordas irregulares; interrupção ou baqueteamento das pregas convergentes; não se projetam além do contorno do estômago -Etiologia: dois principais fatores p/ surgimento H. pylori (60-80%) e AINEs (20% - inibem prostaglandinas que produzem muco gástrico). Outros fatores de risco: Esteroides, tabaco, álcool, café, estresse, refluxo de bile, retardo no esvaziamento gástrico. -Sinais/sintomas mais comuns: Assintomático; pode apresentar anemia, perda de sangue GI; Queimação, corrosiva ou dolorosa na região epigástrica – geralmente não aliviada por alimentos ou antiácidos; Dor que desperta o paciente do sono (33%); Anorexia e perda de peso (50%) devido dor não aliviada prejudicar alimentação. • ÚLCERA PÉPTICA -A úlcera péptica é uma ferida que ocorre na camada de revestimento interno do tubo digestivo superior, (chamada mucosa). Esta pode estar localizada no estômago (úlcera gástrica) ou na primeira porção do intestino delgado (úlcera duodenal). • DOENÇA ULCEROSA DUODENAL (+ frequente) -Etiologia: principais fatores de risco são Helicobacter pylori (95% – 100%) e AINEs. Outros fatores de risco: Corticosteroides, tabaco, álcool, café, estresse, refluxo de bile. -Patogênese: H. pylori medeia ou facilita o dano à mucosa gástrica e duodenal./// ↑ ácido gástrico e ↑ esvaziamento gástrico → ↑ exposição ácida no duodeno, favorecendo erosão da mucosa. -Sinais/sintomas mais comuns Assintomática em alguns casos. Queimação, dor com sensação de algo roendo, acentuada, no epigástrio 2 a 4 horas após as refeições. Aliviada por antiácidos ou alimento. Dor que desperta o paciente do sono (66%). Episódios de dor que ocorrem durante dias/semanas, seguidos por intervalos mais longos sem dor. Ganho de peso devido ao aumento da ingestão de alimentos (para alívio da dor). -Céls G liberam gastrina, inibida de forma fisiológica pela liberação de somatostatina pelas céls D.quando há infecção por H. pylori, os mediadores inflamatórios presentes inibem as céls D, provocando alta da gastrina contribui p/ proliferação celular e secreção de H+ -Risco de desenvolver úlceras está entre 3 a 10 vezes maior para indivíduos H. pylori-positivos do que em H. pylori-negativos. -A erradicação da H. pylori alterou o curso natural da doença impedindo quase completamente a sua recidiva. Fatores associados: melhora na higiene e das condições de vida, e principalmente ao uso de terapia antimicrobiana. Obs.: casos de recidiva relacionados ao uso de AINES. -Tratamento: fármacos que diminuam secreção ácida e erradiquem H. pylori. (10-14 dias) 5)DIAGNÓSTICO/IDENTIFICAÇÃO -Amostras para o isolamento do H. pylori: Para o diagnóstico de gastrite associada a H. pylori, a coloração histológica e a cultura de amostras de biópsia têm sido consideradas como “padrão-ouro”. As amostras adequadas incluem biopsias gástrica e duodenal. -As colônias de H. pylori são pequenas, cinzentas, translúcidas e fracamente beta-hemolíticas. A coloração pelo método de Gram revela bactérias gram-negativas de coloração pálida e curvas, com morfologia característica em asa de gaivota ou em “U”. -Pode-se efetuar uma identificação presuntiva com reações positivas para oxidase e catalase e reação extremamente rápida (em questão de minutos) da urease. -Testes não invasivos: Estão incluídos o método da urease, a detecção de antígeno (por exame de sangue ou fezes) e a sorologia (teste rápido). -Testes invasivos: Pode ser diagnosticada por ensaios invasivos que exigem endoscopia (cultura, coloração, reação da cadeia de polimerase (PCR – amplificação de sequencias do material genético da bactéria e comparação por eletroforese). -Teste de urease em amostra de biopsia uma amostra da mucosa é semeada em um meio contendo ureia e um corante sensível ao pH. Se houver urease na amostra, a ureia é degradada, e a amônia provoca uma elevação do pH, com mudança subsequente na cor do indicador. – + -Método da urease teste respiratório com ureia marcada. Requer a ingestão, pelo paciente, de ureia marcada com carbono radiotivo [13𝐶𝐶] dissolvida em água, seguida de coleta de amostras da respiração, as quais são analisadas quanto à presença de 13𝑐𝑐𝑐𝑐2 dentro de 60 minutos. Estando infectado, a H. pylori degrada a ureia em amônia e 𝐶𝐶𝐶𝐶2 marcado, este é absorvido pelo sangue e depois liberado para os pulmões e exalado no ar. Após alguns minutos, expira o ar em um recipiente, exalando dióxido de carbono. Se for encontrado o átomo de carbono marcado no ar expirado, então o H. Pylori está presente.
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