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24 Re vi sã o: V irg ín ia / Ca rla - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /0 9/ 20 13 Unidade II Unidade II 3 FONTES DE FINANCIAMENTO Existem diversas modalidades de empréstimos de curto e médio prazo oferecidos pelas instituições bancárias em geral. As principais operações de curto prazo são: • desconto bancário de títulos Representado pelas duplicatas e notas promissórias. O desconto bancário envolve um empréstimo mediante garantia de um título representativo de um crédito futuro. É uma forma de antecipação do recebimento das vendas a prazo que uma empresa comercial, industrial ou de serviços faz a seus diversos clientes. O valor tomado como empréstimo é menor que o valor nominal do título, em razão da cobrança antecipada dos encargos financeiros. O cedente, isto é, o tomador do empréstimo sempre é o responsável final pela liquidação do título. Caso a duplicata descontada não seja quitada pelo cliente da empresa na data do vencimento, o valor é pago pela própria empresa que ofereceu inicialmente ao banco as duplicatas de seus clientes. As operações de descontos são também representadas pela emissão de notas promissórias que o devedor faz ao credor ou à instituição bancária para pagamento em data certa. • contas garantidas Referem-se à abertura de uma conta em uma instituição bancária com um limite de crédito. São movimentadas por cheques e depósitos bancários para reduzir ou cobrir o saldo devedor. Os juros são cobrados geralmente no final de cada mês e incidem sobre o saldo devedor. • créditos rotativos Abertos pelos bancos que objetivam o financiamento da necessidade de capital de giro das empresas. São créditos oferecidos mediante garantias de duplicatas. Conforme os clientes vão quitando as respectivas duplicatas, o banco vai ressarcindo-se dos créditos oferecidos. Num processo de substituição, novas duplicatas são entregues, em razão de novos créditos rotativos. • operações de hot money São operações de empréstimos de curto prazo ou curtíssimo prazo, lastreados em Certificados de Depósitos Interfinanceiros (CDIs) emitidos pelas instituições financeiras. São empréstimos 25 Re vi sã o: V irg ín ia / Ca rla - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /0 9/ 20 13 Análise de investimentos geralmente de um dia, podendo ocorrer em prazos maiores. Os juros são cobrados pela taxa diária do mercado, que se baseia nas taxas de juros de títulos públicos e taxas de inflação do país. • Empréstimos para capital de giro e pagamento de tributos Os empréstimos para capital de giro nessa modalidade são garantidos por duplicatas, avais ou notas promissórias. São naturalmente formalizados por contratos bem-definidos quanto ao prazo de resgate, aos encargos financeiros etc. Já os empréstimos para pagamento de tributos são adiantamentos feitos pelos bancos para pagamentos dos diversos impostos e tarifas públicas, como INSS, PIS, Cofins, IPI, ICMS, Imposto de Renda etc. • Operações de vendor Operações de crédito em que um banco paga à vista a uma empresa comercial os direitos referentes às vendas realizadas, por meio de uma taxa de juros de intermediação. A empresa atua como cedente do crédito, e o banco, como cessionário e financiador do comprador. A responsabilidade final pelo pagamento da operação de vendor ao banco é o comprador. Uma das vantagens da operação de vendor é a redução da base de cálculo dos impostos que incidem sobre o valor das vendas, como PIS, Cofins, IPI e ICM; a vendedora não necessita imputar os custos financeiros, o que geralmente faz quando vende e financia seus clientes a prazo. Nesse caso, o custo financeiro fica a cargo do banco e, normalmente, é menor do que o praticado pela empresa vendedora; o comprador tem interesse em comprar a prazo e com juros mais baixos. • Repasse de recursos externos A operação de empréstimo regulamentada pela Resolução nº 63 do Banco Central do Brasil constitui-se num repasse de recursos contratados por meio de captações no exterior em moeda estrangeira efetuado pelos bancos comerciais e múltiplos e bancos de investimentos. As empresas nacionais beneficiárias dos empréstimos pagam juros mediante taxa interbancária do mercado de Londres (Libor), spread, que é um adicional determinado pelas taxas de captação de recursos e empréstimos que os bancos fazem, e mais variação cambial. • Crédito direto ao consumidor É uma operação destinada a financiar bens e serviços por consumidores e usuários finais. A concessão do crédito é feita por uma sociedade financeira, a garantia usual é a alienação fiduciária do bem objeto do financiamento e o pagamento é efetuado em prestações mensais. • Adiantamento de contrato de câmbio (ACC) As instituições financeiras autorizadas a operar com câmbio adiantam aos exportadores recursos lastreados nos contratos de câmbio ACC firmados com importadores estrangeiros, proporcionando recursos antecipados às empresas nacionais exportadoras. 26 Re vi sã o: V irg ín ia / Ca rla - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /0 9/ 20 13 Unidade II A operação pode ocorrer na fase de produção da mercadoria ou do produto a ser embarcado, financiando a produção. • Arrendamento mercantil É uma forma especial de financiamento. Essa modalidade é praticada pelas empresas de leasing que atuam como intermediárias entre a empresa produtora do bem ativo e a empresa compradora ou a que necessita desse bem. O contrato de arrendamento refere-se a um aluguel entre o cliente, denominado arrendatário, e a sociedade de arrendamento mercantil, denominada arrendadora. As modalidades de arrendamento são: — leasing financeiro, que, na realidade, é equivalente a uma operação de financiamento em prestações mensais; — leasing operacional, amplamente utilizado no exterior, que difere do leasing financeiro porque os valores pagos nas prestações não podem ultrapassar 75% do valor do bem, e as despesas de manutenção correm por conta da empresa arrendadora. No final do contrato, o bem pode ser devolvido à empresa arrendadora, para que ela possa alugar novamente e, dessa forma, recuperar os investimentos feitos no bem ou ativo e também os custos dos serviços, a manutenção e a assistência técnica prestados. • Oferta pública de ações e debêntures São operações típicas das sociedades anônimas. A emissão e a colocação de novas ações no mercado se apresentam como uma das operações mais vantajosas para que as sociedades anônimas levantem os recursos de que necessitam para financiar as suas necessidades de capital de giro ou do ativo circulante, ou de aplicação em ativos de longo prazo. As sociedades anônimas podem se constituir em sociedades de capital aberto, isto é, podem negociar as suas ações no mercado primário, o que significa que esses valores foram subscritos pela primeira vez pelos investidores. Posteriormente, podem ser negociadas entre os próprios investidores, cujo mercado é denominado mercado secundário. As sociedades anônimas de capital aberto necessitam efetuar os seus registros na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), cuja função é exercer a fiscalização dessas empresas no mercado de ações. A sociedade anônima de capital fechado já não necessita de autorização da CVM e, geralmente, as suas ações estão distribuídas entre pessoas ou grupos restritos ou constituídos por grupos de familiares. O mercado de debêntures caracteriza‑se por emissão de títulos com prazo de resgate não inferior a um ano, remunerados com juros e prêmios sobre valores atualizados monetariamente. Existe também a figura do agente fiduciário, cujo papel principal é zelarpelo cumprimento 27 Re vi sã o: V irg ín ia / Ca rla - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /0 9/ 20 13 Análise de investimentos das cláusulas do contrato ou da escritura de emissão de debêntures, ou seja, defender os interesses dos debenturistas. A emissão pode ser privada, quando são conhecidos os investidores, ou pública, quando existe a figura do intermediário financeiro, representado por instituições financeiras, e, da mesma forma, é exigida autorização prévia da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), com as mesmas exigências quando se constituem as sociedades anônimas. Outra característica das debêntures são os diversos tipos de garantias oferecidas ao investidores ou credores: — garantia flutuante: nesse caso, os titulares das debêntures assumem uma prioridade geral sobre os ativos da sociedade emissora, sem que haja impedimento na negociação dos bens; — garantia real: todos os ativos da sociedade emissora são dados como garantia dos debenturistas pelo pagamento de seus direitos creditórios. Os ativos dados em garantia não podem ser negociados até o vencimento das obrigações com os debenturistas; — garantia quirografária: os debenturistas não têm preferências sobre os ativos da sociedade emissora, concorrendo em idênticas condições com os demais credores quirografários; — garantia subordinada: em caso de liquidação da sociedade emissora, os investidores terão privilégios para reembolso do capital aplicado somente em relação aos acionistas. • Recursos do BNDES A maioria dos recursos de longo prazo é ofertada pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) diretamente ou por meio de suas subsidiárias Agência Especial de Financiamento Industrial (Finame) e BNDES Participações S.A. Algumas linhas de crédito são: BNDESPAR • financiamento de máquinas e equipamentos de fabricação nacional – Finame; • financiamento à exportação de máquinas e equipamentos – Finamex; • financiamento para subscrição de aumento de capital; • garantia de subscrição de valores mobiliários. Assim, as operações de curto prazo normalmente estão voltadas a financiar o ativo circulante ou o capital de giro das empresas, cujas operações podem ser pagas em prazos que variam de 6 a 24 meses, e os pagamentos podem também ser realizados de uma só vez, no fim do prazo. As operações de longo prazo são efetuadas para financiar ativos de longo prazo, como financiamento 28 Re vi sã o: V irg ín ia / Ca rla - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /0 9/ 20 13 Unidade II da construção de uma nova unidade fabril ou outros tipos de ativos imobilizados, como máquinas e equipamentos etc. Saiba mais Para ampliar seus estudos, leia: ASSAF NETO, A.; LIMA, F. G. Curso de administração financeira. São Paulo: Atlas, 2009. Observação A facilidade das linhas de crédito depende dos interesses econômicos da ocasião, dos interesses do governo e da demanda existente para cada linha de crédito. O governo vai facilitar ou dificultar conforme esses pontos. 3.1 Fontes de financiamento por recursos de terceiros Até aqui falamos de diversas fontes de financiamento, muitas delas de terceiros, mas se faz aqui necessário abordar esse tema definindo os principais meios e suas aplicações. As principais modalidades de empréstimos e financiamentos a longo prazo, praticadas com recursos de terceiros e disponíveis às empresas no mercado de capitais, podem ser classificadas de acordo com os tipos seguintes: • empréstimos e financiamentos diretos; • repasses de recursos internos; • repasses de recursos externos; • subscrição de debêntures; • arrendamento mercantil (leasing). 3.1.1 Financiamento de capital de giro Essa modalidade de financiamento é praticada por bancos de investimentos e bancos comerciais (múltiplos), sendo lastreada por recursos próprios das instituições ou mediante captações no mercado. 29 Re vi sã o: V irg ín ia / Ca rla - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /0 9/ 20 13 Análise de investimentos Para operações de prazos mais longos, o critério de pagamento do financiamento costuma ser pós‑fixado; seus encargos financeiros são calculados sobre o saldo, e o imposto sobre operações financeiras (IOF), incidente sobre o valor do crédito concedido. 3.1.2 Repasse de recursos internos – Finame A Agência Especial de Financiamento Industrial (Finame) é uma empresa pública ligada ao BNDES que administra diversas linhas de financiamento de máquinas e equipamentos industriais. Os recursos de financiamento são repassados às empresas nacionais, preferencialmente pequenas e médias, por intermédio de instituições financeiras (bancos de investimentos, bancos comerciais e sociedades financeiras) devidamente cadastradas como agentes da Finame. Além dos encargos financeiros cobrados pela Finame, é paga também uma remuneração ao agente, denominado de del credere. Existe, ainda, uma comissão de reserva de capital, que é representada por um percentual cobrado pela Finame e calculado sobre o valor liberado do repasse. Essa comissão é calculada proporcionalmente ao número de dias decorridos entre a data de reserva do financiamento e a respectiva data de liberação dos recursos. 3.1.3 Subscrição de debêntures Debêntures são títulos de crédito de médio e longo prazo, emitidos por companhias de ações, representando uma alternativa de captação de empréstimo no mercado. Os recursos levantados com a emissão de debêntures são geralmente utilizados no financiamento de projetos das empresas, na reestruturação de suas dívidas ou no aumento de capital de giro. Remuneração variável das debêntures: as debêntures podem apresentar algumas características de renda variável, como pagamento de prêmios, participação no lucro da empresa, opção de conversibilidade em ações da companhia. Apesar dessas remunerações, a debênture é mais bem classificada como título de renda fixa. Conversibilidade em ações: uma debênture pode ser emitida com cláusula de conversão em ações no vencimento do título, ocasião em que o investidor pode optar por receber o montante do resgate em ações da empresa ou em dinheiro. A quantidade de ações é determinada por meio de um fator de conversão previamente conhecido. Na condição de conversão, ainda, o investidor passa da posição de credor para a de acionista da empresa. Garantias das debêntures: as debêntures ainda podem ter garantia real quando são garantidas por bens integrantes do ativo da emissora, ou de terceiros, sob a forma de hipoteca ou penhor; podem ter garantia flutuante que assegura privilégios sobre os ativos da emissora, não impedindo, entretanto, a negociação dos bens que compõem esse ativo; também podem ser quirografárias (sem garantia) quando não oferecem nenhum tipo de garantia e nenhum privilégio sobre o ativo da emissora, concorrendo em igualdade de condições com os demais credores quirografários, em caso de liquidação; ou subordinadas, quando asseguram privilégios de pagamentos aos debenturistas, em caso de liquidação da empresa, somente em relação aos créditos dos acionistas da emissora. 30 Re vi sã o: V irg ín ia / Ca rla - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /0 9/ 20 13 Unidade II Observação A Bovespa Fix é um segmento responsável por negociar, liquidar e custodiar as debêntures na Bolsa de Valores de São Paulo. Esse segmento da bolsa tem o intuito de proporcionar maior liquidez e transparência no mercado secundário de renda fixa, além de reduzir os custos de transação e aumentar a eficiência nos negócios. Saiba mais Para saber mais sobre as açõesde investimentos, leia: BM&fBOVESPA. Procedimentos operacionais da câmara de compensação, liquidação e gerenciamento de riscos de operações no segmento Bovespa, e da central depositária de ativos (CBLC). São Paulo, 2011. Disponível em: <http://www.bmfbovespa.com.br/pt‑br/regulacao/download/MPO‑ CBLC‑Completo‑110318‑Em‑vigor.pdf>. Acesso em: 5 set. 2013. 3.1.4 Arrendamento mercantil – Leasing financeiro O arrendamento mercantil é uma operação que envolve a aquisição de bens por uma pessoa física ou jurídica que usará esse bem por um período determinado, mas pagando contraprestações. Ao final do contrato de arrendamento, o cliente arrendatário poderá decidir-se por uma das seguintes opções: • comprar o bem por um valor previamente contratado, denominado Valor Residual Garantido (VRG); • não exercer a opção de compra e devolver o bem ao arrendador; • renovar o contrato de arrendamento por um novo prazo. Nesse caso, o valor residual do bem será o principal da renovação. O prazo mínimo de um contrato de arrendamento mercantil é de dois anos para um bem com vida útil estimada em até cinco anos, e de três anos para os demais bens. O leasing financeiro é uma operação similar a um financiamento e oferece como vantagem ao arrendatário a dedutibilidade fiscal integral da contraprestação. No entanto, esse benefício precisa ser comparado com o custo efetivo da operação, indicando a atratividade dessa operação. 31 Re vi sã o: V irg ín ia / Ca rla - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /0 9/ 20 13 Análise de investimentos Os principais encargos do arrendamento mercantil são: • taxa de juros; • taxa (tarifa) de abertura de crédito (TAC); • despesas adicionais, como seguros, registros de contratos etc.; • Imposto Sobre Serviços (ISS). 4 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS 4.1 Avaliação de investimentos Na avaliação de investimentos, temos de considerar os diversos cenários para verificar a que se destina a avaliação. Queremos avaliar somente um investimento, que pode ser, por exemplo, a aquisição de uma máquina ou de um conjunto de máquinas e equipamentos que produzirão bens e serviços e podem ser vendidos com lucro. Geralmente, dizemos em finanças sobre quais os fluxos de caixas, entradas e saídas de dinheiro que ocorrerão ao longo do tempo. Queremos avaliar um conjunto mais sofisticado de investimentos ou ativos já existentes em funcionamento, produzindo lucros ou fluxos de caixa. Vale dizer que estaríamos no ambiente de avaliação de empresas para diversos propósitos, isto é, avaliação para vendê-las a outros futuros proprietários ou para diversas empresas. Em uma comunhão de negócios, com a incorporação, cisão ou fusão surgem novas empresas. Todas essas situações exigem que se determine qual é o valor de mercado das respectivas empresas, para que, na transferência de um proprietário para outro, nos casos das aquisições, de incorporação, fusão e cisão, nenhum dos antigos proprietários, sócios ou acionistas fique prejudicado do ponto de vista econômico e financeiro, inclusive os sócios ou acionistas dissidentes que não concordam com a venda, incorporação, cisão ou fusão da empresa. Os sócios dissidentes têm o direito de se retirarem da empresa, e suas participações podem ser adquiridas pelos sócios ou acionistas remanescentes. Existem inúmeras situações ou premissas que devem ser levadas em consideração na avaliação de investimentos. Veremos, a seguir, quais são elas. 4.2 Algumas premissas Na aquisição de um investimento (ativo), espera‑se que os benefícios futuros (receitas futuras, ganhos ou lucros) sejam maiores ou pelo menos iguais ao valor investido ou desembolsado. Regra geral: a maioria dos investimentos empresariais é independente; podem ser feitos dois ou mais investimentos simultaneamente. 32 Re vi sã o: V irg ín ia / Ca rla - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /0 9/ 20 13 Unidade II A restrição da não escolha de todas as alternativas de investimentos é falta de fundos ou de recursos financeiros. Existem, também, circunstâncias nas quais os investimentos ou decisões competem entre si. 4.3 A forma de se adquirir um ou mais investimentos, ativos ou bens Pode(m) ser adquirido(s) à vista, a prazo ou por meio de leasing (aluguel). Do ponto de vista financeiro, a alternativa a ser escolhida é aquela que resultar no menor desembolso (saída de caixa). Lucro ou ganho é somente o valor que superar o valor investido, ou seja, temos de levar em consideração os fundamentos econômicos dos investimentos, dos juros ou o valor do dinheiro no tempo. Vejamos um exemplo: imagine que você decida abrir um negócio cujo investimento inicial precise ser de R$100.000. Você espera obter um retorno sobre o investimento de 10% ao ano e que esse tipo de negócio tenha um tempo de vida útil ou econômica de seis anos, durante os quais o investimento vá lhe proporcionar seis entradas de caixa anuais de R$25.000. Como pensar em uma situação como essa proposta? O primeiro problema é separar o que é recuperação do capital inicial investido e o que é efetivamente ganho (lucro). É necessário explicar o que é recuperação do capital e lucro. Vamos entender que o capital investido será atualizado e abatido dos resultados nos fluxos de entradas. O lucro será o valor que ultrapassar o investimento inicial. Lembrete Lucro ou ganho é somente o que superar o valor do investimento inicial. Tabela 1 Anos Saldo inicial Ganhos de 10% ao ano (custo de capital) Entradas de caixa Capital ou investimento recuperado Saldo do investimento a ser recuperado (a) (b) c) (d) (e) = (d-c) (f) = (b-e) 0 (Saída de caixa) (100.000) (100.000) 1 (Entradas de caixa) 100.000 10.000 25.000 15.000 85.000 2 (Entradas de caixa) 85.000 8.500 25.000 16.500 68.500 3 (Entradas de caixa) 68.500 6.850 25.000 18.150 50.350 4 (Entradas de caixa) 50.350 5.035 25.000 19.965 30.385 5 (Entradas de caixa) 30.385 3.039 25.000 21.962 8.424 6 (Entradas de caixa) 8.424 842 25.000 24.158 (15.734) 33 Re vi sã o: V irg ín ia / Ca rla - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /0 9/ 20 13 Análise de investimentos A coluna A representa a descrição das operações de caixa, tanto de entradas como de saídas. A coluna B representa a atualização dos saldos dos investimentos, ou, em outras palavras, é o abatimento até zerar o investimento realizado. A coluna C representa os 10% do saldo a ser recuperado do investimento. A coluna D representa os fluxos de entradas, os quais foram mencionados no enunciado. A coluna E considera a diferença entre os valores de entrada e os valores a ser recuperados de custo de capital. A coluna F considera os saldos, já abatendo os valores de correção. Vejamos: no ano zero, o investimento realizado foi de R$100.000, e o valor a ser recuperado será o mesmo valor. Não há entrada por ser o momento do investimento. No ano 1, há um custo de capital de 10% sobre o investimento, ou saldo a ser recuperado; nesse momento, o valor a ser recuperado ainda é o total. Então, 10% sobre o valor investido é R$10.000,00; esse é o chamado custo do capital. Houve ainda entrada de R$25.000,00; como teve um custo já mencionado, o saldo será de 25.000 – 10.000 = 15.000. Como no ano 1 o investimento inicial é de R$100.000, ficará: 100.000 – 15.000 = 85.000,00. Esse é o valor a ser recuperado no final do ano 1 e o investimento inicial no ano 2. No ano 2, temos 85 mil de investimento inicial, assim, os 10% de custo do capital serão de R$8.500,00. Como teve entrada de R$25.000,00, o saldo de entrada será de 25.000 – 8.500= 16.500, e o saldo final será de: 85.000 –16.500 = 68.500,00. Esse será o investimento inicial no ano seguinte. Esse procedimento ocorre nos anos seguintes até que os valores zerem; quando começar a ficar negativo significa que o investimento já se pagou, passando assim a obter lucros na operação. Observe que, até o quinto ano, você está apenas recuperando o capital inicial investido, e o lucro somente começa a existir a partir do sexto ano. O resultado de $15.734 é o lucro a valor futuro, ou seja, quanto de lucro teremos no sexto ano. Poderíamos também utilizar nossos conhecimentos de matemática financeira e fazer o seguinte raciocínio: em vez de pensarmos em valor futuro, poderíamos usar a técnica de valor presente ou valor presente líquido. Afinal, o que isso significa? As seis entradas de caixa de R$25.000 anuais podem ser trazidas a valor presente, ou seja, na data de hoje, ou na data “zero” (data do investimento). Então, comparamos essas entradas futuras de caixa a valor presente com a saída de caixa na data zero. Para usarmos essa técnica, precisamos, no mínimo, de duas informações: • o valor das entradas de caixa anuais; • a taxa de juros anual. Temos as duas: as entradas de R$25.000 anuais e a taxa de juros desejada de 10% ao ano. 34 Re vi sã o: V irg ín ia / Ca rla - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /0 9/ 20 13 Unidade II A tabela a seguir pode auxiliar nesse entendimento. Tabela 2 Anos (a) Fator de valor presente à taxa de 10% ao ano (b) Entradas nominais de caixa (c) Valor presente da saída e entradas futuras de caixa (d) = (b x c) 0 (100.000) 1 0,9091 25.000 22.727 2 0,8264 25.000 20.661 3 0,7513 25.000 18.783 4 0,6830 25.000 17.075 5 0,6209 25.000 15.523 6 0,5645 25.000 14.112 VPL = 8.882 Fórmula do fator de valor presente a uma dada taxa de juros. Para o ano 1, teríamos: 1 1 FVP = ‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑ = ‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑ = 0.9091. (1 + i)n (1,10)1 R$25.000,00 = 25.000 x 0,9091 = 22.727,50 Na tabela, colocamos o valor redondo somente para facilitar o entendimento. Para o ano 2, teríamos: 1 1 1 FVP = ‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑ = ‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑ = ‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑‑ = 0,8264. (1 + i)n (1,10)2 1, 21 Seguindo os mesmos procedimentos: 25.000 x 0,8264 = 20.661,00 Assim sucessivamente até o sexto ano. Os R$8.882 de VPL, no sexto ano, referem‑se ao lucro na data de hoje (do investimento ou desembolso), enquanto os R$15.734 referem‑se aos R$8.882 no final do período, ou seja, no sexto ano. Extraindo a prova, basta capitalizar a taxa de juros de 10% ao ano durante seis anos: a famosa fórmula de juros compostos: 35 Re vi sã o: V irg ín ia / Ca rla - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /0 9/ 20 13 Análise de investimentos (1 + i)n = (1,10) 6 = 1,77156 (até cinco casas decimais) ou: Capitalizando a taxa de 10% ao ano, durante seis anos, isto é: (1,10) x (1,10) x (1,10) x (1,10) X (1,10) x (1,10) = 1,77156 ou 1,77156, multiplicados por R$8.882 = R$15.735. Resumo Conhecer as fontes de financiamento proporciona ao gestor financeiro meios de planejar as ações de captação de recursos, buscando os meios mais adequados e menos onerosos para a empresa. Esta unidade abordou também meios de análise de retorno do investimento. Devemos buscar não somente a escolha certa, mas saber quando e como o capital investido retornará aos acionistas, o que possibilita decidir fazer ou não tal investimento, levando em consideração o tempo e os valores de retorno e avaliando se são interessantes ou não. Exercícios Questão 1. Segundo Lawrence J. Gitman, “o fluxo de caixa, o sangue da empresa, é o tema da preocupação básica do administrador financeiro, tanto na gestão das finanças no dia-a-dia quanto no planejamento e na tomada de decisões estratégicas voltadas para a criação de valor para o acionista”. (GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 10. Ed. São Paulo: Pearson, 2004, p. 84). Para Rodney Wernke, “a maioria das alternativas nos problemas de análise de investimentos envolve ingressos e desembolsos de caixa, recebimentos e pagamentos ou receitas e despesas” (WERNKE, R. Gestão financeira. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 94). Indique a alternativa que apresenta um evento que corresponde a uma entrada de recursos no fluxo de caixa: A) Venda de ativo imobilizado. B) Diminuição do passivo circulante. C) Aumento na composição do estoque. D) Distribuição de lucros. E) Apuração de prejuízo líquido durante o exercício. Resposta correta: alternativa A. 36 Re vi sã o: V irg ín ia / Ca rla - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /0 9/ 20 13 Unidade II Análise das alternativas A) Alternativa correta. Justificativa: a venda de um ativo imobilizado representa a troca de um ativo fixo por um ativo monetário e, portanto, a entrada de recursos no fluxo de caixa. B) Alternativa incorreta. Justificativa: a diminuição do passivo circulante significa que ocorreu o pagamento de dívidas de curto ou de longo prazo e, assim, a saída de recursos do fluxo de caixa. C) Alternativa incorreta. Justificativa: o aumento na composição do estoque indica que recursos monetários foram imobilizados, o que requer saídas de fluxo de caixa. D) Alternativa incorreta. Justificativa: a distribuição de lucros somente ocorre se a empresa transferir recursos monetários para acionistas. Representa, portanto, saídas de fluxo de caixa. E) Alternativa incorreta. Justificativa: se durante um período foi apurado prejuízo líquido, no mesmo período houve mais saídas de caixa do que entradas. Questão 2. (Enade 2009, adaptada) Constantemente, empresários encontram problemas no gerenciamento de suas empresas. Todavia, aqueles relacionados à área financeira merecem atenção cuidadosa, uma vez que a empresa depende de recursos financeiros para continuar suas atividades. Caso os negócios da empresa não estejam bem e a empresa necessite recorrer a empréstimos para a manutenção de sua atividade, o mercado financeiro é uma opção para captação de recursos. Alternativamente, caso os recursos financeiros da empresa sejam excedentes e não haja interesse no aumento de investimentos em sua atividade principal, é possível efetuar investimentos em diversas opções do mercado financeiro. Sobre operações financeiras, leia as afirmativas: Diretores Financeiros são responsáveis por decisões acerca de como investir os recursos de uma empresa para expandir seus negócios e sobre como obter tais recursos. Investidores são instituições financeiras ou indivíduos que financiam os investimentos feitos pelas empresas e governos. Assim, decisões de investimento tomadas por Diretores Financeiros e Investidores são, normalmente, semelhantes. 37 Re vi sã o: V irg ín ia / Ca rla - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 06 /0 9/ 20 13 Análise de investimentos Porque As decisões de investimento dos Diretores Financeiros focalizam os ativos financeiros (ações e títulos de dívidas), enquanto as decisões de investimento dos Investidores focalizam ativos reais (edificações, máquinas, computadores etc.). Com base na leitura dessas frases, é correto afirmar que: A) a primeira afirmação é falsa, e a segunda é verdadeira. B) a primeira afirmação é verdadeira, e a segunda é falsa. C) as duas afirmações são falsas. D) as duas afirmações são verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira. E) as duas afirmações são verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa corretada primeira. Resolução desta questão na plataforma.
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