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Bruna Oliveira – 144 Aula de Sandro 2021.1 Valvopatia Mitral Estenose mitral cria uma barreira na entrada do VE. Quando tem insuficiência, tem uma regurgitação de sangue durante a sístole ventricular, uma parte regurgita para o AE. Dupla lesão: estenose + insuficiência (40% dos casos). Tem que levar mais em consideração a mais grave, mas não pode esquecer da outra. Mais comum em mulheres A turbulência sanguínea (causada pela estenose ou pelo regurgitamento) é o que gera os sopros. Enchimento do VE → quando a pressão do AE sobe e ultrapassa a do VE, a valva mitral abre (fase de enchimento rápido – também influenciada pela gravidade). Quando a pressão vai se igualando, chega a fase lenta de enchimento. A sístole atrial empurra o restinho do sangue que ficou no AE. A estonose é fixa, gerando um gradiente fixo (parâmetro de graduação da estenose) Estenose Mitral Etiopatogenia Congênitas: • Membrana: membrana mitral que funciona como uma estenose • Hipoplasia do anel • Fusão das comissuras • Valva em paraquedas (formato diferente) • Anel supravalvar • Duplo orifício mitral Adquirida: • FEBRE REUMÁTICA • Degenerativa (pode atingir a aórtica também, decorrente de uma doença renal crônica - distúrbio do metabolismo do cálcio e fósforo, onde há depósito de cálcio em tecidos moles, cursando estenose mitral e/ou aórtica) • Síndrome carcinoide • Doenças infiltrativas • LES • AR • Doença de Fabry • Terapia com metisergida Fisiopatologia Febre reumática leva a: • Espessamento das bordas dos folhetos • Fusão das comissuras (deixa um orifício central em formato de boca de peixe) • Escurtamento e fusão das cordoalhas • Na fase aguda, há inflamação e edema dos folhetos, com o depósito de pequenos trombos de fibrina e plaquetas ao longo das zonas de contato dos folhetos → cicatrização → deformação da valva → obliteração da arquitetura normal do folheto pela fibrose, neovascularização e aumento no depósito de colágeno e celularidade teciudual • Estágios iniciais: folhetos relativamente flexíveis se curvam na diástole (extremidades estão restritas) • Com o tempo, essa curvatura diminui devido a fibrose e calcificação e há a fusão das comissuras • No estágio terminal, os folhetos espessados chegam a ser tão rígidos que nem abre nem fecha, podendo até abolir a primeira bulha • Quando a FR gera exclusiva ou predominantemente contração e fusão da cordoalha tendinosa, com pouca fusão das comissuras valvares, sobrevem uma IM dominante. 1) Primeira câmara afetada → AE (↑pressão seguido por ↑ volume – não consegue desaguar bem,) 2) Aumento retrógrado até chegar na artéria pulmonar 3) Hipertensão venocapilar pulmonar 4) Hipertensão arterial pulmonar (↑ Resistência pulmonar total) 5) Hipertrofia e falência do VD por dilatação (sobrecarga sistólica) – VD não tem estrutura para se hipertrofiar como o VE 6) Congestão pulmonar 7) Estenose mitral tricuspidizada (VD dilatou e anel dilatou → folhetos da tricúspide não se tocam) 8) Sobrecarga de volume no AD (quando regurgita o que tem no VD, já tem o que chegou nas VC) 9) Congestão sistêmica – hipertensão venosa sistêmica (estase jugular, hepatomegalia, ascite, refluxo hepatojugular, edema de MMII) 10) Falência do VD (perde a força de contração) 11) Queda do débito sistólico do VD 12) Chega menos sangue no AE (VE é poupado) Bruna Oliveira – 144 Aula de Sandro 2021.1 13) Queda do débito sistólico do VE (fase final da doença valvar – caquexia, queda do DC) 14) FA → perde 25% do DC (porque perdeu a contração atrial, isso diminui o DC mesmo antes da falência ventricular) • Curva de pressão do VE: maior, mais ampla • Curva de pressão do AE: menor • A diferença (área pintada) é o gradiente, diferença de pressão entre as duas câmaras. A partir dele, pode-se calcular a área da valva mitral. • Esse gradiente é quem vai permitir a graduação da estenose mitral • Atualmente não é mais preciso fazer a medida invasiva desse gradiente (colocando cateter no VE e no AE), o ecocardiograma consegue fazer essa medida de forma não invasiva Vai pelo parâmetro de maior gravidade • Área normal 4 a 6cm² • Quanto menor a área, mais pressão precisa pra o sangue poder fluir • Quando a taxa de fluxo dobra, o gradiente pressórico quadruplica Quadro Clínico Sintomas: • Dispneia (congestão) • Palpitações (sobrecarga dos átrios) • Hemoptise (pressão intersticial mais alta que a pressão alveolar) • Rouquidão (compressão do laríngeo recorrente pelo AE) • Dor torácica (aumento das estruturas) • Complicações embólicas (barreia que lentifica o fluxo e falta da contração atrial da FA → coágulos → embolia) • Astenia (queda do DC e baixa oxigenação) • Edema (congestão sistêmica) • Dor abdominal (distenção da capsula de glissen) • Ascite (congestão sistêmica) Exame físico: • Ortopneia • Jugular Turgida (congestão sistêmica) • Caquexia • Ictus cordis de VD, com pulsão de mesocárdio • Impulsão do mesocárdio (o VD empurra o esterno) • P2 palpável (devido a hipertensão pulmonar) • Frêmito diastólico no foco mitral (sopro tem, pelo, menos 4+) • Ausculta: o Ritmo cardíaco irregular (FA) o M1 hiperfonética – se não estiver hiperfonética, é porque está muito calcificada o P2 hiperfonética o Estalido de abertura (quanto mais rígida, mais estalido) o Sopro diastólico no FM de baixa frequência com reforço pré-sistólico (devido a contração atrial)– RUFLAR Exames Complementares ECG: • Sobrecarga AE • Sobrecarga VD (paciente tricuspidizado) • Aumento de AD (fase avançada) • Onda P mais longa e bífida em D2 → aumento do AE • Onda P que sobressai o componente negativo em V1 (já que a segunda parte da onda P corresponde ao AE) • Onda P com amplitude aumentada → sobrecarga AD • Relação R/S > 1 em V1→ sugestivo de sobrecarga VD RX: • Duplo contorno (contorno interno do AE e contorno externo do AD)– sinal de aumento do AE Bruna Oliveira – 144 Aula de Sandro 2021.1 • Se tiver hipertensão pulmonar, a a. pulmonar se sobressai • Congestão hilar • Sinal da bailarina: retificação do brônquio fonte E → sobrecarga AE Eco (ETT-ETE) → anatomia e funcionamento • Cavidades: dimensões; hipertrofia; função • Valva: morfologia; dinâmica; área – planimetria • Doppler → Fluxo! o Gradiente o Área (PHT – pressure Half time: pressão dentro do AE na metade da diástole → consegue saber a área) o Pressão (HAP) • Escore de Brock-Wilkns: avalia acometimento da valva → Escore mitral (4 a 16) o Mobilidade o Espessamento o Calcificação o Aparelho subvalvar (caso ele esteja muito comprometido e fizer uma valvotomia, pode romper e dar uma insuficiência mitral grave) o Cada um desses pontua de 1 a 4 o É um escore prognóstico: bom resultado na valvotomia percutânea por balão (feita por hemodinâmica) ou não ▪ Insere o cateter pela VCI, entra no AD, transfixa o septo interatrial e direciona o cateter para a mitral, insufla o balão e dilata a valva o > 12 → pior; não indica valvotomia, faz cirurgia a céu aberto o < 8 → Melhores resultados na valvotomia o Entre 8 e 12, avalia caso a caso Tratamento Contraindicação para valvotomia por cateter balão: • trombos. Todo paciente candidato deve fazer um eco transesofágico para descartar a presença de trombos. • Dupla lesão Caso precise trocar, pode usar valvas biológicas (menor durabilidade x não precisa de anticoagulação pra sempre. ou metálicas (maior durabilidade x anticoagulação pelo resto da vida) 1. Valvoplastia 2. Troca valvar Prescrição: • Anticoagulante, caso esteja em FA ou com estase de sangue, mesmo em ritmo sinusal • Diuréticos de alça • Betabloqueador → ↓FC e ↑tempo para o átrio esvaziar • Penicilina benzatina, caso seja reumático • iECA não tem vantagem. Insuficiência Mitral Causas: • Doença reumática • Degeneração mixomatosa• Prolapso de valva mitral • Dilatação de anel valvar • Doença do conectivo • Cardiopatia congênita • Endocardite infecciosa • Cardiopatia isquêmica – necrose do músculo papilar e insuficiência Fisiopatologia Crônica: • Regurgitação do volume • Sobrecarga de volume gera o que é visto no mecanismo de Frank-Starling – estira a fibra, aumenta a força de contração até determinado ponto (fica ai por anos). A partir do limite, o ventrículo chega na desadaptação e não adianta mais cirurgia (é irreversível) • Aumento do volume diastólico final → aumenta pressões diastólicas no VE → AE → hipertensão venopulmonar → sobrecarga de volume leva as mesmas manifestações da estenose mitral. Bruna Oliveira – 144 Aula de Sandro 2021.1 Aguda: • Ventrículo não tem tempo para readaptar-se, então não consegue acomodar todo o volume • Paciente que infartou e rompeu o m. papilar: valva mitral vai desabar, na hora da sístole ventricular não tem o m. papilar, e ai vai ter uma mega regurgitação → edema agudo de pulmão • Na endocardite, pode ocorrer o rompimento de um folheto ou de uma cordoalha e a valva desaba • ↑súbito da pressão de enchimento → ↑pressão venocapilar pulmonar → edema súbito o INTUBAR E INDICAR CIRURGIA DE URGÊNCIA Quadro clínico Pode ir de assintomático até a ICC franca. O paciente vai deteriorando aos poucos, progredindo com repercussão sistêmica Exame físico: • Pulso arterial amplo, a não ser que já tenha chegado na falência esquerda (ai fica com amplitude reduzida) • Precórdio: ictus aumentado (mais de 2 polpas digitais), mais a esquerda e para baixo → VE ↑ • Auscuta: sopro holossistólico Exames complementares ECG: • Sobrecarga VE o R de V6 + S de V1 > 35 (Índice de Sokolov) → sugestivo de sobrecarga VE • RCI → sobrecarga AE • Infradesnivelamento de ST com onda T negativa e assimétrica → Não é isquemia, é consequência da sobrecarga VE RX: • Duplo contorno • 4º arco: AE muito aumentado, que chega do lado esquerdo formando o 4º arco • Retificação do tronco da artéria pulmonar • Na aguda, tem a congestão e o tamanho do está normal. ECO: • Refluxo mitral • Fluxo reverso em veias pulmonares o Quando coloca o Doppler nas veias pulmonares, pega fluxo anterógrado. Se detecta fluxo retrógrado, significa que a IM é tão grave que inverte o fluxo, detecta fluxo vindo do átrio esquerdo para as veias pulmonares. • Graduação: lembrar só os parâmetros Tratamento • Anel de Carpentier o Anel metálico, coloca para fazer plastia do anel, quando se tem IM por conta de dilatação do anel (ex: cardiopatia isquêmica, em que os folhetos estão normais, só anel está dilatado) • O ideal é sempre procurar preservar, então sempre recomendar manter a valva do paciente, quando isso não é possível através de plastia ou de comissurotomia (abertura dos cantos da valva), indica prótese biológica ou mecânica (cada uma com vantagens e desvantagens) • Para poder estimar o grau e indicar o melhor procedimento para o paciente, deve-se guiar por esses parâmetros: o Teste de esforço quando há dissociação entre o que o paciente sente e o que é visto nos exames complementares. o Função do VE e diâmetros são vistos no ECO o Indicadores prognósticos: Bruna Oliveira – 144 Aula de Sandro 2021.1 Momento cirúrgico das lesões regurgitantes assintomáticos: • Qual a intensidade da lesão? • Como estão as câmaras envolvidas? • Qual é o mecanismo e como está a valva do ponto de vista estrutural? • Qual a abordagem cirúrgica possível? Ideal é indicar no início da desadaptação. Se avançar, não vai se beneficiar mais.
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